PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE INTERNAÇÃO APÓS O CONTATO COM FONTES DE CALOR E SUBSTÂNCIAS QUENTES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10975257


Aurileia Alves Sousa
María do Socorro Senhor Ferreira Coelho
Orientador: Pedro Henrique Perez Roriz


Nos últimos anos, o número de pacientes internados por queimaduras em ambiente hospitalar cresceu de forma desordenada, surgindo assim como um problema recorrente na saúde pública nacional. Esse artigo visa analisar a epidemiologia dos casos de internação após o contato com fontes de calor e substâncias quentes no Brasil entre 2016 – 2019, por meio da base de dados público, DataSus. Os critérios analisados no estudo epidemiológico foram faixa-etária (menor que 5 anos, entre 5-14 anos, 15-29 anos, 30-49 anos, 50-69 anos), sexo (masculino e feminino) e caráter de atendimento (eletivo, urgência e outros). O perfil epidemiológico encontrado nesse artigo foi que ainda há um número elevado de casos com pacientes internados após contato com fontes de calor e substâncias químicas, a faixa etária predominante se refere aos pacientes menores que cinco anos e em seguida, pacientes entre 30-49 anos, de sexo masculino e de caráter de urgência. 

Palavras-Chave: Brasil. DataSus. Queimaduras. 

In recent years, the number of patients hospitalized for burns in a hospital environment has grown in a disorderly manner, thus emerging as a recurring problem in national public health. This article aims to analyze the epidemiology of hospitalization cases after contact with heat sources and hot substances in Brazil between 2016 – 2019, through the public database, DataSus. The criteria analyzed in the epidemiological study were age group (less than 5 years, between 5-14 years, 15-29 years, 30-49 years, 50-69 years), sex (male and female) and service character (elective) , urgency and others). The epidemiological profile found in this article was that there is still a high number of cases with patients hospitalized after contact with heat sources and chemical substances, the predominant age group refers to patients younger than five years and then, patients between 30-49 years , male and urgent.

Keywords: Brazil. DataSus. Burns.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Maciel et al (2018), nos últimos anos, o número de pacientes internados por queimaduras em ambiente hospitalar cresceu de forma desordenada, surgindo assim como um problema recorrente na saúde pública nacional. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil cerca de um milhão de pessoas sofrem esse tipo de lesão por ano. Somado a isso, apenas nos anos de 2015 e 2016 foram registrados mais de 15 mil casos de queimaduras em crianças de 0- 10 anos. 

Junto a isso, estimativas globais apontam que cerca 300 mil pessoas vão a óbito a cada ano devido as queimaduras, destas, 2,5 mil ocorrem apenas em território nacional, com uma predominância do sexo masculino. Nesse aspecto, o trauma em questão é causado por agentes diversos, dentre eles: calor, frio, substâncias químicas, descargas elétricas. (MACIEL et al, 2018)

As queimaduras são consideradas um importante problema de saúde pública, com grandes despesas financeiras no tocante ao tratamento. Esses agravos podem ser evitados com medidas de prevenção praticadas nos ambientes frequentados principalmente por crianças, seja no domicílio, na escola ou em qualquer outro lugar. A prevenção de acidentes transpassa o eixo da promoção da saúde.(MACIEL et al, 2018)

O paciente grande queimado é mais suscetível a infecções, em decorrência de imunossupressão e perda de cobertura cutânea. Além disso, as internações prolongadas associadas às medidas invasivas, como ventilação mecânica, cateterização vascular e vesical, expõem ainda mais esses pacientes a infecções nosocomiais. (BRASIL, 2017)

A observação dos princípios básicos de reanimação inicial no trauma e a aplicação, em tempo apropriado, de medidas emergenciais simples, minimizam a morbimortalidade. Os princípios incluem constante atenção para a possível presença de comprometimento de vias aéreas por inalação de fumaça, identificação e tratamento das lesões mecânicas associadas e a manutenção da normalidade hemodinâmica através de reanimação por infusão de volume.(AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

2. OBJETIVO

Analisar a epidemiologia dos casos de internação após o contato com fontes de calor e substâncias quentes no Brasil entre 2016 – 2019.

3. METODOLOGIA

Foi realizado um estudo epidemiológico sobre pacientes internados após o contato com fontes de calor e substâncias quentes no Brasil entre os anos de 2016 e 2019 na base de dados do DataSus em fevereiro de 2020.

Concomitantemente, realizou-se uma revisão de literatura sobre o mesmo tema, pesquisando em livros, revistas cientificas indexadas, artigos científicos, base de dados online como Scielo e PubMed, Google Acadêmico, e a Biblioteca Virtual da Saúde. 

Os       critérios           analisados       no        estudo epidemiológico foram faixa-etária (menor que 5 anos, entre 5-14 anos, 15-29 anos, 30-49 anos, 50-69 anos), sexo (masculino e feminino) e caráter de atendimento (eletivo, urgência e outros).

4. REVISÃO DE LITERATURA
        4.1.     Conceitos

As causas de queimaduras incluem lesões por chamas, líquidos quentes, contato com objetos quentes ou gelados, exposição química e condução de eletricidade. A maioria dessas induz o dano celular primariamente pela transferência de energia que induz a uma necrose coagulativa, a lesão direta às membranas celulares é a causa de lesão em queimaduras químicas e elétricas. (MATTOX; FELICIANO; MOORE, 2017)

A área necrótica de uma queimadura é denominada de zona de coagulação, e a área imediatamente que circunda a zona necrótica possui um grau moderado de lesão que inicialmente causa uma redução na perfusão tecidual, esta é denominada de zona de estase, e dependendo do ambiente da ferida, pode evoluir para necrose coagulativa se o fluxo sanguíneo local não for mantido. (MATTOX; FELICIANO; MOORE, 2017)

As queimaduras térmicas são as mais frequentes e resultam da transferência de energia de uma fonte de calor para o organismo. Podem ser provocadas por calor seco ou úmido (água quente, vapor de água, fogo). As lesões químicas podem ser provocadas por ácidos ou bases que quando absorvidos podem provocar lesão para órgãos internos. O grau de destruição dos tecidos depende da natureza do agente químico, da sua concentração e da duração de contacto com a pele. (BRUXEL et al, 2012)

Por outro lado, as queimaduras elétricas podem ser causadas por disparos elétricos ou pela passagem direta de corrente elétrica através do corpo. O primeiro produz queimaduras idênticas às térmicas. O segundo apresenta uma porta de entrada (local de contato com a corrente elétrica) e uma porta de saída (local de saída de corrente após uma trajetória pelo corpo). Ambas provocam danos profundos. A sua gravidade depende do tipo de corrente, da quantidade de corrente, da duração do contacto e do seu trajeto. As lesões por radiação, elas são causadas pela transferência de radiação para o corpo. A mais comum é a radiação solar. E por fim, as queimaduras inalatórias, são lesão causada por calor, em que existe inalação de monóxido de carbono ou fumo. (BRUXEL et al,2012)

        4.2.     Avaliação do paciente queimado

A avaliação do doente começa com a história e é seguida pela estimativa da superfície corporal     queimada       e, posteriormente, pela profundidade da lesão. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

A história das circunstâncias em que ocorreu a lesão é extremamente valiosa, pois a vítima pode sofrer lesões associadas durante tentativas de escapar do fogo. As explosões podem arremessar o paciente e provocar fraturas ou lesões internas. Se houve queimaduras em ambientes fechados, deve-se suspeitar de lesão por inalação e lesão cerebral anóxia. Além disso, a história deve ser condizente com o padrão de queimadura, se a história for “suspeita”, o médico deve se preocupar com a possibilidade de abuso. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

A regra dos nove auxilia no cálculo da área de superfície corporal queimada (ASC), principalmente nas queimaduras com distribuição irregular. Além disso, a palma da mão do doente (incluindo os dedos) representa aproximadamente 1% de sua superfície corporal. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018) A imagem 1 demonstra a regra dos nove.

Imagem 1 – Regra dos nove para calcular a área de superfície corporal queimada.
Fonte: DAST, 2018.

Além disso, é fundamental saber a profundidade da queimadura do doente para avaliar a gravidade do caso, planejar o tratamento e prever os resultados. Queimaduras de primeiro grau são caracterizadas por eritema, dor e ausência de bolhas, elas não determinam risco à vida (imagem 2). (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

As queimaduras de segundo grau são caracterizadas pela aparência vermelha e presença de edemas e bolhas. A superfície pode ter uma aparência lacrimejante ou úmida e é hipersensível com dor intensa até mesmo a correntes de ar (imagem     3). (AMERICAN     COLLEGE     OF SURGEONS, 2018)

Imagem 2 – Queimadura de primeiro grau na superfície palmar da mão de um lactente. 
Fonte: Barret e Herndon (2002)

Imagem 3 – Queimadura de segundo grau superficial em um lactente. Fonte: Barret e Herndon (2002)

Queimaduras de terceiro grau (imagem 4) são escuras e tem aparência de couro. A pele também pode apresentar-se translúcida ou com aspecto de cera. A superfície é indolor e seca e pode ser vermelha e não mudar de cor com a compressão local. Todos os graus de lesão são exemplificados na imagem 5. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

Imagem 4 – Queimadura de terceiro grau causada por gasolina incendiada. Fonte: Barret e Herndon (2002)

Imagem 5 – Classificação da profundidade da queimadura. Fonte: SAMU, 2013.

        4.3.     Manejo do paciente queimado

A prioridade do paciente queimado é controlar as vias aéreas, interromper o processo de queimadura e obter acesso venoso. As queimaduras podem causar grande edema e, por isso, a via aérea superior está em risco de obstrução. Os fatores que aumentam o risco de obstrução da via aérea são profundidade e extensão de queimaduras maiores, queimaduras na cabeça e na face, lesões inalatórias e queimaduras no interior da boca. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

Os indicadores clínicos de lesão por inalação incluem: queimaduras faciais e/ou cervicais, chamuscamento de cílios e das vibrissas nasais, depósito de carbono na boca e/ou nariz e expectoração carbonácea, alterações inflamatórias agudas de orofaringe, rouquidão, história de confusão mental, níveis sanguíneos de carboxihemoglobina maiores que 10%. A presença de qualquer um desses achados representa a necessidade de intubação traqueal com ventilação mecânica. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018) 

Toda a roupa deve ser removida para interromper o processo de queimadura, no entanto, a roupa aderente a pele não deve ser arrancada. Qualquer roupa impregnada com substância química deve ser removida com cuidado, a partir disso, a superfície corporal comprometida deve ser enxaguado copiosamente com água corrente, o doente deve ser coberto com lençóis quentes, limpos e secos para evitar hipotermia. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

Qualquer doente com queimadura que acomete mais de 20% da superfície corporal necessita de reposição de volume, preferencialmente com solução de ringer lactato. Para isso, é necessário estabelecer imediatamente acessos venosos com cateter de grosso calibre em veia periférica. Caso a queimadura não permitir a introdução de cateter pela pele íntegra, isso não deve impedir a punção de veia acessível através da pele queimada. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

A reposição volêmica inicial, ou seja, nas primeiras 24 horas do queimado é de 2 – 4ml de Ringer lactato por kg de peso corporal por porcentagem de área de superfície queimada de segundo ou terceiro grau (imagem 6). Metade desse volume é administrado nas primeiras oito horas e o restante nas últimas 16 horas. Essa é a fórmula de Parkland, usada em queimaduras.

Imagem 6 – Fórmula de Parkland.
Fonte: Autoria própria.

Após a ressuscitação volêmica e estabilização clínica toda atenção deve se voltar para a área queimada: Lavar abundantemente a área traumatizada com solução fisiológica 0,9%. Após a lavagem deve-se cobrir a lesão a fim de evitar a perda de calor, diminuir riscos de infecção. Esse procedimento pode tanto ser feito com gaze vaselinada ou jelonet (para queimaduras de 2º grau superficiais), quanto com uma sulfonamida como a Sulfadiazina de Prata (para segundo grau profunda e terceiro grau) a qual é muito utilizada em nosso meio. (BRUXEL et al, 2012)

A analgesia deve ser feita conforme a gravidade do paciente podendo ser através de analgésicos comuns ou com narcóticos via oral ou intravenoso. As lesões de segundo e terceiro graus, sempre que necessário, deverão ser desbridadas e eventualmente tratadas com enxerto, esse procedimento geralmente ocorre dentro da primeira semana da queimadura. Devese sempre realizar escarotomia em lesões circunferenciais nos membros e no tórax a fim de evitar déficit de perfusão nos membros e a disfunção respiratória. Em pacientes com queimaduras de 2º grau orientar a troca diária de curativos. Nas queimaduras elétricas, ficar atento para lesão muscular, devendo-se dosar mioglobina na urina e observar o membro queimado para que não desenvolva síndrome compartimental. Nesses casos deve-se realizar fasciotomia precoce. (BRUXEL et al, 2012)

        4.4.     Complicações após queimadura

A queimadura pode trazer consequência negativas variadas de acordo com a gravidade e os fatores associados que venham a contribuir para a piora do quadro clínico do paciente. (ALVES et al, 2018)

O médico deve estar atento para as medidas a serem adotadas com o intuito de evitar e tratar potenciais complicações das lesões térmicas como rabdomiólise e arritmias cardíacas, muitas vezes vistas em queimaduras elétricas. (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018)

Um estudo realizado por Alves et al (2018), evidenciou que entre os pacientes que apresentaram complicações relacionadas às queimaduras, houve prevalência da categoria dor na região/déficit de funçao/sepse; seguido da infecção da ferida. Estes resultados se assemelham a pesquisas que evidenciam os processos infecciosos relacionados a queimaduras como a principal causa de mortalidade.

5. RESULTADOS

        5.1.     Quanto ao total de casos.

No primeiro gráfico é possível notar que a incidência de casos entre 2016-2019 foi, ao todo, 2.533. Sendo que o ano de 2017 apresentou o maior número de notificação, com 687 casos, por outro lado, em 2019 houve apenas 562 casos notificados. 

Gráfico 1 – Total de casos de internação por contato com fontes de calor e substâncias quentes, entre 20162019.
Fonte: DataSus, 2020.

        5.2.     Quanto a faixa-etária

Em relação a faixa-etária, como mostrado no gráfico 2, estudou-se os grupos menores que cinco anos de idade, entre cinco e 14 anos, 15 e 29 anos, 30 e 49 anos, 50 e 69 anos, e 70 anos ou mais. 

Durante todo o período estudado, é possível identificar que a faixa-etária que compreende os menores de cinco anos se manteve entre os números mais elevados, com 835 casos, seguido pela faixa-etária entre 30-49 anos, com 589 casos, posteriormente, entre 50-69 anos, com 378 casos, em seguida, 15-29 anos, com 351 notificações, em penúltimo, a faixa-etária de 5-14 anos, com 263 casos e por fim, os pacientes com 70 anos ou mais, com 87 ocorrências. 

Gráfico 2 – Total de casos de internação por contato com fontes de calor e substâncias quentes, classificado por faixa-etária. Fonte: DataSus, 2020.

        5.3.     Quanto ao sexo

Em relação ao sexo, é possível identificar que o masculino obteve 1.522 casos, o que representa 60% das notificações durante o período estudado, enquanto o sexo feminino obteve 40%, em números absolutos, 1.011 casos.

Gráfico 3 – Total de casos de internação por contato com fontes de calor e substâncias quentes, classificado por sexo. Fonte: DataSus, 2020.

        5.4.     Quanto ao caráter de atendimento

O gráfico 4 demonstra a estatística de acordo com o caráter do atendimento, podendo se apresentar como eletivo, urgência e outros. O atendimento de urgência está, de longe, como o mais notificado, em seguida têm-se outros casos, e por último o atendimento eletivo; o que representa, em números absolutos, respectivamente, 2.212 casos, 238 e 83 ocorrências notificadas. 

Gráfico 4 – Total de casos de internação por contato com fontes de calor e substâncias quentes, classificado por caráter de atendimento.Fonte: DataSus, 2020.

6. DISCUSSÃO

As crianças menores de cinco anos foram as principais vítimas no contato com fontes de calor e substâncias quentes. Maciel et al (2018) relata que o descuido dos pais ou cuidadores no momento das refeições e no manuseio de alimentos na cozinha é uma das mais importantes situações na qual a queimadura ocorre. É sabido que crianças são imprevisíveis e podem puxar para si objetos com muita rapidez e destreza, ou até mesmo pegar com força objetos contendo líquidos superaquecidos, ocorrendo assim o derramamento sobre seu corpo.

Essa alta incidência nessa faixa-etária também pode ser explicada pelo desenvolvimento neuropsicomotor normal da criança, que explora o ambiente em excesso, porém, não tem maturidade motora e intelectual para evitar situações de perigo, caracterizando-as como grupo vulnerável aos traumas em geral (ANDRETTA et al, 2013). 

Um estudo realizado por Maciel et al (2018) revelou o café como agente causador principal das queimaduras nas crianças, seguindo água quente. E ainda, há predominância das queimaduras de 2° grau.

Andretta et al (2013), refere que medidas simples e mudanças no comportamento de vigilância dos pais e cuidadores podem diminuir consideravelmente o número de internações e óbitos por queimaduras. Dentre elas, cita que as crianças não devem ter acesso a eletrodomésticos, fósforo e isqueiro; somente adultos devem usá-los; crianças pequenas não devem entrar na cozinha; se houver necessidade, precisam ser continuamente supervisionadas; não é seguro lidar com líquidos quentes e, ao mesmo tempo, cuidar de lactentes; cozinhar e transportar líquidos quentes são atividades que devem ser executadas por adultos e nunca por crianças; no banheiro, a água quente, no balde ou na banheira, representa risco para a criança, a qual nunca pode ficar desacompanhada. Deve-se conferir a temperatura da água antes do banho; na mesa de refeições, os alimentos devem ser colocados no centro e não se deve usar toalhas; e as crianças não devem ter acesso a fios, linhas elétricas, tomadas e interruptores. Devem-se colocar protetores nas tomadas.

O segundo maior número de casos ocorre na faixa-etária entre 30-49 anos. Rocha et al (2016) afirma que,  de modo geral, esta faixa-etária populacional comumente está ativa no mercado de trabalho, sendo responsável pela fonte de renda familiar e após ser vítima do trauma diante de limitações já referidas acabam ocasionando problemas de ordem econômica e social, 

Apesar de estarem entre os menores números de casos de queimaduras, os idosos ainda detém altos índices de acidentes. Um estudo realizado por Schelb e Oliveira (2018) sobre mulheres idosas vítimas de queimaduras, mostrou que as causas para as queimaduras foram relatadas como acidentais em 96% dos casos e como intencionais em 4%. Uma paciente, portadora de transtornos psiquiátricos prévios, relatou o evento como tentativa de autoextermínio. Em relação à história referida pela paciente como causa do acidente, atividades domésticas apareceram em 24 casos (48%) e a fabricação caseira de sabão em 11 casos (22%). Isso corrobora outros trabalhos da literatura, nos quais observa-se que a maioria dos eventos relacionados a queimaduras em idosos ocorre de forma acidental no ambiente domiciliar.

A maioria das vítimas deste estudo consiste no sexo masculino, independente da faixa-etária. De acordo com Alves et al (2018), o sexo masculino representa maior exposição ocupacional e doméstica, suas atitudes de risco frente às ocorrências podem ser influenciadas por características intrínsecas ao gênero e a fatores culturais; enquanto as mulheres apresentam maior comportamento de vigilância.

Foi possível identificar que o principal caráter de atendimento foi na urgência, em geral, os pacientes queimados procuram um serviço médico apenas quando o quadro é mais grave, a partir da queimadura de segundo grau, o que acarreta os maiores números nos serviços de urgência, não nos eletivos. 

7. CONCLUSÕES

O estudo demonstrou a importância de se conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes que sofreram queimaduras. Lima et al (2019), relata que por meio desses dados é possível traçar estratégias de prevenção para reduzir a incidência dos acidentes.

O perfil epidemiológico encontrado nesse artigo foi que ainda há um número elevado de casos com pacientes internados após contato com fontes de calor e substâncias químicas, a faixa etária predominante se refere aos pacientes menores que cinco anos e em seguida, pacientes entre 30-49 anos, de sexo masculino e de caráter de urgência. 

A queimadura é uma importante afecção, fazendo parte do dia-a-dia de todo profissional de saúde, principalmente de cirurgiões plásticos. Representa um grande gasto público, tanto no tratamento agudo e crônico como na reabilitação desses pacientes. Sendo assim, é de elevada importância o ensino sobre prevenções contra esse tipo de acidente, para evitar transtornos para o mais prejudicado nessa situação, o paciente. 

REFERÊNCIAS

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