OS OBSTÁCULOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA REDE PÚBLICA E O PAPEL DA FORMAÇÃO DOCENTE

THE OBSTACLES OF INCLUSIVE EDUCATION IN PUBLIC SCHOOLS AND THE ROLE OF TEACHER TRAINING

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202501302103


Pedro Henrique Farias Vianna1; Rafael de Lima Erazo2; Anna Kleine Neves3; Marcio Harrison dos Santos Ferreira4; Vivian de Aparecida Oliveira Carreiro5; Nubia Paulo de Costa Andrade6; Walter Machado de Amorim7; Maria das Dores dos Santos Rocha8; Hiarles Dias dos Santos9; Talitha Munique Cibrão dos Santos Varela10; Sheila Sousa da Costa11; Eliane Gomes Araújo12; Thaynara de Moura Bezerra13; Juliana da Silva Marques14; Ivanildo Gomes da Silva15


Resumo

Este artigo aborda os desafios da educação inclusiva na rede pública brasileira, com ênfase no papel fundamental da formação docente para a superação de barreiras estruturais, pedagógicas e culturais. O problema investigado centra-se nas dificuldades enfrentadas por escolas públicas para implementar práticas inclusivas que garantam o pleno acesso e a permanência de estudantes com deficiência no ambiente escolar. A pesquisa justifica-se pela relevância do tema, considerando a necessidade de promover uma educação equitativa e alinhada aos princípios legais e éticos de inclusão social. O estudo tem como objetivo principal analisar os obstáculos enfrentados pela educação inclusiva na rede pública e discutir como a formação contínua de professores pode contribuir para a superação dessas dificuldades. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura, com a análise de 16 artigos publicados nos últimos 10 anos, todos em língua portuguesa, obtidos na plataforma Google Acadêmico. Os dados foram analisados qualitativamente, a partir da identificação de categorias temáticas relevantes. Os principais resultados revelam que a falta de recursos estruturais, a resistência cultural e as lacunas na capacitação docente são os maiores entraves para a inclusão escolar. Conclui-se que a formação docente desempenha um papel crucial na promoção de práticas inclusivas eficazes, sendo essencial o investimento em políticas públicas que priorizem a capacitação e o apoio aos professores. Este estudo contribui para a ampliação do debate acadêmico e a formulação de estratégias práticas voltadas para a inclusão educacional.

Palavras-chave: Educação Inclusiva, Rede Pública, Formação Docente.

1. INTRODUÇÃO

A educação inclusiva é um tema amplamente discutido no campo educacional, especialmente no que diz respeito à sua implementação na rede pública de ensino. Trata-se de um modelo pedagógico que busca garantir o acesso, a permanência e o aprendizado de estudantes com necessidades específicas, assegurando que todos sejam contemplados por práticas educacionais equitativas. Contudo, apesar de avanços legislativos e normativos, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), ainda persistem desafios significativos na consolidação de uma educação verdadeiramente inclusiva, evidenciando lacunas no preparo institucional e na formação docente.

A relevância desse tema é inquestionável, visto que a inclusão educacional não apenas reflete o compromisso social com os direitos humanos, mas também promove o fortalecimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Na academia, as discussões sobre educação inclusiva fomentam a produção de conhecimentos que orientam práticas pedagógicas e políticas públicas mais eficientes. Do ponto de vista social, a implementação efetiva desse modelo é um instrumento crucial para a redução de desigualdades históricas, permitindo a construção de oportunidades equitativas para pessoas com deficiência ou outras necessidades educacionais específicas.

Apesar da importância do tema, a realidade da rede pública de ensino no Brasil aponta para barreiras estruturais, culturais e pedagógicas que dificultam a materialização da inclusão educacional. Um dos principais obstáculos está relacionado à formação docente, que frequentemente carece de preparo adequado para lidar com as demandas da diversidade em sala de aula. Professores relatam dificuldades em compreender e aplicar estratégias pedagógicas inclusivas, enquanto as escolas enfrentam limitações em recursos humanos e materiais. Esse cenário compromete a eficácia das políticas de inclusão e reforça a necessidade de abordagens mais consistentes e contextualizadas.

A escolha do tema se justifica pela urgência em analisar os fatores que limitam o alcance da educação inclusiva na rede pública, destacando o papel central da formação docente nesse processo. A investigação se faz necessária não apenas para identificar os gargalos existentes, mas também para propor caminhos que potencializem a formação de educadores capacitados e engajados. Ao discutir a inter-relação entre obstáculos estruturais e a qualificação dos profissionais de ensino, este trabalho busca contribuir para o aprimoramento das práticas inclusivas no ambiente escolar.

O objetivo geral deste estudo é investigar os principais desafios enfrentados pela educação inclusiva na rede pública brasileira, com foco na formação docente como elemento estratégico para superar essas barreiras. Especificamente, busca-se compreender as limitações do preparo pedagógico atual, analisar as políticas de formação continuada e identificar práticas que possam promover uma atuação docente mais alinhada aos princípios da inclusão.

As contribuições deste trabalho abrangem diferentes dimensões. Do ponto de vista acadêmico e científico, a pesquisa pretende ampliar o debate sobre os desafios da educação inclusiva e fornecer subsídios para estudos futuros. Em termos práticos, espera-se que as discussões apresentadas possam orientar gestores escolares, formuladores de políticas públicas e educadores na construção de soluções mais eficazes para a promoção de uma escola pública verdadeiramente inclusiva e acessível a todos.

2. METODOLOGIA 

Este estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura, com o objetivo de investigar os principais obstáculos enfrentados pela educação inclusiva na rede pública e o papel da formação docente nesse contexto. Para a seleção da amostra, foram adotados critérios de inclusão que assegurassem a relevância e a atualidade dos materiais analisados. Assim, foram utilizados 16 artigos acadêmicos publicados nos últimos 10 anos, todos em língua portuguesa, garantindo maior proximidade com a realidade brasileira. A busca foi realizada exclusivamente na plataforma Google Acadêmico, empregando palavras-chave como “educação inclusiva”, “rede pública” e “formação docente”.

Os dados foram coletados por meio de uma análise sistemática dos trabalhos encontrados, selecionando aqueles que apresentavam contribuições significativas para a compreensão dos desafios e possibilidades da educação inclusiva. Os artigos escolhidos abordaram tanto aspectos teóricos quanto práticos, permitindo uma visão abrangente do tema. A análise dos dados foi realizada por meio de uma abordagem qualitativa, com ênfase na identificação de categorias temáticas recorrentes, como barreiras estruturais, pedagógicas e culturais, além do impacto da formação docente nas práticas inclusivas.

Quanto às considerações éticas, foram respeitados os direitos autorais dos trabalhos utilizados, citando devidamente os autores e as fontes consultadas. As limitações deste estudo incluem a restrição às publicações em língua portuguesa, o que pode ter excluído contribuições relevantes em outros idiomas, e a ausência de dados empíricos, já que o trabalho baseia-se exclusivamente em literatura. Essas limitações podem ter impactado a abrangência das análises, mas não comprometem os resultados obtidos, que contribuem significativamente para a compreensão do tema e para a proposição de futuras investigações.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Educação inclusiva e o direito à educação

De acordo com Paz e Silva (2024), a educação inclusiva é um direito fundamental que assegura a todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, intelectuais ou sociais, o acesso e a permanência em um ambiente escolar regular e de qualidade. Este direito, respaldado por legislações nacionais e internacionais, como a Declaração de Salamanca (1994), reforça o compromisso ético e social das instituições escolares em promover a igualdade de oportunidades e o respeito à diversidade. A educação inclusiva, nesse contexto, não é apenas um imperativo legal, mas uma necessidade para a construção de uma sociedade mais justa e democrática, que reconheça o valor das diferenças. Essa perspectiva desafia os sistemas educacionais a se reestruturarem para atender às demandas de uma população heterogênea.

Cerezuela e Mori (2016) argumentam que, embora existam avanços significativos nas legislações que regulamentam a educação inclusiva, ainda há uma distância considerável entre o que está previsto no papel e a realidade prática das escolas. A insuficiência de infraestrutura adequada, a falta de materiais didáticos adaptados e a ausência de profissionais qualificados são exemplos de desafios que precisam ser enfrentados para que a inclusão seja efetiva. Além disso, a implementação de políticas públicas inclusivas requer não apenas investimentos financeiros, mas também mudanças culturais que transformem a visão estigmatizada de deficiência em uma percepção positiva sobre a diversidade humana.

Para Silva e Barrios (2024), a educação inclusiva vai além da simples matrícula de alunos com deficiência na escola regular. Trata-se de criar condições para que esses estudantes participem ativamente do processo de aprendizagem, com o suporte necessário para desenvolverem seu potencial pleno. Essa perspectiva exige uma reconfiguração do ambiente escolar, tanto em termos pedagógicos quanto estruturais, de modo a proporcionar experiências significativas de aprendizagem para todos. Isso inclui o desenvolvimento de práticas pedagógicas centradas nos estudantes, respeitando suas individualidades e promovendo o senso de pertencimento.

Segundo Aragão (2023), a escola inclusiva deve ser um espaço acolhedor, que valorize a diversidade e promova a integração de todos os alunos, independentemente de suas condições. Essa visão implica repensar o papel da escola como promotora de cidadania e equidade, indo além da simples transmissão de conteúdos. Para alcançar esse objetivo, é essencial que as instituições educacionais adotem abordagens pedagógicas inovadoras e inclusivas, que sejam capazes de atender às necessidades individuais dos alunos sem comprometer a dinâmica coletiva. Isso contribui não apenas para o desenvolvimento acadêmico dos estudantes, mas também para a construção de uma sociedade mais igualitária e solidária.

3.2 A formação docente no contexto da educação inclusiva

Nogueira e Vieira (2020) destacam que a formação docente deve ser compreendida como um processo contínuo, reflexivo e integrado às demandas do contexto social e educacional. Para que os professores possam atuar de maneira eficaz na educação inclusiva, é necessário que adquiram conhecimentos técnicos e desenvolvam habilidades práticas para atender à diversidade em sala de aula. Essa formação deve ir além da teoria, promovendo um espaço de reflexão crítica sobre os desafios e as potencialidades da inclusão escolar. A preparação adequada dos professores é um elemento-chave para a transformação das práticas pedagógicas, tornando-as mais humanas e sensíveis às necessidades dos alunos.

Macenhan, Tozetto e Brandt (2016) ressaltam que os saberes docentes são construídos ao longo da vida, por meio da interação entre a prática pedagógica, a experiência profissional e o contexto social. Dessa forma, a formação docente em educação inclusiva não pode se restringir a cursos isolados ou eventos pontuais, mas deve ser parte de um processo sistemático e contínuo que integre a vivência dos professores e os desafios do cotidiano escolar. É essencial que os programas de formação considerem as realidades específicas de cada escola, promovendo uma abordagem personalizada e prática que fortaleça a capacidade dos professores de lidar com a diversidade.

Rosin-Pinola e Del Prette (2014) afirmam que uma formação docente eficaz para a inclusão escolar precisa combinar teoria e prática, permitindo que os educadores compreendam os princípios da inclusão e desenvolvam estratégias pedagógicas adaptadas a diferentes contextos. Além disso, o autor destaca a importância da colaboração entre os professores e demais membros da comunidade escolar, para que a troca de experiências e conhecimentos enriqueça o processo formativo. Essa abordagem colaborativa é fundamental para fortalecer a prática pedagógica e assegurar que os professores estejam preparados para atender às demandas da inclusão.

Costa (2015) argumenta que superar os modelos tradicionais de formação docente é essencial para preparar os professores para os desafios da educação inclusiva. A formação deve adotar uma abordagem integrada, que considere os aspectos sociais, culturais e emocionais do processo de ensino-aprendizagem. Isso inclui o desenvolvimento de competências específicas para lidar com a diversidade, como a empatia, a criatividade e a capacidade de inovar na prática pedagógica. Dessa forma, os programas de formação podem contribuir para a construção de uma educação inclusiva de qualidade, que valorize a diversidade e promova a equidade.

3.3 Desafios estruturais e pedagógicos da educação inclusiva

Para Cruz et al. (2024), os desafios da educação inclusiva incluem não apenas a adaptação física das escolas, mas também a implementação de práticas pedagógicas capazes de atender à diversidade. A ausência de recursos didáticos específicos, como materiais adaptados e tecnologias assistivas, frequentemente compromete a qualidade da aprendizagem de alunos com deficiência. Além disso, a formação insuficiente de professores em relação à inclusão reforça barreiras que dificultam a implementação de uma educação verdadeiramente inclusiva. Esses fatores evidenciam a necessidade de políticas públicas mais eficazes, que articulem os aspectos estruturais e pedagógicos de forma integrada.

Segundo Xavier e Fróes (2024), um dos principais obstáculos enfrentados pela educação inclusiva é a falta de recursos financeiros adequados para garantir a acessibilidade e a qualidade do ensino. Muitas escolas ainda operam com infraestrutura precária, sem rampas de acesso, banheiros adaptados ou espaços multifuncionais que favoreçam a inclusão. Além disso, a inexistência de equipes multidisciplinares em muitas redes públicas limita o apoio necessário aos professores e alunos. A superação desses desafios requer um compromisso governamental mais sólido, que priorize investimentos estratégicos e contínuos na área educacional.

Santos e Tavares (2016) enfatizam que os desafios da inclusão também estão ligados à resistência cultural, tanto por parte de gestores escolares quanto de famílias e até mesmo da sociedade em geral. Muitos ainda enxergam a inclusão como uma concessão, e não como um direito, o que dificulta o engajamento coletivo para transformar a escola em um ambiente acolhedor. Essa resistência cultural, somada à falta de preparo técnico e pedagógico, cria um ambiente de exclusão disfarçada, onde as diferenças não são valorizadas. Portanto, é urgente promover campanhas de conscientização e capacitação para reverter esse cenário.

Conforme Ribeiro (2017), a articulação entre políticas públicas e práticas pedagógicas é essencial para superar os desafios da inclusão escolar. No entanto, essa integração nem sempre acontece de maneira efetiva, o que gera inconsistências e lacunas no atendimento às necessidades dos alunos. Um exemplo disso é a ausência de monitoramento e avaliação contínuos das políticas educacionais, que inviabiliza ajustes necessários para garantir sua eficácia. Dessa forma, a inclusão ainda se mantém como um ideal distante em muitos contextos escolares, exigindo esforços coletivos para transformar a realidade.

3.4 O papel da escola e da gestão educacional na inclusão

De acordo com Faial et al. (2016), a escola é um espaço social estratégico para a promoção da inclusão, pois exerce um papel central na formação de cidadãos críticos e participativos. Para que a escola cumpra essa função, é necessário que a gestão educacional esteja comprometida com a implementação de práticas inclusivas, desde o planejamento curricular até a alocação de recursos. A liderança da gestão escolar pode criar condições favoráveis para que professores e alunos atuem de maneira colaborativa, promovendo um ambiente de aprendizagem que valorize a diversidade.

Gomes (2023) ressalta que a gestão educacional desempenha um papel essencial na construção de uma cultura inclusiva, incentivando práticas pedagógicas inovadoras e sensíveis às necessidades dos alunos. Para isso, os gestores devem promover ações que fortaleçam a formação contínua dos professores, além de garantir a acessibilidade física e pedagógica das escolas. Essa abordagem integrada não apenas potencializa o aprendizado dos alunos, mas também transforma a escola em um espaço democrático, onde todos se sintam respeitados e acolhidos.

Para Reinehr e Ripa (2022), o papel da gestão escolar vai além da organização administrativa, abrangendo também a liderança pedagógica. O gestor escolar deve atuar como um mediador entre as demandas da comunidade e as políticas públicas de inclusão, assegurando que as estratégias educacionais sejam implementadas de forma efetiva. Além disso, é fundamental que a gestão incentive a participação de toda a comunidade escolar, incluindo pais, professores e alunos, na construção de um projeto pedagógico inclusivo. Esse engajamento coletivo é crucial para superar as barreiras que limitam a inclusão.

Santana (2015) aponta que a gestão escolar inclusiva deve ser pautada por princípios éticos e democráticos, que promovam a equidade e o respeito às diferenças. Para isso, os gestores precisam adotar práticas de planejamento estratégico, que contemplem ações de curto, médio e longo prazo para a inclusão. Além disso, a avaliação contínua das práticas inclusivas permite identificar pontos de melhoria e ajustar as estratégias, garantindo que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. Esse compromisso ético e técnico da gestão educacional é um pilar indispensável para a construção de escolas verdadeiramente inclusivas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida abordou os obstáculos da educação inclusiva na rede pública e o papel crucial da formação docente nesse contexto. Por meio de uma revisão de literatura, foi possível identificar os principais desafios estruturais, pedagógicos e culturais que impactam a efetivação de uma educação inclusiva, assim como analisar a relevância da capacitação contínua dos professores para a superação dessas barreiras. O objetivo principal de investigar os entraves da inclusão e destacar a importância da formação docente foi atingido, evidenciando a complexidade e as múltiplas dimensões do tema.

Os resultados apresentados ao longo do trabalho confirmam que a educação inclusiva ainda enfrenta entraves significativos na rede pública, especialmente pela falta de investimentos adequados, resistência cultural e lacunas na formação docente. A pesquisa revelou que, apesar dos avanços em políticas públicas voltadas para a inclusão, ainda há uma distância considerável entre a teoria e a prática, limitando o pleno acesso e permanência de estudantes com deficiência em ambientes escolares inclusivos. A formação docente emerge como um dos fatores mais determinantes para a transformação desse cenário, reafirmando a necessidade de estratégias pedagógicas inclusivas e contextualizadas.

Ao analisar o problema proposto, ficou evidente que as dificuldades estruturais e a resistência cultural são desafios prioritários a serem enfrentados. A falta de acessibilidade, tanto física quanto pedagógica, e a escassez de recursos específicos dificultam a prática inclusiva, enquanto o preconceito e a falta de conscientização reforçam as barreiras culturais. No entanto, também foi identificado que a capacitação docente, quando bem planejada e contínua, pode atuar como um catalisador para mudanças significativas, promovendo uma cultura escolar que valorize a diversidade e a equidade.

Apesar dos resultados relevantes, esta pesquisa apresenta limitações que devem ser reconhecidas. O estudo se baseou exclusivamente em revisão de literatura, o que restringiu a possibilidade de apresentar dados empíricos para corroborar as análises teóricas. Além disso, a ausência de investigações específicas sobre as realidades regionais pode ter limitado a compreensão de particularidades locais que afetam a educação inclusiva. Essas limitações, embora relevantes, não comprometem a validade do trabalho, mas indicam caminhos importantes para futuras pesquisas.

Para pesquisas futuras, sugere-se a realização de estudos empíricos que analisem a efetividade das políticas públicas inclusivas em contextos regionais e locais. A coleta de dados diretamente com gestores escolares, professores, estudantes e famílias pode trazer contribuições valiosas para entender as especificidades e as adaptações necessárias em diferentes realidades. Além disso, investigar a relação entre a formação inicial e continuada dos professores e os resultados práticos da inclusão em sala de aula seria um importante avanço para o campo.

Em termos de implicações práticas, recomenda-se que as redes públicas de ensino invistam prioritariamente na formação contínua de professores, promovendo programas que abordem estratégias pedagógicas inclusivas e o uso de tecnologias assistivas. Outro ponto crucial é o fortalecimento de campanhas de conscientização para a comunidade escolar, visando reduzir preconceitos e incentivar o engajamento de todos na construção de uma escola mais inclusiva. A implementação de equipes multidisciplinares e o aumento do financiamento público também são ações imprescindíveis para enfrentar os desafios estruturais e pedagógicos.

Além disso, o papel da gestão escolar deve ser amplamente valorizado como elemento central para a implementação da educação inclusiva. A liderança comprometida e bem informada tem o potencial de articular políticas, recursos e práticas que favoreçam a inclusão, criando um ambiente acolhedor e equitativo para todos os alunos. As escolas devem se tornar espaços de transformação social, comprometidos com a valorização das diferenças e a promoção da justiça social.

Este estudo destaca a necessidade de uma abordagem integrada e sistêmica para a educação inclusiva na rede pública. Superar os obstáculos identificados requer esforços conjuntos entre governos, escolas, professores e a sociedade em geral. A formação docente, como elemento central dessa transformação, deve ser planejada de maneira estratégica e contínua, contribuindo para a construção de uma educação que, de fato, seja acessível e de qualidade para todos. Somente assim será possível avançar em direção a uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

REFERÊNCIAS

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 1Mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Universidade Federal de Roraima, pedrofanna@gmail.com;
 2Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Universidade Federal do Amazonas, rafael_erazo2000@yahoo.com.br;
 3Doutoranda em Ciências Jurídicas, Universidade do Vale do Itajaí, annakneves@yahoo.com.br;
 4Doutorando em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial, Instituto Federal do Piaui, marcio.harrison@gmail.com;
 5Mestra em Letras e Literatura, Universidade Federal de Roraima, viviaoc28@hotmail.com;
 6Mestra em Ensino das Ciências, Instituto Federal de Roraima, anubia2903@gmail.com;
 7Mestrando em Ciências da Educação, Ivy Enber Christian University, walte20@hotmail.com;
 8Mestranda em Ciências da Educação, Ivy Enber Christian University, mary08.santos@gmail.com;
 9Mestranda em Ciências da Educação, Ivy Enber Christian University, hiarlessantos28@gmail.com;
 10Mestranda em Ciências da Educação, Ivy Enber Christian University, talithacibrao@gmail.com;
 11Especialista em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino, Instituto Federal de Roraima, sheila.sousa.costa@hotmail.com;
 12Especialista em Educação Especial, Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Boa Vista, eliane.g.araujo3@gmail.com;
 13Licenciada em Educação Física, Instituto de Ensino Superior Franciscano, tsimons_@hotmail.com;
 14Licenciada em Educação Física, Instituto Federal de Roraima, marquesjulianarr@hotmail.com;
 15Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Centro Universitário Leonardo da Vinci, ivanildo99gomes@gmail.com