OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO CAMPO

THE CHALLENGES OF EDUCATION IN THE COUNTRYSIDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7699639


Cristiane Ferreira de Oliveira
Daiana Batista dos Santos
Elessandra Alves do Prado Da Silva
Lucimar Mota Moreira
Sonia Maria de Carvalho


RESUMO

A educação no campo é um tema pouco discutido, mas que requer muita atenção, uma vez que os profissionais da educação, só entenderão os desafios quando vivenciados na prática. A oferta de educação pelo Estado brasileiro, sua expansão e mais tarde sua universalização, teve como objetivo atender às obrigações do sistema capitalista nacional que, como ocorre em todos os países de base capitalista, têm interesse que a força de trabalho seja qualificada, pois essa razão busca explorar também a capacidade de raciocínio e criatividade dos sujeitos sociais Com isso o objetivo deste artigo é colocar em discussão a importância de uma escola rural e qual seu papel para com os alunos, uma vez que representa para todos aqueles que são atingidos por ela como interação social, sendo que o importante é que se dê prioridade no campo das políticas públicas a existência física e concreta de escolas do campo no campo, no contexto social e cultural no qual a infância e a adolescência se socializam.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Rural, Escola.

ABSTRACT

Education in the field is a subject that is little discussed, but it requires a lot of attention, since education professionals will only understand the challenges when experienced in practice. The offer of education by the Brazilian State, its expansion and later its universalization, aimed to meet the obligations of the national capitalist system which, as in all base countries capitalist, are interested in the workforce being qualified, as this reason also seeks to explore the reasoning capacity and creativity of social subjects. students, since it represents for all those who are affected by it as a social interaction, and the important thing is that priority is given in the field of public policies to the physical and concrete existence of rural schools in the countryside, in the social and cultural context in the country. which childhood and adolescence socialize.

1. INTRODUÇÃO

A Educação do Campo deve ser, portanto, um meio de formação que tenha como compromisso reconhecer os sujeitos, recuperar a sua cultura e sua identidade de trabalhador do campo e criar alternativas de um outro tipo de conhecimento e prática que tenha como objetivo sua emancipação.

Devem-se definir responsabilidades políticas mais precisas e pontuais nos órgãos federativos e não deixar a Educação do Campo a indefinição de responsabilidades.

Por fim, a Educação do Campo tem como um grande desafio se consolidar como uma educação fortalecida em seu próprio ambiente e que supere a dicotomia entre rural-urbano, ao mesmo tempo em que resguarda a identidade cultural dos grupos que ali constituem sua vida. Nesse sentido, o principal objetivo de uma escola do campo não é ser uma escola agrícola, mas ser necessariamente uma instituição vinculada à cultura que se manifesta e se caracteriza por meio de relações sociais mediadas pelo trabalho na terra.

O artigo tem como objetivo, trazer conhecimento sobre o funcionamento do processo de aprendizagem nas escolas do campo, levando em consideração todos os seus desafios bem como o papel do profissional da educação. E ainda como objetivos específicos serão apresentadas a postura do profissional no processo de aprendizagem, a diferença de uma escola rural e de uma escola urbana e por fim os principais desafios enfrentados tanto pelos alunos como pela equipe de profissionais.

2. Os desafios da educação no campo 

Atualmente os métodos de ensino ganharam reforço com o avanço da tecnologia, pois possibilita o acesso ao conhecimento de forma eletrônica em tempo real, como por exemplo através da internet, possibilitando que os alunos possam conhecer locais, culturas e doutrinas, que talvez jamais irão conhecer pessoalmente, entretanto para que isso seja possível é importante ressaltar a necessidade de investimentos por parte do governo, sendo importante ressaltar que em algumas localidades é ainda mais difícil a implantação de recursos tecnológicos devido a logística muitas vezes não favorável.

Segundo a Lei de nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu art. 1º, a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

A educação é um dever em conjunto da família e do Estado, partindo-se dos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação.

Partindo deste entendimento o autor Libâneo (1994), que denomina prática pedagógica de prática educativa e afirma que está,

[…] é parte integrante da dinâmica das relações sociais, das formas da organização social. Suas finalidades e processos são determinados por interesses antagônicos das
classes sociais. No trabalho docente, sendo manifestação da prática educativa, estão presentes interesses de toda ordem – sociais, políticos, econômicos, culturais-que precisam ser compreendidos pelos professores. Por outro lado, é preciso compreender, também, que as relações sociais existentes na nossa sociedade não são estáticas, imutáveis, estabelecidas para sempre. Elas são dinâmicas, uma vez que se constituem pela ação humana na vida social. Isso significa que as relações sociais podem ser transformadas pelos próprios indivíduos que a integram (LIBÂNEO,
1994, p. 21).

A educação no campo acontece a algum tempo, porém ainda enfrenta desafios, e cada conquista é uma vitória, pois envolve vários fatores, como transporte dos alunos, estrutura física, lanche entre outros.  Outro ponto observado é com relação às metodologias utilizadas pelas mesmas, as quais quase sempre estão relacionadas ao âmbito da cidade. Segundo Caldart (2004),

A Educação do Campo precisa estar inserida diretamente no debate geral sobre a educação nacional, vinculado, assim por sua vez, ao debate mais amplo sobre um projeto de desenvolvimento do país. E no debate atual sobre a construção de um sistema nacional de educação, é preciso não deixar de discutir qual é o lugar da Educação do Campo dentro dele, e no próprio processo de sua construção: como pensar em uma Política de Educação do Campo desvinculada de uma Política Nacional de Educação? E como pensar em uma Política Nacional de Educação sem incluir a Educação do Campo?  (CALDART, 2004, p. 17-18).

A Constituição de 1988 restabeleceu a democracia no Brasil fazendo com que o Estado passasse a ter maior responsabilidade com o setor educacional, através da incorporação de propostas que expressavam as reivindicações dos movimentos organizados da sociedade civil. Nela a educação rural foi considerada como direito, mas um direito ainda inspirado no paradigma urbano. Por isso, ela se tornou instrumento balizador para as Constituições Estaduais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei n. 9.394/96) enfocaram a educação rural no âmbito do direito à igualdade e do respeito às diferenças, possibilitando discutir como seria a oferta dessa educação para os povos do campo, buscando adequar a Educação Básica às especialidades locais.

Diante desta evolução nos meio didáticos, busca se cada vez mais achar o ponto de equilíbrio entre as opções, didáticas tradicionais e as novas didáticas com tecnologia, uma vez que se tivermos a exclusão de umas das duas não será possível manter o foco da turma, mais também utilizar uma sem a dosagem certa, pode-se também perder este foco, mais qual esse ponto de equilíbrio é a questão pois hoje temos vários estudiosos, com várias visões de como deve ser aplicada a tecnologia na educação, além do receio dos educadores de serem substituídos ou mais desvalorizados do que são, se a tecnologia for implementada em larga escala no meio acadêmico, esta preocupação é algo presente ainda mais com o surgimento de curso a distância, que necessita cada vez mais de menos profissionais para administra-los ou para ensinar, uma vez que a uma grande biblioteca digital de fácil acesso disponível 24 horas por dia ao alcance de todos, ainda temos as aulas digitais que estão disponíveis em aplicativos que são colocadas regularmente por profissionais da educação e outros, que possibilitam o aluno a acessar a qualquer hora e tirar suas dúvidas, deixando cada vez mais o profissional da educação preocupado em se reciclar e incorporar estas novas tecnologias ao seu dia a dia.   

Não há porque negar, entretanto, que, hoje em dia, quando a expressão “Tecnologia na Educação” é empregada, dificilmente se pensa em giz e quadro-negro ou mesmo de livros e revistas, muito menos em entidades abstratas como currículos e programas. Normalmente, quando se usa a expressão, a atenção se concentra no computador, que se tornou o ponto de convergência de todas as tecnologias mais recentes (e de algumas antigas). E especialmente depois do enorme sucesso comercial da Internet, computadores raramente são vistos como máquinas isoladas, sendo sempre imaginados em rede – a rede, na realidade, se tornando o computador. Faz sentido lembrar aos educadores o fato de que a fala humana, a escrita, e, consequentemente, aulas, livros e revistas, para não mencionar currículos e programas, são tecnologia, e que, portanto, educadores vêm usando tecnologia na educação há muito tempo. É apenas a sua familiaridade com essas tecnologias que as torna transparentes (i.e., invisíveis) a eles. (CHAVES, 1999, P.02)

Buscando estar presente no futuro da educação, o profissional de ensino precisa assimilar as novas tecnologias, buscar novas formas de interação com os alunos, meios novos de mesclar a sua didática e a tecnologia, a evolução do ensino busca preparar mais rápido e com maior quantidade de conteúdo os futuros profissionais do mercado de trabalho, possibilitando um profissional mais completo e com conhecimento mais amplo, que pode desempenhar várias funções e atender a demanda do seu empregador, podendo desempenhar outras funções na falta ou perda de um funcionário até sua substituição não deixando que isso afete o processo de trabalho da empresa, mais até aonde este processo é benéfico, até onde se aprende realmente se despejarmos conteúdos programáticos e desenvolvidos de forma ampla e sem a interação com um profissional da educação, será possível alguém ser completamente autodidata digital, sem a interferência de um profissional da educação, são estas perguntas que deixam os profissionais da educação preocupados, mas por mais que a tecnologia propicie as informações, o profissional da educação ainda é essencial para que haja interação no aprendizado e para que possa se perceber particularidades do aprendizado de cada um.

As consequências da evolução das novas tecnologias, centradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino como previra McLuhan já em 1969, pelo menos na maioria das nações, mas a aprendizagem a distância, sobretudo a baseada na Internet, parece ser a grande novidade educacional neste início de novo milênio. A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação a distância com base na Internet. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, a cultura digital. Os sistemas educacionais ainda não conseguiram avaliar suficientemente o impacto da comunicação audiovisual e da informática, seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes. Ainda se trabalha muito com recursos tradicionais que não têm apelo para as crianças e jovens. Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica. (GADOTTI, 2000, P.02)

Sendo assim, podemos observar que além das condições físicas (prédio) das escolas serem precárias contando com pouquíssimos ou nenhum mobiliário adequado aos estudantes, as mesmas, também têm uma defasagem no quadro dos professores atuantes, ou seja, infelizmente na grande maioria das vezes a realidade do campo, conta com apenas um educador para atender várias turmas, as quais acabam dividindo um espaço único e pequeno. Essa é uma realidade totalmente diferente do que acontece nas escolas da área urbana, as quais contam com infraestrutura, mobiliários e a quantidade de professores necessários para o desenvolvimento de bom ensino e aprendizagem. Ou ainda, pode-se pontuar a dificuldade encontrada em tornar as aulas mais agradáveis, uma vez que se torna mais difícil uma visita de campo, uma excursão ou até mesmo uma atividade que necessite de meios tecnológicos que ainda não fazem parte de algumas escolas pertencentes ao campo 

As escolas do campo sofrem com o abandono. Essas escolas geralmente funcionam de maneira precária, sob o comando de uma única professora que leciona para uma classe que agrega as quatro séries do ensino fundamental, classes multisseriadas. (EDUCAÇÃO NO CAMPO, 2021, p. 33).

O problema é que muitas vezes essa diferença que se apresenta entre estas escolas isoladas (rurais) e urbanas, fazem com que as prefeituras coloquem transportes para levar os alunos destes locais para estudarem nas cidades, resultando no aumento desse fator. Sendo assim, invés dos órgãos públicos tentarem solucionar os problemas, melhorando as condições dos ambientes escolares rurais e construindo mais escolas nessas regiões, os mesmos acabam retirando os alunos do seu local para frequentarem as escolas na cidade. Desta forma, o problema nunca será realmente amenizado ou solucionado.

A Educação do Campo possui uma proposta pedagógica que olha para a realidade da população rural, buscando através da escola colocá-la em prática com objetivo voltado à formação de cidadãos que sejam protagonistas da sua história e atuantes ativamente na sociedade. Para que isso seja possível é evidenciado a consolidação e valorização da cultura do homem do campo fazendo, possibilitando que este tenha sua autonomia, não ficando taxado como alguém de capacidades limitadas, mas sujeito para a reflexão sobre a realidade em que está inserido. Assim, a escola representa um espaço transformador na comunidade rural, transmitindo os conhecimentos sistematizados e instituindo uma consciência dos direitos como conquista de processo de luta por uma qualidade de vida melhor. Marlene Ribeiro (2008, p. 29).

É muito importante ainda, compreender que em todo processo de aprendizagem é imprescindível que o profissional da educação esteja disposto a compreender a particularidade de cada aluno e buscar a partir disso ferramentas que venha a tornar o aprendizado mais prazeroso. Mesmo com algumas limitações , principalmente na locomoção dos alunos, é possível criar ações e intervenções, culturais e projetos sociais, que venha a beneficiar o corpo escolar e suas famílias, com intuito motivar a elevação da cultura e tradição.

3. CONCLUSÃO

A partir da construção deste artigo foi possível compreender a importância e a evolução da Educação no campo. Ficou claro muito já se evoluiu nesse setor e hoje crianças e jovens que residem na zona rural podem ter um ensino de qualidade mantendo suas raízes.

Cada ano que passa a tecnologia vem avançando e vem possibilitando que os alunos do campo tenham o mesmo nível de aprendizado dos que estudam em uma escola urbana, porém ainda se exige muito esforço por parte dos educadores bem como é necessário um olhar mais veloz por parte do poder público pois encontra-se ainda locais de difícil acesso ou uma estrutura física precária o que desmotiva a busca por conhecimento.

Além de acesso à informação através da internet, outras ferramentas tecnologias são muito válidas, pois possibilitam que os alunos tenham a possibilidades de novas descobertas e com isso ganham também os educadores que descobrem o potencial de cada aluno podendo influenciá-los na sua formação profissional.

4. REFERÊNCIAS 

BANDEIRA, Maria de Lourdes; Freire Otávio. Antropologia III: Cultura e Educação Infantil. Cuiabá: EdUFMT, 2008. 

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O Jogo Como Elemento da Cultura. São Paulo: 1872.

MOREIRA, Ana Rosa Costa Picanço; ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Psicologia IV: Identidade Profissional: Pensando a Diferenciação do(a) Professor(a) na Educação Infantil. Cuiabá : EdUFMT/UAB, 2009.

MOREIRA, Ana Rosa Costa Picanço; ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire.  Psicologia  III: Questões Do Cotidiano Educacional. Cuiabá: EdUFMT/UAB, 2008.

MOREIRA, Ana Rosa Costa Picanço et al. Psicologia I: Cultura e Educação Infantil. Cuiabá: EdUFMT,2008.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994.

WINNICOTT, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.