OS CUIDADOS DA ENFERMAGEM NA SALA DE PARTO

NURSING CARE IN THE DELIVERY ROOM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10091833


Camylla Renyelle Rodrigues de Oliveira1
Maria Carlos de Araújo Aquino2
Laís da Silva Maia3
Caroliny Victoria dos Santos Silva4


Resumo
Objetivo: Conhecer as principais contribuições da Enfermagem na sala de parto. Método: revisão investigativa dos artigos publicados relacionados ao tema nas bases de dados Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE), PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), publicados nos últimos 10 anos. Resultados: A assistência de enfermagem na sala de parto atua dentre outras frentes, na garantia de cuidados seguros e humanizados às gestantes e recém-nascidos. Conclusão: A enfermagem desempenha um papel multifacetado na sala de parto, que ultrapassa o aspecto técnico e incorpora a humanização e a empatia no cuidado obstétrico. Promovendo boas práticas obstétricas, que incluem a valorização da autonomia da gestante e o respeito às suas escolhas e preferências.

Palavras-chave: Assistência de Enfermagem e Sala de Parto

ABSTRACT
Objective: To understand the main contributions of Nursing in the delivery room. Method: investigative review of published articles related to the topic in the Medical Literature Online Search and Analysis System (MEDLINE), PubMed, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Spanish Bibliographic Index in Sciences of la Salud (IBECS) and Nursing Database (BDENF), published in the last 10 years. Results: Nursing care in the delivery room works, among other fronts, to guarantee safe and humanized care for pregnant women and newborns. Conclusion: Nursing plays a multifaceted role in the delivery room, which goes beyond the technical aspect and incorporates humanization and empathy in obstetric care. Promoting good obstetric practices, which include valuing pregnant women’s autonomy and respecting their choices and preferences.

DESCRIPTORS: Nursing Care and Delivery Room

INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da saúde a atenção ao parto no Brasil, cada vez vem passando pelo processo de humanização, que se dá pela valorização da atenção pré-natal e puerperal, acolhendo a mulher desde antes da gestação, assegurando seu progresso e o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal. Com o passar do tempo, tentativas de aprimorar os indicadores de saúde nesse âmbito, o governo federal instituiu no país programas como o Programa de Humanização no Pré-natal e  Nascimento (PHPN), com o propósito de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal, adotando medidas para melhor o acesso, a cobertura e a qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, assim como a Rede Cegonha e a Rede de Acolhimento Materno-Infantil (RAMI). (Brasil, 2013)

As vias de parto usualmente vistas são o parto cesáreo, procedimento cirúrgico que inclui incisão abdominal para extração do concepto do útero materno durante o trabalho de parto, e o parto normal, no qual o concepto nasce por via vaginal. No Brasil, a taxa de cesariana apresenta tendência crescente, com aumento de 38% para 57% entre 2001 e 2014. No Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de cesariana é de aproximadamente 43% sendo, tipicamente, uma intervenção cirúrgica orientada a prevenir ou tratar complicações maternas e perinatais (Entringer et al., 2018).

Jorge et al. (2015) e Flores et al. (2021) indicam que as taxas de cesarianas estão 10% acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A cesariana eletiva sem indicação clínica quando comparada ao parto vaginal está relacionada com maior morbidade materna, implicando também a uma maior permanência hospitalar, correlacionada a maiores gastos aos serviços de saúde.

Estudos revelam que nas últimas décadas, houve um aumento significativo nas taxas de cesárea no Brasil (Silva et al., 2020). Desde 2009, ano em que o número de partos vaginais superou, pela primeira vez, o número de cesarianas, a taxa de operações cesarianas continua crescendo, sendo que representou 55,7% dos nascimentos ocorridos no ano de 2012. É importante considerar que essa realidade não é exclusiva do Brasil, mas vem acontecendo em boa parte dos países, tendo como possíveis causas tanto a melhoria do acesso de mulheres aos procedimentos cirúrgicos quanto à realização de cesarianas por indicação médica sem critérios técnicos, ou seja, indiscriminadamente (Silva et al., 2020). 

A busca por estratégias para diminuir as taxas de mortalidade, se baseiam na RDC 36/2008 – funcionamento dos serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal deve ser fundamentada na qualificação, na humanização da atenção e gestão e na redução e controle de riscos aos usuários e ao meio ambiente (Brasil, 2008).

Assim como no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que: “A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social” (Organização das Nações Unidas, 1948).

Com base no artigo 25 o Pacto Global da Organização das nações unidas (ONU) pode-se analisar inúmeros objetivos de desenvolvimento sustentável, que envolvem todos os 193 países-membros do conselho, onde a ideia central é de oferecer condições para um mundo melhor, mais justo e livre de desigualdades sociais até 2030, para alcançar esse objetivo a Organização das nações unidas (ONU) desenvolveu um plano de ação onde pretende implementar 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), sendo o 3° primordial para os enfermeiros e os profissionais da saúde, que visa “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”. Onde o conceito envolve o estado completo de bem-estar físico, mental e social (Organização das Nações Unidas, 2023).

Para alcançar o 3° objetivo, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu as metas específicas que todos os seus países-membros precisam cumprir até 2030 (Organização das Nações Unidas, 2023).

Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos (Organização das Nações Unidas, 2023).

Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos (Organização das nações unidas, 2023).

A oferta de serviços humanizados e qualificados promove uma atenção pré-natal e puerperal adequada. Isso ocorre por meio de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, bem como o fácil acesso aos serviços de saúde, os quais devem abranger todos os níveis de atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco. Para avaliar o impacto de mudanças sociais e econômicas, como também os avanços ou retrocessos na disponibilidade e qualidade dos serviços de saúde, é necessário fazer o acompanhamento da evolução de indicadores de saúde materno infantil (Silva et al., 2020).

Durante o período de 2010 a 2020 foram registrados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, um número total de 31887329 (trinta e um milhões oitocentos e oitenta e sete mil trezentos e vinte nove) partos totais, com os partos do tipo cesárea representado 55.62% (Brasil, 2022).

Tabela 1: Número absoluto de partos por classificação e ano no período de 2010 a 2020.

Fonte: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS); PMAQ-AB, (2022).

É particularmente importante que os registros de parto sejam monitorados e analisados, assim pode-se garantir que atendimento para as parturientes tenham um alto padrão de qualidade, vale ressaltar que todos os partos devem ser assistidos por profissionais de saúde qualificados, pois a intervenção oportuna pode fazer a diferença entre a vida e a morte da mãe e da criança (Brasil, 2022).

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) o alto número de mortes maternas em algumas áreas do mundo reflete desigualdades no acesso aos serviços de saúde e destaca a lacuna entre ricos e pobres. Quase todas as mortes maternas (99%) ocorrem em países em desenvolvimento. Mais da metade delas ocorre na África Subsaariana e quase um terço no sul da Ásia. Mais da metade das mortes maternas ocorrem em ambientes frágeis e em contextos de crises humanitárias. A taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento em 2015 é de 239 por 100 mil nascidos vivos versus 12 por 100 mil nascidos vivos em países desenvolvidos (Organização Pan-Americana da Saúde, 2015).

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) também destaca as grandes disparidades dentro dos países, entre mulheres com baixas e altas rendas e entre a população rural e a população urbana. As mulheres nos países em desenvolvimento têm, em média, muito mais gestações do que as mulheres nos países desenvolvidos, e, por isso, sofrem um maior risco de morte relacionada à gestação ao longo da vida. O risco de morte materna – ou seja, a probabilidade de uma mulher com até 15 anos morrer por uma causa materna – é de 1 em 4,9 mil nos países desenvolvidos, contra 1 em 180 nos países em desenvolvimento. Em países designados como estados frágeis, o risco é de 1 em 54, o que demonstra as consequências de um colapso nos sistemas de saúde (Organização Pan-Americana da Saúde, 2015)

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) as mulheres morrem como resultado de complicações que ocorrem durante ou depois da gestação e principalmente na hora do parto. A maioria dessas complicações se desenvolve durante a gravidez e a maior parte delas pode ser evitada e tratada. As principais complicações, que representam quase 75% de todas as mortes maternas, são: Hipertensão (pré-eclâmpsia e eclâmpsia); Hemorragias graves (principalmente após o parto); Infecções (normalmente depois do parto); Complicações no parto; Abortos inseguros. As demais mortes estão associadas a doenças como malária ou infecção pelo HIV durante a gravidez (Organização Pan-Americana da Saúde, 2015).

A maioria das mortes maternas é evitável, através dos cuidados de saúde para prevenir ou administrar complicações. Todas as mulheres precisam ter acesso a cuidados pré-natais durante a gestação, cuidados capacitados durante o parto e assistência e apoio nas semanas após o parto. A saúde materna e do recém-nascido estão intimamente ligadas (Organização Pan-Americana da Saúde, 2015).

OBJETIVO

Conhecer as principais contribuições da Enfermagem na sala de parto.

MÉTODO

O presente estudo utilizou como método investigativo a revisão integrativa da literatura referente aos Cuidados da Enfermagem na Sala de Parto abrindo a possibilidade da futura aplicação e incorporação dos resultados encontrados na prática da enfermagem. A utilização desse tipo de pesquisa justifica-se pela necessidade de sintetizar conhecimentos, aqui sobre a importância da assistência de enfermagem na sala de parto, possibilitando apontar as potencialidades das práticas colaborativas de Enfermagem aplicadas na prática clínica, bem como as lacunas que podem ser aprimoradas (Mendes et al., 2008; Silva; Barbosa; Parreira, 2022).

A revisão integrativa é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos. Pontua-se, então, que o impacto da utilização do método se dá não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos e procedimentos, mas também na atualização do pensamento crítico que a prática diária da Enfermagem exige (Scarton et al., 2019; Silva; Barbosa; Parreira, 2022).

Para elaboração desta revisão integrativa as seguintes etapas foram as seguintes: 1- identificação do problema com a definição da questão de pesquisa, 2- busca em bases de dados e bibliotecas virtuais por meio de descritores, 3- tabulação dos estudos, 4- leitura individual dos textos completos para a análise crítica em relação à sua aderência ao objetivo desta pesquisa, 5- interpretação dos resultados e 6- síntese do conhecimento (Silva; Barbosa; Parreira, 2022).

Para alcançar tal objetivo foi realizada uma busca nas bases de dados Biblioteca Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE). Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Base de Dados em Enfermagem (BDENF). Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS) atendendo aos critérios de inclusão e exclusão com a finalidade de responder à questão norteadora.

Os critérios de inclusão abordados para seleção dos artigos foram: artigos disponíveis na íntegra, publicados nas bases de dados nos idiomas português e inglês, dos últimos dez anos, entre o ano de 2013 até 2022. E como critérios de exclusão: artigos não indexados em periódicos científicos; publicações divergentes do formato de artigo como teses, livros, capítulos de livros, protocolos do MS e outros.

 Após a leitura dos títulos e resumos, foram incluídos para análise os artigos relacionados com o objetivo e questão norteadora deste estudo. 

Por outro lado, foram excluídos livros, teses, dissertações e monografias, revisão bibliográfica, artigos de opinião e relatos de casos, bem como artigos duplicados nas bases.

Os descritores selecionados para a realização da pesquisa foram Assistência de Enfermagem e Sala de Parto. Durante a pesquisa utilizou-se como operadores boleanos “AND” relacionando as palavras. É importante destacar que em todas as bases de dados foram utilizados os mesmos descritores.

A busca, seleção e análise dos artigos foram realizados por dois examinadores em conjunto. Inicialmente, os artigos foram selecionados a partir dos títulos e resumos, e, quando o título e/ou resumo se revelaram insuficientes, foi necessário a avaliação através da leitura na íntegra. Os dados extraídos dos artigos após análise, foram: autor/ano, país, título, objetivos, métodos e resultados.

RESULTADOS

Após as buscas nas bases de dados, foram encontrados 458 artigos. Destes, 98 foram selecionados para análise. Após avaliação, 53 artigos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão e 45 foram eleitos, sendo 24 trabalhos excluídos após a leitura completa, conforme apresentado na Figura 1. Desse modo, foram incluídos 21 artigos nesta revisão integrativa da literatura. O quadro 1 apresenta os resultados contendo autor/ano, país, título, objetivos e resultados de cada artigo selecionado. 

Figura 1- Seleção dos artigos para revisão integrativa. Brasília, DF, Brasil, 2021.

Quadro 1- Síntese das obras. Brasília, DF, Brasil, 2022.

AUTOR ANOPAÍSTÍTULOOBJETIVO/METODOLOGIARESULTADO
Follett et al. 2017CanadáImplementation of the Neonatal Nurse Practitioner Role in a Community Hospital’s Labor, Delivery, and Level 1 Postpartum Unit.  Evidenciar a falta de financiamento e espaço para a unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) de nível 2 no local. O artigo descreve uma solução inovadora para o problema utilizando a presença do PNN para apoio do desenvolvimento e integração da função de enfermagem de prática.O PNN foi capaz de fornecer conhecimentos especializados, liderança e orientação para a reanimação e estabilização neonatal, bem como educação e consulta sobre cuidados neonatais.
Lanning et al. 2018PolóniaDoulas in the Operating Room: An Innovative Approach to Supporting Skin-to-Skin Care During Cesarean Birth  Melhoria de qualidade com a implementação uma abordagem inovadora com doulas voluntárias para apoiar o início do CPP após cesariana para todas as clientes. Metodologia baseada na taxa e tempo de CPP e satisfação de clientes e enfermeiros durante um período de 12 semanas.As doulas estão preparadas para prestar cuidados de apoio às pacientes durante e após o parto cesáreo. As Doulas podem desempenhar um papel fundamental no apoio ao início do CPP após o parto cesáreo e são percebidas como um membro importante da equipe de saúde da maternidade pelas clientes e enfermeiras.
Machado et al. 2022BrasilParto cesariana em cena: assistência de enfermagem humanizadaAvaliar a assistência de enfermagem no parto cesariana, no centro obstétrico sob o olhar da humanização. Estudo exploratório de abordagem qualitativa. Onde participaram do estudo 10 profissionais de enfermagem, sendo 6 enfermeiras obstetras e 4 técnicas em enfermagem. A coleta de dados foi configurada por meio de entrevista semiestruturada, e análise de dados por categorização dos dados.A equipe de enfermagem está humanizando o parto cesariana, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, mesmo com a limitação do parto cirúrgico, respeito as escolhas das pacientes com sala aquecida, contato pele a pele, corte tardio do cordão umbilical e aleitamento na primeira hora do parto, demonstrando respeito à individualidade
Cardoso et al. 2016BrasilEnfrentamento de conflitos na assistência à parturiente: visão da equipe de enfermagemCompreender os conflitos vivenciados pela equipe de enfermagem na assistência a parturiente. Estudo qualitativo realizado com a equipe de enfermagem de uma maternidade de um Hospital Santa Casa de Caridade, da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada gravada e analisados conforme análise temática.Há vários conflitos mencionados pelos profissionais de enfermagem que envolvem o direito do acompanhante durante o processo de parto. Nesse processo de trabalho a equipe, identifica implicações posteriores ao atendimento e as reclamações feitas pelas puérperas ou familiares na administração hospitalar.
Ledo et al. 2021BrasilFatores associados às práticas assistenciais ao recém-nascido na sala de parto  Identificar os fatores associados às práticas assistenciais ao recém-nascido adotadas na sala de parto de uma maternidade na baixada litorânea do Rio de Janeiro. Estudo transversal, realizado em instituição pública no estado Rio de Janeiro, mediante coleta de dados em prontuários de nascimentos entre 2015 e 2017.O estudo possibilitou identificar fatores associados às práticas assistenciais ao recém-nascido na sala de parto.
Almeida et al. 2018BrasilSeparação da mulher e seu acompanhante no nascimento por cesárea: uma violação de direito  Revelar a experiência da mulher e seu acompanhante que tiveram o direito de compartilhar o nascimento de seu filho violado. Pesquisa qualitativa, exploratório-descritiva, foram entrevistadas 13 puérperas e seus companheiros, de janeiro a julho de 2016 em maternidade pública localizada no Planalto Catarinense.Evidenciou que os sentimentos negativos acerca da experiência de parto, uma vez que a mulher se sentir desamparada sem a presença do seu companheiro e ele desapontado por não vivenciar o nascimento do filho. O principal fator para essa separação foi à atitude dos profissionais de saúde que ainda impedem a presença de um acompanhante na sala cirúrgica.
Medeiros et al. 2020BrasilAspectos relacionados às internações por intercorrências gestacionais  Analisar aspectos relacionados às internações por intercorrências gestacionais. Estudo quantitativo, retrospectivo, realizado em maternidade pública de Teresina, Piauí, Brasil, com 367 prontuários de gestantes internadas na ala de alto risco, no período de 2015-2016.A assistência no período pré-natal, parto e puerpério deve ser recurso utilizado na prevenção e controle de intercorrências que podem atenuar danos a mãe e filho.
Melo et al. 2017BrasilImplementação das boas práticas na atenção ao parto em maternidade de referência  Descrever a implementação das boas práticas de atenção ao parto em uma maternidade de referência. Estudo documental, descritivo, com 300 fichas de Monitoramento da Atenção ao Parto e Nascimento. Os dados foram reunidos em tabelas e submetidos à análise descritiva e numérica inferencial. algumas práticas abordadas se demonstraram úteis no parto, mesmo pouco implementadas, enquanto outras prejudiciais ou ineficazes continuam sendo executadas.
Silva et al. 2021    BrasilConhecimento de puérperas sobre boas práticas em centro de parto  Analisar o conhecimento das puérperas acerca das boas práticas realizadas por enfermeiros na assistência ao parto e nascimento.  trata-se de um estudo transversal desenvolvido no centro de parto normal e alojamento conjunto de um hospital municipal. Contou-se com a participação de 204 puérperas.Verifica-se a necessidade de se intensificar as ações durante a assistência pré-natal na perspectiva de se empoderar a mulher para o trabalho de parto. evidenciando-se que as puérperas tenham conhecimento sobre o processo de parto.
Souza et al. 2020BrasilCompreensão da enfermagem sobre o contato pele a pele entre mãe/bebê na sala de parto  Descrever a compreensão da equipe de enfermagem da sala de parto sobre o contato pele a pele entre a mãe e bebê na primeira hora de vida. Estudo descritivo, qualitativo, com profissionais de enfermagem da sala de parto. Os dados foram coletados de agosto a novembro de 2018.Evidenciou-se que os profissionais de enfermagem possuem o conhecimento sobre o contato pele a pele, mesmo que apresentando algumas fragilidades, a importância deste conhecimento para estimular efetivamente os cuidados à mãe e ao recém-nascido.
Andrade et al. 2017BrasilBoas Práticas na atenção obstétrica e sua interface com a humanização da assistência  Analisar as boas práticas adotadas na atenção à mulher e ao recém-nascido, em uma maternidade pública baiana, apoiada pela Rede Cegonha.  Estudo descritivo com abordagem quantitativa, do tipo retrospectivo, a partir de dados secundários. A pesquisa documental foi realizada em prontuários de 337 mulheres, em setembro de 2015. Dentre as boas práticas analisadas no estudo, apenas a presença de acompanhante e o contato pele e pele ocorreu com a maioria das mulheres, com as demais apresentando baixa adesão as práticas. O empenho e organização da equipe de enfermagem para que as boas práticas sejam efetivamente adotadas é crucial para essa abordagem.
Garten et al. 2015AlemanhaPrimary palliative care in the delivery room: patients’ and medical personnel’s perspectives.  Investigar as circunstâncias dos cuidados paliativos primários (CPP) na sala de parto (RD), a experiência do pessoal médico com neonatos que morreram sob CPP na RD e as fontes percebidas de sofrimento relacionado ao cuidado na equipe do RD. Revisão retrospectiva de prontuários de todos os neonatos que foram atendidos sob PPC na RD durante os anos 2000-2010 no Charité University Medical Center Berlin.As implicações para a prática futura incluem a necessidade de uma educação estruturada para melhorar as competências de comunicação e aconselhamento do pessoal de DR relacionadas com os pais em situações de sofrimento emocional.
Guida et al. 2013BrasilO ambiente de relaxamento para humanização do cuidado ao parto hospitalar  Descrever os critérios utilizados pelos enfermeiros para indicar o ambiente de relaxamento às parturientes e analisar os significados, para as enfermeiras obstétricas, dos cuidados realizados nesse ambiente. Pesquisa de abordagem qualitativa, foram entrevistadas 12 enfermeiras, as quis suas entrevistas foram transcritas e submetidas à análise de conteúdo temática.Pode-se notar que o Respeito aos direitos das mulheres na assistência obstétrica e a promoção do conforto e o favorecimento do parto normal. A sala de relaxamento por iniciativa das enfermeiras para assegurar os princípios e valores do cuidado humanizado no ambiente hospitalar e a noção que ambiente tradicional do centro obstétrico necessita de mudanças para que a humanização da assistência favoreça o parto normal.
Apolinário et al. 2016BrasilPráticas na atenção ao parto e nascimento sob a perspectiva das puérperas  Evidenciar as práticas na atenção ao parto e nascimento em uma maternidade na perspectiva das puérperas. Pesquisa descritiva transversal realizada em uma maternidade de risco habitual, com 100 puérperas pós-parto normal.  Utilizou-se questionário semiestruturado.  As mulheres ainda permanecem passivas no processo de parto, apesar das tentativas em mudar o modelo de atenção ao parto e nascimento. Dentre as práticas que devem ser estimuladas da assistência ao parto destaca-se: privacidade da mulher; participação do acompanhante de sua escolha.
Rezer et al. 2022BrasilPrimeiros cuidados com recém-nascidos sem complicações na sala de parto  Identificar os primeiros cuidados com recém-nascidos desenvolvidos pelos profissionais de saúde em salas de parto. Pesquisa descritiva e quantitativa, realizada em duas salas de partos na região Norte do estado de Mato Grosso, utilizando um questionário para observação da rotina desses setores. O estudo visa a melhoria da eficácia dos profissionais na realização dos primeiros cuidados com o recém-nascido.
Pieszak et al. 2013BrasilPercepção dos profissionais de enfermagem sobre cuidar em centro obstétrico  O estudo objetivou compreender como a equipe de enfermagem percebe o cuidar no processo de parturição. Pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória, realizada no centro obstétrico de um hospital de ensino, no Sul do Brasil. Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada entre agosto e setembro de 2010 e submetidos à análise de conteúdo temática.A humanização da assistência ainda representa um desafio, porém percebem-se avanços neste sentido. Recomenda-se que o profissional de enfermagem invista em seu papel como facilitador do processo de cuidar em centro obstétrico, mediado pelo conhecimento científico para uma prática humanizada.

Fonte: Elaboração própria, 2023.

Segundo o estudo de Melo et al. (2017), a implementação de melhores práticas na assistência obstétrica em maternidades de referência é crucial para garantir a saúde das mães e dos recém-nascidos. A equipe de enfermagem desempenha ações de apoio as mulheres grávidas em situações de alto risco e em partos complexos que exigem o uso de protocolos e procedimentos rigorosos, tais como avaliação da parturiente, verificação da dilatação latente e ativa para o trabalho de parto, oferta de líquidos de acordo com a prescrição, explicação de todos as condutas de enfermagem durante o trabalho de parto e monitoramento dos sinais vitais maternos e fetais.

O estudo publicado por Silva et al. (2021) reforça a necessidade de ser criado pela equipe de enfermagem um ambiente acolhedor e respeitoso, no qual as mulheres se sintam à vontade para fazer perguntas, expressar suas preocupações e receber o apoio necessário. Assim como Silva et al. (2021), Melo et. al. (2017) também enfatizam que quando os enfermeiros informam os procedimentos e respeitam as escolhas das gestantes, com base nas suas preferências de tipo de parto, evitam procedimentos desnecessários. Além disso, uma comunicação eficaz entre enfermeiros e a equipe de saúde, eleva a qualidade do atendimento em saúde na sala de parto.

Andrade et al. (2017) relatam em seu estudo a importância dos enfermeiros na continuidade da integração dos princípios de humanização ao parto, assegurando assim a prestação de cuidados pré-natais de qualidade que respeitem a individualidade das gestantes. Os autores ressaltam que quando os enfermeiros e outros profissionais de saúde implementam protocolos específicos e personalizados baseados em evidências cientificas, são capazes de atender de maneira mais eficaz às necessidades físicas e emocionais das mulheres grávidas. Além disso, ressaltam que os cuidados maternos e a humanização do processo oferecem uma oportunidade promissora para melhorar a saúde materna e neonatal, desde que se tenha uma equipe de saúde que realizem praticas pautadas no comprometimento

Pieszak et al. (2013) revelam em seu artigo que o período pré-natal é uma fase determinante para o desenvolvimento da confiança das mulheres gestantes, bem como uma etapa de esclarecimento de dúvidas sobre o momento do parto. Nesse sentindo, a equipe de enfermagem pode oferecer apoio emocional e assistência técnica para garantir uma experiência segura e tranquila para as mulheres gravidas, a fim de minimizar os riscos e estabelecer vínculos de confiança.

Para Guida et al. (2013) um ambiente relaxante e seguro contribui para a consolidação da humanização da assistência ao parto. A Humanização da assistência à maternidade tem como objetivo criar um espaço acolhedor, tranquilo e seguro, onde a gestante se sinta confortável em todas as etapas. A criação desse ambiente pode ser oferecida pela equipe de enfermagem e garante à parturiente um local livre de movimentação, alívio de dores, e criação de uma atmosfera calma. O enfermeiro pode ainda, disponibilizar recursos e auxiliem na progressão do trabalho de parto, a saber, a banqueta de parto, arco de apoio e a bola de pilates.

 Almeida et al. (2018) e Machado et al. (2022) alertam que, embora menos frequente do que o parto vaginal, a cesariana ainda é um procedimento cirúrgico de escolha frequente das mulheres, mas que pode gerar ansiedade, medo e desconforto. Nesse sentido, a possibilidade da mulher parturiente de ter sua rede de apoio durante o parto pode proporcionar conforto, alívio do estresse e apoio emocional, tornando assim, a experiência da cesariana mais humanizada e respeitosa. Logo, a equipe de enfermagem pode assegurar que mulheres grávidas tenham direito a apoio emocional durante esse processo, tendo em vista que a lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, garante as parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

De acordo com Silva et al. (2021) é fundamental que a equipe de enfermagem, que está no centro de parto, se aproprie das boas práticas para garantir a segurança e o bem-estar da mãe e do recém-nascido, mesmo diante do parto cesariano. Quando a equipe de enfermagem compreende os procedimentos adequados, os cuidados necessários para oferecer assistência as mulheres e aos recém-nascidos e a importância de prestar uma consultoria de amamentação, são capazes de garantir uma assistência de qualidade e pautada na integralidade. Nesse contexto, quando as mulheres gestantes e parturientes são incentivadas a serem corresponsáveis pelo seu cuidado, se tornam parceiras ativas em sua própria saúde reduzindo o risco de complicações e contribuindo para uma experiência de parto mais positiva e fortalecedora.

Além disso, Rezer et al. (2022) destaca que o cuidado descomplicado do recém-nascido na sala de parto é fundamental para garantir um início de vida saudável e seguro. O  cuidado descomplicado inclui a identificação da criança com pulseira, clamp umbilical contendo o nome da mãe, número de prontuário, data de nascimento, sexo e hora, monitoramento da frequência cardíaca do recém-nascido, avaliação da frequência respiratória  percepção sobre irritabilidades, avaliação do tônus muscular, coleta de sangue do cordão umbilical para exames laboratoriais, administração de vitamina K para prevenção de hemorragias e antropometria, incluindo peso, comprimento e o perímetro cefálico.

Rezer et al. (2022) e Souza et al. (2020) expressam que o objetivo central na sala de parto é garantir a saúde e o bem-estar da criança, além de promover o vínculo entre mãe e filho, por meio do Contato Pele a Pele (CPP). A assistência de enfermagem atenta as individualidades, combinadas com a aplicação de protocolos adequados, proporciona um começo de vida favorável ao recém-nascido. O CPP na sala de parto é um elemento essencial no fortalecimento do vínculo e a adaptação fisiológica do recém-nascido. A enfermagem, por meio de suas práticas, atua na promoção desse contato e facilita as primeiras interações entre mãe e filho.

Lanning et al. (2018) demonstram que as mulheres que passam por cesariana tendem a ter atraso no início do CPP. Diante dessa situação, a equipe de enfermagem pode garantir que esse contato seja efetivado na primeira hora de vida, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde.

Medeiros et al. (2020) ressaltam que os cuidados imediatos pós-parto são primordiais para garantir que a mãe e a criança continuem a receber os cuidados adequados. Isso porque, identificar problemas de maneira precoce facilita a tomada de decisões em momento oportuno.

Segundo os autores, as principais contribuições da enfermagem na sala de parto consistem em: (1) verificação da pressão arterial, pulso, temperatura e respiração para garantir que a mãe esteja estável; (2) monitoramento de sinais de hemorragia; (3) avaliação da incisão cirúrgica quanto a sinais de infecção ou deiscência; (4) administração de analgésicos para alívio da dor, se necessário; (5) apoio na amamentação, garantindo uma pega adequada e oferecendo orientações sobre cuidados com os mamas; (6) verificação do tamanho e da consistência do útero para visualizar se houve involução uterina; (7) orientações sobre cuidados pessoais, incluindo higiene, descanso adequado, exercícios pélvicos e alimentação saudável.

DISCUSSÃO

A enfermagem desempenha um papel essencial nas salas de parto, contribuindo para garantir os cuidados adequados e humanizados as mulheres gestantes. Segundo o estudo de Melo et al. (2017) a implementação de melhores práticas na assistência obstétrica deve constituir a base para garantir a saúde das mães e dos recém-nascidos. O estudo de Côrtes et al. (2015) publicado pela revista de enfermagem da Universidad taise de São Paulo (USP), reforça essa ideia de implementação de melhorias na assistência obstétrica, enfatizando a importância de basear práticas de saúde nas melhores evidências disponíveis e traduzir o conhecimento ou evidências em ações.

De acordo com Melo et al (2017) a equipe de enfermagem pode atuar no apoio as mulheres grávidas em situações de risco habitual, alto risco e em partos complexos que exigem o uso de protocolos e procedimentos rigorosos. Segundo Wensing et al. (2005) a eficácia dos protocolos destinados aos cuidados consiste na tentativa de reduzir procedimentos desnecessários, que embora realizados com frequência não demostram benefícios as mulheres. Por esse motivo é fundamental que a equipe de enfermagem na sala de parto se baseie em protocolos institucionais.  

Medeiros et al. (2020) afirma a necessidade de uma atenção especial durante o processo de parto, além da importância  de monitorar os sinais vitais, fornecer apoio emocional, auxiliar no manejo da dor e na facilitação da comunicação entre a mãe e a equipe médica. Uma dessas atenções especiais é o método terapêutico simples, de baixo custo e fácil aplicabilidade, descrito por Benfield et al. (2010) no seu estudo sobre hidroterapia. O referido método terapêutico, se baseia na oferta em banhos de água morna, seja de aspersão ou de imersão, por meio de uma estratégia não invasiva de estimulação cutânea com calor superficial que produz efeito local e geral, razão pela qual é considerado tratamento complementar e alternativo na prática obstétrica.

Ainda sobre o estudo de Benfield et al. (2010), pode-se destacar que, quando o banho é proporcionado na temperatura média de 37ºC, está associado ao alívio da dor e ansiedade durante o trabalho de parto, com redução dos níveis dos hormônios neuroendócrinos relacionados ao estresse, na melhora no padrão das contrações uterinas e, consequentemente, na possibilidade de correção da distocia uterina. Esse método além de ter efeitos positivos da higiene física, possui elevado custo-benefício, bem como fácil implementação.  

Um ambiente acolhedor onde essas práticas e ações podem proporcionar maior sensação de segurança para a mulher parturiente. No estudo realizado por Melo et al. (2017) e complementado por Jorge et al. (2015) pode-se perceber que, quando enfermeiros informam os procedimentos a serem realizados e respeitam as escolhas das mulheres gestantes, com base nas suas preferências de tipo de parto, são capazes de evitar procedimentos desnecessários.

Andrade, Rodrigues e Silva (2017) revelam que a atuação da equipe de saúde, incorporada à humanização e a empatia no cuidado às mulheres gestantes, se mostram importantes para promover o bem-estar tanto das mães quanto dos recém-nascidos. Rabelo e Oliveira (2009) enfatizam em seu estudo, o valor da promoção do bem-estar além do aspecto técnico. No artigo dos referidos autores, “Percepções da Enfermagem Obstétrica”, pode-se notar que a competência profissional tem relação com habilidades técnico-instrumentais, mas não se restringem somente a isso.

Cardoso et al. (2017) defende que o enfrentamento de conflitos vivenciados pela equipe de enfermagem reforça a importância de uma abordagem empática e colaborativa por parte dos profissionais de saúde. Sabe-se que conflitos podem surgir em situações de parto, diante das expectativas criadas, comunicação deficiente ou abordagens distintas entre os membros da equipe de saúde. Esses conflitos também estão presentes no cenário da assistência de enfermagem em partos cesáreos, conforme as pesquisas de Izidoro e Machado (2019) e Kurgant (2012), que ressaltam que conflitos entre a equipe de saúde são compreendidos como uma situação desordenada e podem resultar em ações inadequadas de saúde.  

O parto cesáreo é considerado um procedimento cirúrgico delicado que pode gerar ansiedade, medo e desconforto para a mãe.  Almeida et al. (2018) e Machado et al. (2022) alertam que, se a parturiente tiver seus entes queridos ao seu lado, isto pode proporcionar conforto, aliviar o estresse e oferecer apoio emocional necessário, tornando assim, a experiência da cesariana mais tranquila. O Ministério da Saúde (2005) enfatiza que legalmente, é direito da parturiente ter um acompanhante na sala de parto. Nesse sentido, o enfermeiro pode contribuir com a garantia do direito ao acompanhante, baseado na Lei n°11.108 de 7 de abril de 2005.

Em um cenário onde os direitos da mulher são respeitados, assim como suas escolhas, é propiciado um cenário confortável para lidar com os cuidados neonatais, sendo esses cuidados fundamentais para o bem-estar da criança. O estudo de Lanning et al. (2019) reforçado pelo de Rezer et al. (2022) contribuem de forma expressiva para essa discussão, trazendo perspectivas inovadoras e relevantes, a saber, a importância da exploração da presença de doulas na sala de operações durante cesarianas e a importância de apoiar o CPP entre a mãe e o recém-nascido mesmo em situações cirúrgicas. Isso reflete o compromisso em promover a humanização em todos os momentos do processo de nascimento, ainda que não seja por meio do parto natural.

Vale ressaltar que o objetivo central na sala de parto é garantir a saúde e o bem-estar da mãe e da criança. Rezer et al. (2022) complementa o estudo de Souza et al. (2020) expressando que, promover o vínculo entre mãe e filho, assim como criar uma base para o crescimento e o desenvolvimento saudável do recém-nascido é dever da equipe de enfermagem. A assistência atenta as individualidades, combinadas com a aplicação de protocolos adequados, proporciona um começo de vida favorável ao recém-nascido e tranquiliza os pais nesse momento tão importante. Uma ação prática que gera esse bem-estar entre a mãe e a criança, é descrita por Campos et al. (2020) e destaca a atenção no CPP e a relevância do estímulo ao Aleitamento Materno (AM) na primeira hora de vida.

Durante o momento em que a mãe tem o seu primeiro contato com a criança, os enfermeiros devem proporcionar cuidados descomplicados ao recém-nascido. Esses cuidados pós-parto são primordiais para garantir a atenção necessária, independentemente do tipo de parto, para identificar qualquer problema remanescente e ter uma abordagem atenta e centrada. Medeiros et al. (2020) relata que problemas podem ser evitados por meio da utilização da escala de APGAR, que considera a coloração do recém-nascido, frequência cardíaca, respiração, irritabilidade reflexa e análise do tônus muscular.

Silva et al. (2020) destaca que a equipe de enfermagem atua nos bastidores que antecedem o processo do parto, ao realizar a identificação precoce de complicações durante o pré-natal. Os profissionais de enfermagem devem estar preparados para lidar com emergências e garantir que as mulheres gestantes recebam os cuidados necessários durante o processo de parto.  Isso porque evidencia-se a importância da assistência pré-natal de qualidade como um fator que influencia o tipo de parto. Quando a assistência pré-natal é eficaz, as mulheres grávidas se tornam mais preparadas para um parto seguro. Kleppel et al. (2016) concorda com essa tese, informando que tais cuidados, quando prestados por profissionais no âmbito da atenção primária à saúde (APS), impactam positivamente na qualidade de vida das mulheres, com redução da morbimortalidade e aumento da satisfação e autonomia durante o ciclo gravídico puerperal.

Salienta-se a abordagem de Andrade, Rodrigues e Silva (2017) que destacam a importância das boas práticas na atenção obstétrica. Essas boas práticas são aprendidas durante a formação do enfermeiro e desempenham um papel essencial na garantia de um cuidado de qualidade e na humanização da assistência às mulheres gestantes. Baratieri et al. (2020) corrobora com essa abordagem, mencionando que para a garantia de bons resultados à saúde das mulheres, faz-se necessário que a assistência ao parto seja organizada de forma coerente e aplicável, com foco nas necessidades de saúde.

CONCLUSÃO

A assistência de enfermagem na sala de parto atua, dentre outras frentes, na garantia de cuidados seguros e humanizados às mulheres gestantes e recém-nascidos. Ao longo das discussões anteriores, fica claro que a enfermagem desempenha um papel multifacetado, que vai além do aspecto técnico e incorpora a humanização e a empatia no cuidado obstétrico.

A enfermagem é parte fundamental na promoção de boas práticas obstétricas, que incluem a valorização da autonomia da mulher gestante e o respeito às suas escolhas e preferências. Além disso, é responsável por monitorar os sinais vitais das mulheres gestantes, fornecer suporte emocional e auxiliar no manejo da dor durante o trabalho de parto. Esse suporte emocional contribui para uma experiência de parto mais positiva.

A atuação ativa da enfermagem na promoção do contato pele a pele entre mãe e bebê, sinaliza para uma prática que contribui para o fortalecimento do vínculo afetivo e para o bem-estar neonatal. Essa prática, quando possível, é um exemplo de como a equipe de enfermagem pode tornar a experiência de parto mais humanizada e centrada na gestante e no recém-nascido.

Para tanto, a humanização do cuidado também implica em estabelecer um vínculo de confiança entre a equipe de enfermagem e a mulher gestante, promovendo um ambiente acolhedor e seguro na sala de parto. Esse vínculo de confiança é indispensável para que a mulher gestante sinta-se respeitada e ouvida durante o processo de parto.

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1Graduando em enfermagem (UNILS)
2Graduando em enfermagem (UNILS), técnica em Radiologia
3Graduando em enfermagem (UNILS), técnica em enfermagem
4Doutoranda em Ciências da Saúde (UNB). Mestra em Enfermagem (UNB). Especialista em Saúde Da Mulher. Professora No Centro Universitário LS (UNILS)