REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10116727
Jaqueline Telles de Oliveira1
Júlia Chiminecki Kissula2
RESUMO
A monoparentalidade feminina representa uma realidade cada vez mais prevalente na sociedade contemporânea. Este estudo buscou analisar os desafios enfrentados por mulheres que desempenham o papel único de provedoras e cuidadoras em seus lares, considerando uma abordagem sistêmica que contempla não apenas o núcleo familiar imediato, mas também os elementos contextuais e sociais que influenciam essa dinâmica. A pesquisa destaca a importância de compreender a interconexão entre os diversos sistemas que impactam a experiência das mães solteiras, incluindo aspectos econômicos, redes de apoio e social e o ambiente sociocultural, salientando as questões históricas que perpassam o tema. Ao adotar essa perspectiva mais ampla, identifica-se as questões que atravessam o ser chefe de família, a fim de desenvolver maior apoio e fortalecimento para o enfrentamento dos desafios diários vivenciados por essas mães. Compreender e valorizar as vivências das famílias monoparentais é primordial para reduzir as desigualdades intrínsecas a esse contexto e tornar essas famílias legítimas.
Palavras-chave: Monoparentalidade feminina. Perspectiva Sistêmica. Ser mulher. Relações familiares.
ABSTRACT
Female single parenthood represents an increasingly prevalent reality in contemporary society. This study sought to analyze the challenges faced by women who play the unique role of providers and caregivers in their homes, considering a systemic approach that includes not only the immediate family nucleus, but also the contextual and social elements that influence this dynamic. The research highlights the importance of understanding the interconnection between the various systems that impact the experience of single mothers, including economic aspects, support and social networks and the sociocultural environment, highlighting the historical issues that permeate the topic. By adopting this broader perspective, the issues that permeate being a head of the family are identified, in order to develop greater support and strength to face the daily challenges experienced by these mothers. Understanding and valuing the experiences of single-parent families is essential to reduce the inequalities intrinsic to this context and make these families legitimate.
Keywords: Female single parenthood. Systemic Perspective. Be woman. Family relationships.
INTRODUÇÃO
A família moderna passou a vivenciar um novo paradigma: o feminino ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Através disso, mudou-se as funções masculinas e femininas, acarretando uma quebra do modelo tradicional de família e da forma de se relacionar. Com isso, surgem inúmeras configurações familiares, novos tipos de união, aumento do número de mães solteiras, de separações e divórcios, acarretando novos padrões sociais e relações de gênero (Verza, Satter, Strey, 2015).
As configurações familiares passaram por mudanças substanciais ao longo dos séculos. Inicialmente, as sociedades se baseavam em uma divisão de papéis estritamente determinada pelo gênero, no qual homens e mulheres tinham funções específicas. Contudo, essas atividades não implicavam uma disparidade de poder ou valorização entre os sexos (Pinsky, 1988).
As famílias monoparentais chefiadas por mulheres têm emergido como uma configuração crucial na dinâmica contemporânea da sociedade brasileira. O modelo tradicional, outrora centrado na figura paterna, deu lugar a uma pluralidade de arranjos familiares, sendo as mães solo um dos destaques mais notáveis nessa transformação (Perrot, 2007). A compreensão dessa estrutura familiar evoluiu ao longo das décadas, especialmente a partir dos anos 60, impulsionada pelos movimentos sociais e feministas, como apontado por Sarti (2010). Nesse cenário, as mulheres assumem não apenas a responsabilidade financeira, mas também se desdobram para equilibrar as demandas profissionais, as tarefas domésticas e o cuidado integral com os filhos, tornando-se verdadeiras super-heroínas cotidianas.
Apesar dessas mudanças, as famílias monoparentais chefiadas por mulheres, ainda têm sido vistas como incompletas, visto que não representam a família nuclear ideal do imaginário social. Como afirmam Fernandes (2022), existe um misto de olhares mediante a essas mulheres, muitos olhares de julgamento e outros de admiração, pois para algumas pessoas a mulher que sustenta a casa é vista como guerreira e batalhadora. Por outro lado, são vistas e sentidas como uma família que não deu certo, um fracasso por não conseguirem dar aos filhos uma família completa.
Mediante a isso, surge o questionamento: quais os maiores desafios enfrentados pelas mulheres que mantêm a casa e os filhos sozinhas? Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo compreender as maiores dificuldades enfrentadas por famílias monoparentais femininas em nossa atualidade, tendo como base a perspectiva sistêmica familiar. Para isso, foi-se construída uma revisão de literatura sobre a história da família e o modelo familiar tradicional; compreendendo como se configura a monoparentalidade feminina no cenário brasileiro, identificando o papel da mulher na família e as questões que envolvem a parentalidade.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 A História Social da Família e um olhar para o ser mulher
A família, tal qual discutimos hoje, passou por diversas transformações sociais ao longo dos séculos. Com isso, o papel da mulher foi se modificando, mudando a forma de se relacionar e entender a família e a sociedade. Como afirma Aries (1986), o arranjo de família nuclear moderna – sendo pai, mãe e filhos – nem sempre foi desta forma em decorrência das mudanças na sociedade, como o Estado e a igreja a mais de três séculos, que iniciou a valorização do “sentimento de família”, tornando os laços familiares importantes socialmente.
De acordo com Perrot (2007), antes da Segunda Guerra Mundial, a maioria das mulheres desempenhava atividades agrícolas. Nessa época, as mulheres camponesas eram responsáveis por uma variedade de tarefas, desde a administração do lar até a criação de animais e o cultivo de hortas, além da confecção de roupas familiares. Elas exerciam, portanto, múltiplas funções, tanto no ambiente rural quanto no doméstico, embora frequentemente sem remuneração.
Com o avanço na produção agrícola e a ideia de propriedade privada no século XVI, as relações sociais evoluíram para um modelo patriarcal. Isso concedeu aos homens, enquanto pais e maridos, autoridade sobre a família e os recursos territoriais. A monogamia ganhou relevância, principalmente como meio de preservar a herança (Prado e Figueiredo, 2018).
A partir do século XVII, especialmente na Europa e posteriormente em outras partes do mundo, as mulheres passaram a participar ativamente do circuito econômico, impulsionadas pelo crescimento dos mercados de tecidos e produtos de luxo. Contudo, os rendimentos obtidos geralmente eram entregues aos seus cônjuges. Com a industrialização no século XVIII e o subsequente êxodo rural, as camponesas adquiriram habilidades na gestão de negócios, as guerras também influenciaram a presença masculina no campo, criando oportunidades para as mulheres assumirem funções que, anteriormente, eram predominantemente masculinas. Com o advento da industrialização, as mulheres ingressaram precocemente nas fábricas, muitas vezes direcionadas por seus pais, contribuindo com parte de seus ganhos para o sustento familiar. No entanto, tinham pouca autonomia sobre suas escolhas profissionais e financeiras (Perrot, 2007).
No contexto daquela época, o casamento era frequentemente arranjado, não necessariamente fundamentado no afeto, mas sim nos interesses familiares. As jovens eram educadas para desempenhar os papéis de donas de casa, esposas e mães. As uniões matrimoniais eram decididas pelas famílias envolvidas, de acordo com suas conveniências. Em uma sociedade altamente estruturada e restrita a um número limitado de estratos sociais, a propriedade privada e a posição nos grupos familiares dependiam grandemente dos laços matrimoniais estabelecidos. Frequentemente, os cônjuges só se conheciam no dia do casamento, pois o amor romântico poderia comprometer alianças desejadas pelo grupo familiar, ameaçando o princípio da fidelidade e interesses pessoais poderiam entrar em conflito com os interesses do grupo (Perrot, 2007).
A castidade da esposa era rigorosamente protegida para assegurar herdeiros legítimos para o marido. Além da virgindade, levava-se em consideração a origem familiar e a educação recebida, que a preparava adequadamente para seus papéis de esposa e mãe (Prado,1985).
O modelo familiar predominante nessas sociedades ficou conhecido como: tradicional, patriarcal e doméstico, entre outros termos menos difundidos. Nas classes sociais mais abastadas, esse grupo vivia em uma única residência ampla, em uma propriedade extensa. Nas outras classes, os membros do mesmo grupo familiar ocupavam, em sua maioria, casas contíguas, reunindo-se frequentemente para atividades em comum (Prado, 1985).
Esse tipo de família desempenhava uma ampla gama de funções, tanto em relação aos seus próprios membros quanto em relação à sociedade em geral. Seu papel era especialmente crucial na reprodução, na educação, na religião e na política. Do ponto de vista econômico, ocupava uma posição determinante ao transmitir uma verdadeira divisão de trabalho dentro do grupo, beneficiando o patrimônio comum. Essa estrutura extensa era essencial para a criação e transmissão de bens, títulos e direitos, fortalecendo os laços internos (Prado, 1985).
Ainda segundo os autores Prado e Figueiredo (1985) a hierarquia familiar era extremamente rígida e se baseava em diferenças fundamentais: biológicas, de gênero, de idade e geração. As mulheres eram subordinadas aos homens, assim como os jovens aos mais idosos; o homem mais velho detinha as maiores honras (status) e a maior autoridade sobre o resto da família, sendo o patriarca. Somente a partir do século XVIII a dimensão afetiva começou a ganhar espaço, com a família voltando-se para a intimidade das relações, priorizando o amor em relação à conveniência (Ariès, 1986; Giddens, 2000).
A industrialização e as mudanças trazidas pelas guerras a partir do século XIX, impulsionaram as mulheres a novos significados e conquistas no mundo do trabalho. A participação feminina no mercado de trabalho se consolidou, embora frequentemente associada a profissões que reforçaram a imagem da mulher como cuidadora.(Ariès, 1986; Giddens, 2000).
Somente na segunda metade do século XX, com a diminuição da influência patriarcal, as mulheres puderam modernizar-se, adquirindo autonomia financeira e ampliando suas escolhas profissionais. Mesmo diante de todas essas transformações, as atividades domésticas continuaram centralizadas na vida das mulheres, muitas vezes sem reconhecimento ou remuneração. A idealização do papel feminino como cuidadora e a limitação ao espaço doméstico persistiram por muito tempo, em parte devido à naturalização das responsabilidades reprodutivas da mulher (Perrot, 2007).
A urbanização e a Revolução Industrial atenuaram o domínio patriarcal, impulsionando as mulheres a reivindicarem mais autonomia tanto na esfera familiar quanto pública. Essas mudanças, porém, convivem com resquícios do passado, com a mulher, por exemplo, juridicamente submissa ao marido até os anos 1970. O casamento contemporâneo é influenciado pelos valores emergentes, marcados por movimentos sociais como os feministas e a entrada em massa das mulheres no mercado de trabalho (Gomes, 1998).
Nesse cenário, o casamento de dupla-carreira surge como um novo paradigma, exigindo ao casal uma dedicação intensa tanto à vida profissional quanto à conjugalidade. Ainda assim, persistem desafios relacionados à divisão de tarefas domésticas e à falta de tempo dedicado à vida a dois (Heckler & Mosmann, 2016). A desigualdade de gênero, mesmo em casais contemporâneos, é evidente, refletindo a persistência de estereótipos tradicionais. A redefinição desses papéis e o empoderamento das mulheres são passos essenciais para promover uma dinâmica conjugal mais equitativa. Nesse sentido, a flexibilidade e a negociação tornam-se habilidades cruciais, especialmente quando ambos buscam crescimento na carreira (Figueiredo e Diniz 2018).
Essa nova dinâmica conjugal reflete não apenas uma evolução nas relações familiares, mas também a necessidade de reavaliação constante dos papéis de gênero. Ainda assim, persistem desafios com a divisão desigual de tarefas domésticas e a escassez de tempo para a intimidade do casal. Portanto, compreender e enfrentar esses desafios é fundamental para promover relações conjugais mais igualitárias e satisfatórias no contexto contemporâneo (Figueiredo e Diniz, 2018).
Algumas mudanças na sociedade, principalmente na década de 60 e 70, que influencaram na determinação de família brasileira atualmente, são a
[…] urbanização acelerada, ingresso da mulher no mercado de trabalho, mudança nas relações de gênero, queda da fecundidade, valorização da dimensão afetiva e sexual, aumento do número de divórcios, entre outras.”. O autor ainda sugere um sentido de “desmapeamento” com todas essas transformações, em um momento de transição, com dois momentos simbólicos distintos da família: “o tradicional, que ainda não deixou de existir completamente, e o alternativo, que ainda não foi internalizado de maneira completa (Porreca, 2008, p.65 apud Piana, Parreira, Nogueira, p.2).
Essa evolução, marcada por conquistas e mudanças de paradigmas, foi fundamental para redefinir os papéis sociais de gênero da mulher na contemporaneidade. Mediante a isso, a família moderna passou a vivenciar um novo paradigma: o feminino ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Através disso, mudou-se as funções masculinas e femininas, acarretando uma quebra do modelo tradicional de família e da forma de se relacionar. Com isso, surgem inúmeras configurações familiares, novos tipos de união, aumento do número de mães solteiras, de separações e divórcios, acarretando novos padrões sociais e relações de gênero (Verza, Satter, Strey, 2015).
Nesse cenário, as famílias chefiadas por mulheres têm emergido como uma configuração crucial na dinâmica contemporânea da sociedade brasileira. O modelo tradicional, outrora centrado na figura paterna, deu lugar a uma pluralidade de arranjos familiares, sendo as mães solo um dos destaques mais notáveis nessa transformação (Perrot, 2007). Dessa maneira, as mulheres assumem não apenas a responsabilidade financeira, mas também se desdobram para equilibrar as demandas profissionais, as tarefas domésticas e o cuidado integral com os filhos. Mediante o exposto, é importante entender qual o perfil das mulheres chefes de família em nosso país.
2.2 Perfis das famílias brasileiras chefiadas por mulheres
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2022 havia cerca de 11 milhões de mães solo no Brasil. No Portal de Transparência do Registro Civil (2022), no módulo “pais ausentes”, existem mais de 55 mil crianças que foram registradas contendo apenas o nome da mãe, sendo então o maior número registrado desde 2018. Por conta disso, muitas mulheres assumem a responsabilidade pelas obrigações dos trabalhos domésticos e também da parte econômica do lar. O núcleo familiar chefiado pela mulher que não tem companheiro, é chamado de família monoparental feminina (Costa e Marra, 2013).
O aumento das separações nas famílias tem como um dos efeitos o consequente aumento da quantidade de crianças em famílias monoparentais, porém essa é uma realidade de muito tempo atrás. Comparando a família brasileira do primeiro Censo geral do Brasil em 1872, com o de 1996, Samara (2002) relata que no primeiro Censo, cerca de 30% das mulheres (com 35 a 59 anos) eram chefes de família e sustentavam suas casas. Os motivos pelos quais isso ocorria naquele ano, foram a migração dos homens para outros lugares, a procura de ambientes novos e de oportunidades econômicas.
É relevante salientar que a situação de monoparentalidade não surgiu exclusivamente devido a divórcios e viuvez, mas também surgiu em conjunto com fatores sociais, como a expansão industrial e a implementação do sistema capitalista. Dentro desses outros fatores incluem-se: a ampliação das leis de igualdade de gênero, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, a baixa taxa de fecundidade, a maior proporção de mulheres na população em comparação com os homens e o aumento do nível educacional das mulheres (Costa e Marra, 2013), incluindo-se também a adoção unilateral por mulheres, a inseminação artificial e o abandono do cônjuge (Souza, 2008).
Ao analisarmos dados de indicadores sociais, como os da SIS (Síntese dos Indicadores Sociais) do IBGE, os relatórios da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres, os estudos sobre desigualdade de gênero e raça do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) é evidente que o número de famílias em situação de monoparentalidade, é consideravelmente maior em comparação com os núcleos masculinos em nossa sociedade. Isso demonstra que o padrão familiar contemporâneo no Brasil está passando por mudanças e a tendência é que essa configuração ganhe cada vez mais importância.
Como já mencionado, existem milhões de mães solteiras no Brasil e é importante ressaltar que a maioria delas e suas famílias se encontram em situação de vulnerabilidade social. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de 2020, em relação aos setores de emprego formal, as mulheres recebem, em média, 14% a menos do que os homens que desempenham a mesma função.
A monoparentalidade feminina, caracterizada pela responsabilidade exclusiva de uma mulher na criação e sustento dos filhos, é uma realidade de grande relevância que requer atenção e compreensão. Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo no número de famílias monoparentais lideradas por mulheres, seja por escolha ou por diversas circunstâncias, como as já mencionadas anteriormente. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, cerca de 30% das famílias brasileiras eram chefiadas por mulheres, o que representa um aumento considerável em comparação com décadas anteriores. Essas mães enfrentam uma série de desafios e é crucial compreender e apoiar suas necessidades.
Podemos observar que essas mulheres estão inseridas em uma situação de fragilidade social, influenciada pelo machismo e pela desigualdade de gênero, principalmente devido às dificuldades de acesso ao mercado de trabalho formal e à responsabilidade exclusiva pelo sustento de seus lares. Prado (2013), destaca que a maior parte das famílias monoparentais femininas no Brasil, vivencia situações de pobreza e vulnerabilidade, em um contexto de fragilidade econômica e social. Isso ocorre porque essas mulheres precisam administrar seus recursos financeiros de forma a sustentar a si mesmas e seus filhos.
É por conta dessas dificuldades que, muitas vezes, a sociedade busca razões para estigmatizar a maternidade solteira. Devido ao modelo previamente estabelecido pelo patriarcado de uma família composta por pai, mãe e filhos, é possível afirmar que a marginalização das famílias monoparentais femininas ocorre devido à liderança da mulher, como apontado por Prado (2013), é muito complexo manter uma igualdade entre homens e mulheres, pois estamos traduzindo uma transformação necessária nas relações sociais, nos simbolismos e nos papéis executados por cada um, visto que vivemos em uma sociedade patriarcal, na qual ainda discrimina as mulheres. Desse modo, faz-se importante refletir sobre como é visto o papel da mulher nas famílias e nas questões que envolvem a parentalidade, o ser mãe, mediante a esse contexto.
2.3 O papel da mulher na família e as questões parentais
Em um modelo de família nuclear, a mulher é vista como um papel fundamental, por meio da maternidade, para o funcionamento da família. O movimento de colocar a maternidade como algo natural e instintivo do feminino, é resultado de uma construção social que culpabiliza a mulher quando esta não cumpre com seu dever de ser mãe. Ao longo dos anos, tem-se buscado definir esse papel de outra forma, visto que a mulher vive a ambiguidade de se dedicar aos filhos e a sua carreira (Borsa, Feil, 2008).
Atualmente, o público feminino tem ocupado uma maior parte do mercado de trabalho, aumentando a sua independência e possibilitando para as mulheres serem as provedoras dos lar, tomando um papel para além de quem cuida (Moura, Lopes, Silveira, 2016).
Na sociedade brasileira, o papel de cuidar, educar, criar e socializar o filho, está nas mãos das mães, mesmo que estas estejam no mercado de trabalho. Essas ações estão intimamente ligadas com o entendimento social sobre o que é ser uma boa mãe. Entretanto, ainda que sejam responsáveis pelo cuidado com o lar, não são reconhecidas por seu trabalho, por não gerarem lucro visível das horas semanais que investem em sua família (Borges, 2020).
Legislativamente falando, a monoparentalidade é reconhecida pela Constituição Federal de 1988, o que significa que famílias compostas por uma mãe e filhos têm os mesmos direitos que as famílias compostas por pai, mãe e filhos, tornando a conjugalidade não mais uma exigência (Borges, 2020).
Por muito tempo, atribuiu-se o termo “mãe solteira” às mulheres que tinham filhos mas não estavam em um relacionamento, pois havia uma pressão social de que para se tornar mãe, o matrimônio era essencial, como se isso agregasse um maior status social, colocando a mulher mãe solteira como inferior. Como ressalta Beauvior (1970, p. 176 apud Borges, 2020, p. 3), “[…] a maternidade, em particular, é-lhe, por assim dizer, proibida, sendo a mãe solteira objeto de escândalo”.
Na atualidade, essas mulheres são chamadas de “mães solo”, sendo incluídas as mulheres que optaram por exercer a maternidade sozinhas (por meio de adoção ou fertilização), mas, principalmente, as que foram abandonadas por seus cônjuges. Essas mães enfrentam, para além do exercício de criar os filhos, o preconceito social e a sobrecarga de funções, visto que o abandono paterno pode chegar a aspectos além do material, mas também “[…] intelectual, moral, psicológico, educacional e mesmo em decorrência do próprio dever de cuidado […]” (Borges, 2020, p. 14).
Mediante isso, essas famílias enfrentam maior dificuldade financeiras, com menor renda e um maior risco de pobreza em comparação com as famílias com ambos os pais presentes. Um ponto crucial, é que essas mulheres têm menos acesso a empregos formais e enfrentam diversos obstáculos para conciliar o trabalho e o cuidado dos filhos. Além disso, muitas não possuem uma rede de apoio para oferecer todo tipo de suporte necessário (Borges, 2020).
Quanto aos impactos diretamente ligados às mães, pesquisas indicam que as mulheres em situação de maternidade solo sofrem consequências em sua saúde mental. Estudos revelam que apresentam uma maior incidência de sintomas de depressão e experimentam níveis mais elevados de estresse psicológico em comparação com as mulheres que vivem em outros modelos de família. Esses problemas surgem e se agravam devido à sobrecarga de responsabilidades, ao estresse e à falta de apoio que as mães solteiras enfrentam (Magalhães, Nascimento, Rocha, 2022).
Apesar das dificuldades, é essencial reconhecer que a monoparentalidade feminina não deve ser vista apenas como um ônus, mas sim como uma demonstração da capacidade da mulher de alcançar grandes feitos diante de uma realidade social que não contribui para seu fortalecimento e crescimento pessoal. Mesmo que enfrentar a maternidade solteira seja um desafio, muitas não poupam esforços e demonstram uma luta perseverante para superar as dificuldades que encontram em seu caminho (Costa e Marra, 2013).
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa refere-se a um artigo de revisão narrativa. Esse método, aborda uma temática mais aberta, raramente parte de uma questão mais específica e bem definida, sem protocolos rígidos para a sua elaboração, constituída por análises da literatura publicada em livros, artigos de revistas eletrônicas, sites, monografias, teses, entre outros, contendo uma análise crítica do autor.
A revisão narrativa é utilizada para descrever o estado da arte de um assunto específico, sob o ponto de vista teórico ou contextual, não fornece a metodologia para a busca das referências, nem as fontes de informação utilizadas ou os critérios usados na avaliação e seleção dos trabalhos costuma ser parcial, representando a visão e opinião do autor, tratando-se de uma pesquisa qualitativa (Rother, 2007).
Para Donato & Donato (2019) a revisão narrativa é utilizada quando os estudos quantitativos agrupam diversas metodologias ou realizam vários conceitos teóricos. Sendo assim, constitui-se de um importante meio de reunir os estudos em diferentes temáticas para melhor compreensão ou interconexão, para assim adentrar em uma nova teoria.
Portanto, a revisão narrativa não aplica critérios explícitos e sistemáticos para descobrir e investigar criticamente. Tendo em vista que temos várias características marcantes, uma delas se destaca por ser a seleção dos estudos, interpretação das informações e geralmente são ligadas com a subjetividade dos autores. Assim, torna-se adequada para a fundamentação teórica e desenvolvimento de artigos acadêmicos, teses, trabalhos de conclusão de cursos e dissertações (Mendes-da-Silva, 2019).
Por fim, a presente pesquisa foi realizada a partir de sites como o Scientific Eletronic Library Online – SCIELO; e da Portal de Períodos Eletrônicos da Psicologia – PePsic, livros e demais materiais que tratem do tema abordado, selecionando o melhor material para o desenvolvimento do trabalho.
4. RESULTADO E DISCUSSÃO
Objetivou-se com a presente pesquisa entender quais os maiores desafios e dificuldades encontrados por mulheres que chefiam suas famílias e precisam dar conta da criação dos filhos e do seu sustento, sozinhas. Além de trazer a discussão desse tema tão atual, produzindo uma reflexão acerca da validação desse modelo de família, entendendo-o a partir de seus desafios sociais e dos preconceitos ligados à monoparentalidade feminina. Trazer essa discussão à tona, de acordo com Verza (2015), fomenta a lógica da “visibilidade”, evidenciando as subjetividades e as diversas perspectivas envolvidas no fenômeno da monoparentalidade feminina para aqueles que desejam enxergá-las.
Através da pesquisa, foi possível observar o quanto, ao longo do processo histórico, a mulher passou e ainda passa por diversos desafios diários, sendo julgada e diminuída por, simplesmente, não atender uma expectativa social. Portanto, faz-se necessário olhar para os pré-conceitos sociais já estabelecidos a mais de décadas, no qual a desvalorização da mulher inside sobre o patriarcado inserido em nossa sociedade.
O patriarcado diz de uma relação de poder entre homens e mulheres, fundamentada no machismo, colocando os homens como superiores e, portanto, como responsáveis pelo sustento e manutenção da casa. Nesse contexto, a mulher assume o papel de mãe e esposa, vivendo em prol das tarefas domésticas e da criação dos filhos. Apenas em 1943, a mulher ganhou o direito de trabalhar fora de casa, mas somente quando seu esposo já não conseguia mais levar o sustento sozinho. Nesse sentido, percebe-se o quanto a mulher passou por desafios para ganhar seu espaço no mercado de trabalho e, ainda hoje, enfrentam dificuldades, principalmente no pós-maternidade de uma mãe solo. Em muitos casos, essas mães necessitam recorrer aos auxílios disponibilizados pelo governo devido a falta de vagas em creches e recursos próprios (Toledo, 2011).
McGoldrick (2003, apud Verza, 2015), aponta que a sociedade se estrutura de maneira invisível em relação a fatores como gênero, classe e cultura, levando as pessoas a ignorarem o que não se alinha aos valores culturais predominantes. Esse esforço para manter oculto aquilo que ameaça a sensação de segurança ou de pertencimento, pode ser interpretado como uma resposta humana ao desejo de viver em uma estrutura minimamente organizada. Nessa perspectiva, as influências relacionadas a gênero, classe, cultura, entre outros aspectos, só se tornam “evidentes” para aqueles que desejam “vê-las”. Portanto, ao tornar visível a situação da monoparentalidade feminina, estamos também compreendendo o significado que uma mulher que assume o papel principal na manutenção e funcionamento de sua família tem para a sociedade e para outras famílias na atualidade.
As mulheres desempenham um papel fundamental em termos emocionais dentro da dinâmica familiar, principalmente no papel de mãe. A maternidade é uma relação que envolve aspectos sociais, biológicos e afetivos, que perpassa representações sociais carregadas de responsabilidade e o mito do amor materno (Carter; McGoldrick, 2001 apud Verza, 2015 )
Vitale (2002), destaca que o ser mãe foi posto pela sociedade como algo natural, colocado como responsabilidade exclusiva da mulher o cuidado com o filho, sua educação e todos os processos que envolvem seu desenvolvimento. Logo, se não consegue acompanhar e zelar pela criança ao longo de todos os dias de sua vida, é considerada incapaz e sente-se culpada por não se fazer presente e não cumprir o seu papel. Destaca-se aqui, um acúmulo de funções vivenciadas por essas mulheres chefes de família: mulher, mãe, dona de casa e mantenedora do lar.
A influência duradoura da concepção de que as mulheres são as principais responsáveis pelo lar deixou marcas nas dinâmicas de gênero e ainda influencia a organização de alguns espaços familiares. Por isso, muitas mães, por manterem essa lógica social, tendem a envolver suas filhas na gestão das atividades domésticas, rotinas diárias, cerimônias, controle financeiro, alimentação e todos os aspectos do convívio familiar. Essas interações acentuam a responsabilidade das mulheres no funcionamento da vida em família (Verza, 2015).
Essa carga de obrigações associadas à manutenção da vida privada é transmitida ao longo das gerações e, em muitos casos, isso pode agravar desentendimentos na distribuição de responsabilidades familiares, principalmente quando o filho desta mulher é um homem. Com isso, acaba vindo à tona, alguns costumes patriarcais de que homens não executam tarefas domésticas, e que logo esta mãe deve dar conta de manter a casa e todas as outras funções do lar, mantendo uma rotina de dupla ou, até mesmo, tripla jornada.
Essa responsabilidade exclusiva pelos cuidados dos filhos aumenta os níveis de estresse na família, impactando todos os membros. Devido a essa carga social, muitas mulheres ficam em dúvida em relação ao agir diante das dificuldades de criação dos filhos, por sentirem-se incapazes. Além disso, em situações em que a responsabilidade parental não é compartilhada com um parceiro ou outras pessoas que possam oferecer o suporte necessário, muitas mães se sentem desamparadas e necessitam de apoio emocional para enfrentar as demandas de suas famílias. Elas não se sentem plenamente satisfeitas ao cuidar dos filhos sozinhas, e muitas relatam sentimentos de solidão, de inadequação, culpa e desamparo (Féres-Carneiro, 2003). Esse sentimento podem ser mais evidentes quando as mães sentem que suas habilidades parentais são limitadas ou incompletas devido à ausência de um parceiro (McGoldrick, 2003 apud Verza, 2015)
No entanto, mães que contam com uma rede de apoio social tendem a demonstrar um comportamento materno mais eficaz e se sentem mais respaldadas em sua função parental (Carvalho, 2003). A perspectiva sistêmica ressalta a importância de que cada membro da família reconheça seu papel e sua função, e que estabeleça uma rede de apoio pessoal e social para o funcionamento adequado do sistema, tendo assim, diversas possibilidades de ajuda e suporte emocional.
A rede de apoio torna-se essencial na vida das famílias monoparentais, visto que até mesmo para realizar tarefas simples do dia a dia, como ir ao supermercado, muitas vezes é preciso uma logística elaborada, pois “com quem deixar os filhos?” torna-se um pensamento recorrente que pode influenciar decisões cruciais para a família. Planos, escolhas e opções, desde as mais triviais até as mais complexas, são moldadas pela condição da monoparentalidade feminina.
Ter a capacidade de visualizar até onde se pode chegar em termos de planos e realizações amplia as oportunidades de convivência em condições satisfatórias para a família. Entender as limitações e adaptações necessárias para a concretização de seus projetos de vida, traz uma gestão melhor as condições e as fases do ciclo vital que emergem ao longo do tempo, não sendo pontos de impedimento, mas de desenvolvimento de uma relação mais funcional e saudável no sistema.
As dificuldades financeiras e as limitações socioeconômicas também precisam de destaque. Como mencionam Dessen e Braz (2005), a preocupação com a insegurança financeira na manutenção do sustento familiar consome tempo e energia, resultando em desgaste emocional, trazendo insegurança em não saber quais fontes e recursos poderão ser utilizados para pagar contas básicas e alimentação diária.
Gerir as finanças domésticas é uma responsabilidade que demanda disciplina e um controle rigoroso dos gastos. Quando há um único responsável pelo sustento da família, o desafio de lidar com essa tarefa torna-se ainda mais substancial. Logo, volta-se para a necessidade desta mulher recorrer a meios externos para suprir suas necessidades e de sua família, muitas vezes, a colocando em risco ou até mesmo expondo sua vulnerabilidade.
Para além destas questões, é primordial trazer a importante discussão sobre a violência de gênero. Esse tipo de violência, se manifesta em atitudes discriminatórias e em relações de poder desequilibradas, nas quais os direitos e a dignidade das mulheres são violados de diversas maneiras opressoras. Muitas mulheres acabam por ser violentadas sexualmente em troca de uma “ajuda” financeira para manter seus filhos e sua família. Além disso, em muitos contextos sofrem assédios e são excluídas de contextos sociais por serem mães solo e não estarem tão “presentes” na vida de seus filhos.
Destaca-se que há uma desigualdade inerente na criação dos filhos, que perpetua os padrões patriarcais e a discriminação de gênero na estrutura do cuidado infantil. Essas premissas têm um impacto negativo na formação da identidade feminina e impactam como a mulher se vê diante da monoparentalidade (McGoldrick, 2003 apud Verza, 2015).
Mediante o exposto, fica evidente que as mulheres, apesar das diversas mudanças sociais, continuam a ser as principais cuidadoras de suas famílias, independente da configuração familiar (Sorj, 2007). Por esse motivo, segundo Ravazzola (2009), não podemos ignorar as expectativas sociais sobre a competência materna e a responsabilidade pelo “sucesso” da família que recai sobre as mulheres, o que tem repercussões diversas no sistema familiar e na sociedade. Sentimentos de insatisfação que afetam diversas mulheres na condição de mães solteiras estão ligados aos fatores sociais e de gênero que restringem sua liberdade e autonomia na prática da parentalidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família monoparental feminina, independente das circunstâncias sob a qual foi estabelecida – divórcio, viuvez, abandono ou decisões autônomas da maternidade – necessitam de um olhar atento e de ser socialmente aceita como um modelo legítimo de família. Além de todas as demandas práticas que a mulher chefe de família precisa passar, há o enfrentamento de obstáculos emocionais e psicológicos, gerados pela pressão de ser a principal fonte de apoio e orientação para os filhos. A ausência de um parceiro para compartilhar decisões e responsabilidades, aliada às expectativas sociais e familiares, acrescenta um fardo ainda maior.
Ressalta-se que essas mulheres frequentemente se encontram em situações de vulnerabilidade social, enfrentando desafios econômicos consideráveis. Segundo dados do IBGE (2022), há cerca de 11 milhões de mães solo no Brasil, um número que reflete não apenas a força e resiliência dessas mulheres, mas também a urgência de políticas públicas efetivas para apoiá-las em sua jornada. Assim, compreender e valorizar a experiência das mulheres de família monoparentais é essencial para promover a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades intrínsecas a esse contexto. Além de entender a importância da rede de apoio pessoal e social e dos diversos
Novas pesquisas se fazem necessárias, a fim de entender quais aspectos implicam nos vários caminhos que levam essas mulheres a se tornarem provedoras de seus lares e, a partir disso, compreender como essa experiência impacta suas relações com o mercado de trabalho, a organização de suas famílias, seus laços interpessoais e afetivos, suas perspectivas de realização de objetivos pessoais, assim como os processos de formação de suas identidades e subjetividades, entre outros fatores. Portanto, é urgente a realização de pesquisas que busquem elucidar como se entrelaçam diversas formas de desigualdades e discriminações nas vivências dessas mulheres e, de que maneira suas escolhas e opções de vida são moldadas. Isso não implica em adotar uma perspectiva de vitimização para as pessoas inseridas nesse contexto, mas em ter um olhar para essas famílias composta pelo ser mulher e mãe.
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1Acadêmica do Curso de Psicologia do Centro Universitário UNIVEL – Cascavel/PR. Email: jaqueline.telles.2020@gmail.com
2Especialista em Relações Familiares e Intervenções Psicossociais e Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário UNIVEL – Cascavel/PR. Contato: julia.kissula@univel.br