PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE LEISHMANIOSE VISCERAL

PERCEPTION OF ELEMENTARY SCHOOL STUDENTS ABOUT VISCERAL LEISHMANIASIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10146793


Luan Antônio dos Santos Cabral¹
Jackson Vinicius Ferreira de Souza¹
Geane de França Lima¹
Adriel do Carmo Silva¹
Virginnia Camilly Feitosa Vieira¹
Thiago Guilherme Gonzaga Silva Jesus¹
Vitor de Souza Ferreira²
Milena Nayara Silva³
Lucas Cauê Bezerra da Silva³
Carlos Danilo da Silva³


RESUMO

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença causada por Leishmania chagasi. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo observacional de caráter quantitativo e descritivo, acerca do conhecimento de alunos do nono ano do Ensino Fundamental sobre a Leishmaniose Visceral. No total, 34 alunos participaram da pesquisa. Os resultados deste estudo indicam que a compreensão dos estudantes sobre a leishmaniose visceral é fragmentada, e a regionalização deste estudo destaca a necessidade de desenvolver campanhas de educação em saúde.

Palavras-chaves: Educação. Leishmaniose Visceral. Saúde.

ABSTRACT

Visceral leishmaniasis (VL) is a disease caused by Leishmania chagasi. The present work aimed to carry out an observational study of a quantitative and descriptive nature, regarding the knowledge of ninth-year elementary school students about Visceral Leishmaniasis. A total, of 34 students participated in the research. The results of this study indicate that students’ understanding of visceral leishmaniasis is fragmented, and the regionalization of this study highlights the need to develop health education campaigns.

Keywords: Education. Visceral Leishmaniasis. Health.

INTRODUÇÃO

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose caracterizada principalmente como uma importante doença rural. Nos últimos anos, espalhou-se por áreas urbanas de médio a grande porte, tornando-se uma doença endêmica geográfica de rápido crescimento e um problema crescente de saúde pública nos Estados Unidos e em outras partes das Américas. É uma doença sistêmica caracterizada por febre prolongada, perda de peso, astenia, astenia e anemia. Se não for tratada, pode levar à morte em mais de 90% dos casos (GONTIJO, 2004).

É endêmica em 76 países e foi descrito em pelo menos 12 países nas Américas. 90% dos casos registrados na América Latina ocorrem no Brasil. Em 1913, foi descrito o primeiro caso de autópsia de uma paciente chamada Boa Esperança em Mato Grosso. Em 1934, lâminas de viscerotomia de autópsia identificaram 41 casos suspeitos de febre amarela em indivíduos das regiões Norte e Nordeste. Desde então, a doença foi descrita em vários municípios do Brasil, inicialmente predominante em ambientes silvestres e rurais e mais recentemente em centros urbanos, com alterações significativas nos padrões de transmissão. Uma média de 3.500 casos são registrados a cada ano e a taxa de incidência é de 2,0 casos por 100.000 habitantes. Nos últimos anos, a taxa de mortalidade aumentou gradualmente, passando de 3,1% em 2000 para 7,1% em 2012 (MARCONDES, 2013).

A leishmaniose visceral é prevenida pelo controle de insetos vetores. Em particular, a limpeza ambiental só pode ser mantida com o apoio dos cidadãos. Essa limpeza deve ser feita da seguinte forma: Limpe seu quintal regularmente e remova a matéria orgânica em decomposição (folhas, frutas, dejetos de animais e outros detritos que contribuem para a umidade do solo, local onde os mosquitos se desenvolvem). Descarte adequadamente os resíduos orgânicos para evitar o desenvolvimento de larvas de mosquitos. Além de limpar abrigos de gado, principalmente para manter os animais de estimação afastados de casa durante a noite, utilize inseticidas para diminuir a atração de flebotomíneos para dentro de casa (aplicados nas paredes da casa e em abrigos de animais). No entanto, a indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos, como municípios de transmissão intensa (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de leishmaniose visceral (LUZ et al, 2005; PAULAN, 2016).

Neste contexto, objetivou-se realizar um estudo observacional de caráter quantitativo e descritivo, acerca do conhecimento de alunos do nono ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da zona rural do município de Bezerros, Pernambuco.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença causada por Leishmaniachagasi. O ciclo evolutivo ocorre em duas formas: amastigotas, que são parasitas intracelulares essenciais em mamíferos, e promastigotas, encontradas no trato digestivo de insetos transmissores. É conhecida como calazar, esplenomegalia tropical e febre dun-dun (AGUIAR, RODRIGUES, 2017).

A leishmaniose visceral é uma zoonose crônica que atinge todo o organismo e pode levar à morte em até 90% dos casos se não tratada. É transmitida ao homem através da picada de um inseto vetor infectado (chamado flebotomíneo, comumente conhecido como mosquito-palha, mosquito-de-asa- dura, tatu, birigui, etc.). No Brasil, a principal espécie de distribuição é Lutzomyialongipalpis(PASTORINO et al, 2002).

Esses insetos são pequenos, de cor amarelada ou palha e, quando em repouso, suas asas permanecem eretas e entreabertas. O ciclo biológico desse vetor ocorre no ambiente terrestre e passa por quatro fases: ovo, larva, pupa e adultos (forma alada). Eles crescem em locais úmidos e sombreados, ricos em matéria orgânica (folhas, frutos, excrementos de animais e outros detritos que contribuem para a umidade do solo). O desenvolvimento do ovo ao adulto leva aproximadamente 30 dias. Os adultos formam abrigos em criadouros e dependências vizinhas, principalmente abrigos de gado (PASTORINO et al., 2002; WERNECK, 2010).

Apenas as fêmeas se alimentam de sangue, pois necessitam dele para desenvolver os ovos, comprovando que se alimentam de uma grande variedade de vertebrados. O forrageamento é feito principalmente à noite. Nem os machos nem as fêmeas se afastam muito das áreas de reprodução ou refúgio, podendo deslocar-se até cerca de um quilômetro, sendo que a grande maioria não ultrapassa os 250 metros (QUEIROZ, ALVEZ, CORREIA, 2004).

Raposas (Lycalopex vetulus e Cerdocyonthous) e marsupiais (Didelphisalbiventris) foram identificados como hospedeiros selvagens. Em ambientes urbanos, os cães são a principal fonte de vetores de doenças e podem apresentar sintomas de doenças, incluindo perda de peso, perda de cabelo, crescimento e deformação das unhas, paralisia dos membros posteriores, desnutrição, etc. (BACELLAR, CARVALHO, 2008).

O diagnóstico da leishmaniose visceral pode ser feito por meio de técnicas imunológicas e parasitológicas. O diagnóstico imunológico baseia-se na detecção de anticorpos anti-Leishmania. Existem vários testes disponíveis para o diagnóstico da LV, entre os quais podemos citar duas técnicas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde: Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) – uma amostra reagente é considerada positiva após diluição de 1:80. Com título igual a 1:40 e sintomas clínicos sugestivos de LV, recomenda-se solicitar nova amostra em até 30 dias; e teste imunocromatográfico rápido – quando a linha controle e a linha teste C e/ou G aparecem na fita ou plataforma, é considerado positivo (OLIVEIRA et al., 2010).

É importante ressaltar que os títulos variáveis (anticorpos) dos testes sorológicos podem permanecer positivos por muito tempo, mesmo após o tratamento. Portanto, na ausência de manifestações clínicas, o resultado positivo do teste não autoriza o tratamento (COSTA, VIEIRA, 2001; OLIVEIRA et al., 2010).

O diagnóstico parasitológico é feito de forma definitiva pela descoberta da forma amastigota do parasita em material biológico obtido preferencialmente da medula óssea, por ser um procedimento mais seguro. O material aspirado é examinado na seguinte ordem: exame direto, isolamento em meios de cultura (in vitro), isolamento em animais suscetíveis (in vivo) e novos métodos diagnósticos. Outras amostras biológicas, como gânglios linfáticos ou baço, podem ser utilizadas. Esta última deve ser realizada em ambiente hospitalar e em condições cirúrgicas (DE SOUZA et al., 2012).

Embora a leishmaniose visceral seja grave, é tratável em humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Os medicamentos atuais utilizados no tratamento da LV não eliminam completamente os parasitas em humanos e cães (COSTA, TAPETY, WERNECK, 2007; DE SOUZA et al., 2012).

No Brasil, entretanto, os humanos são menos importantes como hospedeiros, enquanto os cães são os principais hospedeiros do parasita em áreas urbanas. Em cães, o tratamento pode até levar à resolução dos sinais clínicos, mas eles continuam sendo fonte de infecção para vetores e, portanto, representam um risco à saúde tanto da população humana quanto canina (BARATA et al., 2005).

Nesse contexto, a eutanásia é recomendada como um dos métodos de controle da leishmaniose visceral, mas deve ser implementada em conjunto com outras ações recomendadas pelo Ministério da Saúde (WERNECK, 2016).

METODOLOGIA

O município de Bezerros, localizado a 102 Km da capital do estado de Pernambuco, Recife, está inserido nas bacias do Rio Ipojuca, Rio Sirinhaém e Rio Capibaribe. O município tem uma população de aproximadamente 60 mil habitantes. A economia consiste na agricultura, sendo um dos maiores produtores de tomate da região e também destacando-se pela fabricação de bolos e doces.

Foram aplicados questionários estruturados com 10 perguntas de múltipla escolha com alunos do nono ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do município, localizado na zona rural, no distrito de Boas Novas. As perguntas que compuseram o questionário foram elaboradas com base no Guia de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde (BRASIL, 2016), e seguiram uma mesma ordem para os entrevistados, a fim de assegurar a ausência de variações por parte dos entrevistadores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total, 34 alunos do nono ano do Ensino Fundamental participaram da pesquisa, por meio de questionário online na plataforma Google Forms. Com relação ao que é a Leishmaniose, apenas 29,4% (n = 10) responderam corretamente, assinalando que a Leishmaniose é uma importante zoonose – gráfico 1. O mesmo percentual de alunos (29,4% / n = 10) responderam que a Leishmaniose é uma doença causada por verme. Diante disso, pouco mais de 70% dos alunos não souberam responder corretamente o que era é a Leishmaniose, demonstrando o desconhecimento da maior parte do publico amostral sobre uma zoonose tão importante, vista que, se não tratada de forma adequada, pode levar a uma evolução arrastada e progressiva da doença para queda do estado geral e óbito se não for tratada (PELISSARI et al, 2011).

Gráfico 1: o que é Leishmaniose.
Fonte: os autores.

Com relação ao nome popular da Leishmaniose, a maior parte dos alunos (35,3% / n = 12) responderam corretamente, assinalando Calazar como resposta. Esse dado é importante, pois o valor do léxico popular na designação das doenças, além de seu caráter de aproximação e de facilitador entre a linguagem comum e a de especialidade, também se mostra como instrumento de memória (PINTO et al, 2020). Os demais participantes responderam como nome popular para a Leishmaniose: 23,5% (n = 8) para Verme; 17,6% (n = 6) para Sarna; 14,7% (n = 5) para Raiva e 8,8% (n = 3) para Caxumba.

Quando questionado o que era uma zoonose, a maior parte dos alunos responderam corretamente, afirmando que se trata de uma doença transmitida de animais para seres humanos – gráfico 2. Dos 34 alunos participantes, 22 (64,7%) responderam corretamente. Os demais alunos responderam que uma zoonose se trata de uma doença transmitida de humanos para animais (17,6% / n = 6), uma doença transmitida apenas de animais para animais (11,8% / n = 4), doença transmitida entre humanos (2,9% / n = 1) e uma doença adquirida pelos humanos por meio de plantas e alimentos contaminados (2,9% / n = 1).

Gráfico 2: o que é uma zoonose.
Fonte: os autores.

É importante o conhecimento da população acerca das zoonoses devido à nossa estreita relação com os animais em ambientes domésticos, agrícolas e naturais, eles constituem um grande problema de saúde pública em todo o mundo. As doenças zoonóticas também podem perturbar a produção e o comércio de produtos de origem animal para alimentação e outros usos (SILVA, BRAGA, 2015).

Em relação ao principal transmissor da Leishmaniose, causada pelo protozoário Leishmania chagasi, que é transmitido através da picada de um inseto chamado flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis), popularmente conhecido por mosquito palha, 70,6% (n = 24) dos alunos indicaram o mosquito como resposta para principal transmissor – gráfico 3. É de grande importância o conhecimento do mosquito como transmissor da Leishmaniose, pois, por ser uma doença transmitida por mosquitos, pode ser prevenida com telas nas portas e janelas, uso de mosquiteiros e repelente de insetos (BARBOSA, GUIMARÃES, LUZ, 2016). Ao contrário do Aedes aegypti, cujas larvas se desenvolvem na água, os flebotomíneos (insetos palhas) se desenvolvem na matéria orgânica. Portanto, um bom método de prevenção é não acumular detritos de ervas daninhas, folhas e galhos (RANGEL, LAINSON, 2003). A partir do conhecimento da população dessas informações, maior a prevenção da doença e menores números de casos da doença serão registrados.

Gráfico 3: qual o principal transmissor da Leishmaniose.
Fonte: os autores.

Entretando, menos de 50% dos alunos identificaram o protozoário como agente causador da Leishmaniose. Apenas 38,2% (n = 13) identificaram que o protozoário é o agente causador da Leishmaniose. Os demais alunos responderam vírus (26,5% / n = 9), bactéria (17,6% / n = 6), fungo (11,8% / n = 4) e sarna (5,9% / n = 2). O conhecimento raso sobre os protozoários é preocupante, visto que são um grupo de organismos com algumas características muito peculiares. Porém, diante da grande diversidade desses organismos, é importante informar a comunidade sobre as características desses organismos, visto que todos os protozoários são muito pequenos e podem viver em água doce, salgada ou em terra úmida, tendo contato direto com os seres humanos (CIMERMAN, FRANCO, 2001). Ainda é importante ressaltar o conhecimento de que algumas espécies podem viver dentro de outros organismos e causar doenças, e essas espécies são chamadas de espécies parasitas, como o protozoário causador da Leishmaniose (MARQUES, SAKANE, 2009).

Quase 80% dos alunos responderam que a transmissão da Leishmaniose se dá a partir da picada do mosquito, mostrando que apesar do percentual de alunos que demonstraram saber que o agente causador da Leishmaniose é um protozoário, a maior parte dos alunos tem o conhecimento de que a transmissão ocorre a partir da picada do mosquito – gráfico 4.

Gráfico 4: como se dá a transmissão da Leishmaniose.
Fonte: os autores.

Com relação a quais organismos podem adquirir a Leishmaniose, a maior parte dos alunos responderam corretamente (64,7% / n = 22), assinalando apenas opções de animais da classe Mammalia como possíveis organismos a adquirir a Leishmaniose. 35,3% (n = 12) alunos marcaram opções que envolviam aves. Com relação aos principais organismos em que ocorrem as infecções por leishmaniose, a maior parte são causadas principalmente por animais selvagens e flebotomíneos que carregam o parasita em seu trato digestivo, porém cães domésticos e cavalos também podem ser hospedeiros (BARROS et al, 2019). Segundo o autor, os animais selvagens que servem como reservatórios da leishmaniose cutânea incluem ratos selvagens, pangolins e preguiças (BARROS et al, 2019).

Ainda de acordo com Barros et al (2019), as raposas selvagens são a principal fonte de infecção da leishmaniose visceral. Alguns cães (raposas, cães de caça), roedores, animais edêntulos (caracóis, preguiças) e cavalos podem ser reservatórios e vetores de protozoários, mas o elevado número de cães infectados torna a transmissão potencialmente perigosa nos centros urbanos (BARROS et al, 2019).

Aos locais de transmissão, 82,4% (n = 28) alunos responderam que a mesma pode ocorrer tanto na zona rural quanto na zona urbana – gráfico 5, demonstrando o conhecimento de que inicialmente, a doença se espalhou principalmente nas áreas rurais, e posteriormente, expandiu-se para cidades de médio e grande porte, onde nas cidades, os donos têm animais de estimação, principalmente cachorros – que podem ser hospedeiros da Leishmaniose; e no campo, em animais selvagens (MARCONDES, VASCONCELLOS, 2019).

Gráfico 5: onde se pode contrair Leishmaniose.
Fonte: os autores.

Os mosquitos-palha são o principal vetor da Leishmaniose e os locais que utilizam são locais onde decompõem principalmente matéria orgânica, como caules, folhas e frutos podres encontrados sob as árvores (ARAGÃO, 1927). É, portanto, importante enfatizar as medidas preventivas, uma vez que tanto os vectores como os reservatórios estão presentes em toda a região. Portanto, a importância da limpeza e manutenção dos quintais das pessoas deve ser reforçada (DE AVILA PIRES, 2014). Também é necessário, segundo o autor, evitar estradas e áreas expostas onde estejam presentes vetores de doenças, especialmente no final da tarde e início da noite e incentivar o uso de anti- helmínticos. Mais de 70% dos alunos responderam corretamente que evitar a disseminação do mosquito é a principal maneira de evitar a transmissão da Leishmaniose (73,5% / n = 25) – gráfico 6.

Gráfico 6: como deve ser a forma de controle da Leishmaniose.
Fonte: os autores.

Ainda sobre as estratégias de minimizar a transmissão da Leishmaniose, 85,3% dos alunos (n = 29) propuseram a instalação de telas nas janelas como medida de evitar o contato direto com os mosquitos transmissores do protozoário causador da Leishmaniose – gráfico 7.

Gráfico 7: como se proteger em casa da Leishmaniose.
Fonte: os autores.

Outras medidas importantes são manter sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos; realizar podas periódicas nas árvores para que não se criem os ambientes sombreados; além de não acumular lixo orgânico, objetivando evitar a presença mamíferos comensais próximos às residências, como marsupiais e roedores, que são prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos (LINDOSO, GOTO, 2006). É importante ressaltar que não há vacina contra as leishmanioses humanas (DE SOUZA et al, 2012). As medidas mais utilizadas para a prevenção e o combate da doença se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, manejo ambiental e educação em saúde (SANTOS et al, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados deste estudo indicam que a compreensão dos estudantes sobre a Leishmaniose é fragmentado, porém, a grande maioria mostrou compreender que a Leishmaniose é uma doença que é transmitida através da picada de um inseto (Lutzomyia longipalpis), popularmente conhecido por mosquito palha e que pode atingir pessoas e animais, principalmente o cão. Porém, a compreensão de que o agente causador da Leishmaniose é um protozoário ainda é pouco conhecida, o que mostra a importância de um aprofundamento nos conceitos relacionados aos protozoários, visto que são organismos que podem acarretar diversos tipos de doenças infecciosas, como a Leishmaniose causada por um protozoário do gênero leishmania.

Nas últimas décadas, à medida que o Brasil tem sofrido cada vez mais com a expansão das áreas urbanas sobre suas florestas tropicais, os hospedeiros naturais da Leishmania deixaram de viver apenas em áreas endêmicas, se deslocando de áreas florestais para áreas próximas às casas, aumentando as possibilidades de infecções. Se somarmos isso ao desmatamento e urbanização de áreas florestais, e ao fato da ausência de vacinas para prevenir a Leishmaniose, bem como a crescente expansão do ambiente urbano e o desmatamento das áreas de distribuição do parasita, poderá no futuro tornar-se uma doença que deve preocupar a maioria dos brasileiros, principalmente se for concretizada a possibilidade de adaptação ao ambiente urbano dos mosquitos infecciosos. Nesse aspecto, a educação ambiental e a promoção da conscientização da população acerca da conservação e preservação do meio ambiente frente a doenças zoonóticas se faz cada vez mais importante.

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¹Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico de Vitória;

²Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico do Agreste;

³Centro Universitário Mauricio de Nassau