OS DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA APLICABILIDADE DOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC

THE CHALLENGES AND POSSIBILITIES FOR TEACHERS OF EARLY CHILDHOOD EDUCATION IN THE APPLICABILITY OF BNCC’S FIELDS OF EXPERIENCE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8214284


¹Rafaela Ferreira Santos da Silva


Resumo

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento norteador que estabelece os direitos e objetivos de aprendizagem que todos os alunos brasileiros devem alcançar em cada etapa da Educação Básica. Na Educação Infantil, a BNCC propõe a organização dos conteúdos a partir dos Campos de Experiências, que são áreas de conhecimento interconectadas que devem permear a prática pedagógica nessa fase crucial do desenvolvimento das crianças. Este artigo aborda os desafios e possibilidades enfrentados pelos professores da Educação Infantil ao aplicar os Campos de Experiências da BNCC em suas práticas educativas.

Palavras-chave: campos de experiências da BNCC. Educação Infantil. Desafios docentes. Desenvolvimento infantil

Abstract

The National Common Curricular Base (BNCC) is a guiding document that establishes the rights and learning objectives that all Brazilian students must achieve at each stage of Basic Education. In Early Childhood Education, BNCC proposes the organization of contents from the Fields of Experiences, which are interconnected areas of knowledge that should permeate the pedagogical practice in this crucial phase of children’s development. This article addresses the challenges and possibilities faced by teachers of Early Childhood Education when applying the BNCC Fields of Experience in their educational practices.

Keywords: BNCC fields of experience. Early Childhood Education. Teaching challenges. Child development

1. INTRODUÇÃO

A Educação Infantil é uma etapa fundamental da formação educacional, que influencia diretamente o desenvolvimento cognitivo, socioemocional e motor das crianças. Nesse sentido, a BNCC apresenta-se como uma importante ferramenta para orientar o planejamento e a execução das atividades pedagógicas, estabelecendo os campos de experiências como guias para a atuação docente. No entanto, essa implementação pode enfrentar desafios e, ao mesmo tempo, oferecer possibilidades enriquecedoras para a prática educativa.

Diante disso, pergunta-se, quais são os desafios enfrentados pelos professores da Educação Infantil na aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC, e quais possibilidades podem ser exploradas para potencializar a efetividade desses campos em suas práticas educativas?

Para responder tal pergunta, objetiva-se analisar os desafios e possibilidades dos professores da Educação Infantil na aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC.

Para a elaboração deste texto, leva-se em conta a importância da BNCC e dos Campos de Experiências na Educação Infantil, para o qual se considera a Educação Infantil é uma etapa crucial no desenvolvimento das crianças, sendo considerada um período fundamental para a formação de suas habilidades e competências. Nesse contexto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) surge como um marco regulatório no sistema educacional brasileiro. Ela é um documento normativo que estabelece os direitos e objetivos de aprendizagem que todos os alunos brasileiros devem alcançar em cada etapa da Educação Básica, incluindo a Educação Infantil.

A BNCC para a Educação Infantil foi homologada em 2018 e propõe uma abordagem educacional pautada no desenvolvimento integral das crianças, considerando aspectos cognitivos, socioemocionais, físicos e culturais. Um dos principais pilares da BNCC para a Educação Infantil são os Campos de Experiências, que são áreas de conhecimento interconectadas e fundamentais para a construção do conhecimento e das experiências das crianças nessa fase (Brasil, 2018).

Os Campos de Experiências estão organizados em cinco eixos temáticos, cada um com suas especificidades e abordagens, o primeiro é O eu, o outro e o nós. Neste se trata das interações sociais, das relações com os pares e adultos, e do desenvolvimento da identidade e autonomia; o segundo é Corpo, gestos e movimentos, o qual foca no desenvolvimento motor, na percepção corporal e na expressão das emoções e ideias por meio do corpo; o terceiro é Traços, sons, cores e formas, que aborda a linguagem artística, a percepção estética e a expressão criativa das crianças por meio das artes; o quarto é Escuta, fala, pensamento e imaginação, que enfoca a comunicação oral e escrita, o desenvolvimento da linguagem e a construção do pensamento lógico. E, o quinto é Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações, onde buscar explora o desenvolvimento do raciocínio matemático, a compreensão do espaço e do tempo, bem como a resolução de problemas. (Brasil, 2018).

Esses campos de experiências foram desenvolvidos para que os professores da Educação Infantil possam nortear suas práticas pedagógicas e oferecer um ambiente rico em estímulos e aprendizagens significativas. A abordagem centrada nos Campos de Experiências visa respeitar a singularidade de cada criança, considerando suas vivências e aprendizados prévios, promovendo um ensino mais adequado e efetivo.

Os fundamentos estruturantes do trabalho são: Brasil (2018), tendo como foco a BNCC que é a principal referência normativa para o planejamento e execução do currículo nas instituições de Educação Infantil no Brasil. Além de Brasil (1996) que estabelece a LDBEN é a lei de diretrizes e bases da Educação Nacional, incluindo a Educação Infantil. Ela define a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica e garante o direito das crianças de zero a cinco anos de idade à educação, como um direito social assegurado pela Constituição Federal.

Do ponto de vista referencial, as fundamentações são Jean Piaget (1999) para pensar com suas teorias a educação infantil, cujas contribuições na área do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem são fundamentais para o entendimento do papel das experiências na construção do conhecimento infantil. Outro importante teórico é Lev Semenovich Vygotsky (1998), pois seus estudos são relevantes como teorias educacionais da infância. Sua abordagem sociocultural destaca a importância das interações sociais e da cultura no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

Assim, tais autores e leis representam apenas uma pequena parcela do vasto corpo de conhecimento que fundamenta a importância da BNCC e dos Campos de Experiências na Educação Infantil. A adoção dessas referências teóricas e regulatórias permite que os professores ofereçam uma educação mais significativa e alinhada às necessidades e características das crianças em suas primeiras experiências educacionais.

A justificativa do estudo sobre os desafios enfrentados pelos professores da Educação Infantil na aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC é fundamentada em autores renomados na área educacional, bem como em legislações que respaldam a relevância do tema.

Antoni Zabala (1998), destaca a importância da formação docente contínua para promover uma educação de qualidade. A partir dele considera-se que os professores da Educação Infantil têm um papel crucial na formação das bases do conhecimento, habilidades socioemocionais e valores das crianças, é fundamental compreender os desafios que podem impactar a qualidade do ensino nessa fase tão significativa do desenvolvimento infantil.

Vera Maria Candau (2011), enfatiza a relevância de uma educação contextualizada e sensível às diferentes realidades culturais presentes nas salas de aula. Considerando isso, investiga-se os desafios enfrentados pelos professores na aplicação dos Campos de Experiências da BNCC, é possível identificar pontos críticos que podem afetar a efetividade da educação infantil em diferentes contextos, permitindo a adoção de práticas pedagógicas mais adequadas e inclusivas.

No âmbito das legislações educacionais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/1996 estabelece princípios que garantem a qualidade do ensino, enfatizando a importância da formação docente contínua como um dos pilares para a melhoria da educação básica. Além disso, o Plano Nacional de Educação (PNE) Lei nº 13.005/2014, com suas metas e estratégias para o desenvolvimento da educação no Brasil, reforça a valorização dos profissionais da educação e a necessidade de investir em sua formação para aprimorar a qualidade da educação oferecida às crianças. (Brasil, 1996; 2014)

Dessa forma, o estudo sobre os desafios enfrentados pelos professores da Educação Infantil na aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC é relevante e encontra respaldo tanto em referências teóricas consagradas como nos marcos regulatórios da educação no país. A pesquisa pode contribuir para o aprimoramento da formação docente, para a adequação das práticas pedagógicas e, consequentemente, para promover uma educação mais significativa, inclusiva e eficiente nessa etapa crucial do desenvolvimento infantil.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E LEGAL

O currículo da Educação Infantil no Brasil passou por diversas transformações desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 1996 até a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017.

Antes da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, a Educação Infantil não era considerada como uma etapa da Educação Básica, o que acarretava a falta de diretrizes claras para sua organização curricular. No entanto, a partir da LDB, a Educação Infantil foi oficialmente reconhecida como a primeira etapa da Educação Básica, o que gerou a necessidade de elaboração de um currículo específico para essa fase (Brasil, 1996).

Nesse contexto, em 1998, foram integrados os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI). Esses referenciais buscavam orientar o trabalho educativo com as crianças na primeira infância, enfatizando a importância do brincar, da interação social e do desenvolvimento integral das crianças (Brasil, 1998).

Posteriormente, em 2009, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). Essas diretrizes fortaleceram a concepção da criança como sujeito de sua aprendizagem, destacando a necessidade de promover experiências vividas e contextualizadas, respeitando as especificidades de cada faixa etária (Brasil, 2009).

Apesar dos avanços proporcionados pelas DCNEI, muitos municípios optaram por manter a estrutura dos RCNEI, incorporando apenas elementos da nova legislação. Esse cenário ocorreu porque os RCNEI apresentaram uma compreensão de escola, ensino, conteúdo e ação docente muito próxima da concepção de escola convencional (Brasil, 2009).

A aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017 trouxe uma nova perspectiva para o currículo da Educação Infantil. A BNCC foi organizada a partir dos direitos de aprendizagem das crianças, que incluem o direito de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se (Brasil, 2017).

A inclusão dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) em 1998, após a LDB, foi um importante passo para orientar o trabalho educativo com as crianças na primeira infância. Em seguida, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) de 2009 fortaleceram a importância da criança como sujeito de sua aprendizagem.

Com relação à BNCC, é relevante mencionar autores como Augusto Cury (2008) e Jussara Hoffmann (2003), que trouxeram suas contribuições para a temática da Educação Infantil e como a BNCC pode auxiliar no desenvolvimento socioemocional das crianças e subsidiar práticas avaliativas mais formativas.

Além disso, a BNCC representa um avanço significativo, promovendo um currículo mais consistente e alinhado com as necessidades e peculiaridades das crianças nessa fase inicial da educação. A ênfase na Educação Infantil como etapa fundamental para a formação das bases do conhecimento e para a preparação de cidadãos críticos e criativos é um ponto importante a ser destacado.

Do ponto de vista do ensino da linguagem escrita na Educação Infantil, considera-se que emergem para o ensino da linguagem escrita na Educação Infantil conceitos e prática de a partir dos conhecimentos e experiências anteriores das crianças. É fundamental iniciar o ensino considerando o que as crianças já sabem e têm interesse. Incorporar seus conhecimentos, experiências e origens culturais nas atividades de aprendizagem pode aumentar a motivação e o engajamento (Vygotsky, 1998; Piaget, 1999).

Outro ponto importante é fornecer experiências de alfabetização significativas e autênticas. As crianças devem ser expostas a uma variedade de materiais e atividades de alfabetização que tenham relevância e propósito para a vida real. Isso pode incluir a leitura de livros, a escrita de cartas ou histórias e o envolvimento em conversas significativas sobre a linguagem escrita (Freire, 1987; Cambourne, 2001).

Para Halliday (1975); Bruner (1983) é preciso promover ambientes ricos em linguagem, tais como criar um ambiente estimulante em linguagem oral e exposição impressa é crucial para o desenvolvimento das habilidades de linguagem escrita. Isso pode ser alcançado por meio de salas de aula ricas em material impresso, envolvendo-se em conversas e incentivando as crianças a se expressarem por meio da fala e da escrita

Em Dewey (1938) e Rogoff (1990), é preciso equilibrar a instrução explícita e a exploração conduzida pela criança. Embora a instrução explícita seja importante para ensinar habilidades e estratégias específicas, ela deve ser equilibrada com oportunidades para as crianças explorarem e experimentarem a linguagem escrita de maneira conduzida por elas e baseada em brincadeiras. Isso permite o desenvolvimento da criatividade, habilidades de resolução de problemas e um senso de propriedade sobre seu aprendizado

Assim, apoiando o desenvolvimento da consciência fonológica e do conhecimento dos sons das letras, tem-se a consciência fonológica, que envolve reconhecer e manipular os sons da linguagem, e o conhecimento dos sons das letras são habilidades fundamentais para aprender a ler e escrever. Atividades que focam na rima, segmentação e combinação de sons e reconhecimento de letras podem auxiliar no desenvolvimento dessas habilidades (Adams, 1990; Ehri, 1984).

Outra estrutura a ser projetada é o fornecimento de andaime e apoio, isto é, os professores devem fornecer andaime e apoio adequados para ajudar as crianças a desenvolverem suas habilidades de linguagem escrita. Isso pode incluir a modelagem da escrita, fornecendo feedback e orientação, bem como oferecer oportunidades para prática e revisão (Vygotsky, 1998; Bruner, 1983).

Enfim, promover um ambiente de aprendizagem positivo e de apoio, cria um ambiente essencial para que as crianças se sintam motivadas e confiantes no desenvolvimento da linguagem escrita. Isso pode ser alcançado celebrando seus esforços, encorajando-os e criando um espaço seguro para assumir riscos e cometer erros (Bandura, 1977; Dweck, 2006).

2.1. Embasamento da atuação docente na educação infantil.

Sabe-se que a Educação Infantil é uma fase crucial no desenvolvimento da criança e suas práticas educativas são embasadas por várias teorias. Dentre as principais teorias relevantes, destacam-se o Construtivismo de Jean Piaget, enfatizando o papel ativo da criança na construção do conhecimento, a Teoria Social Construtivista de Lev Vygotsky, valorizando a interação social como meio de aprendizagem, e a Teoria do Desenvolvimento Socioemocional de Erik Erikson, enfatizando experiências emocionais e sociais no desenvolvimento. A Teoria do Apego, proposta por Roecker et. al. (2012), enfoca o cuidado e vínculos afetivos, enquanto a “teoria do brincar”, presente nos trabalhos de Vygotsky (1998) e Winnicott (2020), reconhece o brincar como atividade fundamental para aprendizado e expressão emocional. A atuação docente baseada nessas teorias promove experiências educativas significativas e ambiente propício ao desenvolvimento holístico das crianças pequenas.

Teoria do Construtivismo:

Baseada nas ideias de Jean Piaget (2003), essa teoria enfatiza que as crianças são construtoras ativas do conhecimento, pois constroem seu entendimento do mundo por meio de interações com o ambiente e com outras pessoas. O papel do educador é facilitar esse processo, proporcionando experiências desafiadoras, materiais ricos e oportunidades para que as crianças explorem, questionem e descubram por si mesmas.

Teoria Socioconstrutivista:

Desenvolvida por Lev Vygotsky (1984), essa teoria destaca a importância da interação social no desenvolvimento das crianças. Segundo Vygotsky, o aprendizado ocorre em um contexto sociocultural e é mediado pela interação com os outros, especialmente com adultos mais experientes. Os educadores, nessa perspectiva, atuam como facilitadores do aprendizado, fornecendo suporte e promovendo a colaboração entre as crianças.

Teoria do Desenvolvimento Socioafetivo:

Elaborada por Erik Erikson (1976), essa teoria ressalta a importância das experiências emocionais e sociais no desenvolvimento infantil. Os educadores desempenham um papel crucial ao fornecer um ambiente seguro e afetivo, que permita que as crianças desenvolvam a confiança, a autonomia e as habilidades sociais necessárias para a vida em sociedade.

Teoria do apego:

Essa teoria enfatiza a necessidade de reconhecer a dimensão do cuidado na educação das crianças pequenas. Proposta por ROECKER et al. (2012) a Pedagogia do Cuidado destaca a importância de estabelecer vínculos afetivos e acolhedores com as crianças, pois isso cria um ambiente propício para a aprendizagem e o desenvolvimento emocional.

Teoria do Brincar:

Essa teoria considera o brincar como uma atividade fundamental para o desenvolvimento infantil. Autores como Vygotsky (1998) e Winnicott (2020) destacam que o brincar é a forma natural como as crianças aprendem, exploram e expressam suas emoções. Os educadores na Educação Infantil devem valorizar o brincar e criar oportunidades para atividades lúdicas, que estimulem a imaginação e a criatividade.

Essas teorias pedagógicas destacam a importância do papel do educador na Educação Infantil como um facilitador do aprendizado, um mediador das interações sociais e emocionais, e um promotor do desenvolvimento integral das crianças. A atuação docente, quando embasada nessas teorias, torna-se essencial para proporcionar experiências educativas significativas, promovendo o desenvolvimento cognitivo, socioafetivo e motor das crianças em seus primeiros anos de vida.

Por fim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento fundamental para a educação infantil no Brasil e constitui a base das práticas educativas nessa etapa; a BNCC está fundamentada em diversas teorias e referenciais e tem como objetivo garantir uma educação de qualidade e o desenvolvimento integral da criança. Esta publicação apresenta uma revisão da literatura sobre os principais conceitos teóricos que fundamentam as pesquisas sobre a BNCC na educação infantil, bem como o campo de experiências e os princípios norteadores.

A BNCC é o resultado de um amplo processo de discussão e reflexão que leva em conta as contribuições de diversas teorias pedagógicas e psicológicas. As principais referências teóricas são o construtivismo de Jean Piaget e a teoria social construtivista de Lev Vygotsky. Enquanto o construtivismo enfatiza que as crianças são construtoras ativas de conhecimento, a BNCC, baseada na visão construtivista social, enfatiza o papel da interação social e da cultura na construção do conhecimento.

A BNCC também incorpora o conceito de desenvolvimento socioemocional, inspirado nas teorias de Erik Erikson, que reconhece a importância das experiências emocionais e sociais no desenvolvimento das crianças. Assim, as diretrizes para a construção de cidadãos emocionalmente saudáveis levam em conta a perspectiva socioemocional.

A pesquisa sobre a BNCC na educação infantil resultou em uma revisão da literatura que enfatiza a relevância dos “espaços de experiência”. Esses domínios fornecem orientações para o planejamento de práticas educativas na educação infantil e visam abranger diferentes aspectos do desenvolvimento da criança. São eles: eu, os outros e nós; corpo, gesto e movimento; marcas, sons, cores e formas; ouvir, falar, pensar e imaginação; e espaço, tempo, quantidade, relações e transformação (Brasil, 2017).

Cada um destes “domínios de experiência” engloba orientações específicas que guiam as atividades e estratégias educativas desenvolvidas com as crianças. Por exemplo, o domínio “eu, os outros e nós” inclui comportamentos que promovem a construção da identidade, a autonomia e o respeito pela diversidade. O domínio “ouvir, falar, pensar e imaginar” dá ênfase ao desenvolvimento da linguagem oral, da expressão e da criatividade (Brasil, 2017).

As orientações no domínio da experiência visam proporcionar um currículo mais coerente que respeite a individualidade de cada criança e valorize a diversidade cultural e social que existe no nosso país. A investigação baseada na revisão da literatura e no campo de experiência da BNCC oferece aos educadores oportunidades para enriquecer a prática educativa, apoiar o desenvolvimento holístico das crianças e prepará-las para uma vida plena e participativa na sociedade.

3. METODOLOGIA

Metodologicamente, este artigo trata-se de estudo adota uma abordagem qualitativa que possibilita uma compreensão mais aprofundada do fenômeno em relação aos desafios e possibilidades dos professores da Educação Infantil na implementação do espaço de vivência da BNCC. Por meio dessa abordagem, busca-se explorar as percepções presentes na literatura e nos textos oficiais e fornecer subsídios importantes para a compreensão do tema de interesse.

Na coleta de dados foram utilizadas técnicas de mineração de dados, a partir de palavras-chave de estudos com foco na educação infantil, o que permitiu uma análise mais aprofundada das percepções e práticas educativas relacionadas ao ‘campo de experiência’.

Outra estratégia de recolha de dados foi a análise de documentos. Estes documentos podem fornecer informações valiosas sobre as aplicações práticas do domínio da aprendizagem experiencial e ajudar a identificar possíveis desafios e oportunidades para os professores.

É importante sublinhar que a investigação foi conduzida de forma ética. Os dados recolhidos serão cuidadosamente analisados através de métodos analíticos qualitativos, com o objetivo de identificar padrões, temas recorrentes e ideias relevantes para o desenvolvimento do estudo.

Assim, ao adotar uma abordagem qualitativa e uma variedade de técnicas de coleta de dados, será possível uma análise detalhada e rica dos desafios e possibilidades que os professores da Educação Infantil enfrentam ao implementar a área de experiência da BNCC. Essa compreensão aprofundada contribuirá para a melhoria das práticas pedagógicas e para o desenvolvimento integral das crianças nessa etapa da educação básica.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES dos DESAFIOS NA APLICABILIDADE DOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC

Esta seção analisará os desafios enfrentados pelos professores da Educação Infantil na aplicação dos Campos de Experiências propostos pela BNCC. Dentre os desafios discutidos, podem ser destacados, como a falta de formação adequada, a infraestrutura e recursos limitados e a avaliação do desenvolvimento infantil.

A falta de formação adequada é um dos principais desafios que os professores da Educação Infantil enfrentam ao aplicar os Campos de Experiências é a falta de formação pedagógica específica para essa abordagem curricular. A BNCC propõe um novo olhar sobre a educação, centrado nas experiências e no desenvolvimento integral das crianças, o que requer uma formação docente voltada para práticas pedagógicas mais flexíveis, participativas e sensíveis às necessidades individuais dos alunos.

Almeida (2019) enfatiza em seus estudos sobre formação de professores que a capacitação adequada é essencial para que os educadores possam efetivamente aplicar a BNCC na Educação Infantil, desenvolvendo abordagens pedagógicas alinhadas aos Campos de Experiências.

Quadro – Análise da falta de formação adequada para aplicar os Campos de Experiências na Educação Infantil

Descrição da Dificuldade Falta de formação pedagógica específica para a abordagem curricular proposta pela BNCC na Educação Infantil.
Contexto Educação Infantil
Aspecto AbordadoFormação dos Professores
DesafioA falta de formação adequada dos professores na aplicação dos Campos de Experiências dificulta a efetivação das práticas pedagógicas propostas pela BNCC. A abordagem curricular centrada nas experiências e no desenvolvimento integral das crianças exige uma formação docente específica, que permita aos educadores compreenderem os fundamentos teóricos e metodológicos dessa proposta. A ausência dessa formação pode resultar em práticas pedagógicas pouco alinhadas aos princípios da BNCC, limitando o potencial de aprendizado e desenvolvimento das crianças.
Impacto nas Práticas PedagógicasA falta de formação adequada pode levar os professores a utilizarem abordagens pedagógicas tradicionais, pouco flexíveis e pouco sensíveis às necessidades individuais dos alunos. Isso pode gerar um ensino pouco contextualizado, com pouca valorização das experiências e saberes das crianças, o que vai de encontro aos princípios da BNCC. Além disso, a falta de formação específica pode dificultar a criação de atividades pedagógicas que promovam o desenvolvimento integral das crianças, abrangendo os aspectos cognitivos, socioemocionais e motores.
Possíveis SoluçõesInvestir em programas de formação continuada voltados especificamente para a aplicação dos Campos de Experiências da BNCC na Educação Infantil. Esses programas devem abranger fundamentos teóricos e práticos, proporcionando aos professores conhecimentos e estratégias para a efetivação da abordagem curricular proposta.
Estimular a participação dos professores em cursos, workshops e grupos de estudo que abordem a temática da Educação Infantil e os Campos de Experiências da BNCC. Isso permite o compartilhamento de experiências e a troca de conhecimentos entre os educadores, enriquecendo suas práticas pedagógicas.
Fortalecer a parceria entre as instituições de ensino superior e as redes de Educação Infantil, buscando a integração entre teoria e prática na formação dos professores. Essa parceria pode resultar na elaboração de currículos de formação que contemplem as especificidades da Educação Infantil e a abordagem dos Campos de Experiências.
Incentivar o desenvolvimento de materiais e recursos didáticos específicos para a aplicação dos Campos de Experiências na Educação Infantil. Isso facilita o trabalho dos professores, fornecendo subsídios para a criação de atividades pedagógicas alinhadas com a BNCC.

Fonte: Hoffmann, J. (2000). (Brasil, 2017); Almeida, M. L. P. (2019). Adaptado pela autora.

Por conseguinte, a infraestrutura e recursos limitados é outro desafio enfrentado pelos professores é a disponibilidade limitada de recursos e infraestrutura adequada para implementar as atividades propostas nos Campos de Experiências. Muitas escolas da Educação Infantil possuem espaços físicos restritos, falta de materiais pedagógicos diversificados e poucos recursos para promover experiências enriquecedoras.

Pacheco (2018) ressalta em suas pesquisas sobre a infraestrutura escolar na Educação Infantil que a carência de recursos pode dificultar a oferta de experiências variadas e prejudicar o desenvolvimento integral das crianças.

Quadro 2 – Quadro Analítico da Infraestrutura e Recursos Limitados na Educação Infantil

Descrição da DificuldadeDisponibilidade limitada de recursos e infraestrutura adequada para implementar as atividades propostas nos Campos de Experiências.
ContextoEducação Infantil
Aspecto AbordadoInfraestrutura e Recursos
Desafio A infraestrutura precária e a escassez de recursos materiais representam um desafio significativo para os professores da Educação Infantil ao aplicar os Campos de Experiências. A proposta curricular da BNCC incentiva práticas pedagógicas diversificadas e ricas em experiências, mas a falta de recursos pode limitar a oferta de atividades variadas e enriquecedoras para as crianças. A disponibilidade limitada de materiais pedagógicos diversificados, espaços físicos restritos e poucos recursos financeiros pode dificultar a criação de um ambiente estimulante e propício para o desenvolvimento integral das crianças.
Impacto nas Práticas PedagógicasA escassez de recursos pode levar os professores a restringir suas práticas pedagógicas, focando em atividades mais tradicionais e pouco inovadoras. A falta de materiais diversificados pode limitar a exploração e experimentação das crianças, dificultando o desenvolvimento de suas habilidades e potencialidades. A carência de infraestrutura adequada pode impactar negativamente a realização de atividades que demandem espaços amplos, prejudicando o desenvolvimento motor e o aprendizado ativo das crianças.
Possíveis SoluçõesBuscar parcerias com a comunidade local, empresas e instituições para a doação de materiais e recursos pedagógicos, visando enriquecer o ambiente escolar e oferecer mais oportunidades de aprendizado para as crianças.
Desenvolver atividades pedagógicas que valorizem o uso criativo de materiais simples e de baixo custo, estimulando a criatividade e a inventividade das crianças.
Buscar o apoio da gestão escolar e das autoridades locais para investir na melhoria da infraestrutura da escola, visando criar espaços mais adequados e funcionais para as atividades propostas pelos Campos de Experiências.
Estimular a prática da reutilização e reciclagem de materiais, incentivando a consciência ambiental e o reaproveitamento de recursos.

Fonte: Pacheco, C. A. (2018); Brasil. (2017). Adaptado pela autora.

Enquanto a avaliação do desenvolvimento infantil, a BNCC valoriza uma abordagem de avaliação formativa, centrada no acompanhamento contínuo do desenvolvimento das crianças. No entanto, essa mudança na concepção avaliativa pode ser desafiadora para os professores acostumados com modelos tradicionais de avaliação.

Quadro 3- Quadro Analítico: Avaliação do Desenvolvimento Infantil

Descrição da Dificuldade Desafios relacionados à avaliação do desenvolvimento infantil, considerando a mudança da concepção avaliativa proposta pela BNCC para uma abordagem formativa e contínua.
ContextoEducação Infantil
Aspecto AbordadoAvaliação do Desenvolvimento Infantil
DesafioA mudança da concepção avaliativa proposta pela BNCC, que valoriza uma avaliação formativa e contínua, pode ser desafiadora para os professores da Educação Infantil que estão acostumados com modelos tradicionais de avaliação, baseados em provas e notas. A abordagem formativa preconizada pela BNCC busca acompanhar o desenvolvimento das crianças de maneira contínua, considerando suas singularidades e avanços ao longo do tempo. No entanto, essa mudança requer uma nova postura por parte dos educadores, que precisam se desvincular de práticas avaliativas pautadas em resultados pontuais e adotar uma perspectiva mais processual, focada no acompanhamento do progresso e na reflexão sobre as aprendizagens das crianças.
Impacto nas Práticas PedagógicasA resistência dos professores em adotar uma abordagem avaliativa formativa pode resultar em práticas pedagógicas que não contemplam o acompanhamento contínuo do desenvolvimento das crianças. A avaliação centrada em provas e notas pode limitar a compreensão das necessidades individuais dos alunos e o planejamento de intervenções pedagógicas mais direcionadas. Além disso, uma avaliação focada em resultados pontuais pode gerar uma pressão excessiva sobre as crianças, prejudicando seu desenvolvimento emocional e comprometendo o ambiente de aprendizagem.
Possíveis SoluçõesPromover formações e capacitações para os professores sobre a concepção avaliativa da BNCC e estratégias para implementar uma avaliação formativa em sala de aula.
Estimular a reflexão dos professores sobre suas práticas avaliativas, incentivando a revisão de modelos tradicionais e a busca por novas abordagens que considerem o acompanhamento contínuo do desenvolvimento das crianças.
Oferecer apoio pedagógico e acompanhamento para os professores na implementação da avaliação formativa, auxiliando na identificação de estratégias e instrumentos adequados para acompanhar o progresso das crianças de forma mais processual.
Incentivar a participação dos pais e responsáveis no processo avaliativo, buscando estabelecer uma parceria entre a escola e a família para acompanhar o desenvolvimento integral das crianças.

Fonte: Brasil (2017). Hoffmann (2000). Adaptado pela autora

5. POSSIBILIDADES PARA A APLICABILIDADE DOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC

Nesta seção, serão exploradas as possibilidades e estratégias que os professores podem adotar para superar os desafios apresentados anteriormente e efetivamente aplicar os Campos de Experiências da BNCC. Entre as possibilidades a serem abordadas, destacam-se a formação continuada, nesta deve-se investir em programas de formação continuada pode auxiliar os professores na compreensão e aplicação efetiva dos Campos de Experiências.

A seguir apontamos um quadro analítico de formação continuada.

Quadro 4- Formação continuada pode auxiliar os professores na compreensão e aplicação efetiva dos Campos de Experiências

Formação ContinuadaInvestir em programas de formação continuada pode auxiliar os professores na compreensão e aplicação efetiva dos Campos de Experiências. Exemplificando os campos de experiências da Educação infantil
BenefíciosCompreensão dos Campos de Experiências da BNCC e sua aplicação na prática pedagógica.
Enriquecimento das práticas pedagógicas para proporcionar experiências mais significativas e contextualizadas para as crianças.
Desenvolvimento de habilidades e competências para promover o desenvolvimento integral das crianças.
Adoção de uma abordagem mais centrada na criança, valorizando suas vivências e interesses.
Campos de ExperiênciasExemplos de como os Campos de Experiências podem ser aplicados:
O Eu, o Outro e o Nós: Promover atividades que estimulem a convivência e o respeito entre as crianças, incentivando a expressão das emoções e a compreensão do outro.
Traços, Sons, Cores e Formas: Proporcionar experiências artísticas e criativas, como pintura, desenho e música, para que as crianças expressem sua criatividade e sensibilidade.
Espaços, Temporalidades, Quantidades, Relações e Transformações: Criar ambientes ricos em materiais diversos, promovendo a exploração, a curiosidade e a descoberta do mundo ao redor.
Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação: Estimular o diálogo, a expressão verbal e a imaginação das crianças por meio de histórias, jogos de faz de conta e outras atividades lúdicas.
Corpo, Gestos e Movimentos: Proporcionar brincadeiras e atividades que estimulem o movimento, a coordenação motora e a consciência corporal das crianças.
Brincadeiras e Formas Expressivas: Oferecer oportunidades para que as crianças se expressem de forma livre e criativa por meio de brincadeiras e atividades que envolvam música, dança e teatro.

Fonte: Brasil (2017) Adaptado pela autora.

A tabela apresenta os benefícios da formação continuada para os professores, destacando como ela pode ajudar na compreensão e aplicação dos Campos de Experiências da Educação Infantil. Além disso, são fornecidos exemplos de como cada Campo de Experiência pode ser aplicado na prática pedagógica, proporcionando experiências enriquecedoras para as crianças.

Levar os professores a participar de programas de formação continuada que abordem especificamente os Campos de Experiências da BNCC, os envolverá aos momentos de reflexão sobre as práticas pedagógicas, permitindo que os educadores compreendam os fundamentos teóricos da abordagem e reflitam sobre sua aplicação na realidade da sala de aula. Essa estratégia pode ser fundamentada em estudos de Almeida (2019), que enfatiza a importância da formação docente para a efetivação da BNCC na Educação Infantil.

Nesse sentido permitirá as parcerias e trabalho colaborativo, onde se estabelecerá parcerias com outras instituições e profissionais da área educacional pode viabilizar o acesso a recursos e ampliar as experiências educativas.

A seguir um quadro de possibilidades para a aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC, com foco em Parcerias e trabalho colaborativo.

Quadro 5– Possíveis parcerias e trabalho colaborativo

Possibilidades para a Aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC
1. Estabelecer Parcerias com Instituições Culturais
Firmar parcerias com museus, bibliotecas, teatros e outras instituições culturais para proporcionar experiências enriquecedoras e complementares ao conteúdo trabalhado nos Campos de Experiências.

2. Colaboração com Profissionais Especializados
Trabalhar em conjunto com psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros profissionais especializados para atender às necessidades específicas das crianças e enriquecer as experiências educativas.

3. Realização de Atividades Externas e Visitas Pedagógicas
Promover atividades externas e visitas a locais relevantes, como parques, fazendas, mercados e empresas, para vivenciar situações do cotidiano e estabelecer conexões com os Campos de Experiências.

4. Parcerias com Famílias e Comunidade
Envolver as famílias e a comunidade no planejamento e desenvolvimento de atividades relacionadas aos Campos de Experiências, para fortalecer a integração entre a escola e a comunidade local.

5. Integração com Outros Professores e Instituições Escolares
Promover a colaboração entre os professores de diferentes turmas e instituições escolares para compartilhar ideias, práticas pedagógicas e recursos relacionados aos Campos de Experiências.

6. Uso de Tecnologias e Recursos Online
Utilizar recursos online, como videoconferências e plataformas de ensino, para estabelecer parcerias virtuais com outras instituições e profissionais, enriquecendo as experiências educativas.

7. Participação em Redes de Colaboração e Grupos de Estudo
Integrar redes de colaboração com outras escolas, participar de grupos de estudo e participar de encontros pedagógicos para trocar conhecimentos e experiências relacionadas aos Campos de Experiências.

8. Buscar Financiamentos e Apoio Institucional
Buscar financiamentos e apoio institucional para viabilizar parcerias e atividades que demandem recursos adicionais, permitindo a ampliação das experiências educativas nos Campos de Experiências.

Fonte: Pacheco (2018) Elaboração da autora

Neste quadro de possibilidades, são apresentadas oito sugestões para aplicar os Campos de Experiências da BNCC por meio de parcerias e trabalho colaborativo com outras instituições e profissionais da área educacional. Cada possibilidade oferece uma abordagem prática para viabilizar o acesso a recursos e ampliar as experiências educativas, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem e promovendo o desenvolvimento integral das crianças. O trabalho colaborativo pode contribuir para uma educação mais significativa e contextualizada, conectando as experiências das crianças com o mundo real e com a comunidade ao seu redor.

Pode-se estimular a criação de uma rede de colaboração entre os professores da Educação Infantil, onde possam compartilhar experiências e práticas pedagógicas bem-sucedidas, trocar ideias e se apoiar mutuamente. Essa abordagem é sustentada por Pacheco (2018), que aponta para a importância da parceria entre os educadores para o enriquecimento das práticas pedagógicas.

Assim, é preciso realizar acompanhamento e avaliação reflexiva. Isto é, implementar um processo contínuo de acompanhamento e avaliação reflexiva das práticas pedagógicas pode auxiliar na adaptação dos métodos e na melhoria constante do ensino.

Quadro 6- Acompanhamento e avaliação reflexiva

Possibilidades para a Aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC
1. Criação de Instrumentos de Avaliação Reflexiva
Desenvolver ferramentas de avaliação que permitam aos professores refletirem sobre suas práticas pedagógicas em relação aos Campos de Experiências da BNCC. Isso pode incluir questionários, diários de bordo, registros de observação, entre outros.

2. Estabelecimento de Metas de Desenvolvimento Profissional
Definir metas individuais ou coletivas para os professores em relação à aplicação dos Campos de Experiências. Estas metas podem ser revistas periodicamente durante o processo de acompanhamento e avaliação reflexiva.

3. Realização de Reuniões de Reflexão Pedagógica
Promover encontros regulares entre os educadores para discutir e compartilhar suas experiências em relação à aplicação dos Campos de Experiências. Essas reuniões podem estimular a reflexão conjunta e a troca de práticas efetivas.

4. Utilização de Observações e Feedback Construtivo
Realizar observações nas salas de aula para acompanhar a aplicação dos Campos de Experiências e fornecer feedback construtivo aos professores. O objetivo é ajudá-los a identificar pontos fortes e áreas de melhoria em suas práticas.

5. Registro de Experiências e Reflexões
Incentivar os professores a manterem registros das experiências pedagógicas relacionadas aos Campos de Experiências, bem como suas reflexões sobre os resultados obtidos. Esses registros podem ser úteis para análises futuras.

6. Análise de Resultados e Tomada de Decisões Pedagógicas
Utilizar os dados e informações coletados por meio da avaliação reflexiva para orientar a tomada de decisões pedagógicas. Essas informações podem ajudar a adaptar os métodos e estratégias, buscando constantemente melhorias no ensino.

7. Colaboração entre Equipe Pedagógica e Gestores
Envolver gestores e coordenadores pedagógicos no processo de acompanhamento e avaliação reflexiva. A colaboração entre todos os membros da equipe pode fortalecer a busca por práticas efetivas e o aprimoramento do ensino.

8. Promoção de Formação Continuada
Oferecer programas de formação continuada que abordem os Campos de Experiências da BNCC, a fim de aprimorar os conhecimentos e habilidades dos professores para aplicá-los de forma mais efetiva em sua prática pedagógica.

Fonte: Hoffmann (2000); Brasil (2017). Adaptado pela autora.

Neste quadro de possibilidades, são apresentadas oito sugestões para auxiliar na aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC, por meio de um processo contínuo de acompanhamento e avaliação reflexiva. Cada possibilidade oferece uma abordagem prática para promover a reflexão e o aprimoramento das práticas pedagógicas dos professores em relação aos Campos de Experiências da BNCC. Essas estratégias visam contribuir para o desenvolvimento integral das crianças e para o alcance dos objetivos educacionais propostos pela Base Nacional Comum Curricular.

É possível implementar uma avaliação formativa e participativa, envolvendo tanto os professores quanto os pais e responsáveis. Através de diálogos frequentes, é possível acompanhar o desenvolvimento das crianças e identificar suas necessidades e avanços. Essa abordagem é respaldada por Hoffmann (2000), que enfatiza a importância de uma avaliação que considere o processo de aprendizagem das crianças ao longo do tempo.

Portanto, as possibilidades para a aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC, são estratégias para enfrentar os desafios e aplicar efetivamente os Campos de Experiências na Educação Infantil. Entre ela a ideia de utilização de Recursos Pedagógicos Criativos e de Baixo Custo. Isso pode ser feito através da reutilização e reciclagem de materiais, estimulando a inventividade das crianças. Essa estratégia pode ser embasada em experiências de sucesso relatadas por educadores que adotaram práticas pedagógicas sustentáveis e criativas em suas aulas. Isso requer, parcerias com a comunidade e Instituições. Assim contribuirá para o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem

A aplicação efetiva dos Campos de Experiências da BNCC na Educação Infantil é um passo importante para a construção de uma educação de qualidade, que valorize as experiências e saberes das crianças, promovendo o desenvolvimento integral e preparando-as para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo com autonomia, criatividade e cidadania.Parte superior do formulário

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo explorou os desafios e possibilidades enfrentados pelos professores da Educação Infantil na aplicabilidade dos Campos de Experiências da BNCC. Ao longo da pesquisa, foram abordados três principais desafios: a falta de formação adequada, a limitação de infraestrutura e recursos, e a adaptação à avaliação reflexiva. A partir desses desafios, foram propostas diversas possibilidades para auxiliar os professores na superação das dificuldades e na aplicação efetiva dos Campos de Experiências.

Através de uma revisão da legislação educacional e da fundamentação teórica com base em autores como Pacheco (2018), Cerizara (2002), Gil (2007) e Brasil (1998), foi possível compreender a importância da BNCC na Educação Infantil como um marco significativo para o currículo brasileiro, reconhecendo a etapa como a primeira da Educação Básica e direcionando o trabalho educativo a partir dos direitos de aprendizagem das crianças.

No contexto da pesquisa, verificou-se a relevância do estudo, uma vez que os desafios enfrentados pelos professores na aplicabilidade dos Campos de Experiências podem impactar diretamente a qualidade do processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil. A falta de formação adequada pode comprometer a compreensão dos professores sobre a abordagem curricular proposta, prejudicando a efetividade das práticas pedagógicas. A limitação de infraestrutura e recursos pode restringir o acesso das crianças a experiências enriquecedoras, diminuindo as possibilidades de desenvolvimento integral. A dificuldade na adoção de uma avaliação reflexiva pode limitar o processo de melhoria contínua das práticas pedagógicas e o alcance dos objetivos educacionais.

Entretanto, a pesquisa também destacou as possibilidades para enfrentar esses desafios. Através de estratégias como formação continuada, estabelecimento de parcerias, acompanhamento reflexivo, entre outras, os professores podem potencializar sua prática pedagógica e promover experiências mais significativas e contextualizadas para as crianças. O trabalho colaborativo com outras instituições e profissionais da área educacional pode enriquecer as vivências e garantir o acesso a recursos adicionais.

Portanto, é fundamental que as instituições de ensino, gestores educacionais e professores se empenhem na busca por soluções para superar os desafios e aproveitar as possibilidades oferecidas pelos Campos de Experiências da BNCC. Somente por meio de um esforço conjunto, voltado para aprimorar as práticas pedagógicas e promover o desenvolvimento integral das crianças, poderemos garantir uma Educação Infantil de qualidade, que respeite os direitos de aprendizagem das crianças e proporcione uma base sólida para o seu desenvolvimento ao longo da trajetória educacional.

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¹Discente do curso de Mestrado em Educação na FICS – Faculdad Interamericana De Ciencias Sociales, no Programa De Pós-Graduação Em Ciências Da Educação. Pedagoga, formada pela Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e letras de Candeias. Atua na Educação Infantil, na UMEI Eleandro dos Santos Nogueira, e-mail: Ferreira26rafaela@gmail.com