INFLAMMATORY PROFILE AND IMPAIRMENT TO PHYSICAL CAPACITY IN POST COVID 19 PATIENTS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7335567
Luiz Fernando Rodrigues da Silva1
Rodrigo Meireles da Silva1
Isadora Sabrina Salgado Ferreira Sampaio1
Meire Lucia Ferreira Feitoza1
Jandra Ingrime do Amaral Rebêlo1
Klenda Pereira de Oliveira2
Thâmila Kamila de Souza Medeiros3
Resumo
Introdução: A COVID-19 é uma doença infecto contagiosa causada pelo vírus SARS-CoV-2, apresentando-se de forma sintomática ou assintomática, a insuficiência respiratória causada pela COVID-19 é o sintoma mais prevalente em casos graves. As complicações da COVID-19 à saúde têm levado muitas sequelas, impactando negativamente a qualidade de vida dos indivíduos. É de suma importância conhecer os impactos do processo infeccioso sobre a capacidade física. Objetivo: Analisar o perfil inflamatório e os prejuízos da capacidade física em pacientes pós COVID-19, analisar o método de avaliação da capacidade física e teste de caminhada de seis minutos TC6. Método: Estudo de revisão sistemática integrativa quantitativa, nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online – MEDLINE, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Scientific Electronic Library Online –ciELO, SCIENCE DIREC. A seleção incluiu artigos de estudos de casos, ensaios clínicos, relato de caso e observacionais, em língua portuguesa e inglesa no período de 2020 a junho de 2022. Resultados: 301 estudos foram identificados e 10 foram incluídos nesta revisão por ser compatível com o conceito proposto. Conclusão: A capacidade física após a COVID-19 obtém grandes prejuízos a exacerbação do perfil inflamatório nas fases moderadas e graves da doença, ocasionando declínio na qualidade de vida dos indivíduos após a alta hospitalar devido a prorrogação de sintomas como fadiga muscular e dispneia grave. O TC6 promove ao avaliador a clara percepção do descondicionamento cardiorrespiratório ocasionado pela COVID-19.
Palavras-chaves: COVID-19, perfil inflamatório, capacidade física, sistema autônomo, função vascular.
Abstract
Introduction: COVID-19 is an infectious disease caused by the SARS-CoV-2 virus, presenting symptomatically or asymptomatically, respiratory failure caused by COVID-19 is the most prevalent symptom in severe cases. The health complications of COVID-19 have led to many sequelae, negatively impacting the quality of life of individuals. It is of utmost importance to know the impacts of the infectious process on physical capacity. Objective: To analyze the inflammatory profile and the damage to physical capacity in patients after COVID-19, to analyze the method for assessing physical capacity and the six-minute walk test TC6. Method: Systematic integrative quantitative review study, in the databases Medical Literature Analysis and Retrieval System Online – MEDLINE, Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences – LILACS, Scientific Electronic Library Online -ciELO, SCIENCE DIREC. The selection included articles of case studies, clinical trials, case report and observational, in Portuguese and English language from 2020 to June 2022. Results: 301 studies were identified and 10 were included in this review for being compatible with the proposed concept. Conclusion: Physical capacity after COVID-19 is greatly impaired by the exacerbation of the inflammatory profile in the moderate and severe phases of the disease, causing a decline in the quality of life of individuals after hospital discharge due to the prolongation of symptoms such as muscle fatigue and severe dyspnea. The TC6 provides the evaluator with a clear perception of the cardiorespiratory deconditioning caused by COVID-19.
Keywords: COVID-19, inflammatory profile, physical capacity, autonomic system, vascular function.
1 INTRODUÇÃO
O coronavírus (COVID-19) trata-se de uma doença infecto contagiosa causada pelo vírus SARS-CoV-2. Apresenta-se de forma sintomática ou assintomática. Em casos leves possui sinais e sintomas semelhantes ao resfriado. As características clínicas mais comuns são febre, tosse, dispneia leve, perda de disgeusia e anosmia, em casos mais graves pode se apresentar dificuldade para respirar, dispneia grave e angina segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS 2021).
A insuficiência respiratória causada pela COVID-19 é o sintoma mais prevalente em casos graves, acometendo indivíduos de todas as idades. No entanto os fatores de riscos para desfechos mais graves são, idade avançada, obesidade, sexo masculino, portadores de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, tabagismo e distúrbios autoimunes(SWENSON; SWENSON 2021).
O coronavírus se assemelha às manifestações clínicas da síndrome do desconforto respiratório SDRA, pois possui características como rupturas na permeabilidade alvéolo-capilar mediada pela inflamação causada na infecção do vírus, por consequência há formação de edema não cardiogênico, impossibilitando a depuração alveolar fidedigna, reduzindo a complacência pulmonar, aumento da resistência vascular pulmonar e anormalidades nas trocas gasosas, causando deficiência na mecânica ventilatória fisiológica dos pulmões (VILLAR et al., 2016).
O processo fisiológico da restauração da lesão é mediada por ativação dos macrófagos alveolares, liberando citocinas para recrutamento de neutrófilos circulantes que liberam moléculas inflamatórias, embora ajudem no controle dos patógenos, por grande recrutamento de células de defesa acabam danificando a barreira endotelial alveolar pela baixa permeabilidade, resultando no edema (MO et al., 2020; SWENSON; SWENSON 2021; TAYLOR et al., 2005).
A grande proliferação celular mediada pelas células de defesa ocasiona um processo inflamatório que causa danos extremos aos tecidos endoteliais. A infecção pelo vírus SARSCoV-2 ocasiona danos aos órgãos e sistemas em efeito cascata, o sistema cardiopulmonar severamente afetado sofre por falência gradual dos pulmões, induzindo à insuficiência respiratória grave além de manifestações extrapulmonares (ANDRADE et al., 2021; TEUWEN et al., 2020).
O processo infeccioso apresenta patologias associadas derivadas dos danos ao sistema cardiopulmonar. O efeito cascata ocorre por meio desses agravos, os acometimentos são, fibrose pulmonar, embolia pulmonar, tromboembolismo, pneumonia, dano vascular, dispneia, tosse, angina, resultando em uma embolia arterial sistêmica (ANDRADE et al., 2021; GROSSE et al., 2020).
O segundo sistema mais afetado pela COVID 19 é o cardiovascular, manifestações como lesão miocárdica e insuficiência cardíaca são achados em pacientes severamente acometidos pelo processo infeccioso. Os acometimentos ao sistema cardiovascular ocorrem junto ao cardiopulmonar (LIU et al., 2020; TEUWEN et al., 2020).
Estudos mostram que indivíduos que estejam em processo infeccioso pela COVID 19, podem apresentar lesões não só nos sistemas cardiopulmonar e cardiovascular, podem também apresentar complicações no sistema hematológico, gastrointestinal, musculoesquelético, nervoso e até mesmo à saúde mental (ANDRADE et al., 2021).
Após a infecção pelo vírus, a literatura tem mostrado grandes casos de indivíduos que apresentam sintomas persistentes mesmo após a alta hospitalar. Os mais comuns são, dispnéia a pequenos esforços, fadiga na realização de atividades diárias e cansaço, no que resulta na diminuição do exercício e qualidade de vida dos indivíduos (SANCHEZ-RAMIREZ et al., 2021).
As complicações da COVID-19 à saúde têm levado muitas sequelas intensas às pessoas, impactando negativamente a qualidade de vida dos indivíduos. É de suma importância saber os impactos do processo infeccioso sobre a capacidade física. Dessa forma o presente estudo se justifica para preencher as lacunas que faltam na literatura, pois apesar de muitos estudos falarem sobre a procedência da doença, falta se falar mais sobre as sequelas após à doença, e os danos que as mesmas estão acometendo a capacidade física e qualidade de vida dos indivíduos.
O presente estudo tem como objetivo primário analisar o perfil inflamatório e os prejuízos a capacidade física em pacientes pós COVID-19 e analisar o método de avaliação da capacidade física, teste de caminhada de seis minutos TC6 em pacientes pós COVID 19.
2 MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de um estudo de revisão sistemática integrativa quantitativa. Os artigos selecionados obedeceram aos critérios de inclusão: ter sido publicado no período de janeiro de 2020 a junho de 2022 para abranger a maior quantidade de estudos relacionados ao objetivo da pesquisa, disponíveis online em texto completo nas línguas português e inglês, ensaios clínicos, estudos de casos, relato de caso e observacionais que apresentassem o perfil inflamatório dos pacientes com COVID-19 moderado ou grave e suas repercussões a capacidade física, e discorrer sobre o método de avaliação da capacidade física pelo teste de caminhada de seis minutos (TC6).
As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram Medical Literature Analysis and Retrieval System Online – MEDLINE, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Scientific Electronic Library Online – SciELO, Physiotherapy Evidence Database –PEDro e SCIENCE DIRECT com os descritores Covid-19 moderada e grave, perfil inflamatório, capacidade física e função vascular, nos idiomas inglês e português no período de 22 de agosto de 2022 a 15 de setembro de 2022. E o operador booleano AND. Quanto aos critérios de exclusão: artigos em duplicidade selecionados nas bases de dados.
3 RESULTADOS
Após as buscas nas bases de dados, foram encontrados um total de 301 estudos, sendo PubMed (102), Scielo (67), Lilacs (14) , PEDRO(47) e SCIENCE DIRECT (71) . Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos no estudo um total de (10) artigos. O fluxo de artigos através do processo de busca e seleção está representado no diagrama de PRISMA da figura 1.
AUTOR /ANO | TIPO DE ESTUDO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS |
Zampogna etl al., / 2021 | Prospectivo observacional controlado | Avaliar a capacidade de exercício físico de pacientes após a alta de uma unidade de cuidados intensivos. | De três a cinco semanas após a alta hospitalar (T0), os pacientes foram submetidos ao teste de caminhada de seis minutos (TC6) e divididos em dois grupos de acordo com a distância percorrida em porcentagem dos valores previstos: grupo <75% e ÿ75% grupo. Em T0 e três meses depois (T1 ), os pacientes completaram a Short Physical Performance Battery e a Euro Quality of Life Visual Analogue Scale, e foram avaliadas a função pulmonar e a função muscular respiratória. Além disso, uma repetição do TC6 também foi realizada em T1 . | 50% dos pacientes se recuperando da pneumonia associada a COVID-19 apresentam limitação ao exercício. Sobreviventes da COVID-19 tem o funcionamento físico prejudicado na alta para casa mesmo quando submetidos a mobilização precoce. Todos os pacientes submetidos ao programa de acompanhamento recuperaram a capacidade de exercício e estado funcional. |
Imamura et al. / 2021 | Estudo retrospectivo baseados em prontuários eletrônicos. | Descrever o estado demográfico, clínico e funcional após a alta de sobreviventes da COVID-19 submetidos a reabilitação multidisciplinar intensiva. | Realizando avaliações funcionais utilizando a Medida de Independência Funcional (MIF); Baterias de Desempenho Físico Curta; Avaliação de Montreal; Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse; Escala de Impacto de Eventos Revisada; Impedância Bioelétrica; Escala de Ingestão Oral; Classificação da Disfagia Orofaríngea e Avaliação Funcional, em pacientes internados em unidades de terapia intensiva com DM COVID-19 | Após o tratamento de reabilitação hospitalar, houve melhora significativa na Medida de Independência Funcional, a força e a capacidade de marchar melhoraram significativamente além do ganho de massa magra. |
Nedeljkovic et al / 2021 | Relato de caso. | Acompanhamento de um atleta que sentiu sintomas | Avaliação e acompanhamento por meio de exames físicos, laboratoriais | Não foi possível concluir o teste de esforço |
de endocardite relacionada a COVID-19. | e ecocardiográficos, tais como, teste de esforço cardiopulmonar; Ressonância magnética cardíaca (RMC) e hemogramas. | cardiopulmonar devido a dispneia intensa e capacidade funcional reduzida. A RMC detectou miocardite focal, os achados físicos, laboratoriais e ecocardiográficos foram aceitáveis. | ||
Tozato et. Al 2021 | Ensaio clinico. | Apresentar a experiência de pacientes com diferentes gravidades pós COVID -19 que foram incluídos em um programa de Reabilitação Cardiopulmonar (RCP) por três meses. | Foi avaliado teste de caminhada de 6 minutos, teste de força muscular periférica, reabilitação cardiopulmonar. | O programa de exercícios de reabilitação cardiopulmonar teve impacto positivo na série de casos estudada, melhorando a capacidade funcional. |
Besnier et al / 2022 | Estudo de intervenção randomizado. | Investigar a eficácia de um programa de reabilitação cardiopulmonar com indivíduos com COVID-19. | Participantes adultos com idade de 40 a 80 anos com teste RT-PCR para COVID-19 positivo, e ainda sofrem de dispneia > 3 meses após o diagnóstico de COVID-19 ou aumento de 1 ponto de dispneia na Escala de Dispneia Modificada do Medical Research Council, Treinamento individualizado incluindo exercícios aeróbicos, fortalecimento muscular e exercícios respiratórios. | As funções cardiovasculares e cerebrais são frequentemente prejudicadas após a infecção por COVID-19, além do descondicionamento físico e a redução da capacidade de exercício. |
Debeaumont et al. / 2021 | Relato de casos | Avaliar a aptidão física e sua relação com dispneia funcional em sobreviventes de COVID-19 6 meses após a alta hospitalar. | Dados coletados rotineiramente de pacientes encaminhados para realizar o teste de esforço cardiopulmonar (TECP) após a hospitalização para COVID-19 analisados retrospectivamente, utilizado o Medical Research Council modificado e Escada de Dispneia. | A dispnéia persistente foi associada à redução da aptidão física, devendo aos que sofrem desta condição receber intervenção de reabilitação personalizada devendo incluir recondicionamento, retreinamento respiratório e muscular. |
Viana et al. / 2022 | Estudo de |coorte de centro único, aninhado em | Testar alterações cardiorrespiratórias e funcionais agudas e crônicas em indivíduos hospitalizados. | Os indivíduos foram então alocados em grupos de níveis mais baixos de atividade física (ACTLOWER; N = 22), níveis intermediários de atividade física | Pacientes apresentam desempenho ventilatório e de marcha alterados de 30 a 45 dias após a alta hospitalar. No entanto repouso respiratório, |
um ensaio clínico. | (ACT INTERMEDIATE; N = 22) ou níveis mais altos de atividade física (ACTHIGHER; N = 19), de acordo com os tercis de atividade física. Variáveis hemodinâmicas de repouso (frequência cardíaca e pressão arterial braquial/central) e vasculares (velocidade da onda de pulso carótidafemoral, índice de aumento e dilatação mediada por fluxo da artéria braquial), função pulmonar (espirometria), força muscular respiratória (pressões respiratórias máximas), e capacidade funcional (força de preensão palmar, cinco vezes sentar e levantar, cronometrado e ir e testes de caminhada de seis minutos) foram medidos 30 a 45 dias após a alta hospitalar. | hemodinâmico, vascular e funcional não formam diferentes entre os grupos durante o seguimento do estudo. Sugere-se estudos futuros avaliando impactos de longo prazo | |||
Baratto Et. Al., 2021 | Ensaio randomizado | Evidenciar as diferenças na fisiopatologia do exercício com pacientes diagnosticados com COVID-19 e grupo de controles. | Foram incluídos pacientes pouco antes da alta hospitalar, com PCR para COVID-19 positivo, e também pacientes que se tornaram COVID-19 negativos ao longo da internação e julgados clinicamente curados e desmamados de oxigênio. Realizada avaliação cardiorrespiratória completa e exames complementares como ecocardiogramas. | Todos os pacientes afirmam ter realizado esforço voliotivo até o seu limite, no pico do exercício VO2 foi menor em pacientes com COVID-19 do que no grupo de controle. O mesmo vale para a carga de trabalho de pico. 95% dos pacientes com COVID-19 tiveram capacidade de exercício reduzida com o pico de VO2 menor que 70% do que previsto em 61% dos casos. | |
Solinski et al., 2022 | Ensaio clínico comparativo | Comparar a variabilidade da frequência cardíaca entre homens jovens após 4 a 6 semanas a infecção por SARS-CoV-2. | Avaliado a VFC em indivíduos assintomáticos ou levemente sintomáticos, 5 a 7 semanas após a confirmação positiva da infecção por SARS-CoV-2. | O estudo indica diferenças significativas nos parâmetros de VFC entre os convalescentes e o grupo de controle, o que sustenta a | |
hipótese de uma infecção por SARS-CoV-2 influencia a variabilidade da frequência cardíaca no período de recuperação. | |||||
Clavario al., 2021 | et | Ensaio Clínico | Avaliar a capacidade funcional pulmonar e cardíaca de sobreviventes de COVID-19. | Pacientes com COVID-19 confirmado em laboratório, três meses após a alta hospitalar, foi realizada avaliação clínica completa, ecocardiograma transtorácico, TCPE, teste de função pulmonar e medida de força máxima de extensão da perna dominante (EDE). | Aos três meses após a alta, cerca de 1/3 dos sobreviventes de COVID-19 apresentam limitações funcionais, principalmente explicadas pelo comprometimento muscular, exigindo pesquisas futuras para identificar pacientes com maior risco de efeitos a longo prazo que podem se beneficiar de vigilância cuidadosa e reabilitação direcionada. |
4 DISCUSSÃO
Nos estudos incluídos nesta revisão verificou-se que os indivíduos após a COVID-19 apresentam redução na capacidade física, mesmo após a alta hospitalar, alguns sintomas são persistentes reduzindo a capacidade física e impactando na qualidade de vida dos mesmos.
Dos estudos (TOZATO et al., 2021; ZAMPOGNA et al., 2021) utilizaram como método de avaliação da capacidade cardiorrespiratória o teste de caminhada de seis minutos (TC6), onde os pacientes eram submetidos a um programa de reabilitação cardiopulmonar e reavaliados com o teste. Nos dois estudos foi possível identificar através dos resultados do teste, a redução da capacidade cardiorrespiratória, onde os sintomas mais frequentes eram dispneia aguda e cansaço excessivo. Na reavaliação dos pacientes após a submissão ao programa de reabilitação, foi possível fazer a comparação dos resultados iniciais com os finais do TC6 no que mostra o quanto o teste foi fidedigno para a intervenção, além da percepção do quanto a redução da capacidade física acontece após a COVID-19 pelo simples descondicionamento do sistema cardiorrespiratório.
No estudo de NEDELJKOVIC et al., (2021), foram utilizados teste de esforço cardiopulmonar e ressonância magnética cardíaca (RMC), na fase de avaliação de um paciente atleta que apresentava redução na capacidade física, com sintoma de dispneia aguda após COVID-19 leve. Foi realizado uma série de avaliações de exames laboratoriais, eletrocardiograma e entre outros, onde o atleta apresentava parâmetros dentro da normalidade, mesmo não sendo comum casos graves da doença em atletas. No estudo teve que ser feito avaliação minuciosa com ressonância magnética cardíaca, onde foi possível a identificação de uma miocardite focal, com o quadro intenso na redução da capacidade física não foi possível realizar o teste de esforço cardiopulmonar por completo, pois o atleta apresentava grande desconforto respiratório segundo o relato de caso.
Nos estudos BESNIER et al., (2022) e de DEBEAUMONT et al., ( 2021) utilizaram o perfil de paciente com presença de dispneia grave recorrente após a COVID-19 e redução na capacidade física, com o objetivo de analisar a aptidão física e os efeitos a submissão dos indivíduos a um protocolo de reabilitação cardiopulmonar, utilizou-se avaliação por meio de teste de esforço cardiopulmonar, BESNIER et al., (2022) incluiu indivíduos com sintomatologia persistente após três meses de COVID-19, e com métodos de avaliação ampla, espirometria, teste de sentar e levantar, teste time up-and-go e TC6. Já DEBEAUMONT et al., (2021), incluiu após seis meses, e apenas utilizou o teste de esforço cardiopulmonar, gasometria arterial e avaliação de dispneia usando o Medical Research Council modificado. Os estudos atingiram seus objetivos, demonstrando a redução da aptidão física dos indivíduos participantes.
(IMAMURA et al., 2021) utilizou em seu estudo reabilitação multidisciplinar hospitalar, contendo na equipe fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, equipes de aptidão física, psicologia, nutrição, dietética, enfermagem, serviço social e equipe médica, com o objetivo de descrever o estado demográfico, clínico e funcional após a alta de sobreviventes da COVID-19. No processo de avaliação dos indivíduos selecionados foram utilizados manovacuômetria, teste de força muscular por meio do Medical Research Council soma score, avaliação de marcha, avaliação de equilíbrio estático e dinâmico, avaliação cognitiva, avaliação da condição mental por meio da escala de Depressão, Ansiedade e Estresse e utilizou-se bioimpedância elétrica. A intervenção toda seguiu em ambiente hospitalar mesmo após a alta dos indivíduos selecionados, no que favoreceu o acompanhamento multidisciplinar, em comparação aos outros estudos citados anteriormente, (IMAMURA et al., 2021) obteve resultados significativos, foi possível a identificação do declínio da capacidade física após a coleta de dados, e o grande avanço na reavaliação após a reabilitação intensiva com ganho de massa muscular e aumento da independência funcional dos indivíduos.
VIANA et al., (2022) em seu estudo teve como objetivo avaliar a influência dos níveis anteriores de atividade física nas condições hemodinâmicas, vasculares, ventilatórias e funcionais após a hospitalização pela doença COVID-19, sua intervenção foi dividir indivíduos em grupos de acordo com o tipo de atividade física praticada antes da hospitalização, os grupos eram respectivamente em níveis mais baixos de atividade física, níveis intermediários de atividade física e níveis mais altos de atividade física, onde a distribuição era feita após anamnese e avaliação beira leito. A intervenção seguiu com avaliação dos sistemas gerais corpóreos e submissão a prática de atividade física de acordo com a distribuição dos indivíduos nos respectivos grupos, após 45 dias de alta hospitalar, em relação aos resultados não houve diferença significativas entre os grupos em relação à avaliação, pois todos os pacientes apresentavam descondicionamento físico e sintomas recorrentes a COVID-19.
O estudo de SOLIŃSKI et al., (2022) teve como objetivo comparar a variabilidade da frequência cardíaca entre homens jovens após 4 a 6 semanas a infecção por SARS-CoV-2, na intervenção foi realizado a divisão de dois grupos, um com participantes pós COVID-19, e outro com participantes sem histórico da doença denominado de controle. O estudo comparativo analisou os intervalos RR por registros de eletrocardiograma (ECG) através do software Holter onde era possível identificar a variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Os participantes eram monitorados pelo software 24 horas, 65 indivíduos foram incluídos no estudo. O resultado do estudo apresenta diferenças da VFC significativas, as irregularidades dos intervalos RR que são apresentadas podem ser relacionadas a respiração, pois os resultados covalentes estavam associados ao ritmo respiratório a frequência cardíaca, no que sustenta a hipótese de que uma infecção por SARS-CoV-2 influencia a variabilidade da frequência cardíaca no período de recuperação denominada no estudo.
Nos estudos BARATTO et al., (2021); e CLAVARIO et al., (2021) utilizaram como método de avaliação o teste de esforço cardiopulmonar (TECP), para identificação das alterações nas condições físicas dos indivíduos pós COVID-19, além do TECP foram utilizado espirometria onde os participantes apresentavam diminuição na capacidade vital nos dois estudos. BARATTO et al., (2021) utilizou ecocardiografia em repouso e de esforço o que tornou seu estudo diferencial pois conseguiu evidenciar as condições cardíacas presentes, no que torna possível correlacionar com a redução da capacidade vital resultante após a espirometria, além de análise de comorbidades preexistentes. CLAVARIO et al., (2021) utilizava protocolos de segurança, exigia dois swabs de RT-PCR negativos consecutivos para SARS-CoV-2 com pelo menos 24 horas de intervalo antes que o paciente pudesse ser admitido para a avaliação clínica, o que tornava o estudo mais seguro que o de Barratto ,em relação a contaminação do vírus.
O presente estudo mostra os impactos a capacidade física decorrente as sequelas pós
COVID-19, o quadro infeccioso da doença é o que mais remete sequelas repentinas nos indivíduos, traçar um melhor plano de avaliação é essencial para a identificação da condição clínica do indivíduo. O estudo limita-se nos prejuízos à capacidade física, para estudos posteriores seria essencial a inclusão de análise do comportamento dos diversos sistemas corpóreos após a COVID-19.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que a capacidade física após a COVID-19 obtém grandes prejuízos e estão relacionados a exacerbação do perfil inflamatório nas fases moderadas e graves da doença, prorrogando sintomas como fadiga muscular e dispneia grave, ocasionando declínio na qualidade de vida dos indivíduos após a alta hospitalar.
O teste de caminhada de seis minutos é um grande método para utilização na avaliação física dos pacientes com a doença, pois promove ao avaliador a percepção clara do descondicionamento cardiorrespiratório ocasionado pela COVID-19.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2Especialização em Fisioterapia Neurofuncional, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
3Mestrado em Engenharia Biomédica, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.