OS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS VISANDO CONQUISTA DE ESPAÇO NO MERCADO DE TRABALHO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10452775


Iolene Maria de Moraes de Oliveira


RESUMO

O trabalho a seguir tem como objetivo geral analisar os desafios na educação de jovens e adultos, apontando as características, dificuldades e desafios que compõe a conquista deste indivíduo no mercado de trabalho. De fato, o tema se torna justificável devido ao seu caráter didático/científico e seu cunho qualitativo dentro da metodologia aqui apontada. O conteúdo aqui explanado teve como premissa o estudo bibliográfico, abordando o histórico da EJA no Brasil e o desenvolvimento dessa modalidade em  especial na cidade de Manaus/AM, ou seja, fez uso de livros, artigos, revistas e matérias afins na concepção dos dados aferidos.

Palavras Chave: Alunos; Aprendizagem; Modalidade de Ensino; Programa

ABSTRACT

The following work has the general objective of analyzing the challenges in the education of young people and adults, pointing out the characteristics that make up the achievement of this individual in the labor market. In fact, the theme becomes justifiable due to its didactic/scientific character and its qualitative nature within the methodology indicated here. The content explained here was premised on the bibliographical study, that is, it made use of books, articles, magazines and similar materials in the conception of the measured data.

Keywords: Students; Learning; Teaching Mode; program

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho buscou levantar dados estatísticos sobre o programa que compõe a grade curricular da Educação de Jovens e Adultos. De tal modo é apresentado também o ponto de vista de Paulo Freire, o maior ícone em Educação de Jovens e Adultos do Brasil, devido suas teorias de educação bancária e sua técnica inovadora de alfabetizar, quebrando desta forma, ritos e mitos da educação brasileira quanto à alfabetização de crianças, jovens e adultos.

Será apresentado de forma sucinta os benefícios da Formação de Jovens e Adultos no ingresso desse profissional no mercado de trabalho, apontando inclusive a formação do professor como pilar participativo na formação dos cidadãos, pois para trabalhar com esse grupo de alunos o professor precisa ter vocação, habilidade e acima de tudo comprometimento, pois a necessidade de formar cidadãos críticos, participativos e conscientes, vai de encontro a dinâmica utilizada pelo profissional na prática pedagógica desenvolvida com seus alunos.

 Na EJA, cada sujeito traz consigo histórias que serão incorporadas no processo de ensino aprendizagem, os momentos de cada um devem ser levados em consideração e utilizados como estratégia pedagógica pelo professor, a fim de alcançar a todos mediando os conhecimentos compartilhados construindo autonomia intelectual utilizando como ponto de partida a vivência dos alunos.

Enfim, estre trabalho, nos leva a fazer uma reflexão sobre as diretrizes e leis da educação de Jovens e Adultos, e colocá-las em prática. O que tem sido feito pelos Governos Federal e Estadual? Quais os direitos dos alunos dos cursos de Educação de Jovens e Adultos? Como funcionam os cursos em Manaus/AM? Quais as dificuldades encontradas pelos estudantes para concluírem seus estudos? Estas e outras indagações que iremos abordar no decorrer deste trabalho.

2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

Para se falar em Educação de Jovens e Adultos (EJA), é necessário entender como esta modalidade surgiu no Brasil (ALBUQUERQUE, 2015), e para isso, faz-se necessário voltar ao período Imperial onde foram muito frequentes as referências ao ensino de adultos no turno noturno. Mas, tudo o que se fez foi pouco significativo sob o ponto de vista do número de alunos atendidos. Além disso, desde o Ato Adicional de 1834, as questões da educação fundamental das crianças e, por extensão, também dos adultos, haviam sido atribuídas aos governos provinciais, obrigando-se o governo central a atendê-las somente no Município da Corte (BORGES, 2018).

 Na República, a Constituição de 1891 deu continuidade àquela orientação descentralizadora para a educação de jovens e adultos. Por isso, as iniciativas foram sempre para disseminar e propagar, nunca deu forma a uma ação mais global e sistemática dirigida à massa de jovens e adultos analfabetos. A única ação de amplitude nacional, mas também numericamente inexpressiva, foi a realizada no exército, nas escolas regimentais (Decreto nº10.198, de 30 de abril de 1913) criadas para proporcionar educação primária aos recrutas analfabetos.

Na década de 30, a EJA começa a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil. Com a instalação do poder de Getúlio Vargas em 1930, devido ao seu forte impulso centralizador, viera progressivamente construindo uma infraestrutura institucional capaz de iniciar enfrentamento aos grandes problemas educacionais da nação (ALBUQUERQUE, 2015).

Na década de 40 surge a necessidade de campanha de ampliação da educação elementar, nesse mesmo período a Educação de adultos toma forma de Campanha Nacional em Massa, devido a um dado estatístico vergonhoso de nosso país, onde a metade da população brasileira maiores de 15 anos eram analfabetos, no entanto, a campanha extinguiu-se antes do final da década. Na década seguinte as críticas eram dirigidas aos setores administrativos, financeiros e pedagógicos.

Essa sequência de eventos nos permite qualificar, a importância da atuação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na implementação de uma política de educação de jovens e adultos analfabetos no Brasil. Nesse cenário houve destaque para Lourenço Filho que acreditava na democratização do ensino e eliminação do analfabetismo como requisitos necessários para desenvolver a capacidade produtiva do educando e integrá-lo na sociedade, e que a elevação dos níveis de instrução de toda a população seria condição para o desenvolvimento econômico da nação.

Durante a década de 60, o pensamento de Paulo Freire, assim como sua proposta para a alfabetização de adultos, inspira os principais programas de alfabetização do país.

Contudo, com o Golpe Militar de 1964, surge o Movimento Brasileiro de Alfabetização – Fundação MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) – nos termos da Lei nº 5.379, de 15 de dezembro de 1967, foi a primeira iniciativa importante dos governos da Revolução na educação de jovens e adultos analfabetos.

Segundo Oliveira (2017), desde a criação da Cruzada, originalmente vinculada a um grupo de professores, logo após a Revolução de 1964, o MOBRAL em 1969, vinculado ao Departamento Nacional de Educação, dedicou-se prioritariamente a sua própria estrutura.

A partir de 1970, o Mobral atuou através do Programa de Alfabetização e do Programa de Educação Integrada, uma versão compactada das quatro séries do antigo ensino primário. Depois passou a atuar também mediante convênios celebrados com as Comissões Municipais e Secretarias de Educação e com outras entidades públicas e privadas, entre elas o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e a Fundação Padre Anchieta (OLIVEIRA, 2017).

Com as emergências dos movimentos sociais e início da abertura política, os projetos de alfabetização se desdobraram em turmas de pós-alfabetização. E em 1985 o desacreditado MOBRAL foi extinto e em seu lugar foi ocupado pela Fundação Educar, que apoiava, financiava e tecnicamente, as iniciativas do governo, das entidades civis e das empresas (OLIVEIRA, 2017).

Já em 1988, com a luz da nova Constituição Federal, tornou o ensino fundamental obrigatório e gratuito, aos que a ele não tiveram acesso na idade própria. Mais ainda, o artigo 60 das disposições transitórias determinou que, pelo menos, 50% dos recursos a que se refere o artigo 212 fossem aplicados na eliminação do analfabetismo e na universalização do ensino fundamental.
Durante a década de 90, a Fundação Educar foi extinta, com a Medida Provisória nº 251, de março de 1990, levando o abandono da União das atividades dedicadas à educação de jovens e adultos, durante o governo de Fernando Collor (BRASIL, 2009).

Em março de 1990 (Ano Internacional da Alfabetização), foi realizado na Tailândia “Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, durante o evento foram estabelecidas diretrizes planetárias para a educação de crianças, jovens e adultos. Nesse período, o Brasil empenhou-se em promover um Programa Nacional de Educação, que deveria envolver o apoio das Universidades, e lançou publicamente o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania, mas devido o “impeachment” as políticas públicas para a educação de jovens e adultos tomou rumos diferentes.

No governo de Itamar Franco, o Ministério da Educação, na direção do ministro Murilo Hingel, foi bem razoável. Realizou o Plano Decenal de Educação, um importante esforço de reflexão sobre as diretrizes de uma política nacional de educação de jovens e adultos. Mas, mesmo nesse período, nada foi efetivamente realizado na prática educacional pelo governo. E isso levou a vários municípios no país a implantarem políticas públicas para a alfabetização, mas o número de envolvidos era inexpressivo.

Com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96, a Educação de Jovens e Adultos passou a ser responsabilidade dos estados e garantida por lei. Assim houve grandes mudanças da educação de jovens e adultos, com grandes reformulações pedagógicas e acordos internacionais como a feita em Hamburgo.

Em 2000 é aprovado pelo Conselho Nacional de Educação o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) e Câmara da Educação Básica (CEB) Nº 11/2000, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Também foi homologada a Resolução CNE/CEB nº 01/2000 (OLIVEIRA, 2017).

A Educação de Jovens e Adultos, de caráter compensatório, visão consagrada na Lei nº5692/71, que a define como educação supletiva ou suplência, para a EJA enquanto modalidade da educação básica nas etapas do Ensino Fundamental e Médio, com especificidade própria, conforme estabelece a Lei nº9394/96 (OLIVEIRA, 2017).

Ainda impregnado pela compensação às pessoas, jovens e adultas, sem ou com pouca escolaridade, de um tempo que teria perdido no passado, bem como uma escolarização de má qualidade vivenciada pelos educando na infância e na adolescência, relevando processos que não se distanciam dos tradicionais da escola e que por isso mesmo, não respondem as realidade dos alunos.
É necessária urgentemente, a transformação do currículo, tempos, espaços e métodos para o envolvimento coletivo e a busca de articulação entre instituições que formam a esfera política.


2.1 A Educação de Jovens e Adultos na Visão De Paulo Freire

De acordo com Moacir Gadotti e José e Romão (2015) a Educação de Jovens e Adultos vai se movendo na direção de Educação Popular na medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências à sensibilidade e à competência científica dos educadores.

Portanto, podemos perceber que uma destas exigências tem há ver com a compreensão crítica do que vem ocorrendo na cotidianidade do meio popular. Não é possível a educadoras e educadores pensar apenas os procedimentos didáticos e os conteúdos a serem ensinados aos grupos populares. Os próprios conteúdos a serem ensinados não podem ser estranhos àquela cotidianidade. O que acontece, no meio popular, nas periferias das cidades, nos campos – trabalhadores urbanos e rurais reunindo-se para rezar ou para discutir seus direitos – nada pode escapar à curiosidade aguda dos educadores envolvidos na prática da Educação Popular (GADOTTI, 2015).

A Educação de Jovens e Adultos, tornando-se Educação Popular, ficou mais abrangente, e foi a partir dessa visão que Paulo Freire escreveu o livro, “Pedagogia do Oprimido”, com a Teoria da “Educação Bancária”, tentando formar sujeitos cognoscentes que buscam por conhecimentos e não simplesmente reprodutores da ação do educador.

Portanto, os conteúdos aprendidos são importantes para a formação dos grupos populares, pois estes contribuem para realização de análise de sua realidade concreta. E, ao fazê-lo, devem ir, com a indispensável ajuda do educador, superando o seu saber anterior, de pura experiência feita, por um saber mais crítico, menos ingênuo. O senso comum só se supera a partir da aprendizagem pautada em conhecimentos científicos.

A educação popular de acordo com Freire deve estar voltada para a leitura do mundo, pois esta precede a leitura da palavra, o que propõe uma prática pedagógica voltada para o diálogo valorizando os saberes populares, o incentivo a produção individual e coletiva de todos os participantes.

Percebe-se que os adultos se envolvem em processos educativos de alfabetização com palavras de sua experiência existencial, palavras pertencentes ao seu vocabulário, ao seu mundo. Palavras temas. Essa forma de ensinar, considerando a realidade e vivência do aluno é um dos métodos de alfabetização de Paulo Freire, que conquistou vários países na América do Sul e outros pelo mundo.

Assim compreendendo a metodologia de Freire, a Educação Popular pode ser socialmente percebida como facilitadora da compreensão científica que grupos e movimentos podem e devem ter acerca de suas experiências. Esta é uma das tarefas fundamentais da educação popular de cortes progressistas. Ainda, segundo Paulo Freire, a educação popular deve ser formada por grupos populares no movimento de superação do saber de senso comum pelo conhecimento mais crítico (SOARES, 2012).

Paulo Freire ainda relata que a dimensão global da educação popular contribui ainda para que a compreensão geral do ser humano em torno de si como ser social seja menos monolítica e mais pluralista, seja menos unidirecionada e mais aberta à discussão democrática de pressuposições básicas da existência.

3. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO MODALIDADE DE ENSINO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Refletir sobre o tempo na Educação de Jovens e Adultos vai além de definir uma medida. Pressupõe pensar que os sujeitos jovens e adultos estão enredados em várias temporalidades circunscritas à vida e não à escola. São os tempos do trabalho, das relações familiares, do cuidado com a saúde do filho, do lazer, de ir à igreja, da afetividade, entre tantos outros.

É importante ressaltar que o tempo do trabalho se firma como ordenador dos outros tempos da vida desses sujeitos. A partir dele é que os sujeitos articulam os outros tempos, inclusive o tempo da escola.

Devemos, portanto, considerar, a condição de trabalhador do educando da EJA para se configurar o tempo escolar, que deve ser flexível, principalmente nos processos educativos que se apresenta aos projetos pedagógicos das escolas. Desta forma, as temporalidades escolares, ou seja, horários, duração das aulas, calendários, tratamento dado à frequência, e a organização do trabalho, devem ser inclusivas e não rígidas e impróprias para a realidade do educando (SOARES, 2012).

No Amazonas, a Educação de Jovens e Adultos (Eja) passou por uma reformulação da estrutura e proposta pedagógica, respeitando aspectos socioculturais e econômicos da população. A nova carga horária com 400h semestrais, ofertada em dois períodos de ingresso durante o ano. Com essa medida a Secretaria de Estado de Educação e Desporto, aumenta a oferta de vagas, e diminui a evasão escolar, também garante a celeridade na conclusão dos cursos e consequentemente a inserção desse alunado no mercado de trabalho.


4. AMPAROS LEGAIS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

Como unidade parte da Federação Brasileira, o Estado do Amazonas está sujeito às Leis Federais Educacionais, primeiramente pela Constituição Federal e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, Resolução CNE/CEB 1/2000, Resolução CNE/CEB 3/2010, Resolução CNE/CEB 2/2017 e depois por suas próprias leis e Resolução do CEE/AM nº 137/2012, Resolução do CEE/AM nº  241/2015, Resolução do CEE/AM nº  098/2019, que estabelecem  a Base Legal de sua Estrutura Comum Curricular da Modalidade da Educação de Jovens e Adultos – Ensino Fundamental I– 1º Segmento – anos iniciais que correspondem a 1ª Etapa (1º ano) , 2ª Etapa (2º ano), 3ª Etapa (3º e 4º ano),  e 4ª Etapa (5º ano), num total de 1.600 horas –  divididos semestralmente num total de 24 meses. O Ensino Fundamental II, 2º segmento ficou distribuído nas seguintes etapas: 5ª Etapa (6º ano), 6ª Etapa (7º ano), 7ª Etapa (8º ano),  e 8ª Etapa (9º ano), num total de 1.600 horas,  divididos em quatro semestres de 400 horas.

No art. 37, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9.394/96 define que, “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” (BRASIL, LDB 9394/96, 2017).

 A BNCC mesmo sendo documento norteador da educação básica não apresenta direcionamentos e/ou regra especifica destinada especificamente a modalidade educacional de Jovens e Adultos, limitando-se a informar que seus fundamentos são aplicáveis a crianças, jovens e adultos, sem contudo, determinar um programa específico para EJA.

4.1. A Constituição Federal

A Constituição Federal diz que a Educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo que em seu Artigo 208 Parágrafo I diz que a educação básica é um dever do estado e será obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que não tiveram acesso na idade própria (Emenda Constitucional 59 de 2009) (BRASIL, 2009).

Por meio da Constituição Federal, pode-se observar que a Educação de Jovens e Adultos é assegurada a todos os cidadãos e é de responsabilidade dos Estados, e que os mesmos devem oferecer em todos os níveis da educação básica conforme Artigo 208 parágrafo VII da Constituição.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº9394/96, assegura o direito a Educação de Jovens e Adultos e complementa dizendo que essa educação é dever do Estado. Em seu Artigo 4 parágrafo VII diz: oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidade adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (BRASIL, 2009).

Segundo ainda a LDB a Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria e que os sistemas de ensino assegurarão aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do aluno, seus interesses, condições, de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. Deverão ainda, ser assegurado pelo sistema de ensino, os cursos de exames supletivos, com base curricular comum nacional.

A idade para ingresso em cursos de Educação de Jovens e Adultos já foi motivo de muita discussão, no entanto de acordo com Lei ficou determinado que  o ingresso no Ensino Fundamental é de 15 anos e de 18 anos para o Ensino Médio, obedecendo o que diz a  Lei Federal, LDB Nº 9394/96 em seu artigo 38, § 1º, I e II: maiores de 15 anos para o ensino fundamental, e maiores de 18 anos para o ensino médio (BRASIL, 2009).

5.  DESAFIOS, PROBLEMAS E SUGESTÕES PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ESTADO DO AMAZONAS.


           Salienta-se que a Educação de Jovens e Adultos vem nos últimos anos ganhando um maior destaque, devido à exigência do mercado de trabalho por mão-de-obra especializada. Contudo, pensar a erradicação do analfabetismo e elevação do nível de escolarização, tornou-se um grande desafio para todo país, que necessita urgentemente de melhorias em sua estrutura e na qualidade do ensino (SOARES, 2012).

As causas para o insucesso da erradicação do analfabetismo no Estado do Amazonas e em nosso país como um todo, deve-se ao alto índice de evasão, estrutura física inadequada, dificuldade de acesso aos locais de estudo e programas ineficazes.

Segundo a Revista Nova Escola, essa é a realidade da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. A combinação desses fatores por anos seguidos acabou conduzindo o país a uma situação alarmante: 57,7 milhões de cidadãos com mais de 18 anos sem Ensino Fundamental completo e cerca de 14 milhões de analfabetos (IBGE, 2017). A taxa de analfabetismo caiu no Brasil. Em 2019 ela era de 6,1%, e em 2022 recuou para 5,6%. Apesar da queda, o Brasil ainda tem quase 10 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever. Mais da metade desses analfabetos vivem no Nordeste e são idosos (IBGE, 2023).

 Nota-se que os recursos destinados à Educação Básica de Jovens e Adultos tiveram, durante muitos anos, um caráter de excepcionalidade, originários de incentivos de receita federal, pela indicação voluntária de porcentagem do imposto de renda das pessoas jurídicas e para a formação profissional nas empresas.

Portanto, podemos observar que recentemente, há ausência de critérios públicos de alocação de recursos financeiros e um claro processo de redução dos seus montantes.

Deparamo-nos também, com profissionais de EJA que não são preparados para trabalhar com esta modalidade de ensino. Geralmente, são professores novatos sem experiência alguma ou pertencentes ao próprio corpo docente do ensino regular.

Portanto, não se observará um ensino de qualidade sem um corpo docente qualitativamente preparado para o exercício de suas funções, e muito menos, com precária situação no que diz respeito à remuneração e condições de trabalho.
Há insuficiência de políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos, prova disso é o número de pessoas sem instrução alguma ou com o ensino fundamental incompleto.

Outro problema enfrentando pelas instituições educacionais é a Evasão Escolar da Educação de Jovens e Adultos, que necessita urgentemente ser combatida, pois em sua maioria, esse público costuma trocar os bancos escolares pelas ofertas de trabalho. A necessidade de obtenção de renda têm sido o gargalo desse grupo de alunos, pois a maioria já possuem uma família e precisam desesperadamente de fonte de renda para manter seus dependentes.

A Evasão Escolar é uma realidade não somente nos cursos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos, mas nas demais modalidades de Ensino. Porém, o maior número de evasão é encontrado na EJA.

Segundo a Revista Nova Escola, existem 7 ações que podem contribuir para a erradicação da evasão nos cursos de modalidade da Educação de Jovens e Adultos. São elas: (BRASIL, 2009).

1. Uso de variedades de linguagens – Incorporar atividades relacionadas à arte e à cultura. Por que dá resultado: utilizar linguagens alternativas, como a música, o cordel e o teatro, facilita o aprendizado, principalmente de estudantes mais velhos, que geralmente têm mais proximidade com a cultura popular.

2. Reorganização do tempo – Elaborar um cronograma de aulas ajustado à disponibilidade dos alunos. Por que dá resultado: Organizar os dias e horários das disciplinas segundo as necessidades da turma garante o atendimento contínuo e a reposição de aulas.

3. Currículo contextualizado – Construir um currículo que dê mais significado à aprendizagem. Por que dá resultado: Associar temas do cotidiano às disciplinas faz com que os alunos entendam o assunto com mais facilidade.

4. Articulação com empresas – Entrar em contato com empresários do setor público e privado para estabelecer parcerias com a finalidade de facilitar o acesso dos alunos à escola e evitar atrasos. Por que dá resultado: Melhorar o transporte público nos bairros escolares ou estimular os funcionários a estudar, flexibilizando o horário de trabalho, são bons exemplos de parcerias que podem ser sugeridas aos empresários.

5. Atendimento aos filhos – Criar uma infraestrutura para receber os filhos dos alunos. Por que dá resultado: Para os alunos que não têm com quem deixar os filhos, levá-los à escola enquanto estudam pode ser determinante para que não faltem às aulas.

6. Atendimento individual – Oferecer um plano de estudos personalizado segundo as possibilidades de cada aluno. Por que dá resultado: Planejar aulas de forma individualizada permite que cada adulto estude de acordo com seu ritmo e com o tempo disponível.

7. Acolhimento e merenda – Oferecer refeição aos alunos e incentivá-los a estudar. Por que dá resultado: Os estudantes que vão diretamente do trabalho para a escola não ficam com fome e podem se concentrar mais nas aulas.

Portanto, é muito importante analisar atentamente os alunos que frequentam a escola, pois adultos e jovens possuem toda uma história e as levam consigo para dentro da instituição escolar e mais diretamente para a sala de aula e bancos escolares. O educador ao saber dessas dificuldades que os mesmos passam ao longo da sua trajetória de vida, analisando as expectativas do educando adulto, deve crescer seu interesse em mostrar que a verdadeira aprendizagem depende muito mais que somente atenção às revelações feitas pelo professor e atividades mecanizadas de memorização.

Quando a escola exige muito da execução do horário que muitas das vezes não se adéqua com a do trabalho, no qual acaba contribuindo para desistência desse aluno, levando-o a parar de estudar, devido não conseguir cumprir as normas da escola. O educador por mais que entenda a situação do aluno, onde nem o aluno, nem o professor têm a mesma opinião para garantir sua permanência do aluno na escola.

Para Soares (2015) umas das causas da evasão é quando os estudantes registram atraso de 2 anos em relação à série e idade, devido o índice muito grande de reprovação e repetência constantes, esse fator tem causado consequências graves para o aluno.

A educação é algo que deve ser analisado a todo o momento, quanto às suas causas de oferecer um ensino adequado para cada nível cultural que o educador vem se deparando a todo o momento e refletir diante a sua postura de professor educador.

A escola precisa de educadores capacitados com propósito de querer buscar meios que amenizem o índice de alunos evadidos, apesar de muitos dos alunos serem os próprios causadores da evasão, devido não terem prazer de querer estudar, às vezes vão para escola só para não ficar em casa, enquanto outros acabam retornando para instituição com intuito de vencer na vida, e poder ter um trabalho mais digno, bem como fonte de renda digna.

Segundo Oliveira (2017) diante de seu comentário sobre abandono escolar, colocando que nos Estados Unidos a evasão é um dos desafios mais significativos enfrentados por educadores acrescentando que sem uma boa educação, os estudantes chegaram a se tornar mal preparados para enfrentar os grandes desafios da economia e prestar toda sua contribuição para a sociedade americana. Vê-se que para o futuro, um mundo melhor, onde possa haver a diminuição da pobreza e miséria existe em todo mundo, contando com o apoio dos educandos em fazer do amanhã um futuro bem melhor, através de grandes transformações.

6. A CONQUISTA DE ESPAÇO NO MERCADO DE TRABALHO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA

A trajetória da Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido caracterizada por ações estatais fragmentárias que visavam inicialmente à erradicação do analfabetismo e, posteriormente, à redução da baixa escolaridade, no entanto hoje ela também é responsável pela preparação do jovem para o mercado de trabalho.

De fato preparar os jovens para o mercado de trabalho é uma tarefa crítica para todas as sociedades modernas. O objetivo primário da maioria dos Estados são: 1) dar a todos os jovens a oportunidade de alcançar sua carreira profissional atendendo às demandas do mercado de trabalho e 2) minimizar o número de jovens que experimentam desemprego de longo prazo ou resultados de carreira ruins (OLIVEIRA, 2017).

De fato nota-se que o EJA se torna Fundamental para o sucesso de uma sociedade, pois uma de suas metas é levar o estudante a alcançar objetivos positivos e tornar o sistema de ensino eficaz dentro da educação, proporcionando treinamento para todos os jovens, bem como programas sólidos direcionados aos público acima de 30 anos de idade economicamente desfavorecidos.

A tendência mais importante na preparação profissional dos jovens é o aumento do nível de educação formal. No Brasil por exemplo, a proporção de jovens de 18 anos que frequentam a escola aumentou cerca de 50% para 67% entre 1984 e 2017; para jovens de 22 anos, escola comparecimento saltou de 20 por cento para 34 por cento. Junto com o aumento da escolaridade, há um declínio na a proporção de jovens que não frequentam a escola nem trabalham, o que ficou conhecido comicamente como a “geração neném”; entre 1984 e 1997 este percentual caiu de 16,5% para 11% entre os jovens de 18 anos e de 22,8% para 17,3 por cento entre os jovens de 22 anos (OLIVEIRA, 2017).

Nesse entendimento percebe-se que a EJA contribui de forma sucinta dentro do sistema capitalista, o que a torna uma “ponte” para novos caminhos a serem seguidos pela sociedade moderna, culminando para às relações sociais de produção, bem como em seu vínculo com a reorganização produtiva na expansão capitalista do país.

CONCLUSÃO

Este trabalho procurou relatar sobre o histórico da EJA no Brasil apontando características que potencializam a entrada do aluno no mercado de trabalho. Por se tratar de uma modalidade de ensino público ainda existem alguns problemas a serem solucionados, até pela falta de estrutura e apoio governamental o que ocasiona a evasão escolar de modo generalizado, comprometendo a grade curricular e propiciando o desemprego dentre outros entraves econômicos.

Dessa forma o trabalho também apontou o déficit educacional que não demonstra um número significativo de pessoas escolarizadas, apesar de a população possuir o direito a uma estrutura de qualidade e de permanência.

É fato que apesar de toda esse desiquilíbrio o Estado do Amazonas, em apoio com o Governo Federal, busca soluções para sanar este impasse que afeta principalmente as populações de baixa renda. Programas e Projetos fazem parte das políticas públicas do Estado para erradicar o analfabetismo e buscar desta forma um futuro melhor para a população através da educação para a conquista do mercado de trabalho. Atualmente o ProJovem tem sido uma alternativa dessa modalidade educacional.

Refletimos sobre a importância da oferta de cursos de EJA e de seus tempos de aprendizagem, totalmente diferente do ensino dito regular e da necessidade de formação do profissional da educação nesta modalidade de ensino, pois esses alunos necessitam de professores que possam entender suas dificuldades e que valorizem seus conhecimentos prévios, bem como a riqueza de detalhes que cada um possui, e que possam de maneira criativa mediar e transformar os conhecimentos, fazendo com que as dificuldades apresentadas possam servir de trampolins para o sucesso daquele que ensina e do que aprende.

Contudo, apesar do mercado de trabalho estar mais exigente, ainda é preocupante o número de alunos evadidos dos cursos da EJA, principalmente em alunos acima da faixa etária dos 30 anos, que já possuem suas famílias e que muitas vezes trocam os bancos escolares por uma oportunidade de trabalho, pois a questão financeira para esses que são mantenedores de suas casas sempre vem em primeiro lugar.

Essa situação tem levado os órgãos Federais e Estaduais a tomar algumas medidas a fim de reduzir o tempo desses alunos trabalhadores na escola. Entre elas podemos citar: o ensino semi presencial e a redução da carga horária, garantindo que possam em menor tempo possuir certificação que os ajude no mercado de trabalho, diminuindo também a dívida social com esse público específico.

Dessa forma percebemos que a EJA é uma modalidade de Ensino necessária para a caminhada educacional do Brasil, pois atende uma parcela da população que não teve a oportunidade educacional na idade própria, no entanto, se forem preparados poderão somar a mão de obra ativa e tornar-se grande potencial sócio econômico em nossos país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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