OS BENEFÍCIOS DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA CICATRIZAÇÃO DE PACIENTES QUEIMADOS: UM ESTUDO DE REVISÃO¹

THE BENEFITS OF LOW POWER LASER IN THE HEALING OF BURN PATIENTS: A REVIEW STUDY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11078535


Thalita Tamara da Silva Rodrigues2;
Thayz Gadelha de Paula Moreira3


RESUMO

As queimaduras podem ser classificadas como queimaduras térmicas, por radiação, químicas e elétricas. Destaca-se que as queimaduras representam uma preocupação significativa de saúde pública, com um grande número de casos anualmente e possíveis complicações graves, como infecções. Com isso, avanços tecnológicos têm sido introduzidos em diversas modalidades de tratamento, e a laserterapia emergiu como uma opção promissora. No entanto o presente estudo investiga o potencial terapêutico do Laser de Baixa Potência (LTBP) na recuperação de pacientes com queimaduras por meio de uma revisão integrativa, realizada entre 2013 e 2023, onde selecionou-se 10 estudos relevantes que abordam o uso de LTBP em queimaduras e cicatrização. Esses estudos revelaram tendências promissoras na aceleração da cicatrização, alívio do desconforto e melhoria da função pulmonar e aeróbica dos pacientes queimados. Apesar disso, as limitações metodológicas e a heterogeneidade dos estudos destacam a necessidade de abordagens mais padronizadas e rigorosas em pesquisas futuras. A padronização dos protocolos de tratamento e uma avaliação mais abrangente dos desfechos em longo prazo são essenciais para fornecer evidências mais sólidas sobre a eficácia dessa abordagem terapêutica. Com isso, o uso do laser de baixa potência na fisioterapia pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a reabilitação e a qualidade de vida dos pacientes queimados, especialmente quando combinado com outras modalidades terapêuticas.

Palavras-Chave: Avanços tecnológicos; Cicatrização; Potencial terapêutico.

ABSTRACT 

Burns can be classified as thermal, radiation, chemical and electrical burns. It is noteworthy that burns represent a significant public health concern, with a large number of cases annually and possible serious complications, such as infections. As a result, technological advances have been introduced in various treatment modalities, and laser therapy has emerged as a promising option. However, the present study investigates the therapeutic potential of Low Power Laser (LTBP) in the recovery of patients with burns through an integrative review, carried out between 2013 and 2023, where 10 relevant studies were selected that address the use of LTBP in burns and healing. These studies have revealed promising trends in accelerating healing, alleviating discomfort, and improving lung and aerobic function in burn patients. Despite this, the methodological limitations and heterogeneity of studies highlight the need for more standardized and rigorous approaches in future research. Standardization of treatment protocols and a more comprehensive assessment of long-term outcomes are essential to provide more solid evidence on the effectiveness of this therapeutic approach. Therefore, the use of low-power laser in physiotherapy can be an effective strategy to improve the rehabilitation and quality of life of burn patients, especially when combined with other therapeutic modalities.

Keywords: Wound healing; Photobiomodulation; Laser therapy.

1. INTRODUÇÃO

Conforme o Manual MSD (2022), as queimaduras podem ser classificadas como queimaduras térmicas, por radiação, químicas e elétricas. A proporção da queimadura será determinada pelo agente causador e pelo tempo de exposição (GHATAS et al., 2018).

De acordo com dados do Ministério da Saúde (2018), estima-se que cerca de 1.000.000 de pessoas são afetadas por queimaduras anualmente, com aproximadamente 2.500 evoluindo para óbito, seja por causas diretas ou indiretas. A principal causa dessas mortes está relacionada a infecções, representando um desafio significativo para a saúde pública (SILVA, 2020). Nesse contexto, ao longo do tempo, as tecnologias têm se tornado ferramentas essenciais que fundamentam ações cientificamente comprovadas quanto concretas, com o objetivo de promover o cuidado no processo de trabalho em saúde.

O campo de intervenção em feridas progrediu devido ao avanço científico. Várias tecnologias vêm sendo empregadas no tratamento dessas lesões, e dentre elas, o Laser Terapêutico de Baixa Intensidade (LTBI), que demonstra resultados bastante positivos e tem sido usada para tratar uma ampla variedade de condições de saúde (LUCIO; PAULA, 2020). Entre as indicações terapêuticas estão: feridas crônicas, como lesões por pressão, queimaduras e feridas cirúrgicas; dor crônica, dor neuropática; doenças orais e dentárias, osteoartrite, tendinite e síndrome do túnel do carpo (OSMARIN VM, et al., 2021).

A Laserterapia de Baixa Intensidade (LTBI) demonstra eficácia no tratamento de queimaduras, impulsionada pelas pesquisas do médico húngaro Endre Mester, pioneiro na bioestimulação. Mester observou que o LASER (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation), quando aplicado nos tecidos, desencadeava reações que favoreciam a regeneração tecidual (DOS SANTOS, 2021). A LTBI, também conhecida como fotobiomodulação, evoluiu com a invenção do laser de rubi e do laser de hélio-neon (HeNe) na década de 1960 (BRANDÃO et al., 2020). 

Armelin et al. (2019) também afirmaram que o LTBI é um dos recursos terapêuticos que têm sido vastamente empregado com o objetivo de acelerar a reparação tecidual, ativando os fibroblastos, estimulando a microcirculação, com ação anti-inflamatória, antiedematosa e analgésica, consequentemente melhorando a cicatrização tecidual e contribuindo como terapia complementar no tratamento de feridas em diferentes estágios.

A terapia a laser demonstra efeitos na regeneração tecidual, vasodilatação, alívio da dor e ação anti-inflamatória, sendo uma opção viável para o tratamento de pacientes queimados (BLASCOVICH et al., 2022). Essas conclusões são corroboradas por Santos (2021). Por isso a laserterapia de baixa intensidade emerge como uma abordagem terapêutica não invasiva para o tratamento de queimaduras, ganhando destaque e interesse entre profissionais de saúde devido às suas múltiplas propriedades curativas que a tornam aplicável em uma ampla gama de lesões cutâneas (FREITAS et al., 2022).

Portanto, o objetivo deste estudo foi abordar o potencial do laser de baixa potência como intervenção terapêutica para pacientes queimados, buscando fornecer uma análise abrangente e fundamentada sobre a eficácia e os benefícios clínicos da laserterapia nesse contexto específico.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de abordagem qualitativa. Para elaboração da pergunta de investigação foi utilizada a estratégia PICo, acrômio para: População: Pacientes queimados, Intervenção: Laser de baixa potência e Contexto: Cicatrização de queimaduras, gerando assim a seguinte pergunta norteadora: Quais os efeitos do laser de baixa potência sobre a cicatrização de pacientes queimados?

A abordagem envolveu uma análise crítica de artigos publicados no período de 2016 a 2023, sendo eles lidos integralmente e selecionados com base em critérios de relevância e confiabilidade científica para a construção deste estudo.

As bases de dados selecionadas para coleta de dados incluem a Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Scholar, National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e de forma a complementar a busca, utilizou-se a plataforma Google Scholar. Onde foram utilizados os descritores: ”burn”, “Physical Therapy Specialty”, “Wound Healing”, “Low-Level Light Therapy”.

Os critérios de inclusão foram artigos em língua portuguesa, inglesa e espanhol publicados no intervalo de 2013-2023, que abordam o uso de Laser de baixa potência, queimaduras e cicatrização. Já os critérios de exclusão contemplam artigos duplicados, disponibilizados apenas na forma de resumo, experimentos em animais e que não se relacionem diretamente à proposta estudada. Dessa maneira, identificou-se um total de 124 estudos como exposto no fluxograma 1, os quais foram posteriormente submetidos à seleção com base nos critérios de tema e data, para serem discutidos de maneira mais aprofundada.

Fluxograma 1 Abordagem metodológica na seleção de artigos.

Fonte: próprio autor 2023.

Os 10 artigos selecionados foram sistematicamente catalogados em quadros para uma análise mais precisa e estruturada. No Quadro 01, foram delineadas as características de cada estudo, abrangendo o ano de publicação, os objetivos delineados e os resultados primários alcançados. Possibilitando a visualização condensada e acessível das informações-chave, favorecendo a identificação de padrões, lacunas e conclusões presentes nos estudos analisados. A iminente revisão sistemática dos estudos promete enriquecer consideravelmente a compreensão dos desafios de saúde associados ao uso de laser de baixa potência. Fornecendo contribuições significativas e fundamentais para a literatura científica neste domínio específico da fisioterapia.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os estudos compilados e apresentados no quadro 1 não apenas guiarão nossa discussão, mas também oferecerão uma visão abrangente e concisa das descobertas mais significativas no contexto do uso do laser de baixa potência e seus benefícios para a saúde humana, com foco particular na cicatrização de pacientes queimados.

Quadro 1: Artigos selecionadas para compor esta revisão

NAutor/AnoObjetivo do estudoResultados
1Lee et al., 2016Observar alterações clínicas e histológicas de cicatrizes de queimaduras após tratamento com laser fracionado de CO 2 Todos os pacientes apresentaram melhora clínica das cicatrizes com diminuição significativa do VSS. Os achados histológicos mostraram alterações na derme superior com papila dérmica recém-formada.
2Dahmardeheiet al., 2016Apresentar um novo método terapêutico para acelerar a cicatrização com melhor prognóstico nesses pacientes.Os pacientes mostraram cura completa nas últimas 8 semanas para todos os pacientes candidatos à amputação.
3Kazemikhoo et al., 2018 Avaliar o efeito da LLLT na cicatrização do STSG em pacientes com úlcera por queimadura grau 3 como um ensaio clínico randomizado.A taxa de deiscência da ferida após cirurgia de enxerto de pele foi significativamente menor no grupo tratado com laser em comparação ao grupo controle que recebeu apenas curativo clássico (P=0,019).
4Araújo; Martins, 2018Revisar a literatura acerca da utilização da luz LED e seus efeitos na cicatrização tecidual na lesão por queimaduraTodos os estudos encontraram melhoras do processo cicatricial com uso do LED, mesmo sendo utilizados comprimentos de onda distintos nos trabalhos analisados.
5Oliveira et al., 2018Avaliar os efeitos do LED na cicatrização de queimaduras.  Houve melhora da cicatrização para ambos os comprimentos de onda adotados, embora o último tenha apresentado resultados mais evidentes.
6Vaghardoost et al., 2018Investigar o efeito da terapia com laser de baixa intensidade (LLLT) no processo de cicatrização da área doadora em pacientes com úlcera por queimadura grau 3 após cirurgia de enxerto de pele.Os resultados mostraram que a irradiação local do laser vermelho acelera significativamente o processo de cicatrização de feridas.
7Nilforoushzadeh, et al., 2019Utilização do LLLT juntamente com transplante autólogo de pele de fibroblastos para tratar úlceras de queimadura de grau 3 em pacientes diabéticos. Todos os pacientes cicatrizaram completamente em 10-12 semanas. Nenhum efeito adverso foi reportado
8Madni et al., 2019Estudar prospectivamente os efeitos da ablação fracionada Er:YAG na HBS usando tecnologias objetivas e não invasivas para medir os resultados.As cicatrizes TREAT mostraram melhora significativa na deformidade viscoelástica (P = 0,03), deformidade elástica (P = 0,004), rugosidade da pele (P = 0,05) e profundidade das rugas (P = 0,004). 04) após ablação fracionada, enquanto as cicatrizes de CONTROLE não apresentaram tais alterações dentro do grupo. 
9Kamel et al., 2021Determinar os impactos da terapia com laser de baixa intensidade pré-exercício na capacidade aeróbica em casos de queimaduras. A terapia com laser de baixa intensidade tem impacto terapêutico benéfico na promoção da capacidade aeróbica, melhorando o consumo máximo de oxigênio e aumentando o tempo de esteira em casos de queimaduras, quando precedem exercícios aeróbicos.
10Lu et al., 2023Investigar o efeito da luz vermelha de 630 ~ 650 nm no tratamento de queimaduras de segundo grau em membros inferiores de pacientes dependentes de glicocorticóides. A observação clínica mostrou que a luz vermelha de 630-650 nm poderia efetivamente reduzir a drenagem/descarga purulenta da ferida, aliviar a resposta marginal, bem como a dor, e promover a cicatrização da ferida.

CO2: Dióxido de carbono, VSS: Escala de Cicatriz de Vancouver, LED: Diodo Emissor de Luz, STSG: Enxerto de Pele de Espessura Parcial, LLLT: Terapia a Laser de Baixa Intensidade, Er:YAG: Laser Garnet de Alumínio e Ítrio, HBS: cicatriz de queimadura hipertrófica, TREAT: Terapia direcionada

Fonte: próprio autor 2023.

Ao analisar os resultados dos estudos selecionados sobre o uso de laser de baixa potência na fisioterapia de pacientes queimados, emerge uma compreensão complexa e matizada da eficácia dessa abordagem terapêutica. Embora os estudos revelem tendências promissoras na aceleração da cicatrização e no alívio do desconforto, é crucial abordar criticamente as limitações metodológicas e as variabilidades nos resultados observados. Essas investigações oferecem uma visão inicial dos benefícios potenciais do laser de baixa potência, porém, a heterogeneidade dos estudos em termos de protocolos de tratamento, populações de pacientes e medidas de resultado ressalta a necessidade de uma abordagem mais padronizada e rigorosa na condução de pesquisas futuras nesta área. Além disso, é imperativo considerar a relevância clínica dos resultados, garantindo que quaisquer benefícios observados se traduzam em melhorias significativas na qualidade de vida e nos desfechos clínicos dos pacientes queimados.

O estudo conduzido por Lee et al. (2016) abordou os efeitos do laser fracionado de CO2 no tratamento de cicatrizes de queimaduras, onde os resultados destacaram uma melhora clinicamente significativa nas características das cicatrizes, associada a alterações histológicas específicas na derme superior, O procedimento foi empregado de forma semelhante em cicatrizes queloidianas, resultando em melhorias comparáveis, conforme observado nos sinais dessas cicatrizes (LAIZ; CARVALHO; PINTO, 2017). Contudo, é importante ressaltar a observação de efeitos adversos, como hiperpigmentação pós-inflamatória e sensação de prurido, destacando a necessidade de considerar cuidadosamente os potenciais riscos e benefícios dessa intervenção terapêutica ao planejar estratégias de tratamento para pacientes com cicatrizes de queimaduras.

Dahmardehei et al. (2016) aborda uma questão clínica significativa relacionada ao tratamento de pacientes diabéticos com úlceras por queimadura de grau 3, onde a terapia a laser de baixa intensidade (LLLT) é empregada como uma abordagem terapêutica promissora. Em síntese, a laserterapia é uma técnica terapêutica que oferece diversas propriedades benéficas, incluindo a redução da dor e da inflamação, a melhoria da cicatrização tecidual, o reforço do sistema imunológico, e a redução da ansiedade e do estresse. Essas características tornam a laserterapia uma abordagem eficaz e segura para o tratamento de uma ampla gama de condições e doenças (DOS SANTOS et al., 2021).

A complexidade no tratamento de pacientes com lesões por queimaduras é ressaltada por Araújo e Martins (2018), devido à gravidade dessas lesões e aos desafios frequentemente encontrados durante o processo de cicatrização, que podem resultar em sequelas funcionais e estéticas significativas, como cicatrizes hipertróficas, contraturas e queloides, afetando tanto os tecidos moles quanto articulares.

A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento das cicatrizes resultantes de queimaduras, utilizando uma variedade de terapias que visam facilitar o processo de cicatrização e restaurar a função adequada dos tecidos afetados. Uma abordagem terapêutica amplamente reconhecida é o uso de laser de baixa potência, que oferece benefícios significativos. Este método, menos invasivo e de custo acessível, tem demonstrado reduzir complicações, melhorar a estética e minimizar deformidades cicatriciais após lesões por queimaduras (ARAÚJO; MARTINS, 2018)

A terapia a laser de baixa potência (TLBP) é uma das tecnologias usadas em tratamento de lesões de queimadura, pois durante a terapêutica foi obtido resultados positivos em vários tipos de lesões. O laser demonstra efeitos químicos, físicos e biológicos que alteram o comportamento celular e promovem a reparação tecidual. Alguns parâmetros que devem ser executados estão relacionados à distância entre pele e aparelho, área de irradiação, tipo de lentes e fonte, potência de saída, divergência do feixe irradiado, bem como tempo de aplicação do laser, área e profundidade do tecido, dispersão, absorção e técnica executada. No mais, é imprescindível analisar o comprimento de onda, densidade de energia, o tipo de pulso e a frequência de tratamento a fim de alcançar uma terapêutica efetiva (BAVARESCO et al., 2019).

Em uma investigação realizada por Oliveira et al. (2018), foram exploradas terapias utilizando LED de baixa dose para o tratamento de queimaduras de segundo e terceiro graus. Em concordância, Ferreira, Fronza e Prado (2012) conduziram um estudo para avaliar a eficácia da utilização do laser associado ao LED no tratamento de sequelas em mãos de uma paciente vítima de queimadura. Eles empregaram o LED vermelho (632 nm) e o LED infravermelho (850 nm) associados a um laser de alta potência e observaram melhorias na aparência da pele e na hidratação na região tratada. Ambos os autores encontraram resultados favoráveis para esta terapêutica 

A essas atribuições Vaghardoost et al. (2018) abordou a aplicação da terapia com laser de baixa intensidade (LLLT) na cicatrização da área doadora em pacientes queimados após cirurgia de enxerto de pele. A pesquisa utilizou uma abordagem cuidadosamente controlada, irradiando a área doadora com luz laser vermelha em dias específicos após a cirurgia. Os resultados indicaram uma redução significativa no tamanho da área doadora no grupo submetido à terapia a laser em comparação com o grupo de controle, demonstrando o potencial benéfico da LLLT nesse contexto clínico. Além disso, a integração desses resultados com outras pesquisas, como o estudo de Oliveira et al. (2018), que examinou o uso de LED de baixa dose no tratamento de queimaduras, fortalece a compreensão da variedade de intervenções disponíveis e sua aplicabilidade clínica na fisioterapia para pacientes com lesões por queimaduras.

Ao abordar os benefícios derivados da terapia com LED em várias aplicações no tratamento de queimaduras, é imperativo considerar também as abordagens complementares, como o transplante autólogo de fibroblastos (FBM), em conjunto com a laserterapia. As investigações de Nilforoushzadeh et al. (2019) e Kasemikhoo et al. (2018) destacam a eficácia dessa combinação terapêutica no processo de cicatrização de feridas extensas, representando uma perspectiva promissora para o tratamento de lesões cutâneas complexas, particularmente em pacientes diabéticos. Enfatizando a importância de explorar abordagens terapêuticas multidisciplinares e personalizadas para otimizar os resultados clínicos e aprimorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados por queimaduras. A evolução contínua no estudo do manejo de queimaduras traz consigo a introdução de novas técnicas e métodos, demandando dos profissionais de saúde, especialmente dos fisioterapeutas, maior competência e eficiência na aplicação dessas abordagens. É crucial que novos produtos no mercado sejam submetidos a testes supervisionados por profissionais qualificados para comprovar sua eficácia (BLASCOVICH et al., 2022).

Embora as análises gerais não tenham revelado efeitos significativos da ablação fracionada, as melhorias observadas dentro do grupo tratado são de interesse particular o estudo realizado por Madni et al. (2019) traz à tona uma discussão crucial no campo do tratamento de cicatrizes hipertróficas de queimaduras (HBS). A abordagem prospectiva e objetiva adotada pelos pesquisadores destacam a importância da avaliação precisa e quantitativa dos resultados terapêuticos. A compreensão dos mecanismos subjacentes à resposta das cicatrizes hipertróficas de queimaduras ao tratamento com laser Er:YAG. Além disso, levantam questões sobre a eficácia relativa desse procedimento em comparação com outras modalidades de tratamento disponíveis e destacam a necessidade de estudos adicionais para elucidar completamente seu papel no manejo clínico das cicatrizes de queimaduras.

O estudo conduzido por Kamel et al. (2021) aborda uma questão crucial no manejo de pacientes com queimaduras graves, enfocando os impactos da terapia com laser de baixa intensidade (LLLT) na capacidade aeróbica pré-exercício. Essas descobertas sugerem que a LLLT pode desempenhar um papel terapêutico benéfico na promoção da capacidade aeróbica em casos de queimaduras, quando administrada antes dos exercícios aeróbicos. No entanto, é importante observar que as melhorias foram mais significativas no grupo de estudo em comparação com o grupo controle, indicando um efeito positivo adicional da terapia com laser de baixa intensidade. Esses resultados destacam a relevância clínica da LLLT como uma intervenção complementar no tratamento de pacientes com queimaduras, ressaltando a necessidade de mais pesquisas para validar e otimizar seu uso clínico.

Por fim Lu et al. (2023) investigou os efeitos da irradiação com luz vermelha de 630-650 nm no tratamento de queimaduras de segundo grau em pacientes dependentes de glicocorticóides. Os resultados demonstraram uma significativa melhora na cicatrização da ferida, redução das secreções e alívio da resposta marginal no grupo que recebeu irradiação com luz vermelha em comparação com o grupo controle. Resultados semelhantes foram encontrados por Melo et al. (2018), utilizando LED com comprimento de onda de 685 nm. Onde, observou-se um aumento no número de vasos sanguíneos, proliferação epitelial moderada e fibroblastos, indicando que o LED potencializa a síntese da matriz de tecido conjuntivo em queimaduras.

Após a análise detalhada dos estudos sobre o uso do laser de baixa potência na fisioterapia de pacientes queimados, emergem resultados promissores quanto aos seus efeitos terapêuticos. Os estudos revelam melhorias significativas na cicatrização de feridas, redução da dor e do prurido, bem como melhorias na função pulmonar e na capacidade aeróbica dos pacientes. No entanto, é crucial reconhecer a necessidade de uma padronização dos protocolos de tratamento e uma avaliação mais abrangente dos desfechos a longo prazo. Além disso, a diversidade nos métodos de pesquisa e nas medidas de avaliação destaca a importância de futuros estudos mais controlados e rigorosos. 

Apesar dos desafios enfrentados, a combinação da laserterapia de baixa potência com outras modalidades terapêuticas, como o transplante autólogo de fibroblastos, demonstra resultados promissores na promoção da cicatrização e na melhoria da função em pacientes queimados. Portanto, apesar das questões pendentes, os resultados até o momento sugerem que a aplicação do laser de baixa potência na fisioterapia pode representar uma estratégia eficaz para otimizar a reabilitação e a qualidade de vida desses pacientes.

4. CONCLUSÃO

Em síntese, a análise dos estudos revisados sobre o emprego do laser de baixa potência na fisioterapia de pacientes queimados revela perspectivas encorajadoras sobre os benefícios terapêuticos dessa modalidade. Os resultados apontam para melhorias significativas na cicatrização de feridas, na redução da dor e do prurido e outras melhorias  como destacadas no estudo. Contudo, é imperativo reconhecer a necessidade de padronização dos protocolos de tratamento e de uma avaliação mais abrangente dos desfechos em longo prazo. A diversidade nos métodos de pesquisa e nas medidas de avaliação ressalta a importância de estudos futuros mais controlados e rigorosos. Ademais, a combinação da laserterapia com outras abordagens terapêuticas, como o transplante autólogo de fibroblastos, uso do LED e ablação fracionada mostraram-se promissora na promoção da cicatrização e na melhoria da funcionalidade em pacientes queimados. Assim, apesar dos desafios, os resultados disponíveis sugerem que a utilização do laser de baixa potência na fisioterapia pode constituir uma estratégia eficaz para a otimização da reabilitação e da qualidade de vida de pacientes com queimaduras.

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1Artigo apresentado ao curso de Bacharelado em Fisioterapia da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA/IESMA);
2Discente do curso de graduação de Fisioterapia da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA/IESMA), email: talitaalmeida.crvg@gmail.com;
3Fisioterapeuta, preceptora de estágio da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA/IESMA), email: thayzmoreira@unisulma.edu.br