REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202502222317
Paulo Rolon de Lima
RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar os fatores associados aos acidentes de trânsito e infrações viárias no município sob a jurisdição da 2ª Companhia do 19º BPM, com base nos dados coletados nos anos de 2023 e 2024. Os dados revelaram um aumento expressivo nas autuações por infrações de trânsito. Dentre as infrações mais comuns, destacam-se o uso de celular ao volante, a ausência do uso de cinto de segurança e a condução sem habilitação. Quanto aos acidentes, observou-se também um aumento, passando de 790 ocorrências em 2023 para 863 em 2024, sendo o abalroamento transversal o tipo mais frequente. A metodologia adotada foi quantitativa e descritiva, com base na análise estatística dos registros disponibilizados pela Polícia Militar. Os resultados apontaram que o perfil predominante dos condutores envolvidos em acidentes é masculino, e que a maior incidência de ocorrências se concentra no período da manhã, entre 7h e 12h, e na região central do município. Constatou-se também que as infrações de natureza gravíssima cresceram substancialmente em 2024, evidenciando comportamentos de alto risco por parte dos motoristas. Diante dos dados levantados, conclui-se que é imprescindível a adoção de medidas integradas, como o fortalecimento das fiscalizações, o investimento em infraestrutura urbana e a ampliação das campanhas educativas. Essas ações são fundamentais para promover um trânsito mais seguro e reduzir os altos índices de infrações e acidentes na região.
Palavras-chave: Acidentes de Trânsito. Infrações Viárias. Segurança Viária. Fiscalização. Comportamento de Condutores.
1. INTRODUÇÃO
A segurança no trânsito é uma questão de relevância crescente no Brasil, considerando o número expressivo de acidentes e infrações viárias registrados diariamente. O trânsito brasileiro apresenta características peculiares, como a diversidade dos tipos de vias, as condições climáticas variáveis e o comportamento dos condutores, fatores que influenciam diretamente na segurança e na dinâmica do fluxo viário. Dados do Ministério da Infraestrutura (2024) indicam que o Brasil registrou mais de 30 mil mortes no trânsito em 2023, além de milhões de acidentes com vítimas e prejuízos materiais.
De acordo com dados da 2ª Companhia do 19º Batalhão da Polícia Militar (BPM), os anos de 2023 e 2024 apresentaram números alarmantes de infrações e acidentes de trânsito. Em 2023, foram registradas 3.537 autuações, enquanto em 2024, esse número subiu para 7.558 autuações. Dentre as infrações mais comuns, destacam-se o uso do celular ao volante, a condução sem cinto de segurança e a direção sem habilitação. Além disso, colisões entre veículos e atropelamentos são os tipos de acidentes mais frequentes, muitas vezes agravados por fatores como o consumo de álcool e o excesso de velocidade.
A análise dos dados coletados pela Polícia Militar torna-se essencial para compreender o perfil dos crimes de trânsito e as situações que culminam em acidentes. O presente estudo tem como problema central responder à seguinte questão: Quais são os principais fatores associados aos acidentes de trânsito e infrações viárias no município com base na análise de dados da Polícia Militar?
Isto posto, o objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar os principais fatores associados aos acidentes de trânsito e infrações viárias no município, com base na avaliação dos dados fornecidos pela Polícia Militar. Para tanto, os objetivos específicos consistem em: (i) identificar os tipos de acidentes e infrações de trânsito mais frequentes; (ii) examinar as circunstâncias e os fatores de risco associados aos acidentes de trânsito; (ii) traçar o perfil dos infratores, considerando aspectos como idade, sexo e antecedentes; (iv) avaliar os horários e locais com maior incidência de infrações e acidentes; e, por fim, (v) propor medidas preventivas e corretivas baseadas nos dados analisados.
O estudo se justifica pela necessidade de compreender o comportamento dos condutores e os fatores que contribuem para a alta incidência de acidentes e infrações no trânsito. A partir dessa compreensão, será possível subsidiar a formulação de políticas públicas e campanhas educativas voltadas à redução da violência viária e à promoção de um trânsito mais seguro. A relevância social da pesquisa se manifesta na busca por soluções que preservem vidas e minimizem os prejuízos econômicos decorrentes dos acidentes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Segurança no Trânsito e Legislação Brasileira (CTB)
A segurança no trânsito é um dos pilares fundamentais para garantir a integridade física e o bem-estar da população que utiliza as vias públicas diariamente. No Brasil, a regulamentação das condutas dos condutores e das condições dos veículos é disciplinada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Wanderley, 2022).
O CTB é um marco normativo que estabelece as regras gerais para a circulação de veículos, direitos e deveres dos motoristas e pedestres, além de definir as infrações e respectivas penalidades. Entre seus principais objetivos, destacam-se a redução do número de acidentes, a preservação da vida e a promoção da segurança nas vias urbanas e rurais (Vasconcelos et al., 2023).
Dentre os aspectos mais relevantes do CTB, estão a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, a proibição do uso de telefone celular ao volante, a necessidade de habilitação para conduzir veículos automotores, os limites de velocidade e as condições adequadas dos veículos. As penalidades variam conforme a gravidade da infração, podendo resultar em multas, suspensão da carteira de habilitação, apreensão do veículo e até detenção em casos mais graves (Vasconcelos et al., 2023).
Nos últimos anos, o Brasil tem buscado alinhar sua legislação de trânsito às recomendações internacionais de segurança viária. A Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), foi um marco que incentivou o país a reforçar suas políticas públicas voltadas à educação e fiscalização no trânsito. Essa mobilização resultou na adoção de medidas mais rigorosas e no fortalecimento das campanhas de conscientização sobre comportamentos de risco.
Entretanto, Vasconcelos et al (2023) aponta que mesmo com a existência de um arcabouço legal robusto, o cumprimento das normas de trânsito ainda é um desafio. A imprudência dos condutores, aliada à deficiência em fiscalização e à falta de infraestrutura adequada em algumas regiões, contribui para o elevado número de acidentes e infrações nas vias brasileiras.
Nesse contexto, compreender a aplicação das normas previstas no CTB e os fatores que influenciam as condutas no trânsito é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes que visem à redução dos índices de violência viária e à construção de um trânsito mais seguro e humanizado (Wanderley, 2022).
2.2 Tipologias de Crimes de Trânsito e Infrações
A segurança no trânsito é um dos pilares fundamentais para garantir a integridade física e o bem-estar da população que utiliza as vias públicas diariamente. No Brasil, a regulamentação das condutas dos condutores e das condições dos veículos é disciplinada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Silva; Souza, 2023).
O CTB é um marco normativo que estabelece as regras gerais para a circulação de veículos, direitos e deveres dos motoristas e pedestres, além de definir as infrações e respectivas penalidades. Entre seus principais objetivos, destacam-se a redução do número de acidentes, a preservação da vida e a promoção da segurança nas vias urbanas e rurais (Costa; Oliveira, 2023).
Dentre os aspectos mais relevantes do CTB, estão a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, a proibição do uso de telefone celular ao volante, a necessidade de habilitação para conduzir veículos automotores, os limites de velocidade e as condições adequadas dos veículos. As penalidades variam conforme a gravidade da infração, podendo resultar em multas, suspensão da carteira de habilitação, apreensão do veículo e até detenção em casos mais graves (Wanderley, 2022).
Nos últimos anos, o Brasil tem buscado alinhar sua legislação de trânsito às recomendações internacionais de segurança viária. A Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), foi um marco que incentivou o país a reforçar suas políticas públicas voltadas à educação e fiscalização no trânsito. Essa mobilização resultou na adoção de medidas mais rigorosas e no fortalecimento das campanhas de conscientização sobre comportamentos de risco.
Entretanto, mesmo com a existência de um arcabouço legal robusto, o cumprimento das normas de trânsito ainda é um desafio (Silva; Souza, 2023). A imprudência dos condutores, aliada à deficiência em fiscalização e à falta de infraestrutura adequada em algumas regiões, contribui para o elevado número de acidentes e infrações nas vias brasileiras (Costa; Oliveira, 2023).
Nesse contexto, compreender a aplicação das normas previstas no CTB e os fatores que influenciam as condutas no trânsito é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes que visem à redução dos índices de violência viária e à construção de um trânsito mais seguro e humanizado (Wanderley, 2022).
2.3 Fatores de Risco e Comportamento no Trânsito
Os fatores de risco no trânsito são variáveis que aumentam a probabilidade da ocorrência de acidentes e infrações, resultando em danos materiais, ferimentos e, em muitos casos, perda de vidas. Esses fatores estão diretamente relacionados ao comportamento humano, às condições das vias, aos aspectos climáticos e ao estado dos veículos. A compreensão dessas variáveis é essencial para a elaboração de estratégias de prevenção e para a promoção de um trânsito mais seguro e eficiente (Mello; Oliveira, 2023).
Entre os fatores comportamentais, a imprudência dos condutores figura como uma das principais causas de acidentes de trânsito. Atitudes como ultrapassagens arriscadas, desrespeito à sinalização, avanço de semáforos e negligência ao uso do cinto de segurança configuram condutas perigosas que colocam em risco a segurança de todos os usuários das vias (Silva, 2022). O excesso de velocidade, por exemplo, reduz o tempo de reação do motorista diante de imprevistos e potencializa a gravidade dos impactos em colisões.
Outro fator preocupante é a condução sob efeito de álcool e substâncias psicoativas, que afetam a capacidade cognitiva e motora do condutor. Mesmo com o endurecimento da legislação e a intensificação da fiscalização, muitos motoristas ainda dirigem alcoolizados, o que resulta em tragédias frequentes (Mello; Oliveira, 2023). O uso de celular ao volante também tem se mostrado cada vez mais comum e perigoso, pois provoca distração e reduz significativamente a atenção do motorista, aumentando as chances de acidentes (Wanderley, 2022).
Além dos comportamentos inadequados, as condições das vias e da infraestrutura urbana são fatores que contribuem para o risco no trânsito. Buracos, sinalização deficiente, iluminação precária e falta de manutenção das estradas dificultam a condução segura, especialmente em períodos noturnos ou em situações climáticas adversas, como chuvas intensas e neblina. Essas adversidades exigem maior atenção e prudência dos motoristas, mas nem sempre são acompanhadas de atitudes preventivas adequadas (Silva, 2022).
O estado de conservação dos veículos também desempenha papel relevante na segurança viária. Pneus desgastados, freios ineficientes e falta de revisões periódicas podem comprometer o desempenho do automóvel, dificultando a condução em situações de risco. A negligência na manutenção dos veículos é uma realidade comum no Brasil, principalmente em regiões de menor poder aquisitivo (Mello; Oliveira, 2023).
Por fim, Silva (2022) destaca que o perfil dos condutores envolvidos em infrações e acidentes geralmente compreende jovens adultos, predominantemente do sexo masculino, grupo que, segundo pesquisas, está mais propenso a adotar comportamentos de risco no trânsito. Esse dado reforça a necessidade de campanhas educativas voltadas especialmente para esse público, visando à conscientização sobre os perigos da imprudência e a importância de respeitar as normas de circulação.
A identificação e compreensão dos fatores de risco associados ao comportamento no trânsito são fundamentais para que as autoridades de trânsito possam implementar políticas públicas efetivas. Investir em fiscalização rigorosa, educação para o trânsito e melhoria da infraestrutura viária é uma abordagem imprescindível para reduzir a acidentalidade e garantir maior segurança para motoristas, passageiros e pedestres.Os fatores de risco no trânsito estão diretamente relacionados ao comportamento humano, às condições das vias e dos veículos e aos aspectos ambientais (Wanderley, 2022).
Dentre os principais fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes e infrações, destacam-se a imprudência, o excesso de velocidade, a condução sob efeito de álcool ou drogas, o uso do celular ao volante e o desrespeito à sinalização. Estudos indicam que o comportamento humano é responsável por aproximadamente 90% dos acidentes de trânsito, evidenciando a necessidade de compreender como as atitudes dos condutores impactam a segurança viária (Silva, 2022).
O excesso de velocidade é um dos fatores mais preocupantes, pois reduz o tempo de reação do motorista e aumenta a gravidade dos acidentes. A imprudência, como ultrapassagens em locais proibidos e desrespeito à preferência em cruzamentos, também é frequentemente associada a colisões e atropelamentos. O consumo de álcool e drogas compromete a capacidade cognitiva e motora do condutor, aumentando exponencialmente o risco de acidentes. O uso do celular ao volante tem se tornado cada vez mais comum e perigoso, pois causa distração e dificulta a atenção ao trânsito, sendo uma das infrações que mais crescem no Brasil (Mello; Oliveira, 2023).
Além disso, fatores ambientais, como chuva, neblina e má iluminação, podem agravar a situação, especialmente quando combinados com comportamentos inadequados (Wanderley, 2022). A má conservação das vias e a sinalização deficiente também podem contribuir para erros dos condutores e aumentar a probabilidade de acidentes. O perfil dos infratores revela, em sua maioria, condutores do sexo masculino, jovens e com menor tempo de habilitação, o que evidencia a necessidade de investimentos em educação e conscientização desde a formação do motorista (Silva, 2022).
A compreensão dos fatores de risco e do comportamento no trânsito é essencial para a formulação de políticas públicas eficazes, direcionadas à redução da acidentalidade e ao fortalecimento da segurança viária. A combinação de fiscalização rigorosa, campanhas educativas e melhorias na infraestrutura viária constitui uma abordagem integrada e eficaz para mitigar os riscos e promover um trânsito mais seguro (Mello; Oliveira, 2023).
2.4 Estudos e Estatísticas sobre Acidentes e Infrações no Brasil
Os acidentes de trânsito são um problema crônico no Brasil e figuram entre as principais causas de mortes e lesões graves no país. Segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2022, mais de 30 mil pessoas perderam a vida em decorrência de acidentes viários, enquanto milhares de outras sofreram ferimentos que impactaram significativamente suas vidas e a de seus familiares. Essa realidade posiciona o Brasil entre os países com altos índices de letalidade no trânsito (Silva et al., 2022).
De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), as principais causas dos acidentes de trânsito no Brasil estão relacionadas a fatores humanos, como excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, consumo de álcool, uso de celular ao volante e desrespeito à sinalização. Esses comportamentos negligentes são responsáveis por cerca de 90% das ocorrências.
O Relatório Anual da Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre acidentes em rodovias federais aponta que, em 2023, foram registrados 67.412 acidentes, resultando em 5.405 mortes e 47.000 feridos (CNT, 2023). Esses dados demonstram que as rodovias continuam sendo cenários de grande periculosidade, especialmente em regiões de alto fluxo e com deficiências na infraestrutura.
Estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) destacam os elevados custos econômicos e sociais dos acidentes de trânsito. Estima-se que, anualmente, o país gaste aproximadamente R$ 50 bilhões com despesas hospitalares, reabilitação das vítimas, previdência social e perdas de produtividade (Abramet, 2023).
No que se refere às infrações de trânsito, o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) revela que, em 2023, mais de 70 milhões de infrações foram registradas em todo o território nacional (DENATRAN, 2023). Entre as infrações mais comuns destacam-se: excesso de velocidade, avanço de sinal vermelho, condução sem cinto de segurança, uso de celular ao volante e estacionamento irregular. Esses comportamentos transgridem as normas previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e expõem motoristas, passageiros e pedestres a riscos diários.
Ainda, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o Brasil integra o grupo de países que assumiram o compromisso global de reduzir pela metade o número de mortes e feridos no trânsito até 2030, por meio da Agenda 2030 e do Plano Global para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2021-2030). Contudo, para que esse objetivo seja alcançado, faz-se necessário intensificar a fiscalização, aprimorar a infraestrutura viária e investir em educação para o trânsito, promovendo uma cultura de segurança e respeito à vida (OMS, 2021).
Esses estudos e levantamentos estatísticos demonstram a gravidade e a complexidade dos problemas viários no Brasil, destacando a importância de ações integradas entre o poder público, instituições privadas e a sociedade para a construção de um trânsito mais seguro e humanizado (Silva et al., 2022).
3. METODOLOGIA
3.1 Tipo de Pesquisa
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo quantitativo e descritivo. O enfoque quantitativo justifica-se pela necessidade de analisar dados numéricos referentes às infrações de trânsito, acidentes e perfil dos envolvidos, permitindo identificar padrões e tendências. A abordagem descritiva tem por objetivo detalhar os acontecimentos e comportamentos dos condutores, evidenciando as infrações mais comuns, a gravidade das penalidades, os tipos de acidentes, os locais e horários de maior incidência, e o perfil dos envolvidos nos eventos analisados.
3.2 Procedimentos de Coleta de Dados
Os dados utilizados na pesquisa foram coletados junto à 2ª Companhia do 19º Batalhão da Polícia Militar (BPM), compreendendo os registros de autuações por infrações de trânsito e acidentes ocorridos nos anos de 2023 e 2024. A obtenção das informações ocorreu por meio de acesso aos boletins de ocorrência, planilhas de autuações e relatórios estatísticos disponibilizados pela referida unidade policial. Os dados abrangeram aspectos como a quantidade de infrações cometidas, artigos infringidos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), tipos e gravidade das penalidades aplicadas, características dos acidentes, local e horário das ocorrências e informações sobre o perfil dos condutores envolvidos.
3.3 Análise dos Dados
Para o tratamento e análise dos dados, utilizou-se a técnica de estatística descritiva, por meio da elaboração de tabelas e gráficos comparativos que possibilitaram a visualização clara das variáveis analisadas. As informações foram organizadas conforme categorias predefinidas, tais como: ranking das infrações mais comuns, gravidade das penalidades, tipos de acidentes, distribuição geográfica e horária das ocorrências, e perfil dos envolvidos segundo o gênero. Esses procedimentos visaram facilitar a interpretação dos dados e permitir a identificação das principais tendências e correlações entre as variáveis investigadas.
3.4 Delimitação Temporal e Espacial
A pesquisa abrangeu o período compreendido entre os anos de 2023 e 2024, limitando-se à área de atuação da 2ª Companhia do 19º BPM, que engloba o município em estudo. Essa delimitação justifica-se pela necessidade de analisar os dados de um período recente e compreender as dinâmicas do trânsito em uma região específica, permitindo uma avaliação mais precisa e contextualizada dos fatores associados aos acidentes e infrações.
3.5 Limitações da Pesquisa
A pesquisa apresentou como limitação a dependência dos dados fornecidos pela 2ª Companhia do 19º BPM, o que restringe a análise àquilo que foi efetivamente registrado e disponibilizado pelas autoridades policiais. Além disso, há a possibilidade de subnotificação de algumas ocorrências e eventuais inconsistências no preenchimento dos boletins de ocorrência, especialmente em relação ao perfil dos envolvidos e aos horários exatos das infrações e acidentes. Essas limitações, contudo, não comprometem a relevância e a validade das análises realizadas, uma vez que os dados coletados representam uma amostra significativa das ocorrências de trânsito na região.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Infrações de Trânsito Mais Comuns
Com base nos dados fornecidos pela 2ª Companhia do 19º BPM, verificou-se um aumento expressivo nas autuações por infrações de trânsito entre os anos de 2023 e 2024. Em 2023, foram registradas 3.537 autuações, enquanto em 2024 esse número subiu para 7.558, conforme apresenta o Gráfico 1 abaixo:
Gráfico 1. Comparativo das Infrações de Trânsito Mais Comuns – 2023 e 2024
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Considerando que a 2ª Companhia do 19º BPM é composta pelos municípios de Entre Rios do Oeste, Guairá, Marechal Cândido Rondon, Mercedes, Nova Santa Rosa, Pato Bragado e Quatro Pontes; a distribuição dos acidentes por município indica que Marechal Cândido Rondon concentrou o maior número de ocorrências, representando 62,9% do total registrado em 2023. Guaíra aparece em segundo lugar, com 25,1% dos registros.
Os gráficos 2 e 3 a seguir ilustram a quantidade de ocorrências por município, referentes aos anos de 2023 e 2024, respectivamente.
Gráfico 2. Quantidade de acidentes por município, em 2023.
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Gráfico 3. Quantidade de acidentes por município, em 2024.
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Esse aumento substancial reflete uma intensificação das operações de fiscalização e um possível crescimento do desrespeito às normas de trânsito por parte dos condutores. Além disso, pode indicar uma maior eficiência na identificação e registro das infrações pelas autoridades competentes, o que sugere que a atuação da Polícia Militar tem se tornado mais rigorosa e efetiva no combate às irregularidades viárias. Esse cenário reforça a necessidade de campanhas educativas e ações preventivas, visando conscientizar os motoristas sobre a importância do cumprimento das regras de trânsito e a consequente preservação da segurança viária. As dez infrações mais comuns em ambos os anos estão descritas na Tabela 1:
Tabela 1 – Infrações mais comuns em 2023 e 2024
Ranking | Artigo CTB | Infrações 2023 | Infrações 2024 |
1 | Art. 252, § único (Uso de celular) | 170 | 867 |
2 | Art. 167 (Sem cinto de segurança) | 323 | 671 |
3 | Art. 162 I (Sem habilitação) | 273 | 408 |
4 | Art. 230 V (Veículo não licenciado) | 251 | 397 |
5 | Art. 230 XI (Silenciador defeituoso) | 117 | 373 |
6 | Art. 164 c/c 162 I (Permitir condutor não habilitado) | 175 | 280 |
7 | Art. 252 IV (Calçado inadequado) | – | 259 |
8 | Art. 207 (Conversão proibida) | 236 | 213 |
9 | Art. 181 XVII (Estacionamento irregular) | 102 | 204 |
10 | Art. 168 (Transporte irregular de crianças) | 141 | 198 |
Analisando os dados da Tabela 1, percebe-se que houve um aumento significativo em diversas infrações no município, sendo a mais alarmante o uso do celular ao volante (Art. 252, § único), que saltou de 170 infrações em 2023 para 867 em 2024. Esse aumento de mais de 400% evidencia a necessidade de medidas mais rigorosas de fiscalização e conscientização. O não uso do cinto de segurança (Art. 167) e a condução sem habilitação (Art. 162 I) também permaneceram em patamares elevados, refletindo comportamentos que colocam em risco a segurança viária. A inserção da infração por uso de calçado inadequado (Art. 252 IV) em 2024, com 259 autuações, demonstra que novos comportamentos inadequados têm sido identificados e penalizados.
4.2 Autuações por Penalidades
O enquadramento das infrações de trânsito de acordo com a gravidade da penalidade aplicada permite compreender melhor o impacto das ações de fiscalização e as condutas mais severas dos condutores. As penalidades variam desde infrações leves até gravíssimas, sendo que estas últimas geralmente estão associadas a comportamentos de alto risco, como condução sob efeito de álcool e direção perigosa. A análise das autuações por penalidades oferece subsídios para a definição de estratégias preventivas e repressivas mais eficazes. A Tabela 2 demonstra as autuações por gravidade das penalidades em 2023 e 2024:
Tabela 2 – Autuações por penalidade
Gravidade | 2023 | 2024 |
Gravíssima 10x | 96 | 184 |
Gravíssima 5x | 53 | 209 |
Gravíssima 3x | 479 | 752 |
Gravíssima 2x | 6 | 34 |
Gravíssima | 1121 | 2334 |
Grave | 1203 | 2771 |
Média | 483 | 1156 |
Leve | 85 | 120 |
Total | 3537 | 7558 |
A análise dos dados da Tabela 2 revela um aumento significativo em todas as categorias de penalidades em 2024 em relação a 2023. O destaque é para as infrações de natureza gravíssima, que apresentaram um crescimento expressivo, passando de 1.755 registros em 2023 para 3.513 em 2024, evidenciando um aumento de aproximadamente 100%. Esse aumento reflete possivelmente tanto uma intensificação da fiscalização quanto uma persistência de comportamentos infratores graves por parte dos condutores.
As infrações graves também cresceram consideravelmente, saindo de 1.203 em 2023 para 2.771 em 2024, o que representa mais que o dobro. Esse aumento aponta para a continuidade de comportamentos arriscados, como desrespeito à sinalização e conversões proibidas. As infrações de natureza média e leve, embora tenham registrado aumentos menos expressivos, também evidenciam que o comportamento inadequado no trânsito é uma constante que requer medidas educativas e punitivas combinadas.
4.3 Acidentes de Trânsito
Os acidentes de trânsito representam um dos maiores desafios para a segurança viária, refletindo diretamente as condições do tráfego, o comportamento dos condutores e a infraestrutura das vias. A análise dos tipos e da frequência dessas ocorrências permite compreender melhor as situações de risco e os fatores que contribuem para os sinistros. Em 2023, foram registrados 790 acidentes, enquanto em 2024 houve aumento para 863 ocorrências.
Tabela 3 – Tipos de acidentes mais frequentes
Tipo de Acidente | 2023 | 2024 |
Abalroamento Transversal | 242 | 299 |
Abalroamento Lateral | 199 | 193 |
Colisão Traseira | 123 | 112 |
Choque | 71 | 87 |
Colisão Frontal | 41 | 58 |
Atropelamento | 22 | 29 |
Queda de Moto | 47 | 26 |
A análise dos tipos de acidentes revela que o abalroamento transversal foi o mais frequente em ambos os anos, apresentando um aumento de 23,5% em 2024. Esse tipo de acidente geralmente está associado a desatenção dos condutores e desrespeito à sinalização de preferência. Os abalroamentos laterais mantiveram uma frequência semelhante nos dois anos, sugerindo que as colisões em cruzamentos continuam sendo uma preocupação recorrente. A colisão traseira apresentou redução de 8,9%, o que pode indicar uma leve melhora na atenção dos motoristas quanto à distância de segurança.
Os acidentes do tipo choque e colisão frontal apresentaram aumento significativo, indicando situações de maior gravidade e possível associação com excesso de velocidade ou perda de controle do veículo. Atropelamentos também aumentaram, sugerindo a necessidade de reforçar a segurança para pedestres. Por fim, as quedas de moto reduziram, o que pode refletir maior cautela por parte dos motociclistas ou condições climáticas mais favoráveis em 2024.
4.4 Locais e Horários com Maior Incidência
A identificação dos locais e horários com maior concentração de acidentes é fundamental para orientar as ações de fiscalização e planejamento urbano, visando reduzir a ocorrência de sinistros e garantir a segurança dos condutores e pedestres. A análise desses dados permite compreender melhor os pontos críticos e os períodos de maior vulnerabilidade no trânsito, possibilitando intervenções preventivas mais eficazes.
Os Gráficos 4 e 5 a seguir demonstram a quantidade de registros por bairro nos anos de 2023 e 2024, individualmente.
Gráfico 4. Quantidade de registros por bairro, em 2023.
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Gráfico 5. Quantidade de registros por bairro, em 2024
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A análise dos Gráficos 4 e 5, que representam a quantidade de registros por bairro nos anos de 2023 e 2024, revela mudanças relevantes na distribuição dos registros ao longo do período. Em 2023, o bairro Centro concentrou 15,6% dos registros, sendo o local com maior incidência entre os bairros destacados. A Zona Rural aparece em seguida, com 5,5%, enquanto Vila Gaúcha e Alvorada apresentaram percentuais menores, de 1,2% e 1,1%, respectivamente. Os bairros Jardim Zeballos e Boa Vista tiveram as menores participações individuais, cada um com 0,7% dos registros. Um aspecto notável em 2023 foi a expressiva participação da categoria Outros (diversos), que respondeu por 28,3% do total de registros, o que sugere uma concentração significativa de ocorrências em bairros não especificados individualmente. Há também a presença do valor total de 50%, possivelmente representando uma somatória ou outra forma de consolidação dos dados.
Em 2024, o cenário apresentou alterações relevantes, com destaque para o aumento expressivo dos registros no bairro Centro, que passou a concentrar 30,2% do total, quase o dobro do percentual observado no ano anterior. Esse crescimento sugere uma concentração maior das ocorrências nessa região ou uma possível melhora na identificação e categorização dos registros. A Vila Gaúcha também apresentou crescimento, atingindo 2,6% dos registros. Por outro lado, a Zona Rural registrou uma leve redução para 2,1%, enquanto Alvorada manteve participação semelhante, com 1,3%. A categoria Outros sofreu uma queda significativa, passando de 28,3% em 2023 para 13,5% em 2024, o que pode indicar uma melhoria na especificação dos bairros ou uma redução nas ocorrências em regiões menos identificadas. O valor total de 50% permanece presente, sugerindo a continuidade do mesmo critério de consolidação dos dados.
Ao comparar os dois anos, destaca-se a centralização progressiva dos registros no bairro Centro e a redução da participação da categoria Outros, possivelmente sinalizando maior precisão na coleta e no detalhamento dos dados por localidade. Esse comportamento pode refletir tanto mudanças na distribuição espacial das ocorrências quanto aprimoramentos na sistematização dos registros, aspectos que merecem atenção em análises futuras.
Tabela 4 – Acidentes por bairros mais frequentes
Bairro | 2023 | 2024 |
Centro | 250 | 522 |
Vila Gaúcha | 19 | 41 |
Zona Rural | 24 | 36 |
A tabela dos bairros revela que o Centro apresentou um aumento expressivo de acidentes, passando de 250 em 2023 para 522 em 2024, o que representa um crescimento de 108,8%. Esse aumento significativo indica que essa área é a mais crítica, possivelmente por concentrar maior fluxo de veículos e pedestres.
Na Vila Gaúcha, o número de ocorrências mais que dobrou, subindo de 19 em 2023 para 41 em 2024, evidenciando uma tendência preocupante que pode estar relacionada ao aumento do tráfego ou deficiências na sinalização e infraestrutura viária. Já na Zona Rural, os acidentes aumentaram de 24 para 36, um crescimento de 50%. Esse dado pode indicar que as vias rurais, muitas vezes menos fiscalizadas e em condições precárias, também demandam maior atenção e medidas preventivas. Esses números sugerem a necessidade de reforço na fiscalização e melhorias na infraestrutura urbana, principalmente no Centro e em áreas periféricas, visando à redução dos acidentes e à promoção da segurança viária.
Os Gráficos 5 e 6, a seguir, apresentam a quantidade de registros por dia da semana em 2023 e 2024.
Gráfico 5. Quantidade de registros por dia da semana, em 2023.
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Gráfico 6. Quantidade de registros por dia da semana, em 2024.
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A análise dos gráficos que apresentam a quantidade de registros por dia da semana nos anos de 2023 e 2024 evidencia algumas diferenças e padrões relevantes na distribuição das ocorrências ao longo dos dias. Em 2023, conforme representado pelo Gráfico 5, observa-se uma distribuição relativamente equilibrada dos registros entre os dias úteis, com pequenas variações. Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira apresentam números semelhantes, com leve destaque para a sexta-feira, que registra um volume um pouco maior. Aos sábados, a quantidade de registros é um pouco menor em comparação aos dias úteis, e aos domingos, verifica-se a menor quantidade de registros da semana. Nota-se ainda que o valor total de registros é representado de maneira destacada, sendo significativamente superior em relação às quantidades diárias, possivelmente como uma forma de consolidar as informações.
Já em 2024, representado pelo segundo gráfico (embora erroneamente nomeado novamente como Gráfico 5), que utiliza um formato de gráfico de pizza, percebe-se uma leve variação na distribuição percentual dos registros por dia da semana. Segunda-feira concentra 8,1% dos registros, seguida de perto pela sexta-feira, com 8,3%. Terça-feira, quarta-feira e sábado apresentam percentuais próximos, variando entre 7,2% e 7,6%. Quinta-feira aparece um pouco abaixo, com 6,8%, enquanto o domingo se destaca com o menor percentual, 4,3%, confirmando a tendência observada em 2023 de menor incidência de registros nesse dia. Além disso, o gráfico exibe novamente uma seção denominada “Total”, representando 50% da área, possivelmente indicando um agrupamento ou soma dos dados gerais.
Ao comparar os dois anos, percebe-se que o padrão geral se manteve, com os dias úteis concentrando a maior parte dos registros e os finais de semana, especialmente o domingo, apresentando menor volume. Contudo, o gráfico de 2024 evidencia um refinamento na apresentação dos dados, demonstrando as proporções exatas em percentual, o que facilita a interpretação. A leve predominância da sexta-feira e da segunda-feira pode indicar uma tendência de aumento de ocorrências nesses dias específicos, o que pode justificar análises mais aprofundadas sobre a relação entre a rotina semanal e o aumento das ocorrências.
Ainda, a concentração do maior número de acidentes entre 7h e 12h indica que os horários de maior movimentação, especialmente os períodos de deslocamento para o trabalho e atividades escolares, representam os momentos de maior vulnerabilidade no trânsito. Esse intervalo coincide com o chamado “horário de pico”, caracterizado por vias mais congestionadas, aumento do fluxo de veículos e, muitas vezes, pressa dos condutores. Esses fatores elevam o risco de colisões e outras ocorrências. Além disso, a possível fadiga matinal e a desatenção dos motoristas podem contribuir para esse cenário. Esse dado destaca a importância de reforçar a fiscalização e adotar medidas educativas voltadas à prudência e paciência dos condutores durante o início do dia, com vistas à redução das ocorrências nesse intervalo crítico.
4.5 Perfil dos Envolvidos
O perfil dos condutores envolvidos em acidentes de trânsito é um aspecto relevante para a formulação de políticas públicas e ações educativas voltadas à segurança viária. A compreensão sobre as características predominantes dos motoristas envolvidos nesses eventos permite direcionar campanhas específicas e ações fiscalizatórias que atendam melhor aos grupos mais vulneráveis ou com maior propensão a se envolverem em ocorrências. Dessa forma, a análise dos dados segmentados por gênero possibilita traçar um panorama mais detalhado sobre os comportamentos no trânsito e auxilia na identificação de padrões que possam subsidiar estratégias preventivas.
Evidencia-se que os condutores do sexo masculino continuam sendo a maioria dos envolvidos em acidentes, com aumento de 686 em 2023 para 739 em 2024. As condutoras do sexo feminino também apresentaram crescimento, passando de 288 para 353. O número de casos em que o gênero não foi informado subiu de 69 para 92, sugerindo a necessidade de aprimorar o preenchimento dos registros.
4.6 Discussão
Os resultados obtidos revelam um panorama preocupante em relação ao comportamento dos condutores e à segurança viária na área de atuação da 2ª Companhia do 19º BPM. O aumento expressivo nas autuações por infrações de trânsito entre 2023 e 2024, passando de 3.537 para 7.558, evidencia que as ações de fiscalização se intensificaram, mas também indica que muitos condutores continuam desrespeitando as normas de trânsito. Dentre as infrações mais cometidas, destaca-se o uso do celular ao volante, que registrou um crescimento alarmante, passando de 170 autuações em 2023 para 867 em 2024. Esse comportamento representa um grande risco à segurança viária, pois compromete a atenção do motorista e aumenta significativamente a probabilidade de acidentes.
Outro ponto crítico observado é a recorrência de infrações relacionadas à condução sem cinto de segurança e à direção sem habilitação, condutas que colocam em risco não apenas a vida do condutor, mas também a de terceiros. Esses dados reforçam a necessidade de campanhas educativas constantes, além da manutenção da fiscalização rigorosa.
Em relação aos acidentes, o abalroamento transversal foi o tipo de ocorrência mais comum em ambos os anos, sugerindo que há deficiências na atenção dos motoristas ao atravessar cruzamentos e possivelmente falhas na sinalização e infraestrutura viária. Esse tipo de acidente é típico de situações em que há desrespeito às regras de preferência e imprudência por parte dos condutores.
Além disso, verificou-se que os homens continuam sendo a maioria dos condutores envolvidos em acidentes, representando mais de 60% dos casos em ambos os anos. Esse dado indica que as campanhas educativas e fiscalizatórias devem considerar abordagens específicas voltadas ao público masculino, que se mostra mais suscetível a comportamentos de risco no trânsito.
Outro aspecto relevante é a concentração dos acidentes nos horários da manhã, especialmente entre 7h e 12h, período de maior fluxo viário devido aos deslocamentos para o trabalho e atividades escolares. Esse dado aponta para a necessidade de reforçar as ações de monitoramento e orientação nesses horários.
Por fim, a elevação no número de autuações e de acidentes sugere que as medidas adotadas até o momento não têm sido plenamente eficazes para conter as infrações e promover um trânsito mais seguro. Esse cenário exige a integração de ações educativas, melhorias na infraestrutura viária e fiscalização contínua para que se alcance a conscientização dos condutores e a redução dos índices de acidentes.
5. CONCLUSÃO
A análise dos dados sobre infrações e acidentes de trânsito na área de atuação da 2ª Companhia do 19º BPM, referentes aos anos de 2023 e 2024, revelou um cenário preocupante em relação à segurança viária. O aumento significativo no número de autuações e ocorrências de trânsito evidencia que o comportamento imprudente dos condutores persiste como um desafio central para a redução de acidentes e a promoção de um trânsito mais seguro.
As infrações mais recorrentes, como o uso de celular ao volante, a ausência do uso de cinto de segurança e a condução por motoristas não habilitados, apontam para a necessidade de intensificar campanhas educativas e fiscalizatórias, bem como reforçar as políticas de conscientização sobre os riscos dessas condutas. Ademais, o crescimento expressivo das autuações por penalidades gravíssimas indica comportamentos de alto risco, exigindo atuação rígida e medidas preventivas mais eficazes.
A análise dos tipos de acidentes revelou que abalroamentos transversais, laterais e colisões traseiras são as ocorrências mais comuns, o que sugere deficiências na atenção dos condutores e possíveis problemas na sinalização e organização do fluxo viário. Essa realidade reforça a necessidade de investimentos na melhoria da infraestrutura urbana, especialmente em cruzamentos e pontos de maior fluxo de veículos. Quanto ao perfil dos envolvidos, verificou-se que homens são os mais presentes nas ocorrências de trânsito, o que indica a importância de direcionar parte das campanhas educativas especificamente a esse público, buscando sensibilizá-los sobre a relevância da condução responsável e segura.
Por fim, conclui-se que a segurança viária na região estudada requer uma abordagem integrada, combinando fiscalização rigorosa, educação para o trânsito e melhorias na infraestrutura urbana. Somente por meio dessas ações articuladas será possível reduzir os índices de infrações e acidentes, promovendo um trânsito mais seguro e humanizado para todos.
REFERÊNCIAS
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