REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506161616
SILVA, Eliene Iracema da1
BARBOSA, Jéssica Ramos1
CRUZ, Joice Morais Vieira1
EPIFÂNIO, Kelma Graciela Silveira1
SANTOS, Marize Alves dos1
PACHECO, Pricila Gomes1
BRAMUCCI, Regina Helena Lopes1
FREITAS, Tatiane de1
BOTELHO, Thalita Lima1
MENDES, Zélia Souza1
Orientadora: Profa. RODRIGUES, Laura de Moura2
RESUMO
Introdução: A fibromialgia é uma síndrome reumatológica crônica que se caracteriza por dor musculoesquelética difusa, fadiga, distúrbios do sono e alterações de humor, impactando negativamente a qualidade de vida dos pacientes. Diante da resistência de muitos indivíduos com fibromialgia à prática de exercícios físicos convencionais, o método Pilates tem se destacado como alternativa terapêutica por ser de baixo impacto e adaptável às limitações funcionais dos pacientes. Objetivo: Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão de literatura, buscando evidenciar os benefícios do método Pilates no controle da dor em pacientes com fibromialgia. Metodologia: A pesquisa foi conduzida em bases científicas como PubMed, BVS e Google Acadêmico, utilizando os descritores “fibromialgia”, “exercícios físicos” e “método Pilates”. Resultados: Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram analisados os principais estudos publicados entre 2006 e 2022. Os resultados indicaram que o método Pilates pode contribuir para a redução da dor, melhora da flexibilidade, do tônus muscular, da funcionalidade e da qualidade de vida dos pacientes com fibromialgia. Contudo, observou-se uma limitação quanto ao número de estudos experimentais com delineamento robusto e amostras representativas. Considerações finais: Assim, conclui-se que o método apresenta potencial terapêutico promissor, embora se faça necessária a realização de novas pesquisas com maior rigor metodológico para consolidar sua eficácia clínica.
Palavras-chave: fibromialgia; exercícios físicos; método Pilates.
ABSTRACT
Introduction: Fibromyalgia is a chronic rheumatologic syndrome characterized by widespread musculoskeletal pain, fatigue, sleep disturbances, and mood alterations, negatively affecting patients’ quality of life. Given the resistance of many individuals with fibromyalgia to conventional physical exercise, the Pilates method has emerged as a therapeutic alternative due to its low impact and adaptability to patients’ functional limitations. Objective: This study aimed to conduct a literature review to highlight the benefits of the Pilates method in pain management for patients with fibromyalgia. Methodology: The research was conducted using scientific databases such as PubMed, BVS, and Google Scholar, with the following descriptors: “fibromyalgia”, “physical exercises”, and “Pilates method”. Results: After applying inclusion and exclusion criteria, the main studies published between 2006 and 2022 were analyzed. The results indicated that the Pilates method may contribute to pain reduction, improvement in flexibility, muscle tone, functionality, and overall quality of life in patients with fibromyalgia. However, a limitation was observed regarding the number of experimental studies with robust design and representative samples. Final considerations: Thus, it is concluded that the method presents a promising therapeutic potential, although further research with greater methodological rigor is necessary to consolidate its clinical efficacy.
Keywords: fibromyalgia; physical exercises; Pilates method.
INTRODUÇÃO
A fibromialgia é uma síndrome reumatológica crônica, não inflamatória, caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, hipersensibilidade em pontos específicos do corpo, fadiga, distúrbios do sono e alterações de humor (Nunes, 2021). Trata-se de uma condição de etiologia complexa e multifatorial, que afeta majoritariamente mulheres em idade produtiva, impactando significativamente sua qualidade de vida e sua funcionalidade no cotidiano (Nunes, 2021).
Por se tratar de uma síndrome de difícil diagnóstico e manejo clínico, exige abordagens terapêuticas integradas, com destaque para os recursos fisioterapêuticos e programas de exercícios adaptados. A redução das capacidades funcionais dos pacientes com fibromialgia afeta diretamente sua vida social, em decorrência das dores intensas, da fadiga excessiva e da incapacidade funcional provocada pela doença (Cordeiro, 2020). Diferentes fatores, como as variações constantes de temperatura e o aumento do estresse, contribuem para alterações na força e na funcionalidade desses pacientes, dificultando a prática de atividades físicas (Cordeiro, 2020).
A fisioterapia tem se mostrado essencial no controle da dor e na manutenção das habilidades funcionais de pacientes com fibromialgia (Silva, 2022).
Entre os recursos utilizados, destacam-se o treinamento resistido, a hidrocinesioterapia, o uso de correntes elétricas analgésicas e, mais recentemente, o método Pilates, que tem ganhado relevância como alternativa terapêutica segura e eficaz. Enfatize-se que o Pilates contribui para a redução da dor e da rigidez muscular, além de melhorar a postura, a flexibilidade e o equilíbrio dos pacientes (Silva, 2022).
No tratamento da fibromialgia, os exercícios físicos podem apresentar potenciais efeitos analgésicos e antidepressivos, aumentando nos pacientes a sensação de bem-estar, além de reduzir a fadiga e a ansiedade, promovendo neles maior autocontrole (Nunes, 2021). Apesar de tantos benefícios, muitas pessoas diagnosticadas com fibromialgia resistem à prática regular de exercícios físicos, especialmente aquelas que já não realizavam nenhuma atividade antes do surgimento dos sintomas. Além disso, a não adesão também está relacionada à baixa tolerância a atividades de alta intensidade e aos elevados níveis de dor frequentemente relatados pelos pacientes (Nunes, 2021).
O método Pilates, por ser uma técnica de baixo impacto e de natureza adaptável, vem sendo cada vez mais inserido nos protocolos fisioterapêuticos voltados à fibromialgia, explicando que os exercícios, ao promoverem fortalecimento muscular e consciência corporal, atuam sobre o sistema neuromuscular e reduzem a intensidade dos sintomas (Bezerra; Lourinho (2022). Destaca-se a importância da atuação do fisioterapeuta na prescrição individualizada dos movimentos, considerando os limites físicos de cada paciente (Bezerra; Lourinho (2022).
Em estudo semelhante, foram reforçados os efeitos positivos do Pilates não apenas no controle da dor, mas também sobre estados emocionais associados à fibromialgia, como ansiedade e depressão, argumentando que a prática regular do método favorece a liberação de endorfinas e outros neurotransmissores que promovem sensação de bem-estar, atuando de forma sinérgica na reabilitação física e emocional do paciente (Lopes; Araújo, 2020). Esses resultados são particularmente relevantes, visto que a esfera psicoemocional é frequentemente comprometida nesses quadros clínicos (Lopes; Araújo, 2020).
Muitos pacientes com fibromialgia apresentam grande resistência à prática de exercícios físicos, especialmente os de alta intensidade e o Pilates, por sua suavidade e adaptabilidade, rompe essa barreira inicial, facilitando a adesão terapêutica e a continuidade do tratamento, o que pode ser determinante para o sucesso a longo prazo (Bezerra; Lourinho, 2022).
Os programas de Pilates voltados à população com fibromialgia devem contemplar não apenas o fortalecimento físico, mas também o aspecto educacional e motivacional do processo terapêutico (Silva, 2022). Destaca-se que o conhecimento da própria condição, aliado à vivência corporal proporcionada pelos exercícios, estimula a autopercepção positiva do corpo, o autocuidado e a valorização dos pequenos avanços durante o tratamento, fortalecendo a autoestima do paciente (Silva, 2022).
Em um estudo específico os resultados comprovaram melhorias significativas nos níveis de dor, sintomas de depressão, ansiedade, fadiga e na qualidade de vida relacionada à saúde, com base na aplicação de um protocolo específico de exercícios do método Pilates (Delfino; Reis; Mendes, 2015).
O Pilates pode ser considerado um método seguro e eficaz no controle sintomático dessa patologia, contudo, sugere-se a realização de mais estudos com maior número de participantes, protocolos de exercício padronizados e períodos de acompanhamento mais longos (Delfino; Reis; Mendes, 2015).
Ressalte-se que embora haja fortes indícios dos benefícios do método Pilates na fibromialgia, ainda é necessário ampliar o número de estudos com desenhos metodológicos robustos, amostras maiores e protocolos padronizados, sugerindo que futuros estudos devam investigar a eficácia do método em diferentes intensidades e durações, além de considerar as particularidades clínicas e psicossociais dos pacientes, a fim de consolidar o Pilates como intervenção de primeira escolha no manejo da fibromialgia (Lopes; Araújo, 2020).
Em relação à problemática, o debate atual gira em torno da eficácia do Pilates frente às barreiras de adesão ao exercício, o que desperta interesse crescente na literatura científica e nos programas de reabilitação. Considerando o cenário de baixa adesão de pacientes com fibromialgia à prática de exercícios físicos tradicionais, surge a seguinte questão: quais são os benefícios do método Pilates para pacientes com fibromialgia que demonstram resistência à prática de exercícios físicos convencionais?
Essa pergunta orienta a presente pesquisa, que visa investigar os efeitos do Pilates nesse perfil de pacientes, contribuindo para a construção de estratégias terapêuticas mais eficazes e adaptadas às reais condições clínicas e emocionais desses indivíduos.
Nos últimos anos, os exercícios físicos baseados no método Pilates têm ganhado destaque na reabilitação física e em programas de condicionamento. Justifica-se, assim, a necessidade de desenvolver uma revisão de literatura voltada à análise dos efeitos dos protocolos de exercícios físicos fundamentados nesse método, direcionados ao tratamento da fibromialgia.
Neste contexto, o método Pilates tem se mostrado uma alternativa viável no tratamento da fibromialgia, especialmente para pacientes que apresentam forte resistência à prática de exercícios físicos. Esse método pode proporcionar melhorias significativas no condicionamento muscular, além de contribuir para a manutenção da amplitude articular. Trata-se de uma abordagem que favorece o fortalecimento e o alongamento musculares (Cury; Vieira, 2016).
Ainda que o método Pilates já seja utilizado com frequência na prática clínica como parte do tratamento da fibromialgia, a literatura científica sobre o tema ainda é limitada. Há escassez de estudos que comprovem sua eficácia no manejo da dor, o que reforça a necessidade de novas pesquisas com maior rigor metodológico e maior número de participantes (Aguiar, 2016).
Neste contexto, o objetivo geral foi estabelecer uma revisão de literatura buscando reforçar os benefícios do método Pilates no controle da dor de pacientes acometidos por fibromialgia. E os objetivos específicos trataram de revisar o conceito de fibromialgia e seus principais sintomas; enumerar os benefícios do método Pilates como alternativa ao tratamento de fibromialgia; analisar como efetivamente o método Pilates atua no sentido de apaziguar as dores decorrentes da fibromialgia.
METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica narrativa de natureza qualitativa, cujo objetivo foi analisar publicações científicas sobre os benefícios dos exercícios físicos, com ênfase no método Pilates, para pacientes com fibromialgia que apresentam resistência a atividades convencionais.
A coleta de dados foi realizada entre fevereiro e abril de 2025, nas bases PubMed, BVS e Google Acadêmico, utilizando descritores em português e inglês combinados com o operador booleano AND. Foram incluídos apenas artigos em português, publicados entre 2006 e 2022, com disponibilidade em texto completo, que abordassem diretamente a temática. Artigos de revisão secundária e com mais de vinte anos foram excluídos.
Como instrumentos, utilizaram-se computadores com internet, Microsoft Word, planilhas e o gerenciador de referências Mendeley. Por tratar-se de uma revisão, não foi necessária aprovação ética, conforme a Resolução nº 510/2016. Todos os princípios de integridade científica foram respeitados.
As limitações incluíram a restrição ao idioma português, dificuldades de acesso a alguns artigos completos e a heterogeneidade metodológica dos estudos. A validação dos resultados foi garantida por meio de uma busca sistematizada, critérios bem definidos e análise crítica rigorosa, assegurando a confiabilidade dos achados para a prática clínica baseada em evidências.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa bibliográfica resultou inicialmente em 38 artigos localizados por meio das bases PubMed, BVS e Google Acadêmico. Após a aplicação dos critérios de inclusão (artigos em português, publicados entre 2006 e 2022, que abordassem a relação entre fibromialgia e exercícios físicos com ênfase no método Pilates) e dos critérios de exclusão (ausência de acesso ao texto completo, artigos duplicados, revisões secundárias e publicações com mais de vinte anos) 27 artigos foram excluídos. Assim, foram selecionados e analisados 11 estudos que atendiam aos objetivos da pesquisa.
A fim de sintetizar os dados obtidos na revisão de literatura, elaborou-se um quadro resumo contendo as principais características metodológicas e os achados dos estudos incluídos na análise. O quadro a seguir contempla informações como o autor, ano de publicação, objetivo do estudo, metodologia adotada, principais resultados e conclusões, possibilitando identificar padrões, limitações e potencialidades relacionadas ao tema investigado.
Quadro 1 – Síntese dos estudos selecionados
Autor ano | Título, periódico | Objetivo | Metodologia | Resultado | Conclusão |
Bezerra; Lourinho, 2022 | A abordagem do pilates na fibromialgia: um mapeamento da literatura científica: protocolo de revisão de escopo | Realizar um protocolo de revisão de escopo para mapear a literatura científica existente sobre a produção de conhecimento a respeito de checklist para o serviço de referência em atenção primária à saúde em Fibromialgia. | Revisão de escopo | – O método Pilates tem mostrado resultados relevantes no tratamento da fibromialgia. – Destacou-se a aplicação do Pilates em estratégias terapêuticas interdisciplinares. – Reforça a importância do método como alternativa de baixo impacto e eficaz | O Pilates é uma excelente proposta terapêutica, com aplicação crescente e evidências promissoras para fibromialgia. |
Costa et al, 2011 | Saúde do trabalhador e fibromialgia: relação entre dor e atividade física | Abordar o conceito de fibromialgia, bem como a sintomatologia dolorosa e o exercício físico como forma de terapêutica, destacando a relevância desta alteração no campo da saúde do trabalhador | Revisão da literatura | A atividade física é benéfica, apesar de não haver evidências conclusivas sobre sua relação direta com a dor da fibromialgia. Microtraumas no trabalho podem estar associados ao surgimento da síndrome. – Todos os estudos revisados associaram a prática de exercícios à melhora do quadro clínico. | – A atividade física é benéfica, mas o tratamento da fibromialgia ainda é controverso – Mesmo assim, exercícios devem ser considerados no plano terapêutico. |
Gimenes; Santos; Silva, 2006 | Watsu no tratamento da fibromialgia: estudo piloto | Avaliar os efeitos do método Watsu na redução da dor e dos sintomas depressivos em mulheres com diagnóstico de fibromialgia. | Método experimental de intervenção clínica, com abordagem quantitativa e avaliação pré e pós-tratamento | – O método Watsu reduziu significativamente a dor e os sintomas depressivos. – Houve melhora na qualidade emocional e física das pacientes. – O estudo recomenda mais pesquisas com amostras maiores para validar os resultados. | – O Watsu é promissor na fisioterapia aquática, com evidências de redução da dor. – Recomendam-se mais estudos controlados para validação científica. |
Jesus; Pacheco; Rezende 2022 | O método Pilates no controle da dor em pacientes com fibromialgia | Revisar sistematicamente a literatura para determinar se o Pilates afeta o controle da dor em pacientes com FM | Revisão de literatura | – O Pilates teve efeito positivo no controle da dor, função física e fatores psicossociais. – Mostrou-se mais eficaz do que nenhuma intervenção ou intervenção mínima. – Pontuações metodológicas entre 6 e 8 na escala PEDro demonstram boa qualidade dos estudos incluídos. | – O Pilates é eficaz no controle da dor e fatores psicossociais da fibromialgia. – Deve ser considerado como recurso terapêutico viável. |
Leite; Goes; Cieslak 2009 | Síndrome da fibromialgia em atletas: uma revisão sistemática | Revisar a SFM em atletas | Revisão sistemática de literatura | A fibromialgia em atletas é menos prevalente, mas compromete força e desempenho. Reforça a necessidade de cuidados específicos para evitar lesões e overtraining. Indica a importância da abordagem preventiva e adaptativa. | A fibromialgia em atletas exige cuidados com a saúde psicológica e estratégias adaptativas de treino. |
Santana 2021 | Causas da fibromialgia: uma revisão bibliográfica | Traçar as principais causas da FM | Levantamento bibliográfico sistemático | – Identificou múltiplas causas da fibromialgia, incluindo depressão, estresse oxidativo e dor crônica. – Reforça o caráter multifatorial e biopsicossocial da síndrome. – Destaca a necessidade de terapias integradas para o manejo da doença. | A fibromialgia é uma doença complexa e multifatorial, exigindo abordagem integrada para tratamento eficaz. |
Silva; Mann-rich, 2009 | Pilates na reabilitação: uma revisão sistemática | Analisar os aspectos relacionados ao uso do método Pilates na reabilitação | Revisão sistemática | – O Pilates é aplicável a diferentes populações e situações clínicas. – Tem poucos riscos e é adaptável à realidade do paciente. – Destaca-se na reabilitação da lombalgia e em programas com três sessões semanais. | O Pilates é útil e seguro, mas são necessárias mais pesquisas com amostras maiores. |
Silva; Rumim, 2012 | A fibromialgia e a manifestação de sofrimento psíquico | Abordar as dinâmicas de isolamento social propiciadas pelo adoecimento, constituir enfrentamento às limitações impostas pelo processo de desgaste à saúde e contribuir para a elaboração de afetos que propiciassem a articulação do sujeito a distintos espaços desejantes. | Aplicação da psicanálise em grupo de mediação | – Abordagem psicoterapêutica em grupo ajudou na ressignificação da dor e sofrimento. – O acolhimento e a escuta permitiram maior compreensão do impacto emocional da fibromialgia. – Reforça a importância do cuidado interdisciplinar e subjetivo. | – A escuta e a ressignificação da dor devem integrar os cuidados à fibromialgia. – Intervenções psicoterapêuticas promovem saúde mental e enfrentamento. |
Sinzato et al., 2013 | Efeitos de 20 sessões do método Pilates no alinhamento postural e flexibili-dade de mulheres jovens: estudo piloto. | Avaliar os efeitos do método Pilates em solo no alinhamento postural e flexibilidade articular de indivíduos sadios jovens do sexo feminino | Método experimental randomizado com grupo controle | – O método Pilates aumentou significativamente a flexibilidade em mulheres jovens. – Não houve alteração no alinhamento postural com 20 sessões. – Recomenda mais tempo de intervenção para alcançar benefícios posturais. | O Pilates melhora a flexibilidade mas pode precisar de mais tempo para mudanças posturais. |
Soares 2011 | Abordagem fisioterapêutica na fibromialgia: uma revisão sistemática | Demonstrar o papel da Fisioterapia no processo de reabilitação de pacientes com FM | Pesquisa computadorizada na B-on | – A fisioterapia é essencial na reabilitação da fibromialgia. – Hidroterapia, laser e exercícios físicos produzem melhora da sintomatologia – Técnicas como acupuntura e Pilates são úteis como complementares. | A fisioterapia, especialmente a hidroterapia, é eficaz no manejo dos sintomas da fibromialgia. |
Steffens et al., 2011 | Fatores associados à adesão e desistência ao exercício físico de pacientes com fibromialgia: uma revisão | Revisar a literatura sobre motivos de adesão e desistência ao exercício físico de pacientes com FM e sobre estratégias de intervenção propostas | Revisão de literatura | – Adesão ao exercício está ligada a menor depressão, maior escolaridade e boa interação social. – Desistência está relacionada à alta intensidade dos exercícios e dor crônica. – A prescrição individualizada e vínculo terapêutico do paciente favorecem a continuidade. | Estratégias como educação, vínculo terapêutico e prescrição adaptada são fundamentais para a adesão. |
Fonte: Elaboração própria, 2025.
Fibromialgia e exercícios físicos
A fibromialgia é caracterizada por dor musculoesquelética crônica generalizada, fadiga, distúrbios do sono, alterações emocionais e hipersensibilidade a estímulos táteis, tornando-se uma condição debilitante com impacto significativo na funcionalidade e na qualidade de vida dos indivíduos acometidos (Santana, 2021). De maneira geral, os estudos revisados são unânimes ao apontar que a prática de exercícios físicos exerce efeitos benéficos sobre os sintomas da síndrome, sobretudo quando integrados a estratégias terapêuticas multidisciplinares. A atividade física, ao promover o aumento da circulação, do tônus muscular e da liberação de neurotransmissores como serotonina e endorfina, contribui para a modulação da dor, a redução de quadros depressivos e ansiosos e a melhora da autoestima e da vitalidade dos pacientes (Silva; Rumim, 2012; Steffens et al., 2011).
No entanto, embora haja consenso sobre os benefícios dos exercícios físicos, os autores também ressaltam obstáculos importantes à sua prática. Um dos principais desafios é a baixa adesão dos pacientes aos programas terapêuticos, especialmente quando envolvem atividades de média a alta intensidade. A fadiga crônica, os altos níveis de dor e o desconforto emocional dificultam a manutenção da rotina de exercícios, resultando em taxas de abandono que podem variar entre 9% e 50% (Leite; Goes; Cieslak, 2009; Steffens et al., 2011). Esses dados revelam a importância de estratégias individualizadas, com programas que respeitem os limites de cada paciente, ajustando a intensidade e o tipo de atividade conforme suas condições clínicas e funcionais (Steffens et al., 2011).
Nesse sentido, a literatura destaca que a eficácia do exercício físico depende não apenas de seus efeitos fisiológicos, mas também de fatores psicossociais, como a motivação, o apoio da equipe de saúde e a percepção de autoeficácia. A prática regular está relacionada à redução da dor e melhora da função, mas só é mantida quando o paciente se sente acolhido, confiante e capacitado para lidar com as exigências do tratamento (Silva; Rumim, 2012; Costa et al., 2011). A presença de sintomas depressivos, distúrbios do sono e prejuízos nas relações sociais são elementos que frequentemente agravam a condição e interferem negativamente na adesão ao exercício (Costa et al., 2011).
Além disso, fatores externos, como variações climáticas e altos níveis de estresse, também influenciam a gravidade dos sintomas e o desempenho físico dos indivíduos com fibromialgia. Tais variáveis intensificam a dor e a fadiga, o que compromete a funcionalidade e a disposição para a realização de atividades cotidianas (Leite; Goes; Cieslak, 2009). Diante desse panorama, a literatura reforça a necessidade de considerar essas variáveis no planejamento dos programas terapêuticos, priorizando abordagens mais suaves e flexíveis, capazes de promover benefícios clínicos sem sobrecarregar os pacientes.
Embora as diretrizes apontem a atividade física como um dos pilares do tratamento da fibromialgia, juntamente com suporte psicológico e uso de medicação (Costa et al., 2011), é evidente que sua implementação exige estratégias adaptadas às reais condições físicas e emocionais dos indivíduos. A promoção de atividades de baixo impacto, com atenção aos limites subjetivos de dor e tolerância, tende a aumentar a adesão e a efetividade das intervenções fisioterapêuticas (Steffens et al., 2011).
Dessa forma, a análise conjunta dos estudos indica que a prática de exercícios físicos é benéfica e recomendável para pacientes com fibromialgia, desde que planejada com critério, sensibilidade clínica e abordagem centrada na pessoa. A individualização da prescrição, o respeito ao ritmo corporal e a criação de um ambiente motivador e acolhedor são fatores essenciais para o sucesso terapêutico.
Abordagem fisioterapêutica na fibromialgia
A fisioterapia tem se consolidado como uma das principais abordagens no tratamento da fibromialgia, atuando de forma integrada na redução da dor, melhora da funcionalidade e promoção da qualidade de vida dos pacientes. A análise dos estudos incluídos demonstra que a atuação fisioterapêutica envolve uma diversidade de técnicas que, quando bem aplicadas, contribuem para minimizar a sintomatologia da síndrome e ampliar a autonomia dos indivíduos acometidos.
Entre as abordagens de destaque, a hidroterapia tem se mostrado eficaz, sobretudo quando aplicada de forma regular, com intensidade moderada e sob supervisão profissional. Estudos apontam que, além da redução da dor, a prática aquática pode promover conforto e relaxamento muscular, favorecendo maior adesão dos pacientes ao tratamento (Soares, 2011). Técnicas complementares como laserterapia, acupuntura, massoterapia e biofeedback também foram citadas como promissoras, embora geralmente empregadas de forma auxiliar aos exercícios físicos.
Outro aspecto relevante diz respeito à resistência dos pacientes à prática de atividades físicas, especialmente as de alta intensidade. A literatura reforça que esse fator é um dos principais entraves à eficácia dos programas fisioterapêuticos, sendo comum o abandono precoce dos tratamentos. Dados apontam que apenas metade dos indivíduos com fibromialgia permanece em programas regulares por mais de seis meses, e que a taxa de desistência varia de acordo com a intensidade do exercício proposto (Steffens et al., 2011).
Fatores como menor faixa etária, maior escolaridade, percepção de autoeficácia e convívio social positivo foram associados à maior adesão ao exercício físico. Já os altos níveis de dor e intolerância ao esforço físico foram relacionados à interrupção dos tratamentos (Steffens et al., 2011). Assim, estratégias de motivação, vínculo terapêutico e prescrição adaptada surgem como elementos-chave para garantir a continuidade e a efetividade do cuidado fisioterapêutico.
A importância do vínculo entre profissional e paciente também é amplamente enfatizada na literatura. A construção de uma relação de confiança, baseada na escuta e no acolhimento, favorece a participação ativa do paciente no tratamento. Relatos de idosos, por exemplo, evidenciaram que expressões como “incentivo” e “atenção” por parte dos profissionais foram fundamentais para a permanência na atividade física (Silva; Rumim, 2012).
Dentre as abordagens terapêuticas analisadas, o método Pilates destaca-se por combinar características essenciais ao tratamento da fibromialgia: baixo impacto, adaptabilidade e foco na consciência corporal.
Aplicado com foco no fortalecimento do centro de força (power house), o método promove estabilidade, controle respiratório, alinhamento postural e melhora da flexibilidade (Silva; Mannrich, 2009). A prática inclui uma etapa inicial de aquecimento, que favorece o fluxo sanguíneo e prepara o corpo para a execução dos movimentos. Esses exercícios, quando adaptados à capacidade funcional do paciente, contribuem para ganhos significativos na flexibilidade e na resistência muscular, mesmo em intervenções de curta duração (Sinzato et al., 2013).
A personalização dos movimentos e a criação de um ambiente terapêutico acolhedor também são fatores decisivos para a adesão. Estudos indicam que o Pilates favorece a redução da dor e melhora o estado emocional dos pacientes com fibromialgia, contribuindo para o relaxamento, o alívio da tensão muscular e a sensação de bem-estar (Bezerra; Lourinho, 2022; Jesus, Pacheco; Rezende, 2022). A incorporação de técnicas de respiração, o ritmo suave e a progressão controlada dos exercícios reforçam a aplicabilidade do método, sobretudo para indivíduos que apresentam limitações físicas e emocionais mais acentuadas.
Embora os resultados sejam promissores, os estudos também alertam para a necessidade de pesquisas mais robustas, com amostras maiores, maior controle metodológico e protocolos padronizados, a fim de consolidar o Pilates como uma intervenção de primeira escolha para o manejo da fibromialgia (Lopes; Araújo, 2020). Além disso, recomenda-se que investigações futuras explorem diferentes intensidades e durações do programa, respeitando as particularidades clínicas e psicossociais dos pacientes.
Desse modo, a fisioterapia, ao incorporar práticas como o Pilates e ao considerar os aspectos subjetivos e sociais da dor, amplia seu potencial terapêutico. A abordagem deve ser centrada no sujeito, valorizando tanto a experiência corporal quanto o contexto emocional, o que exige do profissional sensibilidade clínica e escuta qualificada. Tais elementos tornam a atuação fisioterapêutica mais eficaz, não apenas no alívio dos sintomas, mas na promoção de saúde integral e na construção de autonomia para o enfrentamento da doença.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao examinar a literatura, constatou-se inicialmente que a prática de exercícios físicos é essencial para o tratamento da fibromialgia. Mesmo após seis meses de intervenção com atividades físicas, é fundamental manter o controle dos sintomas da síndrome, incluindo fadiga, depressão, ansiedade e alterações na vitalidade.
O estudo em questão sugere que o tratamento por meio do método Pilates é um dos mais eficazes no controle da fibromialgia. No entanto, para que o
Pilates seja efetivo, é imprescindível que o paciente mantenha uma rotina disciplinada. Isso implica a continuidade das atividades cotidianas, integrando a elas exercícios que reproduzam movimentos habituais do dia a dia.
Verificou-se também que a integração do Pilates aos regimes de tratamento para fibromialgia pode proporcionar melhorias significativas no tônus muscular dos pacientes, ao mesmo tempo em que preserva a flexibilidade das articulações. Essa abordagem viabiliza a realização de exercícios que promovem, simultaneamente, o fortalecimento e o alongamento muscular de forma profunda.
Para que esses benefícios sejam alcançados, é essencial que o profissional responsável pela aplicação do método elabore programas de exercícios adaptados, considerando as necessidades individuais de cada paciente com fibromialgia. Isso requer uma avaliação minuciosa de diversos aspectos, como a redução da dor, o aumento da amplitude de movimento e da flexibilidade, bem como melhorias na capacidade de concentração e na execução das atividades diárias.
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1Graduandas do Curso de Fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul.
2Professora e orientadora do Curso de Fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul.