¹Rafaelly Belizário de Souza;
²Douglas Ataíde.
- Discente Finalista do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário – FAMETRO.
- Docente e Orientador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário – FAMETRO.
Resumo
Introdução: A dor tem sido um dos principais sintomas que o paciente oncológico evidencia na unidade de terapia intensiva devido aos vários tratamentos em que é submetido. A fisioterapia em si, possui recursos não-farmacológicos que podem trazer analgesia ao quadro álgico do paciente melhorando seu prognóstico. Objetivo: Descrever a abordagem fisioterapêutica para analgesia em pacientes oncológicos na unidade de terapia intensiva. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada com dados coletados nos sites da PubMed, Scielo, Lilacs tendo como critério de inclusão artigos científicos como: Estudos observacionais, transversais, relatos de casos e ensaios–clínicos randomizados, sendo excluídos artigos de revisão bibliográficas. Resultados: A análise de dados dos 10 artigos científicos inclusos, 2 autores evidenciam o uso do TENS no seu cuidado paliativo. 4 autores enfatizam a cinesioterapia, associada com terapias manuais, e os demais utilizam técnicas respiratórias complementando assim, a sua abordagem fisioterapêutica no controle da dor no paciente oncológico. Conclusão: Os estudos demonstram um consenso da funcionalidade da fisioterapia, e sua abordagem fisioterapêutica atual, mantêm a qualidade de vida dos pacientes oncológicos e traz alívio em sua fase terminal, sendo assim, indispensável na unidade de terapia intensiva.
Palavras-chave: Fisioterapia Oncológica; Dor; Cuidados Paliativos; Recursos Fisioterapêuticos;
ABSTRACT
Introduction: Pain has been one of the main symptoms that cancer patients show in the intensive care unit due to the various treatments to which they are submitted. Physiotherapy itself has nonpharmacological resources that can bring analgesia to the patient\’s pain, improving their prognosis. Objective: To describe the physiotherapeutic approach to analgesia in cancer patients in the intensive care unit. Methodology: This is a bibliographic review carried out with data collected on the websites of PubMed, Scielo, Lilacs with the inclusion criteria of scientific articles such as: Observational, crosssectional studies, case reports and randomized clinical trials, excluding bibliographic review articles. Results: Given the analysis of data from the 10 included scientific articles, 2 authors show the use of TENS in his palliative care. 4 authors emphasize kinesiotherapy, associated with manual therapies, and the others use respiratory techniques, thus complementing their physiotherapeutic approach to pain control in cancer patients. Conclusion: Studies demonstrate a consensus on the functionality of physiotherapy. The current physiotherapeutic approach maintains the quality of life of cancer patients and brings relief in their terminal phase, thus being indispensable in the intensive care unit.
Keywords: Oncological Physiotherapy; Ache; Palliative care; Physiotherapeutic resources;
Introdução
É de conhecimento geral, que a dor é uma sensação e experiência emocional desagradável, trazendo resultados que podem gerar a instabilidade hemodinâmica do nosso organismo e assim retardando o processo de cicatrização. Tal característica é associada a um possível dano tecidual real ou potencial, de natureza subjetiva e de ordem pessoal. (IASP, 2010).
Segundo Barbosa et. Al. (2019) No câncer, é evidente que um dos tratamentos que possui maior índice de cura é a cirurgia para a ressecção do tumor, que é uns dos tratamentos mais antigos e um dos mais eficazes. Ocorrendo assim, uma baixa possibilidade de o paciente não ser submetido ao tratamento cirúrgico, à qual Tortora et. Al. (2010) esclarece a evidência de que sua homeostase além de sofrer alterações da neoplasia, sofrerá alterações fisiológicas resultando assim em uma alteração na sua percepção de dor, podendo ser tanto neuropática quanto nociceptiva, tendo como consequência uma debilitação na sua qualidade de vida.
Conforme Farias et. Al (2020) A equipe multiprofissional deve ser cuidadosa com seu olhar clínico (médicos, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistente social, dentre outros) que atuam no objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente em seu cuidado paliativo devem estar aptos para considerar que a dor está relacionada em todos os seus aspectos, segundo Melo et. Al. (2013) em seus aspectos psicofísicos e funcional para a melhora na sua qualidade de vida.
Contudo, segundo Araújo et. Al. (2018) entendemos que o fisioterapeuta se torna um profissional indispensável para a atuação na diminuição da dor, estabelecendo assim, a sua atuação profissional. Sabendo disto o quanto fisioterapeuta pode contribuir dentro de um quadro de dor no diagnóstico de neoplasia? O profissional detém de métodos e recursos não-farmacológicos úteis para a diminuição da dor e sua ação evidencia sua eficácia, resultando uma melhora no prognóstico, contribuindo no seu cuidado paliativo.
Este estudo tem como objetivo descrever com seus resultados o quanto a fisioterapia contribui dentro dos seus recursos não-farmacológicos, para amenizar a dor do paciente adquirida devido ao seu tratamento, devendo considerar os vários fatores que a alteram, e o seu cuidado paliativo.
Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica em que as bases de dados foram coletadas dos mecanismos de busca dos sites: Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (Lilacs), U.S. National Library of Medicine (PubMed), Scientific Eletronic Library Online (Scielo), artigos publicados em periódicos de fisioterapia nos idiomas português e inglês, revistas científicas e livros, delimitados no período de 2010 a 2020. Os dados foram colhidos no período de agosto de 2019 a novembro de 2020, a qual foram encontrados 17 artigos que entrariam dentro do contexto do tema, contudo, 7 foram excluídos por não mencionarem a dor no quadro de neoplasia, por serem estudos literários, e outros por não evidenciarem a fisioterapia na unidade de terapia intensiva, outros 10 foram inclusos por sua abordagem fisioterapêutica descritiva, analítica e experimental evidenciando sua atuação, sendo 1 conceituando a percepção da dor em pacientes oncológicos. Sua seleção deu-se, por seus temas e leituras do artigo, com notas no aplicativo do Mendeley. Sendo feita uma organização sistemática do que pode ser usado neste trabalho.
Figura 1 – Fluxograma dos dados das pesquisas bibliográficas sobre o tema.
Resultados
Analisando os dados dos artigos científicos inclusos, podemos perceber o quanto a fisioterapia pode contribuir para amenizar a dor do paciente oncológico dentro da unidade de terapia intensiva.
Tabela 1 – Abordagem Fisioterapêuticas usadas em pacientes oncológicos e seu resultado.
Ano/Autor | Tipos de Estudo | Intervenção | Resultado |
2017/ Nascimento, M. et al. | Estudo descritivo e retrospectivo. | Cinesioterapia, terapia manual, massagem pericicatricial, mobilização articular e complexo descongestivo fisioterapêutico. | O programa de reabilitação concluiu que a terapia manual deve ser mantida em caso de persistência de dor, contudo evidencia a eficácia da conduta. |
2019/ Barbosa, L.K. et al. | Estudo epidemiológico observacional e transversal. | Cinesioterapia global, técnicas respiratórias e tens. | Ressalta a importância da fisioterapia devido as variadas técnicas não-farmacológicas mencionando a dor como um fator de risco para desenvolver transtornos do humor e distúrbios de sono. |
2017/ Rett, M. et al. | Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo | Tens 100hz com duração de 100 us. | Foi observado na tabela do ensaio a diminuição do quadro álgico com até 20 sessões, havendo uma melhora na qualidade de vida do paciente. |
2013/ Melo, T.P.T. et al. | Estudo descritivo, qualitativo e Investigativo. | Técnicas respiratórias e terapia manual. | Constatou a minimização da dor trazendo alívio e interesse à vida no seu cuidado paliativo, contribuindo assim, para a independência funcional dentro das suas possibilidades. |
2014/ Pegagore, A. B. | Estudo observacional e transversal. | Exercício físico de baixa a moderada intensidade, exercícios de baixo impacto e exercícios resistidos. | Assegurou que, a inatividade (dos exercícios) durante ou após o tratamento do câncer pode aumentar a taxa de declínio da capacidade funcional e retardar a cura da doença, contribuindo para à permanência da dor. |
2018/ Araújo, J.P. et al. | Estudo de Caso Observacional. | Exercícios ativos, treino respiratório e eletroterapia. | Identificou a minimização dos sintomas de dor no paciente em seu cuidado paliativo. |
2017/ Schleder, J. C. et al. | Estudo de caráter prospectivo, experimental e quantitativo. | Tens de intensidade e frequência variável. | Testificou através dos parâmetros utilizados que o Tens reduziu a dor oncológica em até 3 horas, e melhores resultados foram encontrados na corrente TENS VIF para analgesia. |
2020/ Farias, R. C. et al. | Estudo de pesquisa exploratória de natureza qualitativa. | Tens, massoterapia, crioterapia, cinesioterapia, exercícios de controle respiratório e drenagem linfática manual. | Evidenciou os benefícios sobre o manejo da dor, reduzindo seu tempo de permanência hospitalar trazendo mais dignidade ao paciente e economia nos custos associados à assistência à saúde. |
2019/ Ranzi, C. et. Al. | Pesquisa quase-experimental | Cinesioterapia, exercício de fortalecimento com halter e faixa elástica, alongamentos musculares ativos e passivos, exercícios aeróbicos. Exercícios ativos assistidos ou mobilização passiva. Condutas respiratórias consistiu em padrões respiratórios, reexpansão pulmonar e técnicas de higiene brônquica. | Percebeu-se que a partir da 6º sessão de fisioterapia, pacientes não apresentavam quadro álgico. |
Discussão
A fisioterapia é fundamental na reabilitação, prevenção e recuperação dos movimentos do membro superior no pós-operatório, contribuindo para a melhora da conscientização corporal e oferecendo orientações necessárias para as atividades diárias. Vários são os recursos fisioterapêuticos utilizados no pósoperatório de câncer de mama, entre eles a cinesioterapia, a terapia manual e o complexo descongestivo fisioterápico. (Nascimento, et. Al., 2017)
De acordo com Barbosa, et. Al., (2019) As variadas técnicas fisioterapêuticas ressaltam a importância do fisioterapeuta na equipe interdisciplinar e sua ação tanto no pré-operatório bem como no pós-operatório, contribuindo inclusive para o cuidado das possibilidades de complicações no tratamento oncológico e na unidade de terapia intensiva, subtraindo assim, o estresse em que o paciente é exposto.
Considerando as complicações após cirurgia, os profissionais de saúde devem entender o impacto do tratamento do câncer de mama qualidade de vida do paciente, a fim de promover um melhor padrão de saúde. A qualidade de vida relacionada à saúde é um conceito multidimensional que caracteriza bem-estar total do indivíduo e inclui dimensões psicológicas, sociais e físicas. Nesse contexto, a reabilitação pode aliviar efeitos colaterais pós-tratamento, manter a QV e melhorar a sobrevivência. (Rett, M., et. Al. (2017)
Conforme Melo, et. Al. (2013) O direito ao cuidado paliativo torna-se efetivado desde o diagnóstico do paciente, porém quando este está em sua fase terminal, o fisioterapeuta também poderá atuar no controle da dor, amenizando os sintomas presentes, contribuindo com sua estabilidade emocional e física, assegurando a homeostase fisiológica.
A dor em oncologia não é um sintoma frequente em estágios iniciais da doença, pois passa a ser recorrente à medida que a doença vai progredindo e/ou durante o seu tratamento. Muitos pacientes oncológicos não têm dor física, mas sofrem de um somatório da dor somática, psicológica, psicossocial e espiritual. (Pegogare, 2014)
Em concordância com Araújo, J.P. et. Al. (2018) Os sintomas como dispneia e a dor, são os mais evidentes em paciente oncológico requerendo assim, uma maior atenção em sua avaliação, que deve ser feita de maneira detalhada.
O controle da dor oncológica é realizado rotineiramente pela avaliação do sintoma e administração de drogas e tratamentos cirúrgicos. Porém seu tratamento não deve ser restrito a essas abordagens convencionais. Dentre as diversas formas não farmacológicas destaca-se a modalidade fisioterapêutica chamada estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que transmite corrente elétrica por meio de eletrodos posicionados na pele. (Schleder, J. C. et al., 2017).
No entanto, a assistência fisioterapêutica em UTI traz como resultados assistência fisioterapêutica em UTI traz como resultados efeitos benéficos sobre o manejo da dor, a depuração do escarro e eficácia da tosse, redução da dispneia e melhora da aptidão física, melhora da capacidade funcional e redução do tempo de permanência hospitalar, trazendo mais dignidade ao paciente e economia nos custos associados à assistência à saúde. (Farias, R.C., et al.
2020).
Segundo Ranzi, C. et al. (2019) A dor no paciente oncológico, por ser localizada em vários locais anatômicos e com diferentes causas é considerada mista, e devido ao tratamento cirúrgico, o pós-operatório pode apresentar um quadro cinético funcional de redução de amplitude, sensibilidade alterada, fraqueza muscular, síndrome da rede axilar, linfedema e alterações cicatriciais. A contribuição da fisioterapia está nas técnicas específicas para o alívio da dor e qualidade de vida.
Considerando o Programa de Reabilitação, assim como na literatura, observou-se a eficácia da fisioterapia ao ser constatado no presente Serviço que a maioria das mulheres apresentou ADM funcional e ausência de complicações, recebendo, portanto, alta fisioterapêutica ao final do Programa. Utilizando-se a terapia manual como principal recurso em casos de persistência de dor e limitação de ADM ao final do Programa. A terapia manual é direcionada para restaurar os movimentos da superfície articular, com o objetivo de tratar a dor por meio da ativação de estruturas neurais, além de favorecer o alongamento do tecido conjuntivo e, consequentemente, a melhora do movimento fisiológico. (Nascimento et al., 2017)
De acordo com Barbosa et al., (2017) O fisioterapeuta por ser o profissional de maior contato com os pacientes devido as numerosas sessões, deve ser incluído e instruído de uma maneira onde ele possa compreender a dor no seu nível psíquico, identificando ainda assim, possíveis transtornos mentais (como de humor, depressão, ansiedade, de sono) encaminhando assim, ao profissional competente da equipe interdisciplinar, seja ele psicólogo ou psiquiatra.
Conclusão
Os estudos demonstram um consenso que evidencia o quanto a fisioterapia e sua conduta no alívio da dor são indispensáveis, dando ênfase na sua importância para o prognóstico do paciente, e iniciando assim, o seu cuidado paliativo. Suas condutas como a cinesioterapia, terapia manual, técnicas respiratórias e o tens são as mais utilizadas tanto na sua reabilitação, quanto no cuidado paliativo em sua fase terminal.
Bibliografia
- Araújo, J., & AL., E. (2018). Fisioterapia paliativa no adenocarcinoma metastático de pulmão: relato de caso. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, p. 522.
- BARBOSA, L. K., & E. a. (2018). Ansiedade, depressão e qualidade do sono no pós-operatório mediato de cirurgia oncológica . Revista Brasil Pesquisa Saúde.
- Martins, A. S. (2013). Catastrofização da Dor e Percepção de Doença em Indíviduos com Dor Crônica.
- Melo, T., Maia, E. O., & Al., E. (2013). A Percepção dos Pacientes Portadores de Neoplasia Pulmonar Avançada diante dos Cuidados Paliativos da Fisioterapia. Cuidado Paliativo da Fisioterapia e Câncer, pp. 547-553.
- Mendonça, A. C. (2017). TENS effects on dysesthesia and quality of life after breast cancer surgery with axilectomy: randomized controlled trial. Fisioterapia em Movimento.
- Nascimento, S., Oliveira, R., Freire de Oliveira, M., & Amaral, M. (2017). Complicações e condutas fisioterapêuticas após cirurgia por câncer de mama: estudo retrospectivo. Revista Enfermagem Contemporânea .
- Pegorare, A. (2014). Avaliação Dos Níveis De Dor E Fadiga Em Pacientes Com Câncer De Mama. Revista Eletrônica Estácio Saúde, 3, pp. 1-11.
- Ranzi, C., Barroso, B., Pegoraro, D., Sachetti, A., & Rockenbach, C. (2019). Effects of exercises on pain and functional capacity in hospitalized cancer patients. Sociedade Brasileira do Estudo da Dor, 2.
- Scheleder, J. C., & et al. (2017). Estimulação Eletrica Nervosa Transcutânea de Intensidade e Frequência Variável Tem Ação Analgésica mais duradoura que a Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea Burst sobre a Dor Oncológica. Revista Dor .
- TORTORA, G. J., & GRABOWSKI, S. R. (2006). Corpo Humano – Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. Porto Alegre: Artmed.
- Valadares, C. (19 de novembro de 2020). Ministério da Saúde . Fonte: www.saude.gov.br: https://www.gov.br/saude/ptbr/assunto/noticias/ministerio-normatiza-cuidados-paliativos-nosus.