OS DESAFIOS DOS DOCENTES NA ESCOLA INTEGRAL C.E.M. ALMIRANTE TAMANDARÉ, EM SÃO LUIS-MA, NO CONTEXTO DA PANDEMIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501200115


Eliane Ramira Sousa Lopes[1]


Resumo

A presente pesquisa objetiva evidenciar os desafios do ensino remoto no contexto da pandemia no Centro Educa Mais Almirante Tamandaré no ano de 2021. Os procedimentos metodológicos deram-se mediante a pesquisa bibliográfica para fundamentação do tema, pesquisa exploratória, descritiva, qualitativa e estudo de caso.  Os instrumentos da coleta de dados foram a observação direta e o questionário aplicado junto aos professores da instituição. Desse modo, foram abordadas as seguintes temáticas: os desafios do ensino remoto no contexto da pandemia, no qual se descreveu acerca do cenário causado pela pandemia do COVID-19 (SARS-CoV-2), visando refletir sobre o contexto pandêmico e sobre seus efeitos no Brasil; abordagem sobre o papel do professor como mediador e inovador no processo educativo, onde ressaltou-se sua atribuição como mediador do conhecimento principalmente pelos métodos remotos com a utilização das plataformas digitais; descreve sobre a importância dos recursos tecnológicos no ensino remoto no período de pandemia como forma de manter o ritmo de aulas e tentar diminuir os efeitos negativos da ausência prolongada dos alunos e professores na sala de aula. Finaliza destacando o resultado que evidenciou que inicialmente houve alguns obstáculos como a falta de preparo dos professores frente aos recursos tecnológicos, a indisponibilidade de internet de alguns alunos para acompanhar as aulas, bem como outros fatores como a desmotivação o que gera a falta de participação dos alunos nas aulas.

Palavras – Chave: Ensino remoto. Ferramentas tecnológicas. Pandemia

Abstract

The present study aims to highlight the challenges of remote teaching in the context of the pandemic at the Centro Educa Mais Almirante Tamandaré in 2021. The methodological procedures involved bibliographic research to support the theme, exploratory, descriptive, qualitative research, and case study. Data collection instruments included direct observation and a questionnaire administered to the institution’s teachers. In this way, the following themes were addressed: the challenges of remote teaching in the context of the pandemic, describing the scenario caused by the COVID-19 (SARS-CoV-2) pandemic to reflect on the pandemic context and its effects in Brazil; an approach to the role of the teacher as a mediator and innovator in the educational process, highlighting their role as a knowledge mediator, especially through remote methods using digital platforms; describing the importance of technological resources in remote teaching during the pandemic period as a way to maintain the pace of classes and try to mitigate the negative effects of the prolonged absence of students and teachers from the classroom. It concludes by highlighting the result that initially there were some obstacles such as the lack of preparation of teachers regarding technological resources, the unavailability of the internet for some students to follow classes, as well as other factors such as demotivation, which leads to lack of student participation in classes.

Keywords: Remote teaching. Technological tools. Pandemic.

1 INTRODUÇÃO

A pandemia da COVID-19 (SARS-CoV-2), causou grande desgaste no cotidiano e convívio entre as pessoas, no contexto escolar as transformações tornaram as atividades e as aulas mais desafiadoras, sendo a tecnologia a grande aliada entre escola e família. As aulas remotas determinaram e orientaram à distância, sempre visando as lições que eram encaminhadas pelos professores com prazos determinados de entrega, tendo as famílias que cumprir esse cronograma.

É importante ressaltar ainda, que assim como em outros países, o Brasil, também passou por várias transformações, principalmente na educação onde muitas instituições escolares tiveram que ser fechadas, interrompendo por tempo indeterminado as aulas presenciais e adaptando-se a nova realidade de ensino. Foi então adotado como uma solução temporária, visando à continuidade do ano letivo, o ensino remoto, no qual os docentes mudaram o jeito de ministrar as aulas, por meio dos recursos tecnológicos disponíveis no ambiente social, buscando inovar com as metodologias ativas, ao mesmo tempo com as atividades pedagógicas tradicionais (SANTOS; FERNANDES NETO, 2021).

Diante disto, a presente pesquisa demonstrou os desafios dos professores frente a esses novos métodos de ensino, utilizando de ferramentas tecnológicas que até então não estavam presentes na vida de muitos alunos e professores, sobretudo, quando se refere aos alunos das escolas públicas.

Para acompanhar tal processo foi realizada uma pesquisa com a finalidade de se refletir sobre a relevância do ensino remoto e os recursos utilizadoscomo instrumento pedagógico e sua importância e apoio para a ampliação do procedimento de ensino aprendizagem.Nesse sentido, esta pesquisa discute questões voltadas ao ensino remoto durante o segundo ano consecutivo da pandemia, o qual corresponde ao ano de 2021.

A presente pesquisa justifica-se pelo fato de demonstrar a relevância do ensino remoto diante da urgência do ensino não presencial por conta da pandemia da COVID-19 (SARS-CoV-2), no qual toda a comunidade educacional passou por um processo de atualização e submersão a técnicas e métodos não utilizados por alguns. Assim, o interesse em trabalhar esse tema surgiu pelo fato de fazer parte do processo de aprendizagem na escola em estudo, Almirante Tamandaré, onde manifestou-se o desejo de aprofundar mais sobre essa questão.

Assim, diante deste contexto, surge o seguinte problema: Quais os impactos da pandemia sobre o processo educacional na Escola Almirante Tamandaré?

A presente pesquisa tem como objetivo geral evidenciar os desafios do ensino remoto no contexto da pandemia no Centro Educa Mais Almirante Tamandaré no ano de 2021. E como objetivos específicos: descrever a importância dos recursos tecnológicos no ensino remoto; verificar os recursos tecnológicos utilizados pelos professores nesse período; apresentar as estratégias que podem ser desenvolvidas nas aulas remotas.

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A presente pesquisa apresenta caráter exploratório, que segundo Gil (2019, p. 41) “[…] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, aprimorando as ideias ou a descoberta de instituições”. Dessa forma, esse tipo de pesquisa possibilita ao pesquisador a análise de informações a partir do problema em estudo.

Referente aos procedimentos técnicos realizou-se a pesquisa bibliográfica que visa compreender os fundamentos teóricos relacionados ao tema pesquisado, analisando periódicos e livros. Conforme Marconi e Lakatos (2021, p. 176): “[…] a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses […]”.

Do ponto de vista de seus objetivos a pesquisa classifica-se como descritiva, ou seja, estar voltada para descrever as particularidades do fenômeno ou populações e ainda no intuito de estabelecer relações entre as variáveis. Para Gil (2019) este tipo de pesquisa descreve as características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário, entrevista e a observação.

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema utilizou-se a pesquisa qualitativa que de acordo com Richardson (2017) pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

O delineamento escolhido para a pesquisa foi o estudo de caso que de acordo com Gil (2019, p. 58) “o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre um fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”.

O universo da pesquisa realizada neste estudo compreendeu o Centro Educa Mais Almirante Tamandaré em São Luís – MA, sendo os sujeitos 12 professores que trabalharam com o ensino remoto, onde buscou-se investigar a realidade que envolve esse processo de ensino na escola em questão. 

Adotou-se como instrumento de coleta de dados a observação direta e a aplicação de questionários com questões abertas aplicado junto aos professores. Uma vez que, o questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema. Deste modo, através da aplicação de um questionário a um público-alvo é possível recolher informações que permitam conhecer melhor o problema.

A observação foi participante, assistemática e individual, que é uma técnica que consiste em examinar, presencialmente, de forma criteriosa e seletiva a realidade a ser estudada, onde o pesquisador participa na situação pesquisada, assumindo papéis dentro do fenômeno estudado (MARCONI; LAKATOS, 2021).  

Para estabelecer a amostra de estudo foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão, a saber: publicações na íntegra e com acesso livre e gratuito sobre o tema, no idioma inglês, português ou espanhol indexadas nos bancos de dados e publicados no período de 2018 a 2021. Após busca nas bases de dados, foram encontrados 27 artigos que após leitura dos títulos e dos resumos e disponibilidade para acesso ao trabalho na íntegra foram selecionados os 15 que contemplaram os critérios de inclusão e excluídos 12 que não continham as informações necessárias ao tema da pesquisa.

2.1 Caracterização da Escola 

O Centro Educa Mais Almirante Tamandaré fica localizada na Rua Rubens Tavares, s/n, quadra 32 – Cohab Anil I, São Luís – MA. A escola no ano de 2021 constava com 636 alunos matriculados e 19 turmas, com uma média de 35 alunos por classe.

A estrutura física da escola nesse ano de 2021 se subdividiu em: 19 (dezenove) salas de aula, 01 (uma) sala de supervisão, 01 (uma) sala de professores, 01 (uma) sala de gestão, 01 (uma) biblioteca, 01 (uma) secretaria, 11 (onze) banheiros, 01 (uma) auditório, 01 (um) depósito, 01(uma) cozinha, 04 (quatro) laboratórios, 01 (uma) sala de mídia, 01 (uma) quadra, 01 (um) campo, 01 (uma) sala de projeto de vida, 01 (uma) sala de segurança e 01 (um) almoxarifado.

3 DESAFIOS DO ENSINO REMOTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA

O cenário da Educação no Brasil durante a pandemia foi bem preocupante, haja vista que a situação educacional no país se apresenta de forma desigual no acesso à educação, agravado ainda mais durante esse período de difícil acesso dos alunos às aulas que em alguns estados foram definidas como remoto e em outros como híbrido. Essa tomada de decisão em relação ao formato das aulas, remotas ou hibridas, se deu mediante orientações do Ministério da Educação e Ministério da Saúde sobre a situação epidemiológica de cada estado ou município, após as análises e resultados da evolução da pandemia pelas Secretarias de Saúde estaduais e municipais, as Secretarias de Educação elaboram seus planos de ação para não deixar os alunos desassistidos e não perdessem mais um ano letivo.

Após as escolas serem fechadas, o ensino remoto foi adotado como principal meio para que as aulas continuassem, conforme publicado no dia 17 de junho de 2020 no Diário Oficial a Portaria do MEC nº 544 que trata desse novo modelo de aula. Neste aspecto todos os meios tecnológicos como internet, mídias digitais, celulares, smartphones, Televisão, são fundamentais neste processo. Entretanto, esse método não é viável para toda a população e ainda apresenta muitos desafios para a educação básica à superior.

Para que não houvesse um colapso na educação, o Conselho Nacional de Educação não demorou promover uma ação e publicou um Parecer nº 5/2020, no qual dispõe sobre uma reorganização para o calendário escolar, em que as atividades poderiam ser preparadas e distribuídas para que fossem resolvidas em casa, com a ajuda dos pais e/ou responsáveis. Pensando assim, no cumprimento da carga horária mínima anual. O Parecer propõe que:

[…] as atividades pedagógicas não presenciais podem acontecer por meios digitais (videoaulas, conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem, redes sociais, correio eletrônico, blogs, entre outros); por meio de programas de televisão ou rádio; pela adoção de material didático impresso com orientações pedagógicas distribuído aos alunos e seus pais ou responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e exercícios indicados nos materiais didáticos. A comunicação é essencial neste processo, assim como a elaboração de guias de orientação das rotinas de atividades educacionais não presenciais para orientar famílias e estudantes, sob a supervisão de professores e dirigentes escolares (BRASIL, 2020, p. 8-9).

Nesse sentido, pode-se observar que as aulas remotas foram um dos mecanismos pensados para garantir o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, sendo que esse novo padrão propôs ao educador uma busca por novas metodologias.

Dessa forma, o novo modelo de ensino, com uso das tecnologias, considerado como ensino remoto emergencial, apresentou inúmeros desafios ao processo ensino aprendizagem, pelo fato da mudança no comportamento social dos estudantes, por acarretar dúvidas e receios em alunos e educadores, em razão da nova forma de ensino, bem como pela falta muitas vezes de domínio no conhecimento dessa metodologia (SILVA et al., 2021).

Para Silva, Santos e Lima (2020), o novo modelo de ensino exigiu muito esforço de uma parcela significativa de educadores que apresentam dificuldades no uso das ferramentas tecnológicas. Diversos desafios foram deixados para a adaptação dos professores nesses novos métodos de ensino, quando eles tiveram que buscar meios de explanar os conteúdos de forma compreensível, facilitando o acompanhamento feito pelos pais/responsáveis, utilizando de ferramentas tecnológicas que até então não estavam presentes na vida de muitos alunos e professores, ainda mais quando se refere aos alunos das escolas públicas.

Portanto, entende-se que no período pandêmico os professores buscaram meios de viabilizar o ensino-aprendizagem através dos recursos tecnológicos. Mas, também é de conhecimento de todos que a realidade de muitas escolas e dos alunos do Brasil é outra. Muitos municípios não disponibilizaram para as escolas suporte técnico em que os professores pudessem desenvolver de forma adequada o seu trabalho nesse período.

3.1 O professor como mediador e inovador no processo educativo

A pandemia trouxe consigo inúmeras modificações, principalmente no meio educacional que precisou adotar novas práticas pedagógicas que tiveram grandes alterações nas formas de ensino e aprendizagem. E esse novo padrão propôs ao educador uma busca por novas metodologias, sendo necessária a inserção de ferramentas tecnológicas no planejamento.

Segundo Oliveira et al. (2020), uma das principais dificuldades do ensino remoto durante a pandemia foi a falta de professores capacitados, pois muitos professores não tinham conhecimento sobre o método de aula online e não tiveram muito tempo para realizar o treinamento de ambientação nas plataformas de ensino e com isso, os professores apresentaram insegurança no manuseio de novas tecnologias.

Pode-se mencionar ainda que muitos professores se viram diante de situações desafiadoras, como o uso integral das ferramentas tecnológicas para prosseguir com o processo de ensino aprendizagem, bem como para manutenção da comunicação entre ambos. Assim, os professores precisaram se adaptar e familiarizar com as novas ferramentas e assumir integralmente o papel de mediadores do aprendizado (SILUS; FONSECA; JESUS, 2020).

Assim, mediante o atual contexto pandêmico provocado pela COVID-19 (SARS-CoV-2), educadores e estudantes tiveram que transformar os meios utilizados no processo de ensino e aprendizagem. O fenômeno tecnológico pelo qual a sociedade contemporânea permeia faz com que as pessoas fiquem cada dia mais informatizado, potencializando-se com os recursos midiáticos que direta ou indiretamente mostra-nos inúmeras possibilidades de aprendizados e oferecendo informações pertinentes ao meio educacional. Para isso o professor deve estar aberto à aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento de novas habilidades que irão impactar no seu fazer pedagógico (ALENCAR; LUCENA; SOUSA, 2021).

A nova forma de ensino mediada pela tecnologia constituiu-se em grande desafio ao professor, principalmente aos que atuam na educação básica com crianças e adolescentes. Com as suspensões das aulas presenciais e a adoção do ensino remoto, os professores tiveram que ressignificar suas práticas para que os processos de ensino e aprendizagem pudessem ser reinventados e por consequência, mantidos na rotina escolar, minimizando assim, os impactos negativos dessa realidade (SILVA; ALVES; FERNADES, 2021).

Diante do contexto de pandemia de COVID-19 (SARS-CoV-2), o professor precisou se aperfeiçoar em sua prática profissional, e com essa mudança houve uma necessidade de adaptação para que pudesse continuar as aulas de forma que não fosse presencial por conta do momento, criou-se o ensino remoto como continuidade da mesma.

A tarefa do professor é extremamente importante e complexa: deve estar preparado para exercê-la, ou melhor, considerando que a prática é dinâmica e aberta, e que o professor não se propõe a realizar uma atividade mecânica e repetitiva, deve estar constantemente se qualificando para exercê-la (VASCONCELLOS, 2019, p. 122).

Dessa forma, com a pandemia de COVID-19 (SARS-CoV-2), a formação continuada foi e ainda será de bom uso para o professor se reinventar, aprender novas metodologias e suas práticas para uma mudança eficaz no âmbito escolar e até mesmo a sociedade reconhecer e prestigiar o valioso processo de aprendizagem desenvolvido no meio de tantos desafios. A formação continuada é compreendida como um processo de aperfeiçoamento e perante a pandemia todos os profissionais precisaram se reinventar para essa crise.

As novas adaptações tecnológicas necessárias no desempenho do professor são discutidas por Moran (2021, p. 167) ele defende que: “Quanto mais avançam as tecnologias, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas”. O autor enfatiza que o pensamento humano deve continuar no mesmo processo evolutivo em que se encontra. E que, demostrar rejeição e ficar desarticulado com o meio digital em que os alunos desde cedo dominam, atrasam o andamento da educação e os tornam indivíduos inertes a tantas inovações.

3.2 A importância dos recursos tecnológicos no ensino remoto no período de pandemia

Na tentativa de minimizar os efeitos negativos da ausência prolongada dos alunos e professores na sala de aula, fez-se necessário a implementação do ensino remoto como alternativa. Na prática com essa modalidade de ensino o professor busca ferramentas que facilitem a explanação dos conteúdos, seja por vídeo conferências, pelo Meet, Skype, Microsoft Teams, grupos de WhatsApp com vídeos curtos ou orientações por áudio, Google Forms, Google Classroom seja por entrega de atividades prontas para que os alunos estudem os conteúdos e depois juntamente com os pais tentem resolver as questões formuladas pertinentes aos planejamentos dos professores.

Oliveira, Araújo Neto e Oliveira (2020, p. 2) mencionam que os impactos causados pela pandemia transformaram a sociedade, bem como atingiram “[…] o processo de escolarização de todas as crianças e adolescentes, em todas as etapas e níveis da educação formal, no Brasil e no mundo”. Diante desse contexto, as tecnologias passaram a ser vistas como forma de continuidade para o processo de ensino e aprendizagem da educação básica até o ensino superior.

Nesse sentido, observa-se que com os desafios do ensino remoto os professores precisaram se reinventar, para trabalhar com seus alunos e ter um acompanhamento diário. Incentivá-las a estudar nesse período de isolamento social foi complicado, pois muitas vezes a própria escola não dispõe de rede wi-fi ou os professores não estão capacitados para oferecer esse método de ensino à distância, a este último caso se dá pelo fato de que em muitas escolas das redes municipais de ensino, os profissionais não recebem nenhum treinamento ou estudo dirigido para a utilização das ferramentas que estão disponíveis gratuitamente.

De acordo com Santos et al. (2021), no período pandêmico da COVID-19 (SARS-CoV-2), muitos professores precisaram se adaptar ou utilizar os meios tecnológicos, sendo que muitos não possuíam competências ou habilidades para esse tipo de ensino, e ainda depararam-se com a falta de infraestrutura e de equipamentos tecnológicos para atender às demandas que o momento exigia.

Assim, diante do cenário de pandemia os professores tiveram que se adaptar às novas especificidades do trabalho docente mediante o uso de recursos tecnológicos para ensino remoto. Dentre esses recursos pode-se destacar plataformas diversas como Skype, Google Hangout e Zoom para videoconferências e outras como Moodle, Microsoft Teams e o Google Classroom como plataformas de aprendizagem (MOREIRA et al., (2020).

É importante ressaltar que os professores em sua maioria tiveram grandes dificuldades com as aulas remotas, em desenvolver atividades que seja acessível a todos. Assim, os professores juntamente com a escola precisaram se reinventar, buscar novas metodologias e atividades viáveis.

Segundo Silva e Filho (2020), durante a pandemia por COVID-19 (SARS-CoV-2), o ensino a distância teve um grande avanço com a evolução das plataformas digitais, pois estes ambientes foram se aperfeiçoando para se adaptar e atender a grande demanda de alunos e professores auxiliando este a produzir e compartilhar conteúdos educacionais de forma criativa, independente e segura, impulsionando, dessa forma, a educação para o meio digital.

Com isso, pode-se notar que com essas mudanças nas plataformas digitais tinham por objetivo promover a educação e aprendizado, contribuindo de forma relevante para promover o contato do aluno com o professor, tornando-se assim, um ambiente interativo e vasto em informaço (DOSEA et al., 2020).

Para Limeira, Batista e Bezerra (2020), as transformações ocorridas nas plataformas digitais como Google meetGoogle sala de aula/Classroom, MoodleWhatsApp JTSi, foram imprescindíveis para a continuidade do ensino e garantindo assim, o processo de ensino e aprendizagem nas escolas e universidades brasileiras.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a análise dos resultados e discussão dos dados, foram levantadas informações obtidas através de questionários aplicados aos professores que trabalharam com o ensino remoto utilizando as plataformas digitais no período de 2021. Assim sendo, este instrumento de coleta de dados foi composto por 05 questões abertas e entregues a 12 professores e teve a intenção de conhecer sobre os desafios do ensino remoto na instituição; bem como verificar se houve dificuldade nesse modelo de ensino; e, se utilizou as metodologias ativas e de que modo.

Os dados coletados foram analisados e em seguida tabulados de forma que ao final obteve-se a opinião dos professores a cerca do assunto pesquisado, no qual foram discutidos conforme o problema da pesquisa e o objetivo proposto.

Para melhor compreensão a cerca dos dados coletados os itens dos questionários foram elaborados com a finalidade de levantar dados sobre o ensino remoto nesta escola e verificar a atuação dos professores, com vistas a conhecer como ocorreu a aplicabilidade.

Inicialmente, procurou-se identificar a disciplina e a série trabalhada por esses professores no ano de 2021. Os questionários foram entregues a professores de diferentes áreas e série, dentre eles: geografia, história, matemática, língua portuguesa, biologia, inglês, educação física e artes.

Foi perguntado se durante o ano de 2021 haviam ministrado aulas remotas, e se haviam utilizados metodologias ativas. Constatou-se então, que todos os professores entrevistados responderam que sim que haviam ministrados aulas remotamente. E em relação a utilização de metodologias ativas, a maioria respondeu que utilizaram e, apenas uma professora mencionou que não conseguiu, como relatado em sua fala: “tentei ministrar metodologias ativas, mas era meio complicado, por conta da baixa participação dos estudantes e por excesso de faltas”.

Pode-se perceber com isso, que a escola nesse período pandêmico buscou meios de viabilizar o ensino-aprendizagem através dos recursos tecnológicos. No entanto, percebeu-se que o retorno não foi igual em todas as disciplinas, sendo insuficiente.

Segundo Spalding et al. (2020), uma das maiores dificuldades no ensino a distância é manter os alunos focados e motivados, pois o isolamento social forçado pode ocasionar problemas emocionais. Dessa maneira, é necessário utilizar ferramentas tecnológicas com o objetivo de manter o processo de ensino aprendizagem regular, afetando o mínimo possível o interesse dos alunos.

Em relação ao uso das metodologias ativas, foi perguntado se foi utilizada e se sim quais foram. Os respondentes declaram que sim que fizeram uso desse recurso. E, dentre as mais citadas estão: gamificação, sala de aula invertida, mural interativo, Classrom, Zoom, Meet , Whats App , Khan Academy, seminários e debates e discussões em grupo.

Notou-se assim, que os docentes para minimizar a perca de tempo em atividades complexas ou repetitivas procurou empregar as ferramentas tecnológicas de forma diversificada, a fim de manter a aula mais prazerosa e menos cansativa. Nesse sentido, menciona-se o professor como mediador nesse processo, pois como ressalta (NUNES; PEREIRA; BRASILEIRO, 2018, p. 875):

Essa interação entre professores, tutores e estudantes tem como escopo evitar o isolamento do estudante, fator apontado como uma das principais causas da perda de qualidade e de evasão nos cursos à distância, além de motivar a aprendizagem colaborativa, o respeito e a solidariedade com o outro, possibilitando ao estudante a participação coletiva.

Perguntados se houve dificuldades encontradas no ensino remoto, apenas 3 (três) dos respondentes disseram que não, enquanto os demais afirmaram que sim, como pode ser visto em algumas das falas abaixo:

Professora 1: No primeiro momento foi muito confuso, mas depois fui me acostumando. A maior dificuldade foi o acesso dos alunos ao meet e a introdução de algumas metodologias.

Professora 2: Sim. Concentrar um número pelo menos razoável de estudantes dentro da aplicação das aulas pelo meet.

Professora 3: Sim. Difícil adaptação a metodologia remota. Alunos infrequentes, desmotivados, sem acesso a internet.

Professora 4: Sim, a dificuldade foi o acesso a internet principalmente por parte dos alunos que não tinha celular nem computador

Professora 5: Sim. Dificuldade de acesso às aulas por parte dos estudantes, baixa participação e excesso de faltas.

Professora 6: Muitas dificuldades. Principalmente a falta de retorno dos alunos

Professora 7: No início da pandemia sim, porque ainda não sabia como utilizar as ferramentas digitais, as plataformas. Mas com a capacitação que tivemos e com meu esforço ficou mais tranquilo.

Professora 8: Houve dificuldade. A participação dos alunos durante as aulas, devolução das atividades por parte dos alunos, acesso dos alunos à Internet.

Diante das respostas dos professores ficou evidente que principalmente no início das aulas remotas houve bastante dificuldade tanto por parte dos alunos quanto dos professores. Primeiro pelo despreparo de alguns professores para manusearem as ferramentas digitais utilizadas nas aulas, segundo pela indisponibilidade dos alunos ao acesso à uma internet de boa qualidade para assistirem as aulas. Além do que outros fatores como desmotivação e problemas emocionais e psicológicos.

Por fim, foi solicitado aos professores que citassem alguns pontos positivos e negativos durante o ensino remoto. Dentre as respostas pode-se destacar:

Professora 1: Positivos foi a possibilidade da introdução de novas metodologias. Negativo foi a crescente desigualdade de acesso ao meio tecnológico dos alunos.

Professora 2: Positivos: acesso imediato dos alunos aos conteúdos propostos por já estarem conectados, troca de feedback de maneira mais eficaz. Negativos: acesso a internet de alguns alunos, falta de aparelho celular por vários, dificuldade de atender um bom quantitativo de alunos.

Professora 3: Positivo: aprendizagem de novos métodos de ensino. Negativo: dificuldade de acesso pelos alunos.

Professora 4: Pontos positivos foi o de usar diferentes tecnologias e o negativo foi a participação muito pouca dos alunos

Professora 5: Positivo: otimização do tempo e o uso de novas tecnologias. Negativo: pouca participação ou camuflagem da participação.

Professora 6: Positivos: Aprendemos e aperfeiçoamos o ensino remoto. Negativo: pouca participação dos alunos e falta de auxílio do governo

Professora 7: Positivo foi nossa capacidade de adaptação e aprendizado. Negativo: pra os alunos que não conseguiram ter acesso aos materiais e aulas

Professora 8: Positivos: aulas assíncronas e síncronas, Uso de metodologias ativas, aulas estruturadas de qualidade. Negativo: Falta de equipamentos tecnológicos por parte de alguns alunos (notebook, Internet, celulares), não comprometimento por parte de alguns alunos.

Professora 9: Positivo: Uma nova forma de dar aula, desafio constante em elaborar aulas mais convidativas para os alunos. Negativo: Muita ausência de alunos nas aulas síncronas porque muitos não tinham internet e nem celular.

Professora 10: Positivos: possibilitar o acesso do estudante ao conhecimento num momento tão difícil, diminuindo a ociosidade desse jovem. Negativos: dificuldade de aprendizagem do aluno, baixa participação dos alunos durante as aulas e na realização de atividades.

Pode-se constatar assim, que dentre os principais pontos positivos a nova forma de ministrar as aulas utilizando os recursos tecnológicos foi um dos mais citados, pois foi um desafio tanto para os professores quanto para os alunos. E, dentre os pontos negativos a falta de uma boa internet por parte de alguns alunos dificultou um pouco o processo, uma vez que, a participação dos alunos ficava limitada.

Desse modo, Santos et al. (2021) ressaltam que com a pandemia ficou mais evidente a desigualdade social e educacional no Brasil, que se manifesta pela impossibilidade de acesso e/ou manuseio de tecnologias de ensino remoto tanto para alunos, quanto para professores, no qual apresenta uma série de elementos que permeiam essa realidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante as leituras realizadas e a pesquisa efetivada para a elaboração deste trabalho, conseguiu-se ratificar o quão foi relevante as aulas remotas e o professor junto com a escola precisaram se reinventar, buscar novas metodologias e atividades viáveis. A COVID-19 (SARS-CoV-2), veio mostrar a necessidade de adaptação em situações difíceis, porém, motiva a ir em busca de soluções, e, no âmbito escolar não foi diferente. As escolas fechadas fizeram com que governantes e especialistas na érea de educação estudassem formas de minimizar o impacto que o afastamento social deixou.

Pôde-se observar, a partir da pesquisa realizada, que diante da urgência do ensino não presencial por conta da pandemia da COVID-19 (SARS-CoV-2), toda a comunidade educacional passou por um processo de aceleração e submersão a técnicas e métodos jamais visto ou utilizado por alguns. Com isso, percebeu-se os grandes desafios que precisariam ser superados durante o ano letivo. Um desses desafios foi o ensino remoto fora do ambiente escolar que só poderia ter êxito se os pais e a comunidade escolar estivessem juntos nesse processo de ensino aprendizagem.

Tendo em vista o objetivo geral que consistiu em evidenciar os desafios do ensino remoto no contexto da pandemia no Centro Educa Mais Almirante Tamandaré no ano de 2021, pôde-se observar que inicialmente houve alguns obstáculos como a falta de preparo dos professores frente aos recursos tecnológicos, a indisponibilidade de internet de alguns alunos para acompanhar as aulas, bem como outros fatores como a desmotivação o que gera a falta de participação dos alunos nas aulas

Através do estudo realizado e dos resultados obtidos através da pesquisa bibliográfica constatou-se que a escola pesquisada ofereceu capacitação aos professores acerca das plataformas digitais e suporte aos alunos para tentar minimizar a situação em que a educação se encontrava.

Nessa perspectiva, elucida-se que este estudo não se esgota aqui, sugerindo-se, então, que estudos posteriores possam vir à tona, que apontem mudanças significativas para a adoção eficiente dessa prática. Enfim, a efetivação desse trabalho serviu para maximizar aprendizagens, experiências e descobertas assimiladas ao longo de seu processo de construção. Dessa forma, espera-se com esse estudo colaborar para o enriquecimento das áreas envolvidas na pesquisa, somando-se a outros estudos e pesquisa que fazem parte da construção do conhecimento teórico.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Alanne Kelle Freire; LUCENA, Fabiana Alves de; SOUSA, Maria do Socorro Cordeiro de. O Ensino Remoto: perspectivas e desafios advindos das tecnologias durante a pandemia. Id on Line Revista de psicologia, v. 15, n, 57, p. 798-807, out. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº: 5/2020. Brasília: Ministério da Educação, 28 abr. 2020. Disponível em: https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/pdf/CNE_PAR_CNECPN52020.pdf. Acesso em: 20 maio 2022.

DOSEA, Giselle Santana. et al. Métodos ativos de aprendizagem no ensino online: a opinião de universitários durante a pandemia de COVID-19. Interfaces Científicas, Aracaju, v.10, n. 1, p. 137 – 148, 2020.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2019.

LIMEIRA, George Nunes; BATISTA, Maria Edenilce Peixoto; BEZERRA, Janete de Souza.  Desafios da utilização das novas tecnologias no ensino superior frente à pandemia da COVID-19. Research, Society and Development, v. 9, n. 10, 2020.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2021.

MORAN, José Manuel et al. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2021.

MOREIRA, Priscilla Barbosa de Araújo et al. Os desafios na formação de profissionais de educação em época de pandemia. Research, Society and Development, v. 9, n. 11, 2020.

NUNES, Enedina Betânia Leite de Lucena Pires; PEREIRA, Isabel Cristina Auler; BRASILEIRO, Tânia Suely Azevedo. A interação como indicador de qualidade na avaliação da educação a distância: um estudo de caso com docentes, tutores e discentes. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 23, n. 3, p. 869-887, nov. 2018.

OLIVEIRA, Eleilde de Sousa et al.A educação a distância (EaD) e os novos caminhos da educação após a pandemia ocasionada pela Covid-19 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 6, n. 7, p. 52860-52867, jul. 2020.

OLIVEIRA, Antônia Soares Silveira; ARAÚJO NETO, Augusto Brito; OLIVEIRA, Lygia Maria Silveira. Processo ensino aprendizagem na educação infantil em tempos de pandemia e isolamento. Ciência Contemporânea, v. 1, n. 6, p. 349–364, 2020.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2017.

SANTOS, Arlete Ramos dos et al. Docência e pandemia: os desafios do ensino remoto segundo professores da educação básica baiana. Plurais Revista Multidisciplinar, v.6, n.2, p. 218-239, mai./ago. 2021.

SANTOS, Weber Miranda; FERNANDES NETO, Izidorio Paz. Os desafios do ensino remoto em tempos pandêmicos: o uso das tecnologias digitais como recurso pedagógico. Research, Society and Development, v. 10, n. 15, 2021.

SILVA, Luciene Rocha Silva et al.  O ensino remoto no contexto da pandemia: desafios, possibilidades e permanência do aluno na escola. Revista Latino-Americana de Estudos Cientifico, v. 2, n.10, 2021.

SILVA, Luciene Rocha Silva; SANTOS. Arlete Ramos dos; LIMA Davi. Desafios do Ensino Remoto em tempos de Pandemia na Educação do Campo. Educação do Campo em tempo de Pandemia. Revista Políticas Públicas e Gestão Educacional – POLIGES,Bahia, v. 1, n. 1, set/dez. 2020.

SILUS, Alan; FONSECA, Angelita Leal de Castro; JESUS, Djanires Lageano Neto de. Desafios do ensino superior brasileiro em tempos de pandemia da COVID-19: repensando a prática docente. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, dez.2020.

SILVA, Gabriela Oliveira da; GOMES FILHO, Antoniel dos Santos.  Educação e Tecnologia em Tempos de Pandemia de Covid-19 (Sars-Cov-2): Uma Revisão da Literatura na Scientific Electronic Library Online. Id on Line Revista Multidisiplinar e de Psicologia, v.14, n. 53, p. 293-303, dez. 2020.

SILVA, Edna Alves Pereira da; ALVES, Doralice Leite Ribeiro; FERNANDES, Marinalva Nunes. O papel do professor e o uso das tecnologias educacionais em tempos de pandemia. Cenas Educacionais, Caetité -Bahia -Brasil, v.4, n.10740, p.1-17, 2021.

SPALDING, Marianne, et al.  Desafios e possibilidades para o ensino superior: uma experiência brasileira em tempos de COVID-19.Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e534985970, 2020.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 16. ed. rev. e ampl. São Paulo: Libertad, 2019.


[1] Mestra e graduada em Ciências Sociais, pela Universidade Federal