OS BENEFÍCIOS DA HIDROTERAPIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10142367


Gabriela Gomes de Oliveira1
Leticia Pedrosa Marques1
Pedro Henrique Birino Emerick1
Alberto Ferreira Donatti2


RESUMO 

A Esclerose Múltipla é caracterizada por ser uma doença inflamatória crônica autoimune que afeta o sistema nervoso central, ocorrendo a desmielinização e lesões axonais, causando perda da função para o indivíduo. Principais manifestações clínicas da doença: fadiga, parestesia, formigamentos, dormências, dor neuropática, espasmos musculares, distúrbios na fala, claudicação e fraqueza muscular. Objetivo: analisar por meio de revisão de literatura qual a ação da Hidroterapia no tratamento de pessoas com Esclerose Múltipla, avaliando os benefícios dessa prática terapêutica na melhora dos sintomas da doença e se contribui na qualidade de vida dos pacientes. Método: o estudo se trata de uma revisão de literatura feita nas bases de dados eletrônicas científicas como Scientific Electronic Library Online (Scielo) PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Resultado: Foram encontrados 53 artigos nas bases de dados, 35 foram excluídos, 18 selecionados para avaliação e após a leitura completa dos artigos foram selecionados 7 para a pesquisa de revisão. Conclusão: Após uma análise criteriosa dos artigos, foi possível concluir que a hidroterapia como tratamento alternativo para a esclerose múltipla tem um grande índice de melhora no quadro dos pacientes, sendo indicado para diminuir a fadiga, fortalecer os músculos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 

Palavras-chave: Esclerose Múltipla. Hidroterapia. Fisioterapia Aquática. Reabilitação Fisioterapêutica em Neurologia.

ABSTRACT

Multiple Sclerosis is described as a chronic autoimmune inflammatory disease that affects the central nervous system, causing demyelination and axonal lesions, causing loss of function in the individual. Main clinical manifestations of the disease: fatigue, paresthesia, tingling, numbness, neuropathic pain, muscle spasms, speech disorders, claudication and muscle weakness. Objective: To analyze, through a literature review, the action of Hydrotherapy in the treatment of people with Multiple Sclerosis, evaluating the benefits of this therapeutic practice in improving the symptoms of the disease and whether it contributes to the quality of life of patients. Method: the study is a literature review carried out in scientific electronic databases, such as Scientific Electronic Library Online (Scielo), PubMed and Virtual Health Library (VHL). Results: A total of 53 articles were found in the databases, 35 were excluded, 18 were selected for evaluation and, after a complete reading of the articles, 7 were selected for the review search. Conclusion: After a careful analysis of the articles, it was possible to conclude that hydrotherapy as an alternative treatment for multiple sclerosis has a high rate of improvement in the patient’s condition, being indicated to reduce fatigue, strengthen muscles and improve the quality of life of patients.

Keywords: Multiple Sclerosis. Hydrotherapy. Aquatic Physiotherapy. Physiotherapeutic Rehabilitation in Neurology.

1 INTRODUÇÃO

A Esclerose Múltipla (EM), conforme Kobelt (2019), é caracterizada por ser uma doença inflamatória crônica autoimune que afeta o sistema nervoso central, devido ao ataque de células do sistema imune contra os neurônios do sistema nervoso central, onde ocorre a desmielinização e lesões axonais.

De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) e sua última atualização em 2020, “existem cerca de 2,8 milhões de pessoas no mundo que vivem com a EM, ou seja, conforme a incidência, existe 1 a cada 3000 com EM e a cada 5 minutos, uma pessoa no mundo é diagnosticada com EM”, além disso, de acordo com a ABEM, a doença é mais comum no sexo feminino, resultando em 69% das pessoas com a doença, enquanto no sexo masculino há 31% da quantidade total mundial.

Conforme descrito por Sá (2012), quando há uma lesão na bainha de mielina de um axônio, a unidade de condução sofre alterações fisiológicas, causando perda da função saltatória na condução elétrica do axônio, redução e até o bloqueio dessa condução, isso irá depender do comprometimento da lesão, fase da inflamação ou bloqueio total do axônio, ocorrendo uma neuro degeneração. Além disso, cada alteração devido a desmielinização dos neurônios, causa perdas de função para o indivíduo, pois ao afetar o sistema nervoso central, irá afetar os outros sistemas conectados às funções de cada área afetada, então quanto maior lesão, maior a perda de função. (SÀ, 2012).

Assim, de acordo com Sá (2012), as principais manifestações clínicas da doença são a fadiga (que ocorre ao aumento de temperaturas climáticas externas), parestesia (sensação de “choques”, formigamentos e dormências), dor neuropática, espasmos musculares, distúrbios na fala, claudicação e fraqueza muscular.

Segundo Scorcine (2022) o tratamento da Esclerose Múltipla consiste tanto em terapias medicamentosas quanto exercícios físicos, assim como a fisioterapia e dentro dessa área a hidroterapia como tratamento para melhoria das capacidades funcionais.

Com relação à hidroterapia, Marinho (2021) descreve a hidroterapia como uma abordagem terapêutica antiga que utiliza a imersão em água, além disso, é utilizada para restaurar a saúde e a capacidade funcional de indivíduos com condições cardiopulmonares, ortopédicas e neurológicas. Para Cristina (2006) a utilização da água em diferentes temperaturas apresenta diversos efeitos fisiológicos, como reduzir a sensibilidade de terminações nervosas através da água aquecida causando diminuição do tônus, relaxamento muscular, alívio de dores, aumento da independência funcional, entre outros benefícios.

Assim, tem-se como objetivo deste trabalho fazer uma análise por meio de revisão de literatura sobre a ação da Hidroterapia no tratamento de pessoas com Esclerose Múltipla, visando analisar os benefícios dessa prática terapêutica na melhora dos sintomas da doença e se contribui na qualidade de vida dos pacientes.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura integrativa. A busca pelos artigos foi realizada através de pesquisas nas bases de dados eletrônicas científicas como Scientific Electronic Library Online (Scielo) PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCs/MeSH) com as combinações nas Línguas Portuguesa e Inglesa: Esclerose Múltipla, Hidroterapia, Reabilitação Fisioterapêutica em Neurologia. Os descritores foram combinados com o operador booleano (AND).

Como critérios de inclusão, foram aceitos estudos que abordaram o tema proposto, incluindo artigos originais nos idiomas português e inglês publicados nas bases de dados nos últimos 12 anos. Os critérios de exclusão foram artigos de revisão, estudos em idiomas diferentes do inglês, português, artigos duplicados e aqueles que não abordam diretamente a relação entre hidroterapia e esclerose múltipla.

3 RESULTADOS

As buscas nas bases de dados foram 53 artigos no PubMed, Scielo e BVS. Após a aplicação dos filtros, leitura dos títulos, artigos duplicados foram excluídos 35 artigos, selecionados 18 artigos para avaliação, após a leitura completa dos artigos foram selecionados 7 artigos para a revisão conforme demonstrado na tabela a seguir.

Quadro 1 – Artigos selecionados publicados entre 2011 a 2022

  Autor/Ano  TemaResultados
  Amedoro et al. (2020)O Efeito da Fisioterapia Aquática em Pacientes com Esclerose Múltipla: Uma Revisão Sistemática e Meta-análiseA meta-análise apresentou resultados que determinam a hidroterapia como uma boa alternativa no tratamento de pacientes com EM. O estudo se desenvolveu por meio de 116 registros selecionados, entre eles, 11 ensaios clínicos randomizados controlados (RCTs) foram incluídos na revisão sistemática e dez foram envolvidos na meta-análise.  Devido a uma análise qualitativa, foi identificado um número maior de estudos com alto nível de qualidade, e grande parte dos resultados da análise quantitativa tiveram estatísticas positivas. A análise quantitativa ressalta resultados com estatística favoráveis com relação ao equilíbrio. Assim, o estudo afirma que o exercício aquático pode melhorar as atividades da vida diária em relação ao equilíbrio em pacientes com EM.
Gurpinar 2020Efeitos dos exercícios aquáticos no controle postural e na função da mão na esclerose múltipla: Halliwick versus exercícios pliométricos aquáticos: um estudo randomizado  O estudo foi realizado durante 8 semanas com 30 pacientes onde dois foram excluídos do estudo por faltas. Foi observado uma destreza das mãos com melhoras significativas nos exercícios pliométricos aquáticos no grupo que participou do método Halliwick juntamente com um ganho de estabilidade acentuado no grupo que participou do método Halliwick. 
Kargarfard et. al (2012)Efeito do treinamento com exercícios aquáticos sobre a fadiga e a qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes com esclerose múltiplaO estudo foi submetido em um ensaio randomizado, onde foram estudados 2 grupos, sendo 21 pacientes no total (10 do grupo de exercícios e 11 do grupo de controle), os dados foram coletados entre 4 semanas a 8 semanas, onde foram avaliadas a relação da fadiga e a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), por um avaliador cego usando a Escala de Impacto da Fadiga Modificada e o questionário “Multiple Sclerosis Quality of Life-54”, nessa ordem. Foi identificado que os pacientes do grupo de exercícios aquáticos e o sub escores da QVRS tiveram melhora da fadiga após 4 e 8 semanas em comparação com o grupo de controle. Os resultados apanhados na análise recomendam que o treinamento com exercícios aquáticos pode diminuir efetivamente a fadiga e recuperar a qualidade de vida de pacientes com Esclerose Múltipla (EM), sendo devidamente considerado no comando desse problema de saúde pública moderadamente.  
Castro-Sanchez et. al (2011)Hidroterapia para o tratamento da dor em pessoas com Esclerose Multipla: um ensaio clínico randomizadoEsse é um estudo randomizado feito com 73 pacientes divididos em dois grupos, grupo controle e grupo experimental. Os critérios de inclusão foram pacientes diagnosticados com a esclerose múltipla que tenham entre 18 e 75 anos de idade. Os pacientes foram divididos de forma aleatória onde o grupo experimental com 36 pacientes foi submetido a um protocolo de exercícios Ai-Chi em piscinas. E o grupo controle com 37 pacientes realizaram exercícios de relaxamento em sala terapia, foram realizadas duas sessões por semana, durante 20 semanas. Os grupos foram avaliados inicialmente ao tratamento após 4 semanas, 10 semanas e ao final do tratamento.
Corvillo et. al (2017)Eficácia da terapia aquática na esclerose múltipla: uma revisão sistemáticaDe 306 artigos, 10 foram utilizados para o estudo, sendo 61 pacientes homens e 349 mulheres entre 19 e 69 anos. As terapias analisadas foram: exercícios aquáticos; ciclismo aquático; treinamento aquático / pilates; exercício aeróbico aquático e Ai Chi. Com as temperaturas das águas entre 28 °C a 35,5 °C. As terapias foram voltadas para o tratamento dos seguintes sinais e sintomas: fadiga, comprometimento do equilíbrio, alteração da mobilidade funcional, fraqueza muscular, distúrbio de marcha, falta de condicionamento físico, depressão, bem como qualidade de vida. Como resultado foi observado que – a terapia Ai Chi mostrou resultados positivos nos quesitos mobilidade funcional, força, fadiga, dor, incapacidade e a depressão. O ciclismo aquático elevou a capacidade cardiorrespiratória relacionada à qualidade. Os exercícios aeróbicos aquáticos melhoraram a resistência à caminhada além de elevar a força muscular e gerar bem estar. O estudo mostrou que pacientes com EM que receberam alguma das terapias aquáticas obtiveram resultados positivos em seus sintomas ou funções.
Aidar et.  al (2018)Influência dos exercícios aquáticos na condição física de pacientes com esclerose múltiplaEsse estudo contou com 26 participantes com Esclerose Múltipla e foram divididos em dois grupos: um grupo experimental (GE) e um grupo controle (GC), onde participaram 13 indivíduos em cada grupo. O grupo GE foi submetido a 12 semanas de exercícios aquáticos, 3 vezes por semana enquanto o GC ficou em observação sem a realização desses exercícios. Durante a pesquisa foram encontradas alterações significativas entre os grupos em todos os campos de condição física dos pacientes do GE, na etapa de pós-intervenção. Os resultados alcançados na análise de tratamento sugerem que propostas de exercícios aquáticos podem evidentemente melhorar a condição física de pacientes com esclerose múltipla.
Scorcine et. al (2022)Efeito de 12 semanas de treinamento de força aquática em indivíduos com esclerose múltiplaEsse estudo foi realizado com 29 pacientes voluntários com esclerose múltipla, tendo como objetivo de investigar treinamento de força nas capacidades funcionais e nos níveis de força e fadiga de pessoas com esclerose múltipla. O Estudo foi realizado durante 12 semanas onde os participantes passaram por testes de desempenho aeróbico, teste de força dos membros, atividades da vida diária e fadiga. O protocolo foi realizado três vezes por semana, iniciando com o aquecimento aeróbico durante cinco minutos e exercícios de fortalecimento durante 40 minutos todos submersos em água. Após as 12 semanas os resultados mostraram melhor a significativa em todos os aspectos que foram avaliados.
Fonte: Elaborado pelos autores (2023)

Legendas: EM – Esclerose Multipla; RCTs – Randomized Controlled Trials; QVRS – Qualidade de vida relacionada a saúde; GE – Grupo Experimental; GC – Grupo Controle;

4 DISCUSSÃO

A revisão sistemática descrita por Amedoro et al.  (2020), analisou e comparou em relação ao grupo controle as terapias aquáticas, como exercícios aquáticos “Ai-Chi”, alongamento muscular, exercícios de fortalecimento muscular na água e uso bicicleta estacionária na água, que foram utilizadas para o tratamento em pacientes com Esclerose Múltipla (EM). De acordo com a análise, ficou evidenciado que o espaço utilizado para os exercícios aquáticos proporciona ao indivíduo um melhor equilíbrio e consciência corporal nos pacientes com EM com distúrbios de equilíbrio. Segundo o autor, a água tem o potencial de favorecer a ação de movimentos controlados e a mudança do peso corporal devido a maior densidade dentro da água, e com isso, os movimentos são mais lentos do que os movimentos executados fora dela. Dessa forma, os pacientes produzem os exercícios por mais tempo para controlar os distúrbios posturais e de desequilíbrio. Essa prática demonstra evidências, de como os exercícios aquáticos são vantajosos no início do tratamento de reabilitação, e deve ser realizado de uma forma contínua durante todo o período de reabilitação funcional. Além desses benefícios, a esse estudo desmontou resultados notáveis com relação aos pacientes que sofrem de dor.

De acordo com o estudo randomizado de Gurpinar et al.  (2020), o mesmo analisou dois métodos de tratamento aquático em pacientes com EM. O primeiro método foi o Halliwick que consiste em um procedimento neuromuscular em que os participantes com EM se movimentam pausadamente para sustentar a qualidade e o controle do movimento envolvendo o tronco para ganho do controle postural, com isso, os participantes precisaram aprender como funciona a experiencia e passaram a alongar o tronco em um movimento controlado, sendo realizada em sedestação (flutuante), o que pode ter resultado em um maior conforto ao realizar a postura sentada. Já o segundo método, os Exercícios Pliométricos Aquáticos (APE), que são compostos de saltos e movimentos rápidos e intensos, onde os participantes se movimentam mais aceleradamente enquanto o tronco precisa continuar estabilizado. Conforme foi realizado esses métodos, Gurpinar (2020), admitiu que o limiar de estabilidade se aprimorou consideravelmente em ambos os grupos. Foi observado também que a destreza da mão melhorou significativamente nos dois grupos (p<0,01). Após a análise feita no estudo, o grupo Halliwick apontou uma melhora notavelmente maior na destreza da mão e na pontuação integral do teste de limites de estabilidade (p<0,05). Assim, os resultados do artigo mostraram que há evidências de que tanto o APE quanto o Halliwick são eficazes no tratamento de pacientes que precisam aumentar o equilíbrio e a destreza das mãos.

De acordo com Kargarfard et al. (2012), o estudo teve como objetivo analisar quais eram as alterações na fadiga e na qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes com EM recorrente-remitente após realizarem 4 e 8 semanas de treinamento com exercícios aquáticos. A pesquisa demonstrou que o grupo de intervenção realizou um treinamento de exercícios aquáticos por um período de 8 semanas, enquanto os integrantes do grupo de controle foram aconselhados a manter seu tratamento e os hábitos de vida cotidiana durante o período de estudo de 8 semanas. Os pacientes dos dois grupos foram tratados de forma similar, porém apenas o grupo de intervenção realizou o treinamento específico para o estudo. Os participantes do grupo de exercícios foram supervisionados na realização do programa de exercícios aquáticos por um período de 8 semanas, em que o programa foi executado em três sessões por semana com duração de 60 minutos, em que era feito 10 minutos de aquecimento, 40 minutos de exercício e 10 minutos de desaquecimento para finalizar a sessão, todos dentro de um ambiente aquático. O treinamento de exercícios aquáticos foi conduzido e supervisionado por um instrutor que possui experiência em realizar instruções e planejamentos de exercícios aquáticos para pessoas com deficiências físicas. Os exercícios foram realizados dentro de uma piscina com temperatura da água entre 28°C e 30°C. Durante o período de aquecimento e o de resfriamento foram realizados exercícios aeróbicos de baixa intensidade, trabalhando com concentração a respiração, flexibilidade e realização da marcha. Já durante o período de exercícios, os integrantes precisavam alcançar a intensidade da frequência cardíaca máxima a ser atingida, que foi prescrita entre 50% a 75%. Os exercícios aquáticos eram executados em atividades de mobilidade articular, força dos músculos flexores e extensores de membros inferiores (MMII) e membros superiores (MMSS), propriocepção e equilíbrio, sempre se atentando à postura durante a realização dos exercícios, atividades funcionais e caminhada intermitente, sempre reparando na qualidade da execução dos movimentos. Devido a essa linha de raciocínio utilizada para o embasamento do estudo, os resultados revelaram que o programa aquático para indivíduos com Esclerose Múltipla é uma boa prática que pode reduzir a fadiga e melhorar a qualidade de vida relacionada a saúde do paciente. Os pacientes com Esclerose Múltipla remitente-recorrente do grupo de exercícios apresentaram uma melhora significativa na fadiga e na qualidade de vida após realizarem entre 4 e 8 semanas de exercícios feitos na água.

Castro-Sanchez (2011) realizou um estudo randomizado com 73 pacientes dividindo em dois grandes grupos, em que um grupo foi submetido a exercícios de Ai-Chi na piscina e o outro grupo realizou o exercício em uma sala de terapia, todos com o mesmo objetivo de avaliar e comparar se haveria melhora nos relatos de dor. Os pacientes que ficaram no grupo Ai-Chi fizeram uma combinação de exercícios aquáticos com respiração profunda, movimentos lentos e amplos dos braços, pernas e tronco sempre trabalhando equilíbrio e coordenação, promovendo relaxamento e ganho de flexibilidade. Já o outro grupo que foi conduzido em uma sala de terapia realizava os mesmos exercícios, porém em decúbito dorsal. Ao final foi observado que o grupo Ai-Chi apresenta um índice maior em relação a melhora da dor, a espasticidade que também é uma grande característica de pacientes com EM, que também obteve melhora através do tratamento aquático.

Segundo Corvillo et al. (2017), o estudo observou tratamentos aquáticos em pacientes com EM com foco em melhorias funcionais. As terapias analisadas consistiram em: Ai-Chi; exercícios aquáticos, ciclismo aquático e exercício aeróbico aquático. Tendo como sinais e sintomas tratados a fadiga, comprometimento de equilíbrio, qualidade de vida, fraqueza muscular, distúrbio de macha, depressão, alteração de mobilidade funcional, qualidade de vida e condicionamento físico reduzido. De acordo com o estudo, pacientes que participaram de algum dos tratamentos aquáticos descritos obtiveram bons resultados em seus sinais ou sintomas. As evidencias mostraram que exercício aquático aeróbico melhorou o bem-estar, a qualidade de vida, a função motora e a velocidade da marcha, diminuindo os domínios físico e psicossocial da percepção da fadiga. Ai-Chi mostrou bons resultados nas melhoras de equilíbrio, força, fadiga, dor, mobilidade e depressão e o ciclismo aquático ofereceu evidencias de melhora da aptidão cardiorrespiratória relacionada a qualidade de vida.

Conforme Aidar et al.  (2018), a pesquisa aplicada teve como objetivo avaliar qual é a influência dos exercícios na água em relação ao estado físico, onde foram analisados por testes de caminhada, força de membros inferiores e equilíbrio, em pacientes acometidos pela EM. Para realizar o estudo, 26 pacientes com Esclerose Múltipla foram submetidos à pesquisa, onde 13 participaram do Grupo Experimental (GE) e 13 do Grupo Controle (GC). Todos os sujeitos foram submetidos a um pré-teste, após o qual o GE iniciou o treinamento físico aquático. Para o grupo controle não houve a prescrição de nenhum treinamento físico dentro ou fora da água, portanto este grupo não participou das atividades, ficando apenas em observação durante o tempo do estudo, de acordo com o que foi abordado nas entrevistas realizadas ao final da intervenção da pesquisa. Todos os pacientes que presenciaram esse estudo já haviam recebido autorização médica antecipadamente para realizá-lo, e a norma de elegibilidade utilizada foi ter recebido o diagnóstico de Esclerose Múltiplas há mais de um ano da data do estudo. Os testes e os exercícios aquáticos foram realizados em piscina não aquecida de 25 m x 12,5 m, com profundidade média de 1,5 m, onde foram utilizados materiais para as atividades aquáticas, os materiais usados foram halteres aquáticos, boias e espaguete aquático. Os testes funcionais realizados nos métodos foram: Teste cronometrado “Up and Go”, Teste de caminhada de 7,62 metros, levantar-se da posição sentada e teste de Equilíbrio pela Escala de equilíbrio de Berg. Os participantes foram avaliados antes e depois da análise da percepção subjetiva de esforço (Escala OMNI) A Escala de Percepção de Esforço (OMNI). Foram dadas instruções para realizar o método por meio de figuras para retratar a percepção de esforço feito durante as sessões de familiarização e de intervenção de treinamento físico específico. Houveram diferenças consideráveis em relação à capacidade funcional de estado físico no momento pós-intervenção ao comparar GE com GC, alcançando bons resultados em todos os testes propostos na pesquisa. Assim, o estudo mostrou que a realização de exercícios aquáticos para pacientes com Esclerose Múltipla, trazem diversos benefícios para as pessoas acometidas pela doença, aumentando a força muscular dos membros inferiores durante a caminhada dentro e fora da água, ao realizar os movimentos sentado e em pé. Além de tudo, os exercícios abordados na água possuíram grandes efeitos positivos em relação a características físicas relacionadas ao equilíbrio. Assim, o estudo afirma que a realização de exercício aquático traz uma influência favorável para a saúde dos pacientes e é um importante instrumento para manutenção e melhoria da qualidade de vida física dos pacientes com Esclerose Múltipla.

A hidroterapia segundo Scorcine (2022) auxilia no tratamento de pacientes com Esclerose Múltipla através da imersão em água sendo possível anular a gravidade e facilitar movimentos que são mais limitados em solo. Com o objetivo de estudar um protocolo de força, capacidades funcionais e tentar reduzir a fadiga em pacientes com esclerose múltipla, foi desenvolvido um estudo de caso onde foram realizados testes de desempenho aeróbico através do teste de caminhada de 6 minutos, força de membros superiores avaliado pelo teste de preensão manual e avaliado atividades da vida diária como levantar-se do chão, sentar e levantar da cadeira, calçar meias e subir e descer escadas de aproximadamente 15 degraus, também foi  avaliada pelos questionários Impact of Fatigue e Severity of Fatigue a relação da fadiga com os pacientes. O estudo foi realizado com 29 pacientes que se voluntariaram sendo que todos eles têm esclerose múltipla. As sessões aconteceram três vezes por semana durante 12 semanas tendo 50 minutos cada sessão, iniciando com um aquecimento aeróbico durante 5 minutos logo após o treinamento de força durante 40 minutos, onde foi utilizado de 50 a 80% da capacidade dos pacientes, sempre tentando aumentar as cartas de forma gradual durante as sessões, ao final era realizado um desaquecimento com exercícios de relaxamento. Por fim foi possível concluir que os voluntários tiveram uma melhora significativa na execução de todos os testes no qual foram avaliados de forma que foi possível reduzir o tempo dos testes ou aumentar as distâncias percorridas no caso do teste de caminhada, houve uma redução de extrema importância em relação a fadiga, sendo essa uma das características mais comuns de pacientes com esclerose, concluindo-se que a hidroterapia é benéfica no tratamento de pacientes com essa doença neurológica.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Hidroterapia ou terapia aquática possibilita a anulação da gravidade e facilita movimentos que seriam um tanto quanto restritos em um solo terrestre. Em pacientes com esclerose múltipla existe um grande índice de indicação ao tratamento associado à hidroterapia.

Após uma análise criteriosa dos artigos, foi possível concluir que a hidroterapia como tratamento alternativo para a esclerose múltipla tem um grande índice de melhora no quadro desses pacientes, além dos benefícios desde a redução das dores, até fortalecimento muscular. Através de suas propriedades, a água ajuda a reduzir impactos, facilita movimentos e aumenta a propriocepção de pacientes com EM. A terapia aquática também auxilia no relaxamento muscular, reduz estresses e traz conforto aos pacientes, sendo uma indicação importantíssima para a qualidade de vida de pacientes com Esclerose múltipla.

REFERÊNCIAS

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1Graduandos em Fisioterapia pelo Centro Universitário UniLS

2Professor orientador do Centro Universitário UniLS