PAISAGISMO SUSTENTÁVEL: RELATO DE UM PROJETO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10756064


Eliane Soares Santos Barbosa[1]


RESUMO

O presente artigo, versa sobre o projeto “Harmonia Verde”, focado na integração da educação ambiental com o paisagismo sustentável, visando promover a reflexão sobre a interação do indivíduo com o meio ambiente e a reorganização dos espaços urbanos e rurais de maneira sustentável. Este artigo aborda os objetivos do projeto, que incluem fornecer ferramentas práticas para a concepção de espaços harmonizados com a natureza, desenvolver a consciência sobre a importância da preservação ambiental e da sustentabilidade, além de fomentar o engajamento comunitário. Adotando uma metodologia qualitativa e exploratória, o projeto engajou estudantes do Ensino Médio em atividades práticas como o plantio de mudas e a revitalização de espaços com materiais recicláveis, visando aplicar conceitos de sustentabilidade em contextos reais. Os resultados destacaram um aumento significativo na conscientização ambiental dos participantes, o desenvolvimento de competências chave como trabalho em equipe e liderança, e um impacto positivo na comunidade escolar, promovendo a sustentabilidade. A conclusão do artigo reforça a eficácia da educação ambiental integrada ao paisagismo sustentável como estratégia vital para a promoção da sustentabilidade ambiental, inspirando ações futuras e contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Sustentabilidade, Projeto de Intervenção.

ABSTRACT

This article discusses the “Green Harmony” project, focused on integrating environmental education with sustainable landscaping, aiming to promote reflection on the individual’s interaction with the environment and the sustainable reorganization of urban and rural spaces. The article addresses the project’s objectives, which include providing practical tools for designing spaces in harmony with nature, developing awareness of the importance of environmental preservation and sustainability, and fostering community engagement. Adopting a qualitative and exploratory methodology, the project engaged high school students in practical activities such as planting seedlings and revitalizing spaces with recyclable materials, aiming to apply sustainability concepts in real contexts. The results highlighted a significant increase in the participants’ environmental awareness, the development of key competencies such as teamwork and leadership, and a positive impact on the school community, promoting sustainability. The article’s conclusion reinforces the effectiveness of environmental education integrated with sustainable landscaping as a vital strategy for promoting environmental sustainability, inspiring future actions, and contributing to the construction of a more conscious and responsible society regarding the environment.

Keywords: Environmental Education, Sustainability, Intervention Project.

1.   INTRODUÇÃO

A crescente preocupação com as questões ambientais tem impulsionado a busca por soluções sustentáveis capazes de mitigar os impactos negativos das atividades humanas no meio ambiente. A perda de biodiversidade, as mudanças climáticas e a degradação do solo são apenas alguns dos desafios que o planeta enfrenta atualmente. Nesse contexto, de acordo com Loureiro (2015), a educação ambiental surge como uma ferramenta essencial para promover a conscientização e a mudança de comportamento em relação ao uso dos recursos naturais. A integração de práticas sustentáveis no cotidiano das comunidades, especialmente por meio do paisagismo, oferece uma oportunidade única de revitalizar os espaços urbanos e rurais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para a conservação do meio ambiente

O projeto “Harmonia Verde – Integrando Educação Ambiental e Paisagismo Sustentável” se insere nesse cenário como uma resposta inovadora aos desafios ambientais contemporâneos. Ao unir a educação ambiental ao paisagismo sustentável, o projeto busca não apenas criar espaços verdes esteticamente agradáveis, mas também educativos, onde a comunidade possa aprender sobre sustentabilidade e preservação ambiental de maneira prática e envolvente (Carvalho, 2004). Essa abordagem integrada promove uma maior conexão entre os estudantes e o ambiente natural, incentivando a adoção de práticas sustentáveis que respeitam os limites dos recursos naturais e fomentam a responsabilidade ambiental.

Segundo Loureiro (2015), a relevância da Educação ambiental crítica, neste contexto por meio do projeto “Harmonia Verde”, está na sua capacidade de enfrentar os desafios ambientais por meio da educação e do engajamento comunitário. Em um mundo onde os problemas ambientais são cada vez mais complexos e interconectados, iniciativas que promovem a conscientização e a participação ativa da comunidade são fundamentais. O projeto não apenas atende à necessidade urgente de ações sustentáveis, mas também contribui para o desenvolvimento de uma consciência ambiental que é essencial para a construção de um futuro sustentável para as próximas gerações.

Dessa forma, o objetivo geral deste artigo é abordar a iniciativa do projeto “Harmonia Verde” que reflete sobre a relação do indivíduo com o meio ambiente, explorando a capacidade de reorganizar os espaços de maneira sustentável. Através da integração entre educação ambiental e paisagismo sustentável, o “Harmonia Verde” visa proporcionar aos estudantes e à comunidade ferramentas práticas para pensar o espaço rural e urbano em harmonia com o ambiente natural. Por meio deste projeto, busca-se promover o engajamento comunitário, desenvolver a compreensão e a consciência sobre a importância da preservação ambiental e sustentabilidade, e inspirar ações que contribuam positivamente para o meio ambiente e a sociedade.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Em 1946, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) começou a fomentar discussões sobre educação, incluindo a Educação Ambiental (EA), em conferências globais. Contudo, foi apenas em 1972, durante a Conferência de Estocolmo e sua Declaração sobre o Ambiente Humano, que a EA ganhou destaque, apontando sua importância para crianças, jovens e adultos na promoção da consciência ambiental, especialmente no contexto educacional (Barbieri; Silva, 2012).

A partir desse momento, a EA passou a ser um componente chave em todos os fóruns dedicados ao desenvolvimento sustentável, contribuindo também para a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A abordagem multidisciplinar da EA estabeleceu uma conexão vital entre o ser humano e o meio ambiente. Foi assim que a UNESCO e o PNUMA lançaram o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), visando expandir a EA globalmente por meio de recursos didáticos, programas e treinamentos focados na integração da EA no ensino e no processo educativo (Barbieri; Silva, 2012).

Neste contexto, o ambiente escolar torna-se um espaço fundamental para o desenvolvimento de cidadãos críticos e participativos, conscientes de seus direitos e responsabilidades. A EA, ao abordar questões ambientais, desempenha um papel crucial na sensibilização sobre os impactos ambientais causados por ações humanas e na divulgação de estratégias para mitigar e prevenir desequilíbrios ecológicos. Isso inclui práticas sustentáveis como reciclagem, uso consciente de materiais descartáveis, e o consumo eficiente de energia e água.

Essas práticas sustentáveis, fundamentais para a conscientização ambiental, podem ser implementadas no contexto escolar por meio de atividades didáticas diversificadas, incluindo projetos, palestras, materiais educacionais, competições lúdicas, entre outras, propostas por professores de diferentes áreas. Desta forma, a EA busca não apenas a conscientização, mas também a proteção do ambiente, conforme estabelecido pela lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Esta legislação reforça a inclusão da EA em todos os níveis de ensino – da Educação Básica ao Ensino Superior, passando pela Educação de Jovens e Adultos e a Educação Profissionalizante – integrando-a através de programas educacionais e sociais, sem que seja considerada uma disciplina isolada (Brasil, 1999).

Destaca-se que, conforme apontado por Vargas (2015), a educação ambiental não é uma matéria fixa nos currículos da educação básica ou em grande parte dos programas de ensino superior. Isso implica que a Educação Ambiental (EA) seja tratada como um tema transversal, incorporada ao longo de diversas disciplinas, o que facilita ações educacionais que promovem uma reflexão crítica de maneira coletiva, por meio da abordagem interdisciplinar.

A obrigatoriedade do ensino de Educação Ambiental (EA) nas escolas é garantida pela legislação vigente, visando não apenas a disseminação do conhecimento, mas também o preparo adequado dos docentes. Nesse contexto, sob a orientação de instituições renomadas como a UNESCO, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Educação, foi elaborado o material intitulado “Vamos cuidar do Brasil. Conceitos e práticas sobre a Educação Ambiental na Escola”, abrangendo 245 páginas e distribuído em quatro capítulos. Este recurso é crucial para o ensino da EA, pois fornece diretrizes técnicas, estratégias de ensino e metodologias para a implementação interdisciplinar da EA (Brasil, Ministério da Educação. Departamento de Educação Ambiental, 2007).

A compreensão dos aspectos históricos relacionados à temática ambiental por parte dos educadores é essencial, uma vez que o reconhecimento e a análise dos desastres ambientais globais são cruciais para que os estudantes compreendam as consequências negativas do uso inadequado dos recursos naturais e seus impactos ambientais. Este embasamento teórico é o ponto de partida para o processo de conscientização ambiental (Andrade, D. F., 2000).

Além disso, a EA enfatiza a importância do contato direto com a natureza, através de atividades como visitas a parques florestais, reservas ambientais, zoológicos e palestras, fundamentais para a formação do conceito de meio ambiente e sua relevância para a sobrevivência humana (Conde, Ivo Batista, 2016). O desenvolvimento de projetos socioambientais é apontado como uma ferramenta indispensável para a EA, promovendo atividades engajadoras que envolvem estudantes, educadores e a comunidade em geral na temática ambiental, facilitando a socialização e a análise do conhecimento teórico adquirido e despertando a curiosidade dos estudantes, o que é benéfico para o processo de aprendizagem (Cachapuz, A. et al., 2005).

A EA deve ser aplicada de maneira integrada e contínua, destacando a importância da capacitação docente e do conhecimento sobre os aspectos culturais, tradições, costumes, educação indígena e quilombola, bem como legislação e gestão ambiental. Para que a temática ambiental seja efetivamente integrada ao currículo escolar, é crucial motivar os docentes por meio de cursos, palestras, recursos pedagógicos e acesso aos Parâmetros Curriculares Nacionais (Gadotti, M., 2005).

Nesse sentido:

a educação ambiental crítica é bastante complexa em seu entendimento de natureza, sociedade, ser humano e educação, exigindo amplo trânsito entre ciências (sociais ou naturais) e filosofia, dialogando e construindo pontes e saberes transdisciplinares. Implica igualmente o estabelecimento de movimento para agirmos-pensarmos sobre elementos micro (currículo, conteúdos, atividades extracurriculares, relação escola-comunidade, projeto político pedagógico etc.) e sobre aspectos macro (política educacional, política de formação de professores, relação educação-trabalho-mercado, diretrizes curriculares etc.), vinculando-os (UNESCO, 2007, p.68).

Conforme o trecho destacado, a Educação Ambiental (EA) é reconhecida por sua abrangência, abordando aspectos da sociedade, o papel humano no meio ambiente, o entendimento sobre a natureza e a capacidade analítica. Ela se desdobra em dimensões tanto micro quanto macro: a micro relaciona-se ao âmbito pedagógico, incluindo currículo, conteúdo e atividades extracurriculares, enquanto a macro abrange a formação docente, as diretrizes curriculares, as políticas educacionais, bem como a interação entre educação, trabalho e mercado.

É crucial destacar a interconexão desses elementos, sugerindo uma relação de complementaridade entre eles e com os processos educativos, culminando nas diretrizes e projetos voltados para o meio ambiente. Assim, espera-se que os educadores adotem uma postura crítica e atuem como mediadores do conhecimento, criando um ambiente educativo focado em práticas sustentáveis que ressaltem a relação harmoniosa entre seres humanos e o meio ambiente, considerando seus aspectos culturais, sociais e políticos.

Ainda, enfatiza-se a necessidade de adaptar a temática ambiental à realidade específica de cada instituição educacional, o que implica em realizar um levantamento das condições sociais, ambientais, econômicas e culturais. Isso envolve a integração com outras áreas do conhecimento, a manutenção de um diálogo constante para orientação, sensibilização e contextualização com todos os participantes, e, finalmente, a utilização de registros como ferramenta metodológica para acompanhar o progresso e avaliar se os objetivos foram atingidos ou precisam de ajustes.

Portanto, tais ações possibilitam que as escolas desenvolvam estratégias pedagógicas e projetos ambientais alinhados à realidade de seus alunos, alcançando resultados imediatos, de médio e longo prazo, conforme os objetivos e metas estabelecidos. A EA, portanto, não é vista meramente como uma disciplina isolada, mas como um elemento integrador que interage com outras disciplinas através de seus aspectos ambientais, sociais, culturais e políticos, demandando uma escola que se organize em torno de diálogos críticos e propositivos baseados na autonomia de ideias e práticas que se interligam de forma contínua (UNESCO, 2007).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados pelo Ministério da Educação e pela Secretaria de Educação Fundamental em 1997, constituem um marco referencial pedagógico significativo para as escolas públicas do Brasil, segundo Evaristo (2010). Estruturados em dez volumes, os PCNs abrangem desde uma introdução geral até temas específicos como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História e Geografia, Arte, Educação Física, além de apresentarem temas transversais e éticos, incluindo Meio Ambiente e Saúde, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual (Brasil, 1997).

Esses documentos refletem as propostas curriculares de Estados e Municípios brasileiros, análises curriculares oficiais realizadas pela Fundação Carlos Chagas, e experiências internacionais, fornecendo uma base sólida para o desenvolvimento de propostas pedagógicas (Evaristo, 2010). Notavelmente, os volumes dedicados ao Meio Ambiente e Saúde e à Pluralidade Cultural e Orientação Sexual destacam-se por sua abordagem transversal e multidisciplinar, enfatizando a ética, a diversidade cultural, a conscientização ambiental e a saúde, orientação sexual, trabalho e consumo. Estes são integrados ao contexto pedagógico, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, bem como para a sua inserção social (Brasil, 1997).

O foco no tema Meio Ambiente e Saúde visa promover a conscientização ambiental nas escolas, capacitando os estudantes a se tornarem cidadãos críticos e ativos frente aos desafios socioambientais. Correia (2017) argumenta que a Educação Ambiental (EA) deve transcender os limites escolares, transformando-se em uma prática disseminada pela comunidade escolar e pela sociedade de maneira interdisciplinar, estendendo-se do âmbito local ao global.

Contudo, a implementação efetiva da EA enfrenta desafios, particularmente devido à influência dos recursos tecnológicos, como as redes sociais e a internet, que podem afastar os jovens das questões ambientais. Além disso, a falta de engajamento familiar em relação aos problemas ambientais constitui um obstáculo adicional. Assim, destaca-se o papel vital das instituições educacionais na disseminação dos princípios de EA, com o objetivo de fomentar a consciência e a atuação crítica dos estudantes perante as questões ambientais (Brasil, 1997).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Este artigo adota uma abordagem qualitativa, para dissertar sobre o projeto “Harmonia Verde”, que foi concebido como uma intervenção educativa interdisciplinar, fruto da colaboração entre profissionais das áreas de Biologia e Educação Física, especificamente entre a autora deste artigo e a professora, Rosenilda Santana Hecher Rodrigues e foi desenvolvido com as turmas do Ensino Médio durante o 1º trimestre do ano letivo de 2023 (CEEFMTI Manoel Duarte da Cunha, localizada em Pedro Canário/ES).  Esta parceria foi fundamental para abordar a complexidade do tema proposto, que busca integrar Educação Ambiental e Paisagismo Sustentável de maneira prática e teórica, alinhada às competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A metodologia empregada no projeto segue uma abordagem qualitativa e participativa, fundamentada na pedagogia de projetos, que permite aos estudantes serem protagonistas de seu aprendizado, engajando-se ativamente na construção do conhecimento e na transformação de seu entorno (Hernández, 1998). Este enfoque metodológico é reforçado pela interdisciplinaridade e pela aprendizagem baseada em projetos, estratégias que têm demonstrado eficácia na promoção da consciência ambiental e no desenvolvimento de competências relacionadas à sustentabilidade (Thomas, 2000).

O projeto foi estruturado em um ciclo de atividades distribuídas ao longo de dez semanas (durante o ano de 2023), cada uma com objetivos específicos que contribuem para o objetivo geral do projeto. A sequência de atividades incluiu: (1) apresentação do projeto e seus objetivos por meio de slides; (2) orientações sobre criação e manutenção de blog; (3) visitas monitoradas a espaços públicos e residências; (4) coleta e análise de dados ambientais; (5) discussões teóricas e práticas sobre paisagismo sustentável; (6) desenvolvimento de um blog como ferramenta de disseminação do conhecimento adquirido; e (7) a culminância do projeto, que envolveu a apresentação dos resultados obtidos através de uma exposição.

A avaliação do projeto adotou um caráter formativo e contínuo que se refere a uma filosofia educacional que valoriza a aprendizagem como um processo dinâmico e constante, direcionado no desenvolvimento integral do indivíduo. Essa abordagem se contrapõe à visão tradicional de ensino, onde a avaliação se limita a momentos específicos e a mera memorização de conteúdos focando tanto no processo de aprendizagem quanto nos produtos gerados pelos alunos. Abordagem esta que está em consonância com as práticas avaliativas recomendadas pela BNCC, que enfatizam a importância de processos avaliativos que acompanhem e fomentem o desenvolvimento de competências e habilidades (Brasil, 2017).

4. RESULTADOS / DISCUSSÃO
4.1   Revitalização Urbana

No contexto do projeto “Harmonia Verde”, observou-se uma intervenção prática significativa na paisagem urbana através da participação ativa dos estudantes do Ensino Médio. Durante a terceira e quarta semana do projeto, estes jovens foram mobilizados para realizar visitas a diversos espaços públicos e residenciais. Essas incursões tiveram como objetivo principal a execução de atividades de revitalização e de promoção da consciência ambiental, evidenciando a aplicação direta de conceitos sustentáveis em um ambiente urbano.

Uma das práticas realizadas, consistiu na revitalização de bancos de madeira e mesas feitas de material reciclado (pneu e corda). Esta ação envolveu processos de pintura e restauração, servindo como uma demonstração prática da importância do reuso e da reciclagem, conforme pode ser visto a figura 01, a seguir.

Figura 1: Revitalização de mobiliário

Fonte: Acervo própio da Autora (2023)

Através deste trabalho, os estudantes não apenas aprenderam técnicas de conservação de mobiliário urbano, mas também contribuíram para a valorização estética e funcional dos objetos em uso no ambiente escolar. Este esforço de revitalização está profundamente alinhado com os princípios de sustentabilidade, mostrando a necessidade de reduzir o impacto ambiental através da extensão da vida útil dos objetos e promovendo a conservação de recursos (Lynch, 2011).

Em outra ação prática, a ênfase foi colocada no plantio de mudas doadas pelas famílias (comunidade escolar) e, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Pedro Canário/ES). Esta atividade destacou o papel crucial da vegetação na configuração de ambientes urbanos mais saudáveis e sustentáveis. Ao introduzir novas plantas no espaço urbano, os estudantes contribuíram para a melhoria da qualidade do ar, a redução das ilhas de calor e o enriquecimento da biodiversidade local (Nowak e Dwyer, 2007). Além disso, o contato direto com o solo e o processo de plantio ofereceram aos participantes uma oportunidade valiosa de se conectar com a natureza, promovendo uma compreensão mais profunda e um respeito renovado pelo ambiente (Capra, 1996).

Figura 2: Plantio de Mudas

Fonte: Acervo própio da Autora (2023)

Figura 3: Plantio de Mudas

Fonte: Acervo própio da Autora (2023)

Essas ações, realizadas no âmbito do projeto “Harmonia Verde”, não apenas exemplificam a implementação de práticas sustentáveis na vida cotidiana, mas também servem como uma ferramenta educacional eficaz. Ao engajar os estudantes, como sujeitos ativos e corresponsáveis em atividades práticas de revitalização e educação ambiental, o projeto fomenta uma conscientização crítica sobre as questões ambientais e incentiva a adoção de comportamentos sustentáveis. Esta abordagem prática à educação ambiental destaca a importância de iniciativas que integram teoria e prática, contribuindo significativamente para o desenvolvimento de uma consciência ambiental ativa e responsável entre os jovens, preparando-os para se tornarem cidadãos conscientes e proativos na promoção da sustentabilidade em suas comunidades.

4.2 Culminância do Projeto

A preparação para a culminância do projeto “Harmonia Verde” envolveu todos os estudantes que participaram de todas as etapas do projeto ao longo do 1º Semestre do ano letivo de 2023, foi além da mera exposição de trabalhos, constituindo-se como uma vitrine para as habilidades específicas e gerais desenvolvidas pelos estudantes. Neste evento, foi evidenciado o aprimoramento do pensamento crítico, da criatividade, da habilidade para o trabalho colaborativo e da consciência ecológica dos alunos. Essa iniciativa também promoveu a participação ativa da comunidade escolar, incentivando um diálogo produtivo acerca da sustentabilidade e das práticas ambientais conscientes, conforme ressaltado por Silva e Azevedo (2019), que salientam a importância da educação ambiental nas escolas como meio de desenvolver uma postura crítica e responsável perante o meio ambiente.

Nesse sentido, o projeto ressaltou que o evento de culminância não deve ser percebido como um fim em si mesmo, mas como uma oportunidade para enriquecer as experiências adquiridas ao longo das atividades propostas na eletiva. Essa abordagem pedagógica destaca a valorização do processo de aprendizado contínuo e a importância da reflexão sobre as ações e decisões tomadas durante o desenvolvimento do projeto.

Ao ofertar um espaço para que os estudantes compartilhassem suas experiências, a culminância contribuiu de maneira significativa para o fomento do protagonismo estudantil, estimulando uma atitude ativa e reflexiva diante dos desafios ambientais contemporâneos, em linha com as observações de Gomes e Rocha (2020), que apontam a relevância da construção do conhecimento participativo na educação ambiental.

5 . CONSIDERAÇÕES FINAIS / CONCLUSÃO

O projeto “Harmonia Verde” destacou-se no panorama educacional como uma abordagem pioneira e visionária, que investiga a interconexão entre o ser humano e o ambiente através de uma metodologia tanto prática quanto reflexiva. O presente estudo buscou analisar as dimensões e impactos dessa iniciativa, que, ao integrar a educação ambiental com o paisagismo sustentável, ofereceu aos alunos e à comunidade escolar uma compreensão ampliada sobre a reestruturação sustentável dos espaços urbanos e rurais. Tal projeto não apenas proporcionou aos envolvidos as ferramentas necessárias para o planejamento de espaços em harmonia com o ambiente natural, mas também promoveu um entendimento aprofundado sobre a conservação ambiental e a sustentabilidade.

Por meio das atividades desenvolvidas – que abrangeram desde o plantio de mudas até a revitalização de espaços utilizando materiais recicláveis, demonstrou a capacidade da educação ambiental de ultrapassar as barreiras convencionais da sala de aula, exercendo uma influência positiva sobre a comunidade em uma escala ampla. O engajamento dos estudantes nas diversas fases do projeto evidenciou um incremento notável na consciência ambiental, além do desenvolvimento de habilidades fundamentais, como o trabalho em equipe, liderança e o raciocínio crítico direcionado à solução de problemas ambientais.

A interação com a comunidade escolar ressaltou a habilidade do projeto de fomentar o engajamento comunitário, um elemento essencial para a adoção de práticas sustentáveis no dia a dia. As atividades executadas atuaram como um estímulo para o debate sobre sustentabilidade, incentivando iniciativas voltadas à conservação e ao respeito pelo ambiente. Essa metodologia prática e integrativa sublinha a relevância da educação ambiental como um alicerce para a edificação de uma sociedade mais consciente e responsável.

Nesse sentido, cabe concluir que o projeto “Harmonia Verde” cumpriu seu propósito de refletir sobre a relação do indivíduo com o ambiente, induzindo uma transformação positiva na percepção e no comportamento dos participantes no tocante à sustentabilidade. As experiências e o conhecimento adquiridos ao longo do projeto enfatizam a eficácia da integração entre educação ambiental e paisagismo sustentável como estratégia para promover a sustentabilidade ambiental.

REFERÊNCIAS

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[1] Educadora no Ensino Básico I e II, da Rede Estadual de Ensino no Município de Pedro Canário, Espírito Santo. Licenciada em Ciências Biológicas e Pedagogia. Especialista em Gestão, Supervisão e Inspeção Escolar e Educação Ambiental. Mestre em Ensino na Educação Básica (UFES), mamaekafe@gmail.com.