REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12028597
Ananda Ribeiro Vasconcelos
Anália Carolina Santos Duarte
Edinalva Dias De Souza Rocha
Elisangela Dos Santos Bezerra
Elaine De Oliveira
Hulda Soares Dos Santos Maracaípes
Isabel Vanessa De Assis Silva
Jiuliana Ferreira Florentino Keyla
Cristina Lopes Sousa
Vanusa Lima Barbosa Da Silva
RESUMO
Este estudo tem por finalidade apresentar por meio de pesquisa bibliográfica os conceitos e métodos da pedagogia sistêmica atrelada à Constelação Familiar. A pedagogia sistêmica é uma ferramenta eficaz nas dificuldades de aprendizagem utilizando as três leis descobertas pelo psicoterapeuta Bert Hellinger: Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio. A pedagogia sistêmica é um novo jeito de fazer educação com ênfase de maneira fenomenológica para o todo, ou seja, partindo da premissa de que o aluno não chega sozinho em sala de aula, ele traz com ele toda uma carga genética e epigenética vinda do seu sistema familiar. A pedagogia sistêmica afirma que muitas dificuldades são vistas como emaranhamentos sistêmicos, ou seja, quando uma das leis que regem os relacionamentos da vida humana é desrespeitada, gera-se desequilíbrios, sofrimentos para os familiares, dificuldades na escrita, na leitura, dificuldades matemáticas e outros problemas de aprendizagem. O estudo proposto apresenta a Constelação Familiar e a Pedagogia Sistêmica como parceira para a Neuropsicopegagia.
Palavras-chave: Pedagogia Sistêmica. Constelação Familiar. Dificuldades de aprendizagem.
Introdução
Observa-se no contexto escolar que existem inúmeras queixas dos pais e da unidade escolar sobre as dificuldades de aprendizagem dos alunos, e tais dificuldades apresentam certa complexidade em relação aos diversos tipos de diagnóstico. Diagnósticos que muitas vezes não são nem concluídos e que se relacionam com dislexia, dislexia de desenvolvimento, disgrafia, hipercinesia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade – TDAH, transtornos neurológicos, transtornos psiquiátricos, dificuldades emocionais, dificuldades familiares, dificuldades do ensino em geral. Percebe-se que a criança quando está em fase de tratamento apresenta uma certa facilidade nas atividades desenvolvidas pelo profissional, mas não apresentam um desempenho suficiente na escola, apesar de ser acompanhada pela família e uma equipe terapêutica. Para encontrar respostas para essa problemática é necessário conhecer outras maneiras de abordagem que fogem do caráter tradicional, eis então uma nova abordagem que parte dos estudos do filósofo e terapeuta alemão Bert Hellinger por meio da técnica das Constelações Familiares. A Constelação possibilita o profissional da área pedagógica a olhar o aluno sistemicamente dentro do seu contexto familiar e escolar.
A pessoa é vista como parte do sistema, estendendo a compreensão de sistema enquanto campos mórficos ou morfogenéticos e as dificuldades de aprendizagem como emaranhamentos sistêmicos, padrões de repetição relacionados ao sofrimento existente no “campo”, que vão além das representações dos pais e da família e da escolar.
Emaranhamento significa que alguém na família retoma e revive inconscientemente o destino de um familiar que viveu antes dele. Se, por exemplo, numa família, uma criança foi entregue para a adoção, mesmo numa geração anterior, então um membro posterior dessa família se comporta como se ele mesmo tivesse sido entregue. Sem conhecer esse emaranhamento não poderá se livrar dele (HELLINGER; HÖVEL, 2007, p.13)
E para desfazer esses emaranhamentos, Bert buscou de forma fenomenológica observar os comportamentos do indivíduo dentro do seu seio familiar.
Este artigo tem por finalidade apresentar uma nova forma de olhar para as dificuldades de aprendizagem por meio do estudo da pedagogia sistêmica. O estudo apresentado tem como método de estudo a pesquisa bibliográfica minuciosa por meio de leituras de livros, artigos, sites de internet com o objetivo de esclarecer os apontamentos da pedagogia sistêmica para que se tenha um novo olhar para as dificuldades de aprendizagem.
Os estudos cada dia mostram grandes problemas que as unidades escolares enfrentam com a aprendizagem, baixo índice de desenvolvimento dos alunos, conflitos, indisciplina e outros. Existem inúmeros métodos tradicionais e convencionais (clínicos e medicamentosos) que são introduzidos e que não são eficazes. A pedagogia sistêmica vem para trazer um novo olhar para essas diversas dificuldades de aprendizagem para que haja mais leveza no contexto escolar.
A pedagogia sistêmica nasceu a partir das Constelações Familiares com os estudos do filósofo alemão Bert Hellinger. Anton Suitbert Hellinger foi um missionário que se dedicou por quase 20 anos nas escolas com os zulus na África do Sul durante o apartheid. Por meio da convivência com os zulus, ele observou a forma como funcionava o sistema cultural e familiar desse povo e então por meio da observação constatou que existia uma certa harmonia e humanidade na convivência entre eles, cultuavam rituais que representava a força, paz trazendo sempre em evidência a ancestralidade. A partir de então surgiu a Constelação Sistêmica Familiar, dela surgiu outras ramificações em diversas áreas do conhecimento: saúde, educação, justiça, empresas e outros.
A Constelação Sistêmica Familiar
Constelação Familiar Sistêmica é uma abordagem psicoterapêutica proposta pelo filósofo alemão Bert Hellinger que tem por tarefa olhar para os diversos conflitos familiares e organizacionais com o intuito de solucionar aquilo que está no plano inconsciente por meio do campo morfogenético de um sistema familiar, ou seja, essa psicoterapia busca na família do indivíduo, a origem de todos os transtornos, dificuldades, bloqueios na área afetiva, financeira, padrões de comportamento repetitivos, problemas de saúde diversos, problemas emocionais, depressão, vícios e diversas dificuldades que afetam a natureza humana. Todas as informações necessárias para acessar a raiz do problema são permitidas por meio do campo morfogenético. O campo morfonegético pode ser compreendido como um sistema de padrões, pensamentos e comportamentos coletivos que ficam registrados na memória celular do indivíduo. É no campo morfogenético que ficam registradas a história evolutiva de determinado grupo, ou sistema familiar, ou seja, uma espécie de memória coletiva. A teoria dos campos morfogenéticos é de autoria do biólogo inglês Rupert Sheldrake que diz “A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”. Tudo que diz respeito à Constelação Sistêmica Familiar e o sistema familiar do indivíduo se dá no plano inconsciente e na sua memória genética comportamental.
Os campos morfogenéticos de qualquer organismo vivo particular, digamos, de um girassol, são moldados pelas influências das gerações precedentes de girassóis. A ressonância mórfica não permite, contudo, explicar como é que aparecem os primeiros campos deste tipo. Dentro do âmbito da evolução biológica, os campos de girassóis estão ligados, de maneira estreita, aos campos de outras espécies aparentadas, tais como as alcachofras de Jerusalém descendem, sem dúvida, dos campos de uma longa linhagem de espécies ancestrais. Mas a hipótese da causalidade formativa não permite responder à questão de saber como é que os campos do gênero girassol, ou da família compositae, de que é membro, ou das primeiras células, surgiram. E uma questão de origem, de criatividade (SHELDRAKE, 1988, p. 164-165).
A Constelação Familiar é fundamentada em três leis que tem como função, manter o equilíbrio e manutenção do sistema familiar do indivíduo. Essas leis são chamadas por Bert Helliger de Ordens do Amor ou Hierarquia; Pertencimento e Equilibrio de Troca. Quando uma dessas leis são desrespeitadas, acontece um desequilíbrio no sistema familiar do indivíduo ocasionando diversas situações comprometedoras.
A lei da Hierarquia se relaciona com quem chegou primeiro na família e por isso as pessoas mais velhas precisam ser olhadas com muito respeito e cuidado, pois, por meio deles que a família vem se perpetuando.
A hierarquia, também chamada de ordem de origem, corresponde a uma precedência cronológica, em que quem ingressou primeiro no sistema tem prioridade ao que veio posteriormente, como, por exemplo, a primeira esposa em relação à segunda, o filho mais velho sobre os irmãos mais novos, entre outros. Caso a ordem seja desrespeitada, provocar-se-á a ruína do sistema, sendo possível o reestabelecimento da ordem apenas por meio de terapia familiar (HELLINGER, 2007).
A lei da hierarquia vem mostrar que os mais velhos devem ser respeitados em suas decisões e atitudes pois chegaram primeiro. Um exemplo de violação da hierarquia é quando um idoso mora em um determinado local e os seus filhos e netos retiram o idoso daquele local sem a legítima vontade do idoso. Essas atitudes, de acordo com o trabalho sistêmico geram desequilíbrio para aquele sistema familiar e assim gerando problemas financeiros, doenças, problemas afetivos para os filhos e netos.
Todo ser humano tem o desejo de pertencer a um grupo e por causa disso nas intervenções sistêmicas podemos observar como a lei do Pertencimento atua no sistema familiar. Em um sistema familiar todos que nascem, tem o direito de pertencer aquele sistema e necessita ser reconhecida como membro daquele sistema e ninguém pode ser excluído não importa a forma como se comporta ou as características que tem. Todos são importantes.
Pertencer à nossa família é nossa necessidade básica. Esse vínculo é o nosso desejo mais profundo. A necessidade de pertencer a ela vai além até mesmo da nossa necessidade de sobreviver. Isso significa que estamos dispostos a sacrificar e entregar nossa vida pela necessidade de pertencer a ela (HELLINGER, 2011, p. 16).
Quando acontece uma exclusão, um desequilíbrio permeia o sistema familiar, ou seja, um descendente adquire as mesmas características do membro excluído. Isso acontece para compensar e mostrar que todos fazem parte e que a exclusão não é o melhor caminho. Muitos vivem como seus pais, avós, bisavós repetindo padrões de comportamentos muitas vezes por que essa lei foi desrespeitada.
A terceira lei sistêmica se relaciona com o dar e receber ou a lei do equilíbrio. Foi observado por Bert que todo indivíduo é dotado de troca e tem necessidade de dar mas também de receber, isso é em todas as esferas que envolvem o ser humano. Um relacionamento seja ele qual for, só consegue ser saudável quando existe a troca do dar e receber. Quando uma das partes dos relacionamentos dá mais ou recebe mais produzirá conflito nas relações, sejam elas de casal, empresas e outros.
Quando recebemos algo dos outros, por mais belo que seja, perdemos a nossa independência e inocência. Pois, ao receber algo, sentimo-nos obrigados em relação ao doador, e em dívida para com ele. Dessa dívida, que experimentamos como desprazer e pressão, procuramos livrar-nos por meio de uma retribuição. Nada se toma sem esse preço (HELLINGER, 2006, p. 18).
O único tipo de relacionamento que não existe relação de troca é entre pais e filhos, pois os pais dão mais do que os filhos. Os pais deram a vida aos filhos e não importa a maneira comportamental, emocional ou as condições desfavoráveis desses pais, foram eles que permitiram que o filho tivesse acesso à vida.
A história da pedagogia sistêmica
Percebe-se que a educação brasileira enfrenta muitos desafios principalmente pelas mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas. Por inúmeros fatores que desafiam as instituições educacionais, foi necessário que reajustar e refletir sobre os novos rumos que a educação deve tomar para saber lidar com as dificuldades que envolvem a educação. Por esse fato a educação deve buscar novos caminhos e estratégias para que a educação seja com maior qualidade e eficiência com capacidade de aprimorar o desenvolvimento humano.
A pedagogia sistêmica é uma nova visão teórico-prática que favorece toda a instituição escolar. Essa linha de estudo se originou dos estudos de Bert Hellinger, o criador das constelações familiares e mais adiante foram aprimorados dentro da educação pela psicopedagoga Marianne Frank. A pedagogia sistêmica tem seu enfoque nas três leis de descobertas por Hellinger (pertencimento, hierarquia (ordem) e equilíbrio entre dar e o tomar) que regem os relacionamentos, no entanto no caso da pedagogia sistêmica, o foco é direcionado para as vivencias na sala de aula.
Marianne Frank usou a visão sistêmica no ensino e isso possibilitou observar que os indivíduos não são seres isolados no processo de aprendizagem, eles trazem também todos os registros epigenéticos de todo o seu sistema familiar materno e paterno. A pedagogia sistêmica percebe as crianças e professores estão ligadas e conectados as suas famílias de origem e isso traz forte impacto nas vivências dentro da escola. Por meio das constelações pedagógicas, Marianne conseguiu encontrar soluções surpreendentes para as diversas situações vividas no ambiente escolar tais como: agressividade dos alunos, conflitos entre aluno e professores, conflitos entre professores, professores e gestão e as diversas dificuldades e aprendizagem e outros tipos de situações vivenciadas dentro da escola. A abordagem sistêmica observa as seguintes questões: compreender e explicar o ato educativo por meio da teoria e prática de Bert Hellinger e as constelações familiares; percebe a educação como um fenômeno em que estão em evidencia o sistema familiar do sujeito; Entende a escola como um sistema que se relaciona e interage e cada situação vivenciada tem efeito no todo; o processo de ensino e aprendizagem se relacionam com os vínculos e padrões de relacionamento vividos por cada individuo dentro do seu sistema familiar. Por meio do princípio sistêmico é necessário realizar alguns questionamentos: Os professores estão a serviço de quem? Quem é o primeiro da escola?. É importante afirmar que o aluno traz consigo todas as memórias epigenéticas trazidas do seu seio familiar e o professor deve ter uma postura de muito respeito diante do sistema de crenças e valores que o estudante traz para a escola, no subconsciente desse aluno registra-se a seguinte informação para o educador: se você respeitar de onde eu venho e minhas raízes eu também te respeitarei e estarei de prontidão para te ouvir e aprender o que você tem a me ensinar.
Em primeiro lugar vem sempre os pais, depois os alunos e, depois, os professores. O lugar mais seguro a partir do qual um professor pode ensinar é o mais embaixo. Lá, o professor possui a maior força. Lá, o destino e a sintonia colocam-se a seu lado e, assim, ele obtém a força para seu trabalho (HELLINGER, 2015, p. 181).
Quando o educador apenas cumpre com o seu papel de educador, ele dá autonomia para o aluno, a escola sistêmica ensina que cada um exerce seu papel e função. Se houver alguma alteração dentro da função de cada um, gera-se sérios danos dentro do ambiente escolar e nos relacionamentos dos integrantes que fazem parte da escola, um dos exemplos podem ser mencionados com o comportamento dos professores perante aos alunos: os professores são apenas professores e não os pais dos alunos, se o educador achar que é melhor que os pais desse aluno, ele gera conflitos que prejudicarão todo o seu trabalho e relacionamento com o estudante. Nesse sentido, Frank-Gricksch (2009, p. 21) esclarece que:
Na verdade, isso acontece quando nós, professores, abrimos nossos corações às famílias, permitindo-lhes entrar em nossas salas de aula como uma presença invisível e permanente. As ideias fundamentais de Hellinger do que significa estar inserido no contexto familiar é que me levaram inicialmente a usar as ideias sistêmicas em minhas aulas.
O princípio educacional sistêmico se resume em que quando o professor está em uma sala com vinte alunos, ele não está apenas com vinte mas com os seus pais, avós, bisavós e todo um conjunto de crenças e valores.
Quando um aluno tem um comportamento difícil, adoece, ou está com alguma dificuldade de aprendizagem é necessário observar quem está sendo excluído do sistema desse aluno, com qual membro familiar esse aluno está conectado inconscientemente.
No quesito hierárquico é necessário que o diretor seja muito bem respeitado, em seguida os professores por ordem de chegada na escola, caso haja inversão de papéis causará muitos desarranjos nos relacionamentos entre os que foram mencionados. A escola e os professores tão à serviço dos pais e não dos alunos e por isso os pais vem primeiro em seguida os alunos.
Os estudantes e professores sentem extrema necessidade de pertencer ao seu sistema e por esse fato são leais aos costumes, vivencias, crenças e valores do seu sistema familiar e trazem isso com eles para a escola e os professores não devem excluir os pais e a maneira de vivencia desses pais. Desse modo a pedagogia sistêmica direciona para com o respeito aos pais e a história familiar do aluno.
Apesar de ser pouco conhecida, a pedagogia sistêmica é uma metodologia pouco conhecida e pouco difundida nas escolas, no entanto consegue solucionar situações que aparentam ser impossíveis fortalecendo os vínculos entre escola/família/aluno. Os fatores fenomenológicos que permeiam a pedagogia sistêmica merecem maior estudo para que mais crianças e todos que fazem parte do ambiente escolar sejam beneficiados com essa técnica.
Pedagogia sistêmica: um novo olhar para as dificuldades de aprendizagem
A constelação familiar aplicada na educação gera muitos impactos positivos nas dificuldades de aprendizagem fazendo com que haja equilíbrio dentro do sistema familiar em que o sujeito faz parte promovendo bem estar no aspecto cognitivo e dificuldades de aprendizagem. É necessário salientar que não se usa as constelações familiares na escola e sim os seus princípios, exercícios sistêmicos para realizar com os alunos, as constelações podem ser feitas caso o gestor autorizar. A pedagogia sistêmica trata os transtornos de aprendizagem tais como: ansiedade, autismo, dificuldades de leitura, matemática, TDAH, hiperatividade e tantos outros olhando para o sistema familiar desse aluno, ou seja, que situações de dinâmicas inconscientes estão levando o estudante a permanecer com determinados comportamentos ou transtornos. A criança na escola traz por meio de algum problema de aprendizagem algo que precisa ser reajustado no seu sistema familiar e por isso ela é um reflexo da sua própria família. As crianças então, repetem os “destinos” de seus pais, tios, avós, bisavós, E os processos de dificuldades de aprendizagem estão intimamente ligados com algum excluído do sistema familiar daquele aluno e nesse contexto a dificuldade de aprendizagem é uma forma de mostrar a lealdade incondicional e inconsciente a algum membro do sistema. Hellinger (2007) afirma que dentro de um sistema familiar cada membro possui um inconsciente familiar atuando em sintonia com o inconsciente individual e coletivo.
Pertencer à nossa família é nossa necessidade básica. Esse vínculo é o nosso desejo mais profundo. A necessidade de pertencer a ela vai além até mesmo da nossa necessidade de sobreviver. Isso significa que estamos dispostos a sacrificar e entregar nossa vida pela necessidade de pertencer a ela vai além até mesmo da nossa necessidade de sobreviver. (HELLINGER, 2007, pág. 17)
De acordo com a lei do pertencimento, todos os membros do nosso sistema fazem parte mesmo aqueles que não conhecemos ou que são muito distantes de nós, eles influenciam ou são influenciados, todos aqueles que não conseguiram sobreviver ou todos aqueles que conseguiram passar a vida a diante para que estivéssemos vivos agora. Segundo essa lei o sistema não permite exclusão por meio de julgamentos, reivindicações ou rejeições. Caso a exclusão por meio dos itens elencados aconteça, a criança ou o adolescente representará por meio dos diversos problemas de aprendizagem a pessoa excluída.
Como a pedagogia sistêmica ou constelações pedagógicas auxiliam para ajudar ou solucionar os problemas de aprendizagem? Para dar início a uma resposta, é necessário afirmar que uma as maiores dificuldades que a família e a escola enfrentam é quando a criança não está tendo bons resultados na aprendizagem e por esse fato recebem dos profissionais atrelados à solucionar esse problema diversos diagnósticos tais como: disléxicos, déficit de atenção, hiperativos ou também são estigmatizados com os seguintes rótulos: encapetados, quietinhos e outros. A pedagogia auxilia na busca da causa e entendimento e motivos que levam a criança a não ter um bom desempenho na escola por meio da investigação do que há no sistema familiar desse aluno que o impede de não ter um bom desempenho na escola. Os Por meio dos trabalhos na escola aplicando a visão sistêmica observou-se que as dificuldades de aprendizagem estão intimamente ligadas à alguma exclusão no sistema do aluno, claro que isso não é regra pois deve ser feito um trabalho no campo morfogenético desse aluno com muita precisão, no entanto em geral observou-se que a exclusão da figura paterna gera muitos problemas com a aprendizagem. Angelica Olvero afirma que não existe fracasso escolar, o que existe é um grande amor das crianças para com seus pais.
Percebe-se que quando o profissional ou a escola mantém um olhar sistêmico para as dificuldades de aprendizagem tais como: problemas com a leitura, escrita, audição, gagueira, matemática, TDAH, autismo, dislexia, hiperatividade, agressividade, dislexia do desenvolvimento, transtornos neurológicos, transtornos psiquiátricos, ele consegue lidar melhor com essas dificuldades, consegue direcionar com maior clareza os seus alunos e até mesmo conseguem solucionar esses problemas, ou seja, aplicando as três leis que regem as relações humanas, o profissional sistêmico consegue excelentes resultados com seus alunos.
Existem várias dinâmicas que podem auxiliar o profissional da educação nas dificuldades de aprendizagem ou dificuldades de relacionamento do estudante consigo mesmo, com o educador, com os colegas e com a escola. As dinâmicas que podem auxiliar são: dinâmica do brasão familiar: os estudantes devem criar um brasão familiar em que faz a unificação do sistema materno e paterno e seus integrantes. Árvore genealógica: Os estudantes devem desenhar da maneira mais criativa possível todos os integrantes do seu sistema familiar. Fotograma: os estudantes criam imagens com fotos dos integrantes do seu sistema familiar. Dinâmica do café com leite: o educador separa um copo com café e outro com leite e em um terceiro copo mistura os dois e pede para os estudantes observarem o que acontece com a terceira mistura afirmando que todos são 50% do pai e 50% da mãe. Exercícios de construção de genograma: esse exercício trabalha a trasgeracionalidade e as informações entrre gerações tais como: quem sou eu? De onde eu venho? Para auxiliar nesse processo de amenizar as dificuldades de aprendizagem a pedagogia sistêmica traz exercícios para orientação vocacional, utilizando recursos do sistema, exercícios para trabalhar a dimensão da intergeracionalidade, exercícios de inclusão de alunos de culturas diferentes e países diferentes, exercícios de honra às origens dos alunos, exercícios para casos de bullyinge dentre outros.
Mello (2018, p.09) afirma “Para que as Constelações Pedagógicas se tornarem uma realidade nas escolas é necessário que se modifiquem determinados padrões de comportamentos seculares. ”
Todo educador sistêmico precisa incluir em sua disciplina os integrantes do sistema do seu aluno criando em suas aulas exercícios e conteúdos que fazem com que seu aluno estabeleça vínculos com seu sistema familiar e só assim o educador conseguirá ter força para ajudar o estudante a enfrentar as dificuldades de aprendizagem. No entanto para que o educador obtenha sucesso nos exercícios e em toda demanda das dificuldades de aprendizagem, é extremamente necessário que o educador esteja muito bem fortalecido e saiba qual é o seu lugar no seu próprio sistema familiar.
Considerações finais
A pedagogia sistêmica ou constelação pedagógica é uma abordagem inovadora pouco explorada e merecedora estudos mais complexos. O intuito desse trabalho foi de apresentar um novo método para que a escola possa obter sucesso no processo de aprendizagem. É relevante apontar a importância do educador respeitar as diferenças e olhar para o estudante não mais como um ser isolado e sim integrante de um sistema, dessa forma o educador conseguirá refletir sobre sua prática docente, sentindo-se mais responsável para nortear seu aluno para que ele torne um protagonista da sua própria história capaz e respeitar a si, aos outros e a todos que fazem parte do seu sistema familiar.
Por inúmeros motivos que já foram mencionados nesse trabalho, a pedagogia sistêmica é de suma importância pois estabelece elos entre escola/aluno/família/sociedade e merece ser estudada e anexada no contexto escolar. Por inúmeros motivos elencados, que é necessário o neuropsicopedagogo esteja a par das novas ferramentas que facilitam ou até mesmo solucionam os problemas encontrados para lidar com as dificuldades de aprendizagem. O tema abordado nesse artigo merece ser aprofundado por meio de estudo de caso fazendo com que o estudo dessa ferramenta pouco conhecida seja cada vez mais difundida no ambiente escolar.
REFERÊNCIAS
FRANKE-GRICKSCH, Marianne. Você é um de nós: percepções e soluções sistêmicas para professores, pais e alunos. Patos de Minas: Atman, 2009.
HELLINGER, Bert; HOVEL, Gabriele Ten. Constelações familiares: o reconhecimento das ordens do amor. Trad. Eloisa Giancoli Tironi e Tsuyuko Jinno-Spelter. São Paulo: Cultrix, 2007.
HELLINGER, Bert; WEBER, Gunthard; BEAUMONT, Hunter. A simetria oculta do amor: por que o amor faz os relacionamentos darem certo. Trad. Gilson César Cardoso de Sousa.
Rev. Esther Frankel, Milton Corrêa e Mimansa Farny. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
HELLINGER, Bert. Olhando para a alma das crianças. Belo Horizonte: Atman, 2015.
HELLINGER, Bert. A cura: tornar-se saudável, permanecer saudável. 1 ed. Belo Horizonte: Editora Atman, 2011.
MELLO, Fátima. Constelações Pedagógicas: segundo a pedagogia sistêmica de Bert Hellinger.1.ed, São Paulo: Leander, 2018.
SHELDRAKE, Rupert. A ressonância mórfica e a presença do passado: os hábitos da natureza. São Paulo: Crença e Razão, 1988.