OBESIDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E CONTRIBUIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10684373


Sabrinna Monteiro Galdino1
Natália Maria Mesquita de Lima Quirino2
Amanda Nobrega de Barros Gomes3
Myrella Karine Gomes de Araújo4
Taís Feitosa da Silva5


RESUMO

A obesidade, é uma preocupação global, afetando todas as idades e tendo, no Brasil, altas taxas de crescimento, impactando a saúde pública. Na infância e adolescência, a obesidade está associada a riscos crônicos de saúde. Por outro lado, a atividade física é crucial no tratamento desta doença, promovendo controle de peso. A literatura destaca a influência multifatorial da obesidade infantil, resultante de interações genéticas, ambientais, comportamentais e sociais. Esta revisão visa compilar estudos recentes sobre obesidade na infância e adolescência, explorando causas, consequências e estratégias preventivas. A coleta de referências foi feita na base de dados Pubmed, com foco em estudos entre 2018 e 2023. Cinco estudos foram selecionados. O primeiro abordou a biomecânica da marcha em crianças obesas, evidenciando efeitos positivos de um programa exercício de 12 semanas. O segundo, SNAPSHOT, mostrou a eficácia de um programa de controle de peso liderado por enfermeiras escolares. O terceiro, MINISTOP 2.0, avaliou um aplicativo integrado aos cuidados primários de saúde para melhorar comportamentos alimentares e de atividade física em crianças pré-escolares. O quarto desenvolveu um programa multidisciplinar para crianças e adolescentes com obesidade moderada a grave. Esses estudos destacam a importância de intervenções baseadas em evidências, abrangendo atividades físicas específicas e abordagens inovadoras, como aplicativos integrados aos cuidados de saúde. A análise ressalta a relevância de profissionais de saúde, especialmente profissionais de educação física, na promoção de atividades adaptadas às necessidades de crianças e adolescentes obesos. Este estudo contribui para compreender tendências, fatores de risco e estratégias eficazes de prevenção e tratamento da obesidade na infância e adolescência, sendo crucial para informar políticas públicas e estratégias de promoção da saúde, visando melhorar o bem-estar dessa população.

Palavras-chave: obesidade; adolescência; crianças; atividade física.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que produz efeitos deletérios à saúde, e que apresenta etiologia multifatorial, envolvendo aspectos biológicos, históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. (WANDERLEY, E FERREIRA, 2010). Sua ocorrência é uma preocupação crescente tanto em nível mundial, cenário em que se tornou uma epidemia global nas últimas décadas, quanto no contexto brasileiro.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos estavam com excesso de peso, dos quais mais de 650 milhões eram classificados como obesos, afetando pessoas em todas as fases da vida.

No Brasil, a situação não é diferente. O país experimentou um aumento significativo nas taxas de obesidade nas últimas décadas. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2021, mais da metade da população adulta brasileira estava com excesso de peso, e aproximadamente 21% dos adultos eram considerados obesos. Essas estatísticas refletem a complexidade do problema no contexto brasileiro e suas ramificações na saúde pública do país.

A obesidade representa um grande desafio para a saúde pública, uma vez que e[1]stá associada a uma série de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer. Além disso, ela pode impactar a qualidade de vida, reduzindo a expectativa de vida e aumentando os custos do sistema de saúde.

No contexto brasileiro, a obesidade na adolescência também é um problema relevante. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019 mostrou que aproximadamente 9,3% dos adolescentes brasileiros, com idades entre 12 e 17 anos, estavam classificados como obesos. Esse dado é preocupante, uma vez que a obesidade nessa fase da vida pode ter consequências de longo prazo na saúde, além de impactar a qualidade de vida dos jovens.

A obesidade na adolescência está associada a riscos como o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão, distúrbios do sono, problemas psicossociais, baixa autoestima e, em última instância, uma maior probabilidade de continuar sofrendo com o excesso de peso na idade adulta (MARIATH, et al. 2007).

A importância da prática de atividade física no tratamento da obesidade na adolescência não pode ser subestimada. A atividade física desempenha um papel fundamental na promoção da saúde, no controle do peso e na melhoria da qualidade de vida dos adolescentes que lutam contra a obesidade (CÉ, et al. 2023).

A prática regular de atividade física aumenta o gasto calórico do organismo. Isso é essencial para criar um déficit calórico, que é a base da perda de peso. Quando os adolescentes gastam mais calorias do que consomem, podem começar a perder peso de forma saudável. A atividade física ajuda a melhorar o metabolismo, tornando-o mais eficiente na queima de calorias e no uso de energia. Isso não apenas ajuda na perda de peso, mas também na manutenção de um peso saudável a longo prazo (CÉ, et al. 2023).

A prática de exercícios, como musculação e resistência, ajuda a construir e fortalecer a massa muscular. Isso não apenas aumenta o gasto de energia em repouso, mas também melhora a aparência e a funcionalidade do corpo. A atividade física regular pode ajudar a regular o apetite, tornando mais fácil para os adolescentes aderir a uma dieta saudável e controlar a ingestão de calorias (FERNANDO BARROSO, 2023).

A obesidade na adolescência está associada a um risco aumentado de doenças cardiovasculares. A atividade física pode melhorar a saúde do coração, reduzindo esse risco. A prática de exercícios libera endorfinas, neurotransmissores que melhoram o humor. Isso pode ajudar os adolescentes a lidar com o estresse e a ansiedade, que às vezes podem contribuir para a obesidade. Introduzir os adolescentes à atividade física regular ajuda a estabelecer hábitos saudáveis que podem ser mantidos ao longo da vida (SANTANA, et al.2019).

A literatura científica dedicada à obesidade infantil demonstra que esse fenômeno é multifatorial, resultante de interações complexas entre fatores genéticos, ambientais, comportamentais e sociais. A pesquisa tem destacado a influência de hábitos alimentares inadequados, falta de atividade física, ambiente obesogênico, influência da publicidade de alimentos não saudáveis e acesso limitado a alimentos nutritivos como alguns dos principais determinantes da obesidade infantil (MELLO, LUFT, MEYER, 2004).

Esses estudos também têm documentado as sérias implicações da obesidade infantil para a saúde a longo prazo, incluindo um risco aumentado de desenvolver doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer. Além disso, a obesidade na infância pode ter consequências psicossociais, como baixa autoestima, estigmatização e problemas de saúde mental (VERDE, MARIA, 2014).

Para enfrentar esse desafio de saúde pública, é crucial realizar um levantamento abrangente sobre a literatura científica atual. Essa revisão da literatura oferece uma base sólida para entender as tendências, fatores de risco e estratégias bem-sucedidas de prevenção e tratamento da obesidade infantil.

Este projeto tem como objetivo compilar e analisar abrangentemente a literatura científica atual relacionada à obesidade na adolescência e obesidade infantil, explorando as causas, consequências e intervenções eficazes. Além disso, busca destacar a importância de um levantamento bibliográfico atualizado como base para a elaboração de estratégias e políticas públicas que abordem eficazmente esses problemas de saúde, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida de adolescentes e crianças.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo atual tem como foco uma análise abrangente da literatura, cuja coleta de referências bibliográficas foi conduzida no período entre outubro e novembro de 2023, utilizando a plataforma Pubmed como fonte primária. No decorrer da investigação, foram empregados os termos descritivos: “Obesidade” “Atividade física” “Criança” e “adolescentes” associados aos operadores booleanos “AND” e “,” para aplicação das estratégias de busca. 

Com o intuito de localizar investigações mais detalhadas em consonância com o propósito delineado, foram efetuadas composições entre os termos descritivos. Isso visava obter resultados mais específicos relacionados ao objeto da pesquisa. As combinações de termos (em inglês) empregadas durante a investigação foram:

“Obesity”
“Childhood Obesity”
“Obesity” and “Physical Activity”
“Obesity in Adolescence”
“Obesity, childhood and Physical Activity”

Foram excluídos da seleção todos os estudos de revisão e artigos que não estavam em conformidade com o período temporal predefinido. Inicialmente, procedeu-se à avaliação dos títulos e resumos com o propósito de estabelecer uma apreciação preliminar de relevância. Subsequentemente, os artigos pertinentes foram submetidos a uma análise completa para deliberar sobre sua inclusão definitiva na investigação.

Figura 1. Diagrama de fluxo relativo ao procedimento de filtragem para os resultados da pesquisa.

Fonte: Elaborada pela autora, 2023.

Para assegurar a obtenção de descobertas mais recentes, a pesquisa foi focada em estudos publicados no período de 2018 a 2023. Foram incorporadas à amostra as literaturas disponíveis gratuitamente online na íntegra, redigidas tanto em português quanto em inglês, abrangendo uma população-alvo com idades compreendidas entre 3 e 11 anos, estabelecendo, desse modo, uma relação direta com o escopo do presente estudo.

No desenvolvimento da pesquisa, uma pergunta norteadora foi formulada da seguinte maneira: “Como a obesidade, particularmente a obesidade infantil, está associada ao impacto da atividade física, e de que forma a promoção de um estilo de vida ativo pode influenciar de maneira positiva na prevenção e gestão dessas condições?” Com o intuito de orientar os resultados obtidos em direção ao objetivo estabelecido. Cada letra da sigla mencionada especifica uma base fundamental da linha de pesquisa, conforme detalhado no referido quadro (SANTOS et al 2007).

Quadro 1. Elementos que compõem a estratégia PICO.

ACRÔNIMODefiniçãoDescrição
PPopulação/paciente/problemaCrianças com obesidade
IIntervençãoA incorporação da prática da atividade física como um coadjuvante no combate à obesidade
CComparadorUtilização de métodos de intervenção baseados em atividade física para avaliar os efeitos em crianças com obesidade infantil.
ODesfecho (outcome, em inglês)Efetividade de estratégias de intervenção centradas em atividade física para crianças com obesidade infantil.

Fonte: Elaborada pela Autora,2023.

3 RESULTADOS 

A partir da análise dos quatro estudos selecionados, apresentamos uma síntese dos principais resultados encontrados. O primeiro estudo concentrou-se na biomecânica da marcha em crianças e adolescentes com obesidade, revelando que um programa de exercícios de 12 semanas, com ênfase em fortalecer abdutores do quadril e extensores do joelho, teve efeitos positivos na força muscular, adução máxima do quadril e queda pélvica durante a aceitação do peso. Embora os efeitos tenham sido modestos, o programa mostrou-se eficaz a curto prazo na neutralização de desalinhamentos biomecânicos (SEO, Y.-G. et al., 2019).

O segundo estudo, um ensaio clínico randomizado denominado SNAPSHOT, demonstrou a eficácia de um programa de controle de peso saudável em escolas primárias, liderado por enfermeiras escolares, na redução do ganho excessivo de peso em crianças com índice de massa corporal acima do percentil 75 (HENRIKSSON, H. et al., 2020). O terceiro estudo, MINISTOP 2.0, ainda em andamento, busca avaliar se um aplicativo móvel integrado aos cuidados primários de saúde infantil pode melhorar os comportamentos alimentares e de atividade física em crianças pré-escolares, contribuindo assim para a prevenção da obesidade (WANG, A. et al., 2022).

Então, o quarto estudo desenvolveu um programa multidisciplinar de intervenção no estilo de vida para crianças e adolescentes com obesidade moderada a grave, evidenciando resultados positivos, incluindo a diminuição do escore z do índice de massa corporal, redução da porcentagem de gordura corporal e melhorias na aptidão física e marcadores cardiometabólicos. (KUBIK, M. Y. et al., 2018). E por fim, o quinto estudo foi um ensaio clínico randomizado com crianças e adolescentes com obesidade distribuídos em um grupo PE (n = 19) ou controle (n = 16). Foram avaliadas dor, autoavaliação da função do joelho, força muscular e análise 3D da marcha durante caminhada e subida de escadas (HORSAK, B. et al., 2019).

Esses achados ressaltam a importância de intervenções diversificadas e baseadas em evidências no enfrentamento da obesidade infantil, incorporando estratégias que variam desde atividades físicas específicas até abordagens inovadoras como aplicativos móveis integrados aos cuidados primários de saúde.

Tabela 1 – Descrição do autor, objetivos, desfecho principal e tipo dos estudos selecionados.

AUTORAMOSTRAOBJETIVOSTIPO DE ESTUDODESFECHO PRINCIPAL
Young-Gyun Seo et al. Nutrients. 2019.                        Cento e três participantes com idades entre 6 e 16 anos (63 meninos e 40 meninas)Desenvolvimento de programa para crianças e adolescentes com obesidade grave; avaliação dos efeitos extras da intervenção com exercícios em comparação aos cuidados habituais.Triagem ClínicaApós intervenções, grupo de exercícios teve menor percentual de gordura corporal (%GC), melhores marcadores cardiometabólicos, maior massa magra (ML) e força muscular nas pernas em comparação ao grupo de cuidados habituais.
Hanna Henriksson et al. BMC Public Health. 2020.Quinhentas crianças com 2,5 anos de idade.    O estudo avalia o impacto do aplicativo de saúde MINISTOP 2.0, destinado a pais e integrado aos cuidados primários de saúde infantil, no aprimoramento dos comportamentos alimentares e de atividade física, bem como na redução da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças pré-escolares. Além disso, investiga a implementação do aplicativo pelos enfermeiros e a receptividade pelos pais nos cuidados de saúde infantil.Testes controladosOs resultados primários para a eficácia da intervenção são dieta, atividade física e tempo de tela. O IMC e a autoeficácia dos pais são resultados secundários. Os resultados são avaliados no início do estudo e no acompanhamento de 6 meses nos centros primários de saúde infantil.
Aiwei Wang et al. Int J Environ Res Public Health.2022.Trinta crianças com sobrepeso e obesidade e deficiência intelectual      O estudo na China avaliou uma intervenção de atividade física escolar de 12 semanas em crianças com deficiência intelectual, focando na redução da obesidade, melhoria da aptidão física e pressão arterial.Testes controladosOs resultados demonstraram eficácia na redução da obesidade e melhoria da aptidão física, mas não houve efeito significativo na pressão arterial. Estes foram os principais desfechos analisados no estudo.
Martha Y Kubik et al. Contemp Clin Trials. 2018 Dec.Centro e trinta e duas crianças de 8 a 12 anos de idade      O texto descreve o estudo SNAPSHOT (Students Nurses and Parents Seeking Healthy Options Together), que testa a eficácia de um programa de gerenciamento de peso saudável liderado por enfermeiras escolares em escolas primárias.        Triagem clínicaO desfecho principal do estudo SNAPSHOT é o “escore z do IMC ajustado para idade e gênero da criança.” Isso significa que o principal indicador de sucesso da intervenção é a mudança no índice de massa corporal (IMC) das crianças participantes, levando em consideração sua idade e gênero.
B Horsak et al. Gait Posture. 2019 May.Grupo PE (Programa de Exercícios): 19 participantes Grupo Controle: 16 participantesO estudo investigou os efeitos de um programa de exercícios de 12 semanas, focando em fortalecer os abdutores do quadril e os extensores do joelho, na biomecânica da marcha de crianças e adolescentes com obesidade. Avaliando mudanças nas características da marcha e na força muscular, especialmente nos abdutores do quadril, os resultados indicaram efeitos benéficos, embora pequenos.Triagem clínica.O estudo concluiu que o programa de exercícios (EP) aumentou a força muscular, especialmente nos abdutores do quadril, melhorou a biomecânica da marcha com menos adução máxima do quadril e redução da queda pélvica durante a aceitação do peso. No entanto, não foram observadas mudanças significativas na auto avaliação da função do joelho, dor ou desconforto.

Fonte: Elaborada pela Autora,2023

Quadro 2. Descrição da quantidade de publicações encontradas em cada ano da busca.

Ano de publicaçãoQuantidade de artigosPercentual correspondente
20180120%
20190240%
20200120%
20220120%

Fonte: Elaborada pela Autora,2023

Quanto aos tipos de estudos que se originam os artigos (Quadro 01) é perceptível a predominância de estudos clínicos randomizados (Randomized Controlled Trial).

Quadro 3 – Estudos clínicos randomizados (Randomized Controlled Trial), mas também foi obtido estudo clínico (Clinical Trial)

Tipo de estudoQuantidade de artigosPercentual correspondente
Estudos clínicos randomizados02 40%
Triagem clínica 0360%

Fonte: Criado pela aluna Sabrinna Galdino, em 2023

4 DISCUSSÃO  

Diante dos resultados apresentados, é evidente a contribuição significativa dos desta literatura para a compreensão e manejo da obesidade infanto-juvenil, especialmente no que diz respeito à relação entre atividade física e saúde em crianças e adolescentes. A síntese dos estudos revela uma correlação importante entre a obesidade infanto-juvenil e a atividade física, destacando a necessidade de estratégias eficazes de intervenção, principalmente no ambiente escolar e na atenção primária.

Tanto a obesidade quanto o sobrepeso são influenciados pelos fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos. Estas são condições de etiologia multifatorial que decorrem do acúmulo de gordura no corpo (obesidade) e do peso além do estimado de acordo com a estatura (sobrepeso) (Oliveira e colaboradores, 2003). De acordo com a literatura, a obesidade de origem genética está relacionada a uma porcentagem muita baixa (2 a 5%), enquanto a obesidade exógena, que está associada ao comportamento sedentário e aos maus hábitos alimentares, é responsável por 95 a 98% dos casos (Oliveira e colaboradores, 2000). 

Por conseguinte, pesquisas recentes realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016) demonstraram que 23,7% dos adolescentes do sexo masculino e 23,8% do sexo feminino tem excesso de peso. Os resultados dessas pesquisas evidenciam que com o aumento dos casos de obesidade e sobrepeso, os fatores de risco associados a essas variáveis tendem a aparecer. Além disso, a soma das influências genéticas e ambientais são as causas da obesidade. Dentre esses fatores de risco, podem-se destacar os problemas respiratórios, musculares e esqueléticos crônicos, doenças na pele, infertilidade, doenças cardiovasculares, resistência à insulina, doenças da vesícula biliar e alguns tipos de câncer (Organização Pan-Americana da Saúde, 2003).

Conforme uma pesquisa conduzida por estudantes de medicina abordando a temática contemporânea da obesidade e suas implicações de longo prazo, foi possível esclarecer tanto os principais impactos prolongados da obesidade quanto suas associações como fator de risco para diversas doenças. Nesse contexto, a Diabetes tipo 2 foi identificada como a consequência primária da obesidade, destacando a importância de considerá-la na tomada de decisões dos profissionais de saúde. Além disso, observa-se uma atenção especial aos efeitos psicológicos e sociais nas políticas de saúde pública (DA CRUZ, EPR et al, 2023).

Diante os potenciais prejuízos à saúde física, mental e social decorrentes da obesidade, percebe-se a necessidade premente de uma abordagem multidisciplinar no tratamento do paciente obeso. Para a continuidade desse esforço, sugere-se a realização de estudos que explorem as ramificações da obesidade nas atividades laborais de seus portadores, inclusive o ambiente escolar. Adicionalmente, a condução de novas pesquisas visando criar um perfil epidemiológico abrangente dos pacientes afetados por essa condição pode contribuir para a formulação de políticas públicas eficazes e a atualização de protocolos interventivos (DA CRUZ, EPR et al.2023).

A detecção do excesso de peso é crucial desde a infância portanto, é imperativo que pais ou responsáveis busquem orientações com profissionais de saúde, sendo importante destacar que aproximadamente 10% dos casos de obesidade, relacionados a distúrbios endócrino-metabólicos, se manifestam ainda na infância. Nestas situações, o diagnóstico e tratamento imediatos tornam-se ainda mais essenciais (SBEM, 2010). As bases essenciais para lidar com a obesidade infantil e infanto-juvenil abrangem ajustes no plano alimentar, comportamental e na prática de atividade física (FISBERG, 1995). Tendo em vista essas considerações, é fundamental implementar mudanças adequadas para iniciar o tratamento e proporcionar o devido cuidado ao paciente obeso, desde muito cedo.

De acordo com a WHO/PAASB (2020), a prática de atividade física é essencial em todas as fases da vida e deve ser acessível a todas as crianças e adolescentes, propondo que os programas de exercícios incorporem elementos lúdicos e agradáveis, tornando essas atividades mais atrativas e propícias à formação de hábitos ao longo da vida. É conhecido que a participação regular em atividades físicas sistematizadas pode contribuir para aprimorar diversos aspectos da aptidão física relacionada à saúde, como força, resistência muscular, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade e composição corporal.

Essas adaptações podem favorecer, especialmente, o controle da adiposidade corporal, além de manter ou melhorar a capacidade funcional e neuro motora, facilitando o desempenho em diversas tarefas diárias (MORRIS e MORTON et al, 1994). Contudo, a redução nos níveis de atividade física pode propiciar o surgimento de disfunções crônico-degenerativas não apenas em adultos, mas também em jovens e crianças (ALVES, 2003).

A prática regular de atividades físicas, aliada a uma alimentação equilibrada, são princípios fundamentais para aqueles que buscam qualidade de vida. Qualquer movimento que envolva gasto de energia, como andar, sentar-se e levantar, pular, varrer a casa, tomar banho, jogar bola, correr, entre outros, é considerado atividade física (WHO, 2020). Neste contexto, vale ressaltar a importância dessa prática para melhor abordar a questão do tratamento. No entanto, ao escolher movimentos específicos, como a natação, e dedicar horários e dias específicos para treinos, podemos aprimorar a coordenação motora e se preparar para diversas atividades. 

É crucial contar com um profissional de educação física qualificado para enfrentar o desafio da obesidade, proporcionando conscientização, atividades e exercícios físicos que não apenas previnem, mas também combatem esta condição. Essas práticas contribuem para o desenvolvimento de movimentos que interagem diretamente com a capacidade de raciocínio, habilidades físicas e a promoção de hábitos saudáveis.

Em certo sentido, é apropriado afirmar que o profissional de educação física influencia diretamente a integralidade do desenvolvimento humano, não devendo limitar suas ações apenas a práticas mecanicistas ou esportivas, como observado na contemporaneidade. Ele está envolvido em diversos objetivos, de curto e longo prazo. Conforme Menestrina (2000), a educação física não deve se restringir ao alcance de metas imediatas, mas sim estar voltada para o desencadeamento de um processo social e educativo de caráter permanente. Isso implica que a educação física proporciona benefícios para a saúde, promovendo a consciência de um corpo e mente saudáveis na vida dos indivíduos.

Portanto, a atuação do profissional de educação física se torna uma ferramenta promotora da saúde, e diante da problemática abordada neste estudo, espera-se que os profissionais dessa área atuem de maneira preventiva, conscientizando sobre a relevância e importância das atividades físicas para a manutenção da saúde. Concentrar esforços nas crianças se destaca como uma das estratégias mais eficazes na prevenção da obesidade, considerando que, sem uma atenção específica às crianças obesas de hoje, elas podem evoluir para os adultos obesos de amanhã. 

A implementação de programas de atividades físicas voltados para crianças obesas requer a orientação de um profissional capacitado, ajustando as atividades de acordo com a capacidade individual, pois esse é o fator crucial para garantir a adesão da criança ao programa e, assim, assegurar o sucesso do tratamento. As atividades recomendadas incluem: Caminhadas, natação, ciclismo (os exercícios aeróbicos de modo geral); atividades respiratórios; Exercícios posturais (preventivo e de manutenção) principalmente no estirão de crescimento; Exercícios de força e resistência; Atividade de coordenação motora geral e específica; Exercícios de equilíbrio. A obesidade na infância está fortemente relacionada com a obesidade na vida.

A revisão da literatura existente desempenha um papel fundamental na fundamentação das políticas públicas e estratégias de promoção da saúde voltadas para o combate da obesidade na adolescência e infância. Ao analisar estudos científicos, é possível obter insights sobre as causas, fatores de risco e consequências de longo prazo associados à obesidade nessa faixa etária. Essa compreensão aprofundada fornece uma base sólida para a formulação de intervenções eficazes.

Ao embasar as políticas públicas em evidências científicas, os responsáveis pela tomada de decisão podem direcionar recursos de maneira mais eficiente, implementando medidas que abordem as raízes do problema. Além disso, a revisão da literatura oferece informações valiosas sobre intervenções preventivas, programas educacionais e estratégias de promoção da atividade física e alimentação saudável.

O objetivo final é melhorar o bem-estar e a qualidade de vida da população jovem. Ao compreender as nuances da obesidade na adolescência e infância, as políticas públicas podem ser adaptadas de forma mais precisa, visando não apenas a redução da prevalência da obesidade, mas também o desenvolvimento de hábitos saudáveis a longo prazo. A revisão da literatura, portanto, desempenha um papel crucial na criação de abordagens abrangentes e eficazes para enfrentar esse desafio de saúde pública e promover um futuro mais saudável para as gerações vindouras.

O estudo apresenta algumas limitações que poderiam ser abordadas em futuras pesquisas para aprimorar a compreensão sobre atividade física e obesidade infantil. Uma possível área de melhoria seria a inclusão de uma variedade de plataformas de estudo acadêmico, além da PubMed, para garantir uma abordagem mais abrangente e uma revisão sistemática mais completa da literatura disponível. Além disso, a expansão dos descritores utilizados poderia enriquecer a busca por evidências, possibilitando a consideração de diferentes perspectivas e enfoques na relação entre atividade física e obesidade infantil.

Sugere-se também que futuros estudos busquem incorporar uma análise mais abrangente, incluindo pesquisas mais recentes realizadas nos últimos anos, permitindo uma visão mais atualizada e relevante sobre o tema. Adicionalmente, seria valioso direcionar a atenção para faixas etárias específicas, como crianças de 1 a 5 anos, uma vez que essa fase crucial da infância pode apresentar características distintas que merecem uma investigação mais aprofundada. Essas considerações podem contribuir para fortalecer a base de conhecimento sobre atividade física e obesidade infantil, oferecendo insights mais abrangentes e atualizados para informar práticas e intervenções futuras.

Este estudo se destaca por sua abrangência e atualização na revisão bibliográfica, incluindo dados globais sobre a obesidade e estudos específicos realizados no Brasil, abrangendo o período de 2018 a 2023. Adotando uma abordagem multidisciplinar, explora a complexidade da obesidade na infância e adolescência, considerando fatores biológicos, históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. Com ênfase especial na obesidade na adolescência, reconhece os riscos físicos e psicossociais associados a essa fase. O estudo se diferencia ao enfatizar a atividade física como parte crucial do tratamento, explorando diversas modalidades de exercícios e destacando sua importância para a saúde cardiometabólica. A metodologia clara e estruturada, com busca na plataforma Pubmed, evidencia uma abordagem sistemática na coleta de dados.

A síntese dos resultados dos estudos selecionados proporciona uma compreensão prática das descobertas científicas, enquanto o destaque para estudos brasileiros, com dados do IBGE e do Ministério da Saúde, fortalece a relevância nacional. Contribuindo para a área, o estudo embasa a formulação de políticas públicas, fornece orientações para profissionais de saúde e educação física, promove a conscientização sobre a importância da atividade física e estabelece uma base sólida para pesquisas futuras sobre obesidade infantil e atividade física.

5 CONCLUSÃO

O estudo abrangente realizado através da análise de 5 artigos científicos sobre obesidade na adolescência e infância revelou importantes descobertas que impactam diretamente a compreensão e o tratamento dessa condição. Os resultados indicam que a obesidade infantil é um fenômeno multifatorial, influenciado por fatores genéticos, ambientais, comportamentais e sociais. A revisão da literatura destacou a relevância de hábitos alimentares inadequados, falta de atividade física, ambientes obesogênicos, influência da publicidade de alimentos não saudáveis e acesso limitado a alimentos nutritivos como determinantes significativos da obesidade nessa faixa etária.

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1,4,5 Departamento de educação física – Universidade Estadual da Paraíba

2Programa Associado de Pós-graduação em Educação Física – Universidade Federal da Paraíba

3Departamento de educação física – Universidade Federal da Paraíba