PERSPECTIVA DISCENTE SOBRE A DIDÁTICA DOS PROFESSORES DE  CONTABILIDADE DA UESB DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202502140841


Mírian Thainá Brito David1
Orientador: Prof. Dr. Manoel Antonio Oliveira Araújo


RESUMO 

A pesquisa tem por objetivo avaliar as principais percepções dos discentes com relação às contribuições didáticas dos professores de contabilidade da UESB de Vitória da Conquista – Bahia, considerando as aulas presenciais. Este estudo contempla importantes conceitos sobre a contabilidade, Educação Contábil e Didática na Contabilidade, fundamentados nas ideias de Marion (2018), Vesco (2006), Miranda, Veríssimo e Miranda (2007).  

Quanto à metodologia, este trabalho classifica-se como pesquisa de natureza aplicada, quanto à abordagem qualitativa no foco do estudo e quantitativa na análise dos dados, do ponto de vista dos objetivos como pesquisa exploratória com levantamento de campo, e quanto aos procedimentos técnicos como pesquisa bibliográfica, eletrônica e documental. 

Com os dados obtidos, concluiu-se que, segundo a perspectiva dos alunos, os professores de contabilidade da UESB possuem conhecimento sobre os assuntos que ministram, contudo, as metodologias de ensino interferem na motivação e na compreensão, sugerindo uma adequação das técnicas de ensino às necessidades de aprendizado, necessitando de atualizações  sobre ferramentas dinâmicas de ensino, além da demanda de uma maior proximidade dos professores com os alunos, por meio de diálogos, com o objetivo de melhorar a relação entre o ensino-aprendizagem.  

Palavras-chave: Contabilidade. Educação Contábil. Didática na Contabilidade.

1. INTRODUÇÃO 

A importância da didática no ensino superior tem sido percebida ao longo dos anos, especialmente com os avanços tecnológicos. Embora as relações de ensino desde os primeiros anos escolares já apresentam uma necessidade de atenção, é no ensino superior que esses estudos se tornam específicos e aprofundados, gerando um grau de responsabilidade ainda maior, pois referencia-se à formação de profissionais que serão apresentados à sociedade. 

Desse modo, esta pesquisa foi idealizada para verificar quais as perspectivas dos discentes com relação à didática dos docentes em sala de aula. Os dados coletados com esta pesquisa são de suma importância tanto para classe acadêmica como para a sociedade no geral, pois permitirão abrir espaço para o estudo de possíveis melhorias dentro do curso, contribuindo para elevação da qualidade da relação entre ensino e aprendizagem.  

O tema “Perspectiva discente sobre a didática dos professores de contabilidade da UESB de Vitória da Conquista – Bahia”, possibilita também avaliar a eficácia dos métodos de ensino dentro do curso sob a ótica dos alunos, avaliando os pontos negativos e positivos das metodologias aplicadas em sala.  

O objetivo geral deste trabalho é o de avaliar as principais percepções dos discentes com relação às contribuições didáticas dos professores de contabilidade da UESB. Os objetivos específicos, que servirão como pontes para chegar ao objetivo geral, são: 1. Identificar a opinião dos alunos quanto a qualidade das aulas e da didática dos professores de contabilidade da UESB; 2. Analisar a relação entre os métodos de ensino dos professores com a motivação dos alunos para seguir no curso; e 3. Avaliar as possíveis melhorias, sob a ótica dos discentes, no processo de ensino-aprendizagem no curso. 

Destacar a relevância da didática em sala para uma melhor qualificação dos discentes se torna uma forma de fomentar a necessidade de que ela esteja cada vez mais presente na qualificação dos professores dentro do ensino superior.  

É fundamental frisar também a importância do interesse dos discentes no que concerne a relação ensino-aprendizagem. Para que o retorno da troca de conhecimento chegue em patamares adequados e eficientes é necessária a colaboração singular de ambos os lados. 

Este trabalho se fundamenta em ideias de diversos autores, dentre os quais podemos destacar: Marion (2018), Vesco (2006), Miranda, Veríssimo e Miranda (2007). Os procedimentos de pesquisas são as pesquisas bibliográficas, eletrônicas e documentais, e o instrumento para a coleta de dados foi questionário aplicado aos discentes do curso. 

A análise final deste estudo mostra que para os alunos, de modo geral, os professores de contabilidade da UESB possuem um vasto conhecimento sobre os assuntos que ministram, contudo, as metodologias de ensino utilizadas influenciam na motivação e na compreensão dos conteúdos. Dessa forma, sugere-se uma adequação das técnicas de ensino às necessidades de aprendizado dos discentes, em que há a necessidade de atualizações sobre ferramentas dinâmicas de ensino, além da demanda de uma maior proximidade dos professores com os  alunos, por meio de diálogos, com o objetivo de melhorar a relação entre o ensino aprendizagem. 

2. BASE TEÓRICA 

2.1 Educação Contábil 

São inúmeros os desafios que a educação, especialmente no Brasil, sofre diariamente. No que diz respeito à Educação Contábil, os aspectos que elucidam esses desafios, estão diretamente relacionados com as constantes mudanças que ocorrem na área contábil, e com isso, há a necessidade de atualização tanto no conhecimento do conteúdo a ser ministrado quanto na forma em que ele é repassado aos discentes. 

Os avanços tecnológicos podem ser considerados aliados na Educação Contábil, pois dispõe de recursos que facilitam o entendimento do conteúdo e aproximam cada vez mais a teoria da prática contábil. Além disso, é esperado pelo menos o atendimento mínimo do aprendizado necessário para o mercado no que diz respeito ao profissional contábil e cabe às instituições de ensino garantirem que isso ocorra. 

No entanto, a tecnologia também é causa da diminuição na qualidade do profissional contábil, levando em consideração que as informações chegam mais rápido e, muitas vezes, de forma menos custosa aos usuários da contabilidade. Esse contraponto reflete no aumento da competitividade, gerando alterações no mercado financeiro que fica cada vez mais exigente diante de um cenário educacional que não está preparado para atender a essa demanda.

Nesse sentido, Kraemer (2005, apud MULATINHO, 2007, p. 26) acrescenta que a Educação Contábil possui um grande desafio quanto a adequação do aprendizado com a realidade profissional. Kraemer corrobora ainda a percepção de que a linha educacional aplicada atualmente aos discentes de contabilidade não é favorável para instigar o sentido criativo desse futuro profissional, fazendo dele apenas um “reprodutor de ideias entendidas como verdades absolutas”. Para ele, essa é uma grande preocupação, pois é imprescindível que o profissional contábil seja “capaz de desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação contábil e controle gerencial e exercer com ética suas atribuições”. Além disso, esse profissional precisa ter noção de mundo e estar atento aos problemas da sociedade, encarregando-se de se  tornar um tomador de decisões assertivas e com maior autonomia na sociedade.

A Educação Contábil como um todo evolui e se globaliza em aliança com a contabilidade, como destaca Barth (2008, p. 1163 apud MATOS et al., 2012, p. 60) “os  estudantes de hoje são o futuro da nossa profissão. Precisamos educá-los para o mundo em que viverão, não para o mundo em que vivemos. O mundo deles é global. (…)”. Essa globalização percebida atualmente evidencia ainda mais as mudanças que são necessárias no processo da  aprendizagem.

As diversas alterações econômicas no âmbito nacional e internacional refletem em um preocupante aspecto sobre a Educação Contábil, necessitando análise profunda sobre as possíveis alternativas na tentativa de equiparar o nível de ensino da contabilidade com a atualidade. Nesse sentido, alguns autores como Iudícibus (2004) e Marion (2003) concordam que uma grade curricular relacionada à atualidade, à realidade do mercado, é uma importante ferramenta no processo de melhoria da qualidade de ensino (apud MULATINHO, 2007).  

Warsono (2011, apud MATOS et al., 2012, p. 60), valida essa ideia da necessidade de alterações na estrutura curricular contábil e acrescenta que há desafios para a Educação Contábil também em relação ao desenvolvimento dos docentes e discentes destacando que o curso deve ser baseado nos fatores históricos e princípios para além de uma única vertente de estudo. Segundo Warsono, não há viabilidade para aceitar apenas as vontades da parte do requerido, pois existe um estudo minucioso para que o curso seja satisfatório e siga uma grade curricular  efetiva.  

O Journal of accounting Education (apud MATOS et al., 2012) apresentou que o fato de pesquisas na área da Educação Contábil não gerar o mesmo interesse de pesquisas em outras áreas da contabilidade, geralmente voltadas diretamente para a economia, finanças e empresas, é um dos desafios que obstaculiza o crescimento de estudos na área da Educação Contábil. Além disso, não há disciplina que aborde o tema com o mesmo afinco que as outras áreas consideradas de mais relevância na formação do profissional contábil.  

Segundo Pierre et al. (2009, p. 126 apud MIRANDA et al., 2013, p. 77), os docentes possuem aval para estudarem a literatura educacional com o intuito de equipar informações para utilizar no processo de ensino. Contudo, é importante que haja uma diferenciação disciplinar, pois cada conteúdo dispõe de suas particularidades que necessitam de atenção no momento em que são ensinadas aos discentes. O autor complementa que as distinções entre as disciplinas não podem ser totalmente ignoradas, “pois a base epistemológica faz com que as práticas pedagógicas sejam diferentes entre as áreas do conhecimento”, por esse motivo é primordial a análise da Educação Contábil. 

Esses panoramas que envolvem o estudo e as discussões sobre a Educação Contábil salientam a necessidade de intervenção de melhorias. É importante que pesquisas sejam iniciadas e que novos planos sejam direcionados para aspectos que envolvam as relações de ensino-aprendizagem na área contábil, na ética, postura, conhecimento social e compreensão eficaz do conteúdo, a fim de contribuir para a qualidade profissional que as universidades estão disponibilizando ao mercado. 

2.2 Didática na Contabilidade 

A didática, segundo Althaus e Zanon (2009, p. 1), pode ser considerada como a teoria da docência, “uma disciplina de natureza pedagógica aplicada, orientada para as finalidades educativas e comprometida com as questões concretas da docência, com as expectativas e os interesses dos alunos”. Assim, conforme visto anteriormente, a didática é tão importante quanto o conhecimento do assunto que será ministrado. Ter o domínio de técnicas e ferramentas que proporcionam aos discentes uma melhor compreensão do conteúdo é parte fundamental na relação ensino-aprendizagem e é através da didática bem aplicada e estruturada que se obtém a garantia de uma formação de qualidade. 

Para Gasparin (1994, p. 64 apud ALTHAUS; ZANON, 2009, p. 3), a didática está relacionada com o ensinar e afirma que didática significa a arte de ensinar, “em que todos os termos dessa expressão trazem, entre seus vários sentidos, o de ação, exercício, atividade”. Desse modo, a didática estuda a relação entre ensino-aprendizagem com o objetivo de identificar os aspectos que favoreçam a compreensão daquilo que se pretende ensinar, bem como, indicar facilitadores para um ensino eficiente.  

A problemática que envolve as questões ligadas à educação é facilmente identificada, ressaltando para a falta de recursos, bem como, para a falta de uma especialização dos professores voltada para os métodos de ensino. 

Contextualizando o aprendizado nas universidades, o conhecimento deve ser repassado de forma desafiadora, de modo que instigue a curiosidade dos estudantes para que desenvolvam o senso crítico, e não apenas estejam preocupados em “decorar” o assunto. Nesse sentido, é válido ressaltar que as universidades ensinam, ou pelo menos deveriam ensinar, mais do que o conteúdo programático do curso.  

De modo geral, a didática pode ser considerada uma ciência teórica-prática que investiga, testa e identifica formas de comportamento a serem adotadas no processo da instrução, de forma eficiente e eficaz com relação à ação educativa (VALENTE, 2020). 

No Curso de Ciências Contábeis, frequentemente, os professores que são nomeados para lecionar não passam pela instrumentalização do magistério, eles são selecionados pela sua qualidade profissional. Porém, é unânime o entendimento de que apenas o conhecimento do assunto não garante que ele esteja sendo repassado de forma clara e concisa para os discentes. 

Marion (2001, p. 20, apud MIRANDA; VERÍSSIMO; MIRANDA, 2007, p. 11), ressalta que as disciplinas dentro do Curso de Ciências Contábeis, normalmente, são fragmentadas e os ensinamentos repetitivos, fazendo com que os alunos fiquem mais propensos a se perderem no conteúdo, pois não conseguem absorver de forma adequada os conhecimentos repassados. 

Diante disso, é fundamental o estudo das metodologia de ensino utilizadas pelos professores e quais ferramentas estão disponíveis para o aperfeiçoamento dessa prática. Além disso, a verificação do aprendizado será realizada pela perspectiva dos alunos, possibilitando um cruzamento de dados preciso e que possibilite identificar os melhores meios de solucionar os problemas que afetam essa temática.

2.3 Desafios no Ensino Superior 

As questões que envolvem o ensino são complexas e surgem pelo motivo simples de que a didática foi e continua sendo ignorada por inúmeros veículos de aprendizado. Atualmente, a ideia supérflua de que todos são capazes de passar os seus próprios conhecimentos apenas pela carga de experiências e informações que possuem, sem uma técnica adequada, um estudo aprofundado de campo, tem subestimado a premissa básica que encontramos, por exemplo, nos  cursos de licenciatura, onde a forma de ensinar é tão fundamental quanto a carga de conhecimento que tem-se a oferecer. 

Miranda, Veríssimo e Miranda (2007, p. 1) aborda uma perspectiva de que o contador se torna professor, geralmente, de forma abrupta. Nesse sentido, é como se não existisse uma janela de preparação específica para a docência, o desenvolvimento do lado pedagógico acaba ficando de lado. Isso resulta em um professor com “sérias dificuldades para o desempenho de seu papel”. 

Destacamos que o ensino superior entra em conflito pelo fato de que a formação do corpo docente das universidades não precisa passar pela licenciatura, eles não são obrigatoriamente capacitados para ensinar. Ao contrário, são incentivados apenas a se especializarem em suas áreas, adquirindo poderosas cargas de conhecimento do conteúdo programático. Mas, sem um filtro adequado, uma ferramenta de sintetização e uma avaliação dos melhores recursos para lecionar, o ensino desses assuntos ficam complexos e de difícil absorção por parte dos discentes.  

De modo geral, as discussões acerca da didática abrangem os mais variados setores do conhecimento. A área de estudo deste trabalho, a Ciência Contábil, está ligada diretamente aos temas atuais associados à economia do país. Com isso, sofre atualizações e modificações frequentemente, gerando a necessidade de estudo e aprimoramento por parte de todos os profissionais envolvidos na área. Não é diferente essa mesma necessidade de atualização aos docentes da área contábil, que precisam não só manterem seus estudos ativos como também acompanhar as evoluções tecnológicas que abrangem e auxiliam no ensino.  

Embora saibamos que a relação ensino-aprendizagem é estabelecida por meio de uma troca entre os discentes e docentes, é notório que o interesse por métodos de ensino inovadores, aprofundamento em técnicas didáticas é pouco discutido e/ou visualizado nos corredores das universidades. 

Segundo Borba e Silva (2011, apud SILVA, 2014, p. 1) “o professor universitário precisa ter uma visão de mundo, de ser humano, de ciência e de educação compatível com as características de sua função”. Sendo assim, sem essas atribuições primordiais, o professor acaba se perdendo em seu conteúdo, deixando aspectos importantes passarem e com isso prejudicam a compreensão do assunto. 

Veiga (2016), destaca que a formação de professores universitários provoca a compreensão do quão importante é o papel da docência, e que por isso merece uma atenção especial, pois é essa formação que propicia uma profundidade científico-pedagógica que os capacitam para realização de um trabalho de excelência. 

Desse modo, a perspectiva que engloba os meios de ensino vai se revelando conforme são elaborados estudos e pesquisas no meio ao qual se pretende coletar dados. Cabe, portanto, aos docentes reconhecerem as falhas presentes na relação ensino-aprendizagem e aprimorarem, dentro do possível, as técnicas de ensino, para que os processos de formação profissional sejam consideravelmente eficazes. 

3. METODOLOGIA 

3.1 Classificação e procedimentos da pesquisa

Este trabalho classificou-se como pesquisa de natureza aplicada, por ser um estudo prático. Quanto à abordagem, mista, tendo elemento qualitativo no foco do estudo e quantitativo na análise dos dados, com finalidade de reunir informações numéricas e de aferição de qualidade. Do ponto de vista dos objetivos como pesquisa exploratória com levantamento de campo, e quanto aos procedimentos técnicos como pesquisa bibliográfica, eletrônica e documental. 

Com uma abordagem mista, o trabalho apresentará uma perspectiva dos discentes em relação aos instrumentos e métodos que são utilizados pelos docentes em sala. Por conseguinte, a pesquisa também trará a real visão dos alunos relacionada à forma de ensino à qual são submetidos dentro do curso. 

As técnicas utilizadas para o progresso da pesquisa foram: aplicação da coleta de dados, pesquisas bibliográficas, eletrônicas e documentais. A pesquisa aconteceu com a aplicação de um questionário a ser respondido pelos discentes, com o intuito de agregar informações de grandiosa valia para o trabalho. 

Por fim, para o êxito da fundamentação teórica e apoio à pesquisa deste trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas, eletrônicas e documentais. Esse recurso foi designado respectivo à necessidade de um respaldo histórico e teórico para justificar as declarações e argumentações aqui presentes. 

Para o levantamento de dados, o meio utilizado foi questionário aplicado aos discentes do Curso de Ciências Contábeis da UESB de Vitória da Conquista, no Estado da Bahia. O questionário é constituído de perguntas abertas, fechadas, alternativas (sim/não) e alternativas qualitativas. Os questionários foram fundamentais para o levantamento de dados de forma mais prática e com o menor dispêndio de tempo. 

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 

O questionário aplicado aos discentes do Curso de Ciências Contábeis da UESB de Vitória da Conquista – Bahia, a partir do IV semestre, compreendeu 4 blocos com 22 questões, em que no primeiro bloco é identificado o perfil do respondente, o segundo os conhecimentos sobre contabilidade, o terceiro sobre Educação Contábil, e o quarto e último, sobre o foco da pesquisa, que é a didática.  

A análise dos dados coletados tem por objetivo compreender as nuances das perguntas e respostas em relação ao grupo focal respondente, e com isso chegar a uma conclusão contundente dos relatos apresentados. Assim, iniciou-se a análise primordialmente avaliando as questões que obtiveram a mesma resposta por todos ou a maioria dos respondentes.  

Em síntese, o objeto principal dessa pesquisa se encontra nas respostas das questões que estão presentes no Bloco 4. Para esse artigo, com a finalidade de conceder uma leitura mais direcional e fluida sobre o tema, serão apresentados os dados coletados a partir da Questão 12 do questionário.  

O objetivo da Questão 12 foi o de identificar qual a opinião dos alunos sobre o que seria um professor com didática, cujas respostas estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Professor com didática 

Fonte: Elaboração própria (2021).

Conforme apresentado na tabela acima, correspondendo a pouco mais da metade dos alunos, os respondentes consideram que um professor com didática seja aquele que domina o assunto ministrado, que busca técnicas de ensino e utiliza recursos tecnológicos como slides, vídeos, entre outros. 

As demais alternativas pré-estabelecidas sobre o assunto, obtiveram apenas 6 respostas somadas, em que os alunos afirmam que na opinião deles um professor com didática é aquele solícito para tirar dúvidas e que seja animado em sala. As informações obtidas com essa pergunta permitiram observar que boa parte dos discentes associam que um professor com didática é aquele que possui características de domínio de conteúdo e que utilizam ferramentas que auxiliam no processo de ensino, para que o conteúdo seja melhor compreendido pelos  discentes. 

Ter uma boa didática está diretamente relacionada à qualidade da forma de ensino, que muitas vezes, pela rotina das aulas programáticas, acaba não sendo uma prioridade no meio docente. Além disso, o aprendizado pode ficar prejudicado, uma vez que o aluno não consegue compreender aquilo que está sendo ensinado por altar, por parte dos professores, o domínio do  assunto, a técnica de ensino adequada, o uso de recursos tecnológicos, entre outras características importantes, que podem ser observadas em palestrantes, por exemplo. 

A próxima pergunta presente no questionário foi sobre qual a opinião dos alunos com relação às contribuições de uma boa didática em seu aprendizado. As respostas para esta questão estão apresentadas na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Auxílio da didática no processo de aprendizagem

Fonte: Elaboração própria (2021).

A tabela acima mostra que a grande maioria dos respondentes consideram que os  professores que possuem uma boa didática em sala auxiliam de forma motivadora no aprendizado dos alunos. O auxílio de forma decisiva foi considerado por 12 alunos, de forma emancipadora foi assinalada por 7 alunos e de forma desmotivadora foi a resposta de 1 aluno.  

Os dados obtidos certificam a importância que a didática tem no aprendizado dos discentes. Sua influência de forma motivadora, relaciona à continuação dos alunos nos estudos e em sua carreira profissional, significando que quando o aluno tem a experiência em sala com um professor sem didática, ele pode se sentir desmotivado, com tendência a desistir de sua formação. 

Na sequência, a Tabela 3 apresenta as respostas para a Questão 14, a qual buscou identificar se os alunos sentiram a necessidade de procurar algum curso complementar aos estudos por conta da didática dos professores de contabilidade da UESB de Vitória da Conquista no Estado da Bahia, não ser suficiente para a compreensão do assunto.

Tabela 3 – Cursos complementares

Fonte: Elaboração própria (2021).

A imensa maioria dos alunos afirmaram terem tido a necessidade de buscar outros cursos para compreender melhor os assuntos que foram ministrados em sala. Somente 6 alunos do universo de respondentes alegaram que não houve essa necessidade até o momento.  

Esses dados identificam que há um déficit na didática dos professores de contabilidade da UESB, uma vez que a imensa maioria dos alunos tiveram que complementar seus estudos porque a didática que viveram em sala deixou lacunas no aprendizado. Desse modo, é possível afirmar que existe a necessidade de atenção às técnicas de ensino adotadas atualmente dentro do curso para que a qualidade na formação dos discentes não seja prejudicada.  

A questão seguinte procurou verificar qual a opinião dos alunos sobre as contribuições dos métodos de ensino dos professores com relação a suas notas (Tabela 4).

Tabela 4 – Reflexo dos métodos de ensino nas notas

Fonte: Elaboração própria (2021).

Conforme apresentado na tabela, 31 alunos, sendo a maioria, consideram que os métodos de ensino desses professores refletiram de forma regular em suas notas, 15 alunos afirmaram que essa influência foi boa em suas notas, 7 alunos afirmaram ser uma contribuição satisfatória e 3 alunos relataram que o reflexo sobre a forma de ensino em suas notas foi  péssimo. 

Diante dos dados coletados e das análises de respostas anteriores, é possível concluir que de modo geral o curso se encontra em patamares medianos de ensino, considerando a perspectiva discente. Esse aspecto indica que há uma deficiência no ensino, por mais que os resultados não sejam predominantemente negativos, ainda é necessária uma revisão na estrutura e nas técnicas de ensino, para que os objetivos, missão e valores propostos pelo curso sejam atingidos em sua integralidade.  

As respostas para a pergunta 16, que questiona sobre a qualidade das aulas e a didática dos professores da área contábil dentro do curso, estão apresentadas na Tabela 5 abaixo.

Tabela 5 – Avaliação da qualidade das aulas e da didática

Fonte: Elaboração própria (2021).

Observando a tabela acima, é possível perceber que o padrão das respostas de questões avaliativas se manteve entre alternativas medianas. Metade dos respondentes, o que corresponde a 28 alunos, consideram a qualidade das aulas e da didática dos professores como regular, 21 discentes afirmaram ser boa, 4 alunos responderam ser péssima e apenas 3 atribuíram como satisfatória.  

A avaliação da qualidade das aulas nas universidades é de grande importância para identificar se existe a necessidade de melhorias e quais as ferramentas que podem ser aplicadas a fim de atingir uma boa qualidade no processo de ensino-aprendizagem. É a qualidade dessa relação que vai definir boa parte da excelência do profissional que está sendo direcionado ao mercado.  

O processo de ensino-aprendizagem conta com inúmeros fatores para seu sucesso, entre os quais, é importante a adoção de técnicas atualizadas de ensino, de domínio do conteúdo ministrado, uso de ferramentas lúdicas, entre outros. É sabido que a estrutura curricular de um  curso, geralmente, perdura por muitos anos sem alterações significativas e por isso é necessário que outras áreas, que possuem fácil possibilidade de adequação às mudanças tecnológicas e mercadológicas sejam discutidas e atualizadas com frequência, para que a compreensão do conteúdo programático atinja um resultado satisfatório. 

A Questão 17 é um complemento da Questão 16 e buscou compreender quais as  justificativas dos alunos que responderam ser regular ou péssima a qualidade das aulas e da didática dos professores do curso (Tabela 6). Essa questão contou com uma alternativa qualitativa que está exposta em forma de quadro na sequência (Quadro 1), em que ficou livre para os alunos deixarem suas razões para essas respostas.

Tabela 6 – Complemento da Questão 16 

Fonte: Elaboração própria (2021).

O somatório de alunos que responderam ser regular e péssima as aulas e didática dos professores na questão anterior (Questão 16) foram de 32 alunos. Contudo, a Questão 17 obteve 49 respostas sobre o assunto questionado. Com essas informações é possível deduzir que mesmo alunos que não marcaram essas alternativas na questão anterior, sentiram necessidade se darem suas opiniões a respeito na Questão 17. E com isso, observa-se que há mais considerações sobre a didática dos professores, mesmo entre aqueles que tenham afirmado ser  positiva a atual metodologia adotada.  

Analisando a Tabela 6, percebe-se que a maioria dos respondentes fizeram outras considerações a respeito das causas que afetam a qualidade desse ensino. Essas considerações estão apresentadas e analisadas na sequência, no Quadro 1.  

A segunda maior alternativa assinalada, correspondente a 17 alunos, foi a de que os professores não estão tendo qualidade em suas aulas e em seus métodos de ensino por desinteresse pessoal. Já outros 10 alunos, consideram que o motivo dessa baixa qualidade seria porque o professor tem outros negócios e com isso não dão prioridade para a profissão de professor. Além disso, 7 respondentes consideram que a falta de apoio pelos órgãos públicos é o que mais dificulta na elevação do nível das aulas e da didática. 

As considerações livres realizadas pelos alunos foram analisadas por meio do Quadro 1 abaixo.

Quadro 1 – Complemento da Questão 17 (Outros)

Fonte: Elaboração própria (2021).

De acordo com o cenário apresentado, a didática dos professores de contabilidade da UESB de Vitória da Conquista – Bahia ainda deixa lacunas a serem preenchidas, necessitando de uma melhora considerável nas técnicas de ensino adotadas por esses professores. A forma de ensinar qualquer tipo de conteúdo diz muito sobre a qualidade do aprendizado, e para formação de profissionais cada vez mais capacitados e atualizados, é fundamental que todo o conteúdo teórico e prático seja passado de forma clara e objetiva. 

Seguindo em aspectos avaliativos, a Questão 18 procurou verificar se os professores do curso, na visão dos alunos, planejavam suas aulas. As respostas estão apresentadas na Tabela 7.

Tabela 7 – Planejamento das aulas

Fonte: Elaboração própria (2021).

Dos 56 respondentes, a imensa maioria, 36 alunos, afirmaram que poucos professores preparam suas aulas. Em contrapartida, 15 alunos informaram que a maioria prepara as aulas, 4 alegaram ser a imensa maioria e 1 discente respondeu que não percebe preparação nas aulas.  

O planejamento das aulas é um importante instrumento, capaz de garantir a aprendizagem dos alunos, pois é através dele que o professor visualiza o objetivo da aula, entende a dinâmica da turma e traça estratégias que façam com que suas pretensões sejam atingidas. Nesse aspecto, baseado nas respostas para essa questão, percebe-se que os alunos não conseguem visualizar uma preparação nas aulas e com isso o aprendizado fica prejudicado. 

Questão 19 do questionário, apresentada na Tabela 8, procurou identificar qual a opinião dos discentes sobre o nível de domínio de conteúdo dos professores da área contábil do curso. 

Tabela 8 – Domínio do conteúdo

Fonte: Elaboração própria (2021).

Analisando a tabela acima, identifica-se que a maioria dos respondentes 35 alunos, consideram que o nível de domínio dos professores de contabilidade da UESB é alto. Enquanto 11 alunos consideraram ser razoável e 10 alunos afirmaram ser muito alto. 

Esses dados atestam para o fato de que para os alunos o que falta nos professores é realmente aperfeiçoarem as técnicas de ensino em sala, procurarem métodos mais eficazes para conseguirem passar todo o conhecimento que possuem de forma clara. De modo geral, a avaliação sobre o grau de conhecimento dos professores sobre os assuntos é satisfatória, mas falta à maioria deles saberem como transmitir essas informações de modo a fazer com que o aprendizado dos alunos alcancem a qualidade esperada. 

Ter conhecimento sobre aquilo que está sendo ensinado é o primeiro passo para se tornar um educador de excelência, pois só é possível ensinar outras pessoas quando se tem propriedade sobre o assunto. Isso reflete no fato de que os professores devem lecionar matérias das quais estão qualificados, em que não é possível conseguir resultados satisfatórios de aprendizado quando os docentes são direcionados para disciplinas das quais não possuem domínio.  

A pergunta seguinte foi sobre a frequência com que os professores utilizaram recursos didáticos em sala para facilitar a compreensão dos assuntos, as respostas estão apresentadas na Tabela 9.

Tabela 9 – Uso de recursos

Fonte: Elaboração própria (2021).

Segundo Becker (1992, apud Silva et al., 2012, p. 2), os recursos didáticos são de grande importância no processo de aprendizado dos alunos, pois são capazes de tornar as aulas mais atrativas, despertando o interesse pelo conteúdo e compreendendo melhor os assuntos ministrados. Com os avanços tecnológicos, existe hoje uma extensa lista de ferramentas que  podem auxiliar os professores no momento em que estão ministrando suas aulas e com isso favorecer o aprendizado dos alunos. 

Analisando as respostas acima, nota-se que a maioria dos alunos, 23 respondentes, relataram que esses recursos eram raramente utilizados. Contudo, 20 alunos responderam que quase sempre havia o uso, 12 afirmaram que dificilmente era utilizado e 1 respondente disse que nunca utilizaram esses recursos em sala.  

Esse cenário retrata uma certa resistência dos professores em recorrerem a outras  ferramentas que auxiliam no ensino, mantendo suas aulas sempre no mesmo padrão, podendo  torná-las cansativas aos alunos e de difícil compreensão.  

A Tabela 10 apresenta as respostas da Questão 21 que procurou identificar se as metodologias adotadas atualmente pelos professores do curso afetaram na motivação dos alunos em continuar os estudos no Curso de Ciências Contábeis.

Tabela 10 – Relação da metodologia de ensino com a desmotivação do aluno

Fonte: Elaboração própria (2021).

A maioria dos respondentes afirmaram que quase sempre a metodologia dos professores do curso os desmotivou a continuar os estudos. Já para 10 alunos, essa influência ocorreu raríssimas vezes, 8 alunos disseram que essa desmotivação ocorre sempre, 6 alunos disseram que essa desmotivação ocorreu dificilmente e 2 pessoas afirmaram que nunca se sentiram desmotivados por conta das metodologias de ensino.  

Esses resultados corroboram o segundo objetivo específico desta pesquisa, de analisar a relação dos métodos de ensino com a motivação nos estudos e confirmam a hipótese da pesquisa de que as metodologias da maioria professores de contabilidade da UESB influenciam negativamente na motivação para que os alunos continuem seus estudos. 

Desse modo, é perceptível que existe um déficit na forma de ensino no curso, pois da forma que está ocorrendo as aulas, os alunos estão se sentido desmotivados e não conseguem compreender o assunto de forma eficaz. Com isso, a missão do curso, os objetivos e a formação de profissionais contábeis de excelência estão sendo prejudicados pela falta de atenção aos aspectos que envolvem a didática no ensino superior. 

O questionário foi finalizado com uma questão aberta que deixou livre para que os alunos fizessem suas considerações finais e/ou sugestões de melhoria sobre a didática dos professores da área contábil do curso, atestando para o terceiro objetivo específico desde trabalho. As respostas a esta pergunta foram expostas por meio da Tabela 11.

Tabela 11 – Considerações finais e sugestões de melhoria

Fonte: Elaboração própria (2021).

Observando as considerações realizadas pelos alunos, percebe-se que a imensa maioria dos respondentes, sugeriram melhoria nos métodos de ensino, em que os professores precisam aperfeiçoar suas técnicas e se preocuparem mais com a forma com que o conteúdo é repassado em sala. Já 6 alunos respondentes, opinaram sobre a necessidade dos professores em se atualizarem tanto no conhecimento quanto nos métodos de ensino. Outros 6 respondentes, afirmaram que alguns professores precisam se preocupar com a preparação das aulas. Para  outros 6 alunos, alguns professores estão visivelmente acomodados e desmotivados em dar aulas e precisam repensar sobre essas questões para não prejudicar a qualidade do ensino. Dentre 4 respondentes, 2 deles fizeram observações sobre a necessidade do professor se aproximar mais do aluno, ouvindo as necessidades dele para melhorar a qualidade das aulas e os outros 2 respondentes informaram que o departamento precisa estar mais presente na verificação da qualidade das aulas. Três alunos consideraram, de modo geral, ser satisfatória a didática dos professores do curso e 2 alunos não fizeram considerações. 

Desse modo, é notória a incidência de respostas que estão relacionadas à didática docente, o que indica que esse ponto precisa de melhoria o quanto antes, pois afeta diretamente o aprendizado dos alunos e por consequência, afeta a qualidade do profissional que está sendo inserido no mercado de trabalho. É necessário um trabalho conjunto para que a instituição, o aluno, o professor e a sociedade recebam os benefícios esperados de uma graduação bem  equipada e estruturada. 

Por fim, conclui-se que os alunos possuem muitas opiniões sobre as metodologias de ensino e não existe espaço no curso para que essas contribuições sejam ouvidas e até mesmo colocadas em prática. A excelência de um curso depende de muitos fatores, mas o principal deles é o relacionamento entre o ensino e a aprendizagem em sala, em que a didática dos docentes precisa ser revisada, atualizada e melhorada dentro das necessidades dos discentes em  sala.  

O aprendizado é tão importante quanto o ensino, e por isso não se pode negligenciar os  métodos de ensino nas universidades, pois são nelas que são construídos os profissionais que  atenderão às necessidades da sociedade.  

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O presente estudo realizou uma investigação acerca das percepções dos discentes sobre os métodos de ensino adotados pelos professores de contabilidade da UESB, a fim de verificar se os alunos efetivamente estão compreendendo os assuntos de forma satisfatória. A importância da didática no ensino superior é reflexo da qualidade profissional que será disponibilizada ao mercado. 

Os elementos exibidos por meio do questionário possibilitaram atestar a realidade de que a didática vivenciada pelos alunos atualmente está dificultando o aprendizado dos mesmos, influenciando em sua motivação e descredibilizando a qualidade profissional.  

Ademais, por meio da expressão de suas opiniões, os alunos confirmaram que a didática dos professores de contabilidade da UESB dificulta o aprendizado, afetando na formação profissional e desmotiva a continuar os estudos na área. Assim, é inquestionável a necessidade de uma avaliação minuciosa quanto aos aspectos que envolvem o ato de ensinar dentro do curso, pois as lacunas são grandes e afetam a qualidade do profissional que será inserido no mercado. 

Com análise dos dados apresentados, é possível refletir sobre aspectos importantes entre o ensino e a aprendizagem, que refletem, não só no curso de Ciências Contábeis especificamente estudado nessa pesquisa, mas também nos demais cursos acadêmicos que sofrem com essa escassez de uma didática consolidada entre o corpo docente. Esse estudo traz em seu princípio um convite à toda comunidade acadêmica para estarem atentos em de fato avaliarem a qualidade do Ensino Superior.  

A discussão sobre a didática no ensino superior é necessária e fundamental para que o ato de ensinar alcance os objetivos esperados e, por conseguinte, o curso se fortaleça e atinja os objetivos esperados em relação a qualidade do ensino. Apesar de parecer complexa, as definições sobre a didática são dinâmicas, simples de entender e de serem aplicadas, basta o interesse sobre o assunto para que seja aperfeiçoada a relação entre ensino-aprendizagem. 

Não há, sobretudo, um caminho mágico e totalmente assertivo para se percorrer e atingir o ápice de uma perfeição no ensino que de fato não existe. O aprimoramento está no processo gradativo de melhorias, identificando aos poucos os déficits e corrigindo as urgências, almejando uma satisfatória relação quanto aos métodos de ensino em detrimentos das necessidades do aprendizado.  

As experiências em sala durante todos os anos de ensino são as principais bases que poderão indicar quais os pontos que precisam ser melhorados quanto ao ensino dos conteúdos programáticos. Por si só, toda teoria tende a ser repetitiva e cansativa em algum momento dos estudos, e para melhorar essa previsão há atitudes simples que podem mudar todo o contexto da relação entre ensino e aprendizagem. 

A realidade do ensino superior já não atende mais à premissa de que basta ao educador o domínio do assunto ministrado para que esteja capacitado para dar aulas. É necessário o interesse do docente em aspectos que envolvam a forma com que estão ministrando suas aulas, pois a verificabilidade do seu profissionalismo será medida, entre outras coisas, especialmente pelo o nível de compreensão de seus alunos sobre os conteúdos. 

Com os dados obtidos com essa pesquisa, percebe-se que os alunos possuem contribuições valiosas quanto às suas próprias necessidades pedagógicas, que com uma simples abertura para diálogos poderiam ser solucionadas. Desse modo, as principais recomendações direcionadas aos docentes e ao Departamento de Ciências Contábeis, acerca da problematização atestada com esta pesquisa são: 

• Abertura por parte dos professores a um maior diálogo com os alunos a fim de perceber qual a necessidade da turma com relação ao aprendizado; 

• Buscar atualizações tecnológicas que facilitam a fixação do conteúdo, como uso de slides, vídeos, apresentação de programas contábeis atuais, etc.; 

• Procurar se especializar em técnicas que auxiliam no ato de ensinar, como cursos de oratória, de desenvolvimento pessoal e de como influenciar pessoas, por exemplo; 

• Maior cobrança por parte do Departamento de Ciências Contábeis aos alunos e professores quanto a qualidade das aulas, realizando acompanhamentos periódicos em sala, a fim de verificar empiricamente como ocorrem as aulas; 

• Aplicação de questionários aos alunos periodicamente para avaliar a opinião deles quanto a forma de ensino de cada professor e discutir esses aspectos por meio de reuniões regulares, com premiações aos mais bem avaliados, com o objetivo de motivar os professores a se capacitarem melhor para dar aulas e  analisar os pontos negativos para identificar quais os caminhos para aperfeiçoar o ensino; 

• Buscar atualizações de conteúdo, levando para a sala de aula uma percepção mais real da vivência contábil dentro no mercado de trabalho. 

Por fim, considerando a expressiva relevância do foco deste trabalho, sugere-se novas pesquisas sobre esta temática, especialmente refletindo sobre as perspectivas docentes sobre o assunto, em que será possível contrapor outros resultados com as conclusões obtidas a partir deste estudo, dispondo de uma visualização completa das necessidades que envolvem a eficácia da relação ensino-aprendizagem dentro do curso.

REFERÊNCIAS 

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1Contadora | CRC-BA | Pós-Graduação Lato Sensu em Contabilidade, Gestão e Tributação pela Faculdade Focus (2024) | MBA em Finanças, Auditoria e Controladoria pela Universidade Pitágoras Unopar (2022) | Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2022) | Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Pitágoras Unopar (2021).