THE IMPACTS OF PATERNAL ABSENCE ON CHILDREN’S EMOTIONAL DEVELOPMENT: A PSYCHOANALYTIC VIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202412091220
Larissa Almeida Sousa¹
Tailoane Cassio Resende²
Vitória Amanda Alves Lima³
Monique Joana D’arc Alves Garcia⁴
RESUMO
Introdução: A figura paterna na formação do indivíduo é um tema de grande relevância no campo da psicologia, especialmente sob a ótica psicanalítica. Uma vez que esta figura desempenha um papel crucial na formação da identidade, no desenvolvimento emocional e na estruturação psíquica dos filhos, e a ausência desta também pode impactar significativamente a vida dos indivíduos. Diversos estudos e teorias psicanalíticas abordam as consequências da ausência do pai, evidenciando como essa lacuna pode afetar profundamente o desenvolvimento emocional das crianças e ainda ilustra a complexidade dos impactos da ausência paterna no desenvolvimento emocional dos filhos, destacando a importância da figura paterna no processo de construção da identidade, na estruturação psíquica e no estabelecimento de relações interpessoais saudáveis. Resultados e discussões: Pode-se evidenciar que a ausência da figura paterna tem afetado significativamente todas as fases do desenvolvimento humano, desde a infância até a vida adulta, sendo necessário que a criança se desenvolva em um ambiente seguro e confiável. Conclusão: Considerando os dados obtidos foi possível observar que a ausência paterna pode influenciar de forma negativa na vida do indivíduo, ou seja, fazendo com que ele cresça com sentimentos de desvalorização, abandono, insegurança e baixa autoestima.
Palavras chave: Ausência paterna, Desenvolvimento, Emocional, Filhos.
ABSTRACT
Introduction: The paternal figure in the formation of the individual is a highly relevant topic in the field of psychology, especially from a psychoanalytic perspective. This figure plays a crucial role in the formation of identity, emotional development and psychic structuring of children, and its absence can also significantly impact the lives of individuals. Several studies and psychoanalytic theories address the consequences of the absence of the father, evidencing how this gap can profoundly affect the emotional development of children and also illustrates the complexity of the impacts of the absence of the father on the emotional development of children, highlighting the importance of the father figure in the process of identity construction, psychic structuring and the establishment of healthy interpersonal relationships. Results and discussions: It can be seen that the absence of the father figure has significantly affected all phases of human development, from childhood to adulthood, and that it is necessary for the child to develop in a safe and reliable environment. Conclusion: Considering the data obtained, it was possible to observe that the absence of the father can negatively influence the life of the individual, that is, causing him to grow up with feelings of devaluation, abandonment, insecurity and low self-esteem.
Keywords: Absence paternal, Development, Emotional, Children.
INTRODUÇÃO
A ausência da figura paterna e seus impactos no desenvolvimento emocional dos filhos são temas de grande relevância na psicologia, especialmente sob a perspectiva psicanalítica. De acordo com a teoria psicanalítica, desenvolvida por Sigmund Freud e posteriormente expandida por outros psicanalistas, a presença do pai desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional da criança desde os estágios iniciais da vida (BENCZIK, 2011).
Ainda segundo Benczik (2011), a relação pai-filho é vista como fundamental para a estruturação psíquica da criança, influenciando diretamente sua identidade, autoestima e capacidade de lidar com as demandas sociais e emocionais. O complexo de Édipo, por exemplo, descreve um estágio no desenvolvimento infantil onde a criança desenvolve sentimentos de identificação e amor pelo genitor do sexo oposto e rivalidade ou hostilidade em relação ao genitor do mesmo sexo. A resolução saudável deste conflito envolve a identificação com o pai, o que contribui para o desenvolvimento da identidade e do superego.
Antes de falarmos sobre a ausência paterna é válido destacar a importância da influência da figura do pai na vida do filho. Pois é através do vínculo criado entre pai e filho, que passa a existir uma facilidade no desenvolvimento social e cognitivo do indivíduo em desenvolvimento, auxiliando no processo de inclusão e adaptação, ou seja, colaborando com a interação nos relacionamentos do sujeito (EIZIRIK, 2004).
Pode-se afirmar que, o indivíduo que cresce em um lar com pais afetivos dos quais pode contar com o apoio e proteção, desenvolve estruturas psíquicas fortes e seguras, na qual lhe ajudarão a lidar com as dificuldades. O desenvolvimento do indivíduo pode ser influenciado pela estrutura familiar que ele se encontra (BENCZIK, 2011).
Podemos ver que existem os benefícios da presença paterna, mas quando se trata da ausência existem os malefícios, um deles são as dificuldades nos relacionamentos, o abandono gera sentimentos de menos valia, insegurança e baixa autoestima, sendo assim os filhos que crescem com esses sentimentos ao entrar em um relacionamento podem depositar suas inseguranças no parceiro(a) ou buscar no mesmo a afetividade paterna (BENCZIK, 2011).
De acordo com Trapp e Andrade (2017, p. 48), “as crianças com pais ausentes, especialmente as do sexo masculino, podem não aprender a se submeter a uma figura de autoridade, e como resultado disso podem se tornar rebeldes e adeptos da violação das regras”. Levando os fatos em consideração, é possível observar também que os filhos que crescem com esse trauma do abandono podem manifestar sentimento de culpa e melancolia ou até mesmo ter comportamentos mais agressivos e violentos. Entre as diversas formas de se relacionar dentro da teoria psicanalítica, a relação da figura paterna tem uma grande relevância na vida da criança, portanto, a ausência total ou parcial pode ocasionar em vários aspectos negativos. Afinal, através da estrutura familiar o indivíduo vivenciará uma série de experiências em relação ao afeto e suas emoções, no qual ele irá desenvolver durante o ciclo da vida.
Portanto, compreender os impactos da ausência paterna no desenvolvimento emocional dos filhos é essencial para desenvolver estratégias de intervenção que ajudem as crianças a superar os desafios associados a essa falta e promover um desenvolvimento emocional saudável ao longo de suas vidas (EIZIRIK e BERGMANN, 2004).
Ainda de acordo com Eizirik e Bergmann (2004), a ausência paterna é um fenômeno complexo que pode ter repercussões significativas no desenvolvimento emocional das crianças, tanto durante a infância quanto ao longo de suas vidas. Na seção adiante, discutiremos diferentes aspectos dessa temática com base em estudos e teorias relevantes, que abordam desde a influência da ausência paterna desde a infância até seus impactos na saúde mental e nas relações interpessoais dos filhos.
A função paterna a partir de um viés psicanalítico
Benczik (2011) aponta que, quando se pensa sobre os encargos paternos, é notória sua relevância, no entanto não temos ideia do quão importante torna-se para o desenvolvimento dos filhos. Esse entrosamento entre pais e filhos é um fator decisivo para o desenvolvimento cognitivo e social dessas crianças, favorecendo a capacidade de aprendizagem e a inserção da criança no meio social. Quando falamos desses impactos na vida adulta, as representações dessa vivência ajuntam-se às diversas perspectivas de construção psicoafetiva, com sequelas nas relações sociais.
Para Benczik (2011 apud, 1991), a figura paterna representa a possibilidade da estabilidade, pensada como um regulador da capacidade da criança lançar-se para o mundo real. A necessidade do pai no processo de desenvolvimento, ocorre entre os seis e doze meses, período em que a criança se vê enquadrada no triângulo edípico, denominado organização genital precoce e na adolescência, quando a maturidade genital obriga esse indivíduo a fixar seu papel na procriação, havendo assim, uma mobilidade mais intensa na adolescência para que o filho atinja maior autossuficiência.
De acordo com Eizirik (2004), as pesquisas científicas indicam e fundamentam a função da figura paterna no desenvolvimento e no psiquismo infantil. É pressuposto da teoria psicanalítica a função estruturante do pai, a partir da implantação do complexo de Édipo. No arranjo familiar, o sujeito se constrói e sai do estado de natureza para ingressar na sociedade.
Pensando nisso, é possível observarmos o quanto a interação pai-filho é primordial para a estruturação psíquica do indivíduo, e como isso remete em tantas extensões desse desenvolvimento. Apesar disso, a presença do pai no período de seis e doze meses não é tão evidenciado nas literaturas como o papel da mãe por exemplo, mesmo que o contato corporal entre o pai e o bebê diariamente, é referência de organização psíquica, devido seu papel de estruturação para o desenvolvimento saudável do ego (GOMES e RESENDE, 2004 apud ABERASTURY, 1991).
A partir do segundo ano da criança, a função paterna tem ainda mais destaque quando comparado aos primeiros doze meses de vida, pois nesse período, já existe a imagem pai e mãe, nessa fase a figura paterna fica mais evidenciada e possui o papel de apoiar no desenvolvimento social da criança, ajudando nas barreiras peculiares a esta fase e no desapego necessário da criança aos costumes da situação familiar impostos e conservados pela mãe (BENCZIK 2011 apud ABERASTURY, 1991).
O pai então aparece como o terceiro imprescindível para que a criança elabore a perda da relação inicial com a mãe, sendo que a criança necessita do pai para desprender-se da mãe e, ao mesmo tempo, também necessita de um pai e de uma mãe para satisfazer, por identificação, sua bissexualidade. O pai passa a representar um princípio de realidade e de ordem na família, e a criança sente que ela não é mais a única a compartilhar a atenção da mãe (MUZA, 1998, p. 143-150).
De acordo com o autor (BENCZIK, 2011 apud CAVALCANTE, 1995), apoiado pela teoria, afirma que o arquétipo do pai, vivenciado através da encarnação no pai real, é o símbolo que proporciona a estruturação psíquica da criança e lhe possibilita abrir-se para a perspectiva de novas alternativas. Assim, a identificação da criança com o universo de seu pai, se dá por meio da experiência da interligação, quando ele aparece como suspenso na relação urobórica, entre mãe e filho, sua presença marca, simbolicamente, a dinâmica de rompimento desta fase.
É fato de que a presença de ambos os pais é o que concede à criança viver de maneira mais comum o processo de identificação e diferenciação, e quando há a falta de algum, acontece a sobrecarga do outro, causando assim, um desequilíbrio que gera prejuízos significativos na personalidade da criança (EIZIRICK e BERGMANN, 2004 apud FERRARI, 1999).
Seguindo a perspectiva dos autores (GOMES e RESENDE, 2004) podemos ver que a responsabilidade paterna em um olhar histórico, tem seu início no papel do pai sendo o provedor da casa, aquele que sai para trabalhar todos os dias, mas é notória a mudança que ocorre nos dias de hoje onde a mulher/mãe também trabalha para levar o sustento para casa, o que acaba dando ao pai uma oportunidade de abranger seu papel e consequentemente passando a ter mais responsabilidades que vão além do financeiro.
Adotar formas alternativas de convivência familiar torna-se, cada vez mais, prática frequente em nossa sociedade. Criam-se espaços para a manifestação diferenciada da paternidade. Se, de um lado, exigências sociais operam pulverizando a figura do provedor, de outro, as famílias buscam se organizar, formando casais de dupla renda ou de dupla carreira. Emerge então nova figura paterna, não mais ancorada no poder econômico (GOMES e RESENDE, 2004 apud, MONTEIRO, 2001; SOUZA, 1994).
Para a autora Fuller (2000) o ato de assumir um filho, se tornando responsável por ele, há um dilema para o pai pois o mesmo teria que renunciar uma parte de sua autonomia pessoal, sendo necessário assumir-se como homem, dar sustento material, social e moral, tendo maior participação e autoridade sobre seu filho.
De acordo com as autoras (MOREIRA 2013), é esperado que esse pai coloque limites e exerça sua autoridade, ajudando assim a compreensão desse filho sobre o conjunto de normas gerais da sociedade para que seja um cidadão adequado perante as leis e também o auxilie na sua formação psíquica, para que o mesmo se desenvolva e se constitua e assim o pai realizará o necessário das suas responsabilidades perante seu filho.
Conforme diz Pillegi e Munhoz (2010), quando uma das figuras deste conjunto não é respeitada, a relação familiar é afetada diretamente, desestruturando toda a família, atingindo, como consequência também, o meio social. Um exemplo disso seria o pai complacente que possibilita as atitudes inconvenientes de seu filho, faz com que este não desenvolva conhecimento de seus limites, este filho provavelmente desenvolverá dificuldades para ser aceito pelo meio em que está inserido justamente por não ter conhecimento de até onde pode chegar com os outros, tornando-se assim, uma pessoa inconveniente e indesejável.
É função paterna notar as várias situações que seus filhos vivenciam e usar sua autoridade para ensinar aos filhos as limitações necessárias, que irá proporcionar uma boa convivência no meio familiar e no meio social. Também se confere a função paterna, a transmissão de um coro de valores e a educação dos filhos numa perspectiva de trajetória de vida. Essas atitudes exigem disciplina, quanto mais a família vivenciar um coro de regras e limites cristalinos entre as figuras paterna e materna, maiores são as chances de a educação dos filhos ser bem-sucedida. É importante destacar também, que os pais devem ser amigos e confidentes de seus filhos, sem deixar de ser os pais deles (PILLEGI e MUNHOZ, 2010).
Como já vimos anteriormente o autor (BENCZIK, 2011 apud MUZA, 1998), o pai empreende um papel crucial na vida dos filhos, principalmente na triangulação pai-mãe-filho. Outro momento em que o papel paterno é crucial para o desenvolvimento dos filhos é a entrada na adolescência, quando acontece a maturação genital, que “obriga” o indivíduo a estabelecer seu papel na procriação
A importância da presença paterna para o desenvolvimento humano
Ao falarmos sobre a importância da presença paterna os autores Ogaki e Sei (2015) nos mostram através das ideias de Winnicott, que no início da vida do filho, o pai pode não ter um grande papel direto nos cuidados do filho, mas tem sua função para que esses cuidados possam ocorrer, assegurando esse ambiente considerando tão importante no desenvolvimento da criança.
Conforme diz Alencar e Moraes (2017) a possibilidade de a figura materna exercer adequadamente seu papel está ligada a forma com que o pai exercerá o seu. Diante disso podemos refletir que além da presença paterna influenciar na vida do filho, pode atingir também a mãe, portanto se faz necessário que essa estrutura familiar seja fortalecida desde o início.
Para os autores Pillegi e Munhoz (2010), com a vinda do primeiro filho, na formação da família, surgem as mudanças e as relações serão outras, pois agora a organização se dá para acolher o filho, momento em que às funções do casal conjugal se acrescem às funções do casal parental, os papéis serão replanejados.
Compreender que o filho ao crescer precisa de meios para se socializar com os demais é uma das funções dos pais (mãe e pai), para tanto precisam passar regras, bases que possibilitam os filhos viver em sociedade, oferecendo a oportunidade de crescer e se desenvolver com autonomia. Entendemos que crescer com autonomia é criar um campo propício e facilitador para os filhos fazerem suas escolhas, reconhecendo-as e valorizando-as, sem deixar de assinalar e exigir que respeitem os limites nas relações com o outro. Somente assim, poderão mostrar que suas atitudes têm consequências não só para si, mas para todos que vivem ao seu redor, seja qual for o meio que pertença (PILLEGI e MUNHOZ, 2010, p.1-14).
O apoio da função paterna garante à criança um ambiente seguro e confiável, no qual pode aprender a se expressar e fazer suas explorações sabendo que há um olhar atento que provê os cuidados necessários (OGAKI e SEI, 2015).
Segundo Costa e Oliveira (2018) é através do vínculo com o filho que o pai facilita o desenvolvimento social e cognitivo do mesmo, e o auxilia no processo de inclusão e adaptação com o meio social. De acordo com esse fato podemos observar que, se não houver essa presença paterna, o filho pode apresentar fragilidade até mesmo em sua socialização.
No processo da passagem da infância para a adolescência o adolescente pode encontrar dificuldades na composição familiar e a necessidade de ser percebido como sujeito. Na perspectiva de Benczik (2011) esse jovem precisa do apoio, segurança e estabelecimento de valores que o pai pode e deve transmitir. O autor também evidencia que esse jovem procura no pai um modelo para criar uma identificação, caso esse modelo não seja ocupado pelo pai será ocupado por outro que pode ser um modelo não saudável.
Damiani e Colossi (2015) afirma que é importante salientar ainda o fato de que podem existir diferenças no impacto da ausência paterna para o desenvolvimento dos adolescentes, conforme os recursos emocionais individuais, o manejo dos membros da família e a presença de uma rede de apoio social com a qual eles possam contar, a fim de minimizar os efeitos adversos dessa condição familiar. Neste sentido percebemos que a ausência é extremamente prejudicial na fase da adolescência, portanto é importante o apoio de outros familiares, em que muitas vezes sobrecarrega mais a figura materna que presta mais apoio sozinha, sem a presença paterna.
Os resultados de uma pesquisa desenvolvida por Damiani e Colossi (2015) realizada com adultos mostra que a grande maioria que cresceram sem a presença do pai e com carência afetiva, demonstram alguns sentimentos como desvalorização, abandono, insegurança, baixa autoestima. Nesta mesma pesquisa é evidenciado pontos importantes como cada indivíduo sente de uma forma distinta durante o decorrer da sua vida essa ausência paterna e um outro ponto é a forma como o indivíduo pode de certa forma superar esse abandono, que seria com a ajuda de recursos emocionais da mãe e da rede de apoio de forma acolhedora e o manejo familiar.
Benczik (2011) afirma que se uma pessoa cresce em um bom lar ao lado de pais afetivos dos quais pode contar com apoio incondicional, conforto e proteção, consegue desenvolver estruturas psíquicas suficientemente fortes e seguras para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. Ao refletirmos sobre essa afirmação, observamos que o desenvolvimento do indivíduo será influenciado pela estrutura familiar no qual o sujeito se encontra.
As representações inconscientes na vida dos indivíduos pelo abandono da figura paterna
Desde a infância, a presença ativa do pai desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional da criança. (Damiani e Colossi, 2015 apud Lebovici,1987) destaca que se a criança consegue contar com pais afetivos que lhe proporcionem apoio, conforto e proteção ela é capaz de desenvolver estruturas psíquicas suficientemente seguras para enfrentar as dificuldades da vida.
Segundo Campos (2023) sem a presença física ou afetiva do pai, pode causar diversas consequências, como interferências no desenvolvimento psicológico e cognitivo, dificuldades no reconhecimento de limites e de regras sociais, baixa autoestima, além de sentimento de culpa, tristeza, melancolia, agressividade e violência. Podemos observar que o prejuízo causado é grande, pois afeta o emocional de maneira geral, estendendo essas consequências até a vida adulta.
Pesquisas conduzidas por Damiani e Colossi (2015) revelaram que adultos que cresceram sem a presença paterna frequentemente apresentam sentimentos de abandono e baixa autoestima, ressaltando a importância do manejo familiar e da rede de apoio emocional no enfrentamento dessa ausência.
Segundo Lima (2012), às mulheres que vivenciam a experiência de terem sido abandonadas pela figura paterna, muitas vezes se engajam em relacionamentos amorosos que parecem ter a função de preencher as lacunas afetivas deixadas pelos pais ausentes. Diante disso observamos que muitos desses relacionamentos tendem a ser conflituosos, por buscarem em seus parceiros afeto paterno.
É interessante citar que isso não acontece somente com as mulheres, afinal os indivíduos de forma geral podem sim ter dificuldades de se relacionar devido a ausência paterna. O abandono gera sentimentos de menos valia, insegurança e baixa autoestima, oriundos de uma sensação de rejeição por quem deveria oferecer amor e cuidado (BENETTI e INADA 2018 apud SGANZERLA e LEVANDOWSKI, 2010; , 2012).
De acordo com Alencar e Moraes (2017) dentre as diversas formas de se relacionar dentro da teoria psicanalítica, a relação da figura paterna tem um grande impacto na vida e no desenvolvimento da criança, portanto, a ausência total ou parcial desta figura pode desencadear diversos aspectos negativos. Diante desse fato, os aspectos negativos podem estar ligados às fragilidades no desenvolvimento psíquico.
Benetti e Inada (2018) afirma que o abandono paterno como visto, pode ser caracterizado como trauma, uma vez que é um evento de forte impacto à vida psíquica do sujeito que o vivencia. Neste sentido podemos citar que Winnicott (1949) também considera esse fato como uma experiência traumática, por causar dificuldade de vinculação nas relações, principalmente nas amorosas (BENETTI e INADA, 2018 apud SGANZERLA e LEVANDOWSKI, 2010; LIMA, 2012).
Conforme relata Trapp e Andrade (2017) as experiências vivenciadas pela criança ou adolescente, tanto no contexto, quanto nos outros ambientes nos quais ele está inserido, contribuem diretamente para a sua formação enquanto adulto. Afinal, é através da estrutura familiar que o indivíduo passará por uma série de experiências em relação ao afeto e suas emoções, que vão gerar aprendizados a serem desenvolvidos durante o ciclo da vida.
Seguindo na visão do autor Benczik (2011) o autor evidencia que a presença do pai de forma ativa na vida da criança, auxilia para que a mesma consiga desenvolver de forma adequada e significativa a autoestima, e àquela criança que sofre a ausência paterna acaba por não conseguir se desenvolver nesta área.
As crianças que crescem privadas da presença paterna estão sujeitas a apresentarem dificuldades na identificação sexual, reconhecimento de limites e na aprendizagem das regras de convivência social, estando tudo isso relacionado a dificuldade de internalização simbólica do pai (FONTES, 2010 apud BARBIERI e PAVELQUIERES, 2012).
Os impactos da ausência paterna no desempenho escolar do indivíduo
De acordo com Damiani e Colossi (2015) os problemas já se apresentam na pré-escola e podem se manter ao longo da vida escolar, revelando resultados negativos que incluem baixo desempenho escolar, aumento de ausência nas aulas, risco aumentado de envolvimento com drogas, relacionamento frágil com os pares, depressão, ansiedade, labilidade emocional e a externalização de comportamentos problemas. Ou seja, os traumas gerados por essa ausência não se manifestam somente a partir da vida adulta, inicia-se desde a infância.
A ausência paterna pode exercer um impacto significativo nas relações interpessoais dos filhos ao longo da vida. Estudos como os de García e Gracia (2009) e Santos e Ferreira (2017) destacam que a falta de um modelo paterno presente e envolvido pode influenciar a forma como os filhos estabelecem e mantêm relacionamentos com outras pessoas, tanto amorosos quanto de amizade e profissionais.
Para os autores Nascimento e cols. (2021, p. 10), “a aprendizagem é intrínseca à história humana, sua capacidade de construção e evolução social está incorporados a novos conhecimentos, habilidades e valores, daí a importância, primária, da interligação entre a escola e a família vislumbrando uma aprendizagem efetiva […]”. Neste mesmo sentido, os autores ainda complementam que a garantia de processos de aprendizagem bem estruturados e vivências sociais familiares capazes de possibilitar relações de qualidade entre a criança e o que é necessário para seu desenvolvimento satisfatório é o objetivo da relação entre escola e família, como processo de mediação entre a criança e o meio (NASCIMENTO et al., 2021 apud DE DEUS et al., 2016).
A capacidade de aprendizado da criança inicia-se no interior da estrutura familiar e pode ser considerada como um dos aspectos condicionantes da infância. A família é a fonte de afetos e de energia que permeia a possibilidade de conhecer e desconhecer do indivíduo, e pode ser compreendida como o primeiro núcleo social que abriga o homem, dando condições à criança de constituir seus modelos e de aprender (KLUMPP e SILVA, 2018 apud DE ANDRADE, 2011, p.175).
Através de uma pesquisa realizada por Klumpp e da Silva (2018), ficou comprovado que a figura do pai é um pilar importantíssimo no desenvolvimento de toda criança, e que para que aconteça um desenvolvimento saudável, se faz necessário a participação ativa nas obrigações escolares do filho, no ato de brincar, na leitura de um livro ou no ato de contar histórias. Dessa forma, a criança percebendo essa presença, fará com que a criança desenvolva o sentimento de ser mais amada e trará o sentimento de confiança para enfrentar os conflitos do dia-a-dia, por isso, entende-se que a presença paterna favorece a psicodinâmica e o aprendizado na medida em que a presença interna significa uma presença psicológica e não meramente física.
O autor (FERREIRA, 2022 apud OLIVEIRA, 2022) não tem nas referências finais, adicionar, afirmam que as brincadeiras entre adultos e crianças desempenham um papel importantíssimo para o desenvolvimento infantil, pois quando o adulto brinca, mostra para a criança o seu amor e reforça os laços afetivos. O envolvimento do adulto nas brincadeiras das crianças aumenta o seu nível de interesse, ao mesmo tempo em que a criança se sente notada e desafiada, desvendando e vivendo experiências que tornam o ato de brincar um recurso muito estimulante e riquíssimo no que se refere ao aprendizado. Quando uma criança brinca, ela ultrapassa o ato de apenas se divertir, ela na verdade, se comunica com o mundo através de sua imaginação, dos sentimentos compartilhados e reações.
Impactos psíquicos da ausência paterna na saúde mental
Além dos aspectos já discutidos, a ausência paterna também está profundamente ligada à saúde mental dos filhos. Estudos como os de Jones et al. (2013) e Smith e Johnson (2018) destacam que a falta de uma figura paterna presente pode aumentar os riscos de desenvolvimento de problemas como ansiedade, depressão e até mesmo comportamentos de risco.
Para a Psicanálise, a relação dos indivíduos com seus pais, durante a infância, fornece a estrutura das outras relações que serão estabelecidas ao longo da vida (TRAPP e ANDRADE, 2017). Os autores ainda evidenciam pontuações importantes como “o pai representa a possibilidade do equilíbrio pensado como regulador da capacidade da criança de investir no mundo real. A ausência ou abandono paterno é extremamente prejudicial ao desenvolvimento psíquico da criança” (TRAPP e ANDRADE, 2017, p.46 apud BENCZIK, 2011).
A ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança, bem como influenciar o desenvolvimento de distúrbios de comportamento agressivos. (TRAPP e ANDRADE, 2017 apud EIZIRIK e BERGMANN, 2011).
No texto de Damiani e Colossi (2015) é evidenciado algumas complicações que podem ocorrer em indivíduos que cresce com um pai ausente:
Neste sentido, o estudo de Sganzerla e Levandowski (2010) ressalta que a situação familiar de ausência paterna prolongada, física ou afetiva, pode se tornar um fator de risco em diversos aspectos do desenvolvimento do adolescente de ambos os sexos, tais como manifestações de comportamento delinquentes, porte de arma e embriaguez no contexto escolar além de amadurecimento físico precoce, maior probabilidade de uso de drogas e alto índice de obesidade. (DAMIANI e COLOSSI, 2015, p. 89 apud SGANZERLA e LEVANDOWSKI, 2010).
Embora o impacto da ausência de um pai seja real, ele pode ser mitigado com o apoio de outras figuras cuidadoras, como a mãe, avós, tios ou mentores. Um ambiente afetivo e seguro, juntamente com apoio emocional e social, pode ajudar a minimizar essas complicações e permitir que o indivíduo se desenvolva de forma saudável, superando os desafios impostos pela ausência paterna.
Considerações finais
O desenvolvimento desta pesquisa teve como objetivo demonstrar abordagem psicanalítica, para evidenciar o verdadeiro impacto que a ausência paterna gera no indivíduo e analisar como essa ausência traz malefícios ao desenvolvimento cognitivo, desde a infância até a fase adulta. Em determinado momento foi possível destacar também, a importância da presença paterna e os benefícios gerados na família.
Após análises e discussões, observamos que o papel do pai é de extrema importância para a organização psíquica do filho, sendo exemplo para a estruturação de um desenvolvimento saudável do ego e auxiliando também na segregação inicial da mãe com o filho, tendo o pai a representação de uma nova realidade, levando ordem familiar e gerando no filho o entendimento de que não é a única pessoa a ter a atenção da mãe. Em outros casos onde o pai é ausente ocorre o desequilíbrio familiar, trazendo prejuízos na formação do filho, como possibilitar comportamentos inconvenientes do sujeito, onde o mesmo tem dificuldades de desenvolver o conhecimento de seus limites podendo acarretar em consequências como não ser aceito em meio a sociedade, se tornando talvez uma pessoa indesejável e inconveniente. Neste sentido, é válido destacar outras dificuldades, como problemas na autoestima, sentimento de insegurança, relacionamentos frágeis e a falta de valores e princípios.
Diante de todos os fatos que foram mencionados durante a pesquisa, podemos sugestionar que é de extrema importância futuros estudos sobre esse tema, como novos trabalhos que podem ser realizados com os pais ou futuros pais, tendo o objetivo de conscientizar as famílias sobre algo tão importante que é a presença paterna de forma tão assídua quanto a figura da mãe, sendo a ausência paterna prejudicial na vida de qualquer indivíduo.
Esses estudos podem ter como foco a tentativa de diminuição dessa ausência, onde os filhos sofrem com esse abandono, podendo assim haver diferenças nas novas gerações.
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1Acadêmica do curso de Graduação em Psicologia, pela Fimca Jaru, larissaalmeidasousa65@gmail.com, https://lattes.cnpq.br/8683970254938301
2Acadêmica do curso de Graduação em Psicologia, pela Fimca Jaru, tailoane10@gmail.com, https://lattes.cnpq.br/7677436241643983;
3Acadêmica do curso de Graduação em Psicologia, pela Fimca Jaru, vitoriafimcapsi@gmail.com, https://lattes.cnpq.br/5188236151893075;
4Professora Orientadora da Faculdade de Educação de Jaru. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional com ênfase em Atendimento educacional especializado (FASA); Atendimento ambulatorial de pessoas com autismo (FAEL); Neuropsicopedagogia Institucional e atendimento educacional especializado (Censupeg); Metodologia e Didática do Ensino Superior (FIMCA-JARU); Graduada em Psicologia pelas Faculdades Associadas de Ariquemes (FAAr), prof.monique@unicentroro.edu.br, http://lattes.cnpq.br/7736012801028203