REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7896265
Vitoria Karolayne Lisboa Marinho
Orientadora: Thiago do Nascimento Ribeiro
RESUMO
No puerpério, que é um momento definido como o período que ocorre após o nascimento do concepto, tempo esse que se prolonga até o tempo de seis a oito semanas, nesse momento a mulher passa por mudanças tanto físicas como em seus níveis hormonais, isso tem reflexos e impulsiona alterações biológicas, sociais e psicológicas e é nessa fase, que muitas mulheres predispõem de uma maior vulnerabilidade o que facilita o aparecimento de diversos transtornos psíquicos. Assim os objetivos: Identificar as evidências sobre os aspectos do puerpério, descrever e discutir as principais síndromes psiquiátricas que podem ocorrer no período puerperal, identificando seus fatores causadores mais comuns. Método: trata-se de uma revisão integrativa, estudo bibliográfico, de artigos publicados entre 2015 a 2022. Realizou-se a busca nas bases de dados LILACS, MEDLINE e na biblioteca virtual SciELO, artigos em língua portuguesa ou inglesa. Resultados: selecionaram-se 19 artigos e, após a leitura crítica, destacaram-se apenas 10 artigos que pactuavam com a temática de forma ampla e descritiva. Conclusão: Os transtornos quando não tratados podem ter repercussões irreversíveis, é por isso que os transtornos no contexto de puerpério tem a necessidade de reforçar a importância do acolhimento e de um atendimento humanizado às puérperas, sendo importante incluir, que as discussões e pesquisas sobre saúde da mulher, a análise de transtornos mentais maiores e suas relações, no período gestacional posterior ao desenvolvimento dos sintomas psiquiátricos é interessante para sempre se buscar, abranger a saúde mental da mulher em sua plenitude e não apenas no período puerperal.
Palavras- Chave: Puerpério, Pós-parto, Saúde mental.
ABSTRACT
In the puerperium, which is a moment defined as the period that occurs after the birth of the conceptus, a time that lasts up to six to eight weeks, at that moment the woman undergoes changes, both physical and in her hormonal levels, this has reflexes and drives biological, social and psychological changes and it is at this stage that many women predispose to greater vulnerability, which facilitates the appearance of various psychological disorders. Thus, the objectives: To identify the evidence on aspects of the puerperium, to describe and discuss the main psychiatric syndromes that may occur in the puerperal period, identifying their most common causative factors. Method: this is an integrative review, bibliographical study, of articles published between 2015 and 2022. A search was carried out in LILACS, MEDLINE and in the SciELO virtual library, articles in Portuguese or English. Results: 19 articles were selected and, after critical reading, only 10 articles stood out that agreed with the theme in a broad and descriptive way. Conclusion: When disorders are not treated, they can have irreversible repercussions, which is why disorders in the postpartum context need to reinforce the importance of welcoming and humanized care for puerperal women, and it is important to include that discussions and research on health of women, the analysis of major mental disorders and their relationships, in the gestational period after the development of psychiatric symptoms is interesting to always seek, to cover women’s mental health in its fullness and not just in the puerperal period.
Keywords: Puerperium, Postpartum, Mental health.
1. INTRODUÇÃO
No puerpério, definido como o período que ocorre após o nascimento do concepto até o tempo de seis a oito semanas após o parto, a mulher passa por mudanças bruscas dos níveis hormonais, alterações biológicas, sociais e psicológicas. Nessa fase, muitas vezes, a mãe precisa reorganizar e adaptar sua vida, sofrendo frequentemente de privação do sono e baixa autoestima, predispondo a uma maior vulnerabilidade para o aparecimento de diversos transtornos psíquicos (SLOMIAN J, et al., 2019).
O desenvolvimento de problemas psicológicos durante a gravidez até o puerpério são condições que podem influenciar em situações irreversíveis na fase gestacional. Esses problemas, quando não diagnosticados e tratados prematuramente podem interferir futuramente de forma negativa na vida da mulher e do bebê (ALEIXO & GONÇALVES,2017).
Existem vários fatores que podem desencadear os transtornos psiquiátricos, além das alterações hormonais que ocorrem durante o período gestacional. Entre eles, o ciclo social ao qual a mulher está inserida, por exemplo, pode influenciar diretamente o seu quadro emocional. Além disso, a falta de conhecimento em relação ao planejamento familiar, os estigmas sociais e as preocupações com as alterações do estado de saúde do bebê também são considerados fatores de risco (BECKER et al. 2016).
No ciclo gravídico puerperal, o puerpério é a fase de mais ampla vulnerabilidade psíquica, quando ocorre o desencadeamento de variações psicoemocionais e corporais, somada também com as condições sociais, torna a mulher mais suscetível o surgimento de transtornos mentais no puerpério (MACIEL et al., 2019).
No Brasil, pesquisas afirmam que 33,6% das mulheres passaram e outras ainda passam por algum tipo de transtorno mental oriundos da gestação. Essa estimativa se deve, entre outras razões, às diversas perspectivas de vida das gestantes. A depressão puerperal acomete cerca de 10 a 20% das mulheres. Já em adolescentes e jovens, esse percentual se duplica. Nesta faixa etária, estudos mostram que, ao darem à luz, elas se tornam introspectivas e tristes por não saberem o que fazer, muitas vezes em decorrência de se sentirem julgadas pela sociedade ou até mesmo pelo(a) pai/mãe, familiares ou pessoas mais próximas ( LOPES, et al., 2019).
No puerpério, também se constata mudanças psicológicas e sociais que exigem da mulher uma reorganização social, além de adaptações ao seu novo papel aumentando sua responsabilidade por cuidar de uma pessoa indefesa, fazendo privações do sono e se isolando ou reduzindo consideravelmente sua participação social. Além disso, a mulher precisa se reestruturar da sua imagem corporal, da sua sexualidade e da sua identidade feminina (CANTILINO et al., 2010).
Reconhecendo a necessidade de atendimento psicológico para as gestantes, foi apresentado em 2020 à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 4432/20 que tem o intuito de tornar obrigatório o atendimento psicológico e/ou psiquiátrico para gestantes que realizam acompanhamento gestacional nas unidades do SUS. O projeto está em tramitação e caso seja sancionado, os atendimentos deverão ser oferecidos tanto na gestação quanto no pós-parto (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2020).
Tem como objetivo geral descrever e discutir as principais síndromes psiquiátricas que podem ocorrer no período puerperal, identificando seus fatores causadores mais comuns.
2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
2.1 TIPO DE ESTUDO
A pesquisa consistiu numa revisão integrativa. A revisão integrativa, finalmente, é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. A ampla amostra, em conjunto com a multiplicidade de propostas, deve gerar um panorama consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes (WHITTEMORE, 2005 p.98).
Baseada em artigos publicados no período de 2015 a 2022, com o tema acerca dos transtornos que acometem mulheres no estado puerperal, Lilacs (Literatura Latino-americana de Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library On-line), utilizando termos descritores ‘‘Puerpério’’ e ‘‘Transtornos’’ e ‘‘Saúde Mental’’ e ‘‘Psicólogos’’ e ‘‘Puerperio’’ and ‘‘Disorders’’ and and ‘‘Psychologists’’, baseados na questão norteadora da pesquisa: Qual o papel do psicólogo no auxílio humanizado de puérperas acometida por transtornos? que pode ser refletida através da representação do PICO, descrita na tabela 1 abaixo:
2.2. OS CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Foram utilizados artigos nos idiomas inglês, espanhol e português que irão abordar a temática no período de 2015 á 2022, o processo de seleção com a elegibilidade de cada artigo serão definidos com os que melhores se enquadrarem com a pesquisa.
2.2.1 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: Revisões que fogem da temática; Relatos; Trabalhos duplicados.
2.3. EXTRAÇÃO DE DADOS
Uma vez que a avaliação de qualidade é finalizada e um conjunto de artigos é, finalmente, incluído na lista dos artigos aceitos para a revisão integrativa ou mapeamento sistemático, é chegada a hora de coletar os dados destes artigos para responder às questões de pesquisa levantadas.
Fora utilizado apenas artigos que apresentem informações no título e no resumo que tenha alguma ligação com à questão de pesquisa principal, atentos a cada critério apresentado seja ele de Inclusão ou Exclusão.
O processo de seleção dos estudos se constituiu pela análise de elegibilidade de cada artigo que foram definidos por meio de uma leitura minuciosa que qualificará e escolherá os que melhores se enquadrarem na pesquisa. Com o intuito investigar o posicionamento doutrinário acerca da temática.
3. RESULTADOS
Baseado no objetivo principal tendo por base a literatura, onde encontrou se uma variedade de artigos que dispõem sobre a dada temática. A pesquisa resultou na seguinte distribuição entre as publicações encontradas em cada base de dados, PubMed (n=2), SciELO (Scientific Electronic Library Online) (n= 6), no banco de dados da LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde) acessado através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (n=16) totalizando um total de 24 publicações. Em seguida foram analisadas as publicações e excluídas as duplicadas (n=14) e posteriormente a leitura criteriosa dos artigos foram selecionados 10 artigos para essa revisão integrativa.
Figura01 – FLUXOGRAMA DOS ARTIGOS SELECIONADOS DA REVISÃO INTEGRATIVA.
4. RESULTADOS
Após a análise minuciosa, os artigos encontrados, compatíveis com a pesquisa, foram encontrados com as seguintes considerações, estas por sua vez analisadas e classificadas quanto ao paradigma metodológico sendo distribuídos em estudos qualitativos descritivos exploratórios ou qualitativos descritivos, qualitativos exploratórios. Os anos de publicação, compreendidos entre 2015 e 2023,conforme o Quadro 1.
QUADRO 1- Artigos utilizados nesta revisão integrativa.
Procedência | Título do Trabalho | Autores | Períodico | Considerações relevantes do trabalho |
BVS | Pré-natal psicológico como estratégia terapêutica de prevenção a transtornos psicoemocionais no período gravídico puerperal | SILVA, 2020. | 19º Seminário de Pesquisa/Seminário de iniciação científica-UNIANDRADE 2020. | Com o presente estudo, conclui-se que o período gestacional e puerperal propicia transformações de cunho fisiológico, psicológico, social e familiar. Podendo ser um gatilho para o desenvolvimento de transtornos puerperais, como a Melancolia, Depressão Pós-Parto, e Psicose Puerperal, que são considerados problemas de saúde pública de elevada prevalência. O Pré-natal Psicológico é uma técnica que busca promover o bem-estar e a saúde psicológica da mãe e do bebê e podem ser implementadas em equipes multidisciplinares. |
SCIELO | Aspectos dos transtornos mentais comuns ao puerpério. | ASSEF et al, 2021. | Revista Eletrônica Acervo Científico | ISSN 2595-7899 | O puerpério, período pós gestacional, compreende um momento de mudanças bruscas que incluem alterações hormonais, biológicas e sociais, configurando uma maior vulnerabilidade para o aparecimento de transtornos psíquicos. Dentre esses, destacam-se a disforia pós-parto, a depressão puerperal e a psicose puerperal. Tais transtornos quando subnotificados ou não tratados podem ter repercussões irreversíveis. Nesse contexto, é necessário reforçar a importância do acolhimento e atendimento humanizado às puérperas e seus filhos bem como o diagnóstico precoce desses quadros |
SCIELO | Transtorno de estresse pós-traumático no puerpério em uma maternidade de alto risco fetal no município do Rio de Janeiro, Brasil | HENRIQUES et al., 2015 | Cadernos de Saúde Pública, 31(12), 2523-2534. | Estimar a magnitude de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) no puerpério em uma maternidade de referência para agravos perinatais e identificar subgrupos vulneráveis |
PUBMED | Determinantes psicológicos e sociais relacionados ao desenvolvimento de transtornos mentais no puerpério: uma revisão integrativa | QUEIROZ; FREITAS; BARBOSA, 2021. | Rev. Investigação, Sociedade e Desenvolvimento , [S. l.] , v. 10, n. 6, pág. e51410616033, 2021. | Durante o puerpério a mãe fica vulnerável, por isso manifestam sentimentos que levam a desenvolver transtornos mentais, dentre eles, os que afetam são a depressão pós-parto (DPP), transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e Ansiedade, pois durante a gestação até o puerpério, ocorrem várias mudanças na vida dessas mulheres. Contudo é possível perceber que essas mães, mesmo com alguns desses problemas relacionados a transtornos mentais, principalmente a depressão pós parto (DPP), muitas delas, não tiveram o suporte necessário em relação aos seus sentimentos. |
BVS | Aspectos da gestação e puerpério de mulheres com transtornos mentais | TEIXERA et al., 2019. | Rev. enferm. UFPE on line ; 13: [1-12], 2019. | Considera-se importante incluir, nas discussões e pesquisas sobre saúde da mulher, a análise da evolução de transtornos mentais maiores e suas relações, como período gestacional posterior ao desenvolvimento dos sintomas psiquiátricos, buscando, assim, abranger a saúde mental da mulher em sua plenitude e não apenas no período puerperal. (AU) |
BVS | A transição emocional materna no período puerperal associada aos transtornos psicológicos como a depressão pós-parto | FROTA et al., 2020. | Revista Eletrônica Acervo Saúde, (48), e3237. | Destacou-se a necessidade de trabalhar estratégias para rastreio do risco de transtornos e melhor atenção à mulher, com cuidados integrais que atendam às suas necessidades gerais. Portanto, deve-se trabalhar ainda mais a temática, visto que no período puerperal muitas vezes não é oferecido um cuidado adequado. |
PUBMED | Conhecimento de enfermeiros da atenção básica acerca da depressão puerperal. | SOUZA KLC, SANTOS ALS, BOA SORTE ET et al, 2018. | Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(11):2933-43, nov., 2018. | Fica evidente a necessidade de investimentos em educação permanente e continuada para os profissionais das estratégias de saúde da família (ESF), no intuito de compreender a importância dos cuidados em saúde mental no puerpério, bem como a efetivação do apoio matricial em saúde mental no contexto da estratégia de Saúde da Família. |
BVS | Revisão integrativa sobre a assistência de Enfermagem frente aos transtornos psicológicos no puerpério. | CASTRO et al., 2020. | Rev. Enfermagem em foco, 2020. | É fundamental o apoio da equipe de enfermagem centrado em um pré-natal com uma visão holística, no planejamento familiar e na condução da gestação e puerpério, com empatia e resolutividade. Desta maneira, é recomendado que o Enfermeiro possa prestar a assistência de qualidade orientando, prevenindo, tratando e assim proporcionando uma vida segura e saudável para mãe e filho. |
BVS | Ações de educação em saúde na atenção primária a gestantes e puérperas: revisão integrativa. | CAMILLO BS, NIETSCHE EA, SALBEGO C et al. 2018. | Rev enferm UFPE on line., Recife, ISSN: 1981-8963, nov., 2018. | Conclui-se que o profissional de saúde possui o compromisso de garantir uma experiência interdisciplinar que vise à sua integração e entendimento frente as necessidades da gestante, bem como a atenção à família, propiciando um ambiente de aprendizagem e troca de experiências entre profissional e paciente |
SCIELO | Acolhimento psicológico como forma interventiva no puerpério | DE SOUZA, 2019. | Caderno de graduação sicologia ISSN IMPRESSO 1980-1769 ISSN ELETRÔNICO 2316-3151. | Este acolhimento poderá ir além do acompanhamento no próprio puerpério imediato inserido no contexto hospitalar, fazendo-se necessário o acompanhamento psicológico antes do parto, isto é, durante o pré-natal, pois terá grande valor preventi-vo. O psicólogo poderá acompanhar nas consultas pós-parto que a puérpera e o bebê irão realizar nos meses seguintes e, se necessário o psicólogo ainda poderá atuar e intervir em visitas domiciliares. |
5. DISCUSSÃO
Sobre gravidez, para grande maioria das mulheres é um evento natural em sua vida. O processo acontece a partir da fecundação de um óvulo no útero até o nascimento do bebê. Com a duração aproximada de nove meses, a gestação é dividida em 3 três partes de treze semanas, nesse período ocorre a formação e crescimento do feto. Um conjunto de fatores devem ser considerados para que obtenha-se resultados satisfatórios na gestação e puerpério. Assim, é importante que desde os primeiros meses a mãe realize regularmente e de forma consciente, o acompanhamento profissional especializado denominado como pré-natal ginecológico. Pois, trata-se de um 4 acompanhamento com consultas multiprofissionais para a realização de exames, vacinas e a sua vinculação a instituição hospitalar onde dará à luz. Além de a mulher obter toda a orientação perita necessária e o preparo para essa nova fase da sua vida (SILVA, 2020).
Para tanto durante a gravidez ocorre alterações próprias da gravidez, o puerpério, conhecido como pós-parto ou sobreparto, também é marcado por mudanças fisiológicas e psicológicas. Dentre estas alterações, destacam-se alguns transtornos conhecidos como depressão pós-parto, baby blues (disforia pós-parto), psicose entre outras. Existem multifatores que podem desencadear os transtornos psiquiátricos, além das alterações hormonais que ocorrem durante o período gestacional. Entre eles, o ciclo social ao qual a mulher está inserida, por exemplo, pode influenciar diretamente o seu quadro emocional. Além disso, a falta de conhecimento em relação ao planejamento familiar, os estigmas sociais e as preocupações com as alterações do estado de saúde do bebê também são considerados fatores de risco (CASTRO et al., 2020).
E frente a essas alterações que ocorre com o corpo e mente feminina durante a gravidez, pode ocorrer ainda à incidência de doenças psiquiátricas pós-parto. Os transtornos psíquicos puerperais são definidos como doenças mentais com início no primeiro ano após o parto, e que se manifestam por desequilíbrios do humor psicóticos e não psicóticos. Tais transtornos, quando subdiagnosticados e não tratados, fazem com que as puérperas se sintam incapazes de exercer o papel materno, sofrendo com sentimento de culpa e variações de humor. Entre os principais transtornos destacam-se: a disforia pós-parto, caracterizado como um distúrbio psíquico leve e transitório; a Depressão puerperal, que pode ser um transtorno moderado a severo com início insidioso; e, por fim, a Psicose puerperal, que é um distúrbio de humor psicótico apresentando perturbações mentais graves (ASSEF et al., 2021).
Que geralmente ocorrem no puerpério, pois é durante o puerpério que a mãe fica vulnerável, por isso manifestam sentimentos que levam a desenvolver transtornos mentais, dentre eles, os que afetam são a depressão pós-parto (DPP), transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e Ansiedade, pois durante a gestação até o puerpério, ocorrem várias mudanças na vida dessas mulheres. Nesse contexto foi possível identificar como profissionais estão diretamente ligada no cuidado primário com essas pacientes, através da visão das próprias puérperas. Entretanto cabe ao profissional obstetra identificar e realizar cuidados a essas mulheres com algum tipo de transtorno, passando a ouvi-las quanto a suas necessidades, é de extrema importância o apoio da família e do profissional, pois com esse apoio a puérpera passa a ter mais confiança quanto ao seu papel de se tornar mãe. Nós buscamos compreender as evidencias científicas acerca dos determinantes psicológicos e sociais relacionados ao surgimento dos transtornos mentais no puerpério (QUEIROZ; FREITAS; BARBOSA, 2021).
Compreende-se que a gravidez e o puerpério são fases críticas na vida da mulher por promoverem diversas transformações biopsicossociais, o que pode repercutir na saúde mental dessas mulheres, portanto, faz-se necessário que a equipe da USF conheça os aspectos que envolvem a DPP. Verifica-se, portanto, que cabe aos profissionais da saúde ampliarem o olhar durante as visitas e consultas puerperais analisando a puérpera em todas as suas dimensões, deixando de ser uma rotina assistemática (SOUZA; SANTOS; SORTE; PEIXOTO; CARVALHO, 2018).
Existem ações que trazem como base a promoção de saúde tem uma abordagem centrada na família e as visitas domiciliares propostas pela Estratégia Saúde da Família parecem promissoras, já que permitem o cuidado total à mulher, considerando sua inserção familiar e social. O enfermeiro da unidade básica de saúde tem um papel fundamental, pois ele está junto a mulher durante todo o pré-natal, dando todo apoio, cuidando do seu bem estar, fazendo com que a mulher se sinta, mas protegida emocionalmente, pois esses traumas causa grande agravo mental que podem ocorrer em resposta a eventos ocorrido na vida dessas mulheres (HENRIQUES, 2015).
Dessa forma os transtornos psicológicos, tais como a depressão é um grave problema para a saúde materna, com incidência em cerca de 10 a 20% das mulheres no pós-parto, com riscos para a saúde da mãe e para o desenvolvimento do bebê. Estimativas apontam que em 2020 a depressão será a segunda maior causa de morbidade no mundo. Em âmbito nacional, a prevalência dos sintomas está acima da média mundial, revelando dessa maneira a necessidade de atenção mais cautelosa a saúde materna por meio da atenção básica e outros serviços voltados para o cuidado das puérperas. A necessidade de acompanhamento da mulher por equipe de saúde multiprofissional preparada para atendê-la em suas necessidades biopsicossociais, bem como risco de desenvolver sintomas psicóticos (TEIXERA et al., 2019).
Assim observa-se necessário que as equipes de saúde estabeleçam atendimento mais próximo das pacientes para prevenir problemas como transtornos de humor e ansiedade no puerpério com a utilização de ferramentas de triagem adequadas, educação sobre saúde mental materna. Destaca-se que é essencial a realização de triagem no pós-parto para identificar mulheres com maiores riscos de apresentação do transtorno (FROTAC et al., 2020).
Desse modo, educar em saúde junto a mulheres em situação gravídico-puerperal, por meio de ações educativas, reflete em transformação de percepção e enfrentamento desses eventos, à medida que instiga a troca de saberes, o esclarecimento de questionamentos, a crítica e a promoção da saúde, sendo possível repensar as estratégias de atuação frente à temática no contexto da atenção primária (CAMILLO BS, NIETSCHE EA, SALBEGO C et al., 2018).
Em relação aos familiares presentes, a escuta e acolhimento são importantes e interventivos. É necessário mostrar que o apoio familiar e a criação de um espaço que não pressione a puérpera com ansiedades exógenas, é de grande valia nesse momento tão instável. Este acolhimento poderá ir além do acompanhamento no próprio puerpério imediato inserido no contexto hospitalar, fazendo-se necessário o acompanhamento psicológico antes do parto, isto é, durante o pré-natal, pois terá grande valor preventi-vo. O psicólogo poderá acompanhar nas consultas pós-parto que a puérpera e o bebê irão realizar nos meses seguintes e, se necessário o psicólogo ainda poderá atuar e intervir em visitas domiciliares (DE SOUZA, 2019).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve por objetivo nortear a realização do estudo baseado nos transtornos que acometem mulheres no pós parto, onde a mulher se encontra em estado puerperal, foi encontrado na literatura existente conceitos, características e relatos no período puerperal que pudessem desenvolver uma reflexão e apresentar possíveis atuações de profissionais da saúde que auxiliassem na diminuição de incidência de transtornos nas puérperas com caráter e olhar mais preventivo.
Com base nas considerações feitas no decorrer do estudo percebe-se a importância do acolhimento psicológico das puérperas, seja um acompanhamento além do hospital, para que as pacientes tenham a oportunidade de expressar medos, dúvidas, insatisfações, pois nessa fase da vida da mulher é uma complexa e intensa e durante esse processo, a atuação de uma equipe de profissionais fará toda diferença, por isso, é necessário a realização de um bom acolhimento e reconhecimento de qualquer alteração, este acolhimento poderá ir além do acompanhamento no próprio puerpério sendo até necessário o acompanhamento psicológico antes do parto, isto é, durante o pré-natal, pois terá grande valor preventivo.
Dessa forma, conclui-se que um acolhimento psicológico no estado puerperal pode ser preventivo, assim este estudo corrobora para evidenciar a necessidade de se repensar no que tange à atenção primária, posto sua complexidade na vida das puérperas, uma vista mais humanizada que gere um vínculo e estimule o protagonismo de mulheres em situação de gestação e puerpério frente à construção de ações que vislumbrem o empoderamento do próprio processo de qualidade de vida. Sendo, contudo, necessário enriquecer a literatura com conteúdos que auxiliem os profissionais na importância do reconhecimento e do acompanhamento psicológico nesta fase tão vulnerável da mulher.
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