CHILDHOOD OBESITY: A RISING GLOBAL CHALLENGE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8370740
Bruhno Narciso de Castro Oliveira [1]
Leonel de Pádua Noronha Campos e Vasconcelos[1]
Norma Cristina de Aragão Oliveira Pinheiro Machado[2]
Ana Letícia de Aragão Oliveira Araripe[3]
Vanessa Cristina de Castro Aragão Oliveira[4]
RESUMO
Introdução: Este artigo apresenta uma análise abrangente sobre a obesidade infantil, um crescente problema de saúde global. Inicia-se discutindo as origens multifatoriais da obesidade, incluindo fatores genéticos, ambientais, sociais e comportamentais. A influência dos fatores genéticos na predisposição à obesidade é discutida, destacando a importância de intervenções personalizadas. Objetivo: Fornecer uma visão abrangente da obesidade infantil, destacando os desafios atuais e futuras direções para enfrentar esse grave problema de saúde pública. Metodologia: revisão bibliográfica sistemática para investigar e sintetizar informações relevantes sobre a obesidade infantil, considerando publicações que abordem o assunto em questão. Inicialmente, foram identificados e coletados artigos científicos, revisões, estudos de caso e relatórios de organizações internacionais relacionados à obesidade infantil, publicados até 2022. As bases de dados utilizadas para busca incluíram PubMed, Google Scholar, Scopus e Web of Science. Os critérios de inclusão abrangeram estudos que forneceram insights sobre os determinantes, impactos e estratégias de prevenção e intervenção relacionadas à obesidade infantil. Resultados e Discussão: Ressalta-se que os fatores ambientais, como o ambiente obesogênico, desempenham um papel fundamental no aumento da prevalência da obesidade infantil. Estratégias preventivas devem focar na promoção de ambientes saudáveis e na educação nutricional desde a infância. Além disso, o papel dos pais e cuidadores como modelos de comportamento e influenciadores dos hábitos alimentares das crianças é enfatizado. Conclusão: A educação nutricional e o estímulo a hábitos alimentares saudáveis desde cedo são cruciais para prevenir a obesidade. O impacto das mídias sociais e da publicidade de alimentos não saudáveis na dieta das crianças é discutido, destacando a necessidade de regulamentações eficazes. Por fim, a abordagem ecológica é apresentada como uma estratégia integral para enfrentar a obesidade infantil, considerando os diversos níveis de influência sobre o indivíduo.
Palavras Chaves: Obesidade Pediátrica. Saúde da Criança. Saúde Pública.
1 INTRODUÇÃO
A obesidade infantil é uma preocupação crescente em todo o mundo, representando um dos problemas de saúde mais urgentes e complexos enfrentados pela sociedade contemporânea. Nos últimos anos, a incidência de obesidade entre crianças e adolescentes tem aumentado de forma alarmante, apresentando sérias implicações para a saúde a curto e longo prazo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 340 milhões de crianças e adolescentes com idades entre 5 e 19 anos estavam com sobrepeso ou obesidade em 2016, evidenciando a magnitude do desafio global que a obesidade infantil representa (OMS, 2018).
A complexidade desse fenômeno é evidente quando se observa a interação de determinantes genéticos, ambientais, sociais e comportamentais. Uma revisão abrangente das pesquisas publicadas em 2019, realizada por NCD Risk Factor Collaboration, evidencia a persistente trajetória ascendente da obesidade infantil ao redor do mundo. Os autores apontam que, entre 1975 e 2016, a prevalência da obesidade em crianças e adolescentes multiplicou-se por mais de quatro vezes em meninas e por mais de cinco vezes em meninos, revelando a magnitude desse problema de saúde pública e a urgência de intervenções eficazes (NCD Risk Factor Collaboration, 2019).
Os fatores que contribuem para o surgimento e agravamento da obesidade infantil são multifacetados. O ambiente obesogênico, caracterizado pela acessibilidade a alimentos altamente calóricos e de baixo valor nutricional, bem como pela promoção da inatividade física, tem um impacto substancial na saúde e no peso das crianças. Essa visão é corroborada por estudos, como o de Swinburn e colaboradores, que exploram como a transformação do ambiente alimentar e a urbanização contribuem para a epidemia de obesidade infantil, reforçando a necessidade de intervenções que modifiquem o ambiente para promover escolhas mais saudáveis (Swinburn et al., 2019). Além disso, a redução na prática de atividade física e o aumento no tempo dedicado a atividades sedentárias, como o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, têm contribuído para o desequilíbrio energético e o ganho de peso nas crianças (Tremblay et al., 2017).
Os impactos desse agravo, vão além das questões de saúde física, afetando também a saúde mental, a autoestima e a qualidade de vida das crianças. O excesso de peso na infância está associado a uma maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas na vida adulta, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer (Abarca-Gómez et al., 2017). Corroborando com estes fatores, a discriminação e o estigma social podem levar a consequências psicológicas prejudiciais, incluindo depressão e ansiedade (Puhl & Latner, 2017).
Este agravo não transmissível, continuou a ser um dos principais desafios de saúde pública em todo o mundo, no ano de 2020. A pandemia da COVID-19 agravou ainda mais essa situação, evidenciando uma interconexão entre a obesidade e a susceptibilidade a infecções. Estudos recentes, como o de Rito e colaboradores (2020), destacam que crianças obesas têm um maior risco de desenvolver complicações graves em decorrência da COVID-19. Essa associação reforça a necessidade de estratégias de prevenção e tratamento da obesidade infantil, não apenas para mitigar as condições de saúde imediatas, mas também para fortalecer a resiliência diante de futuras crises de saúde.
Do mesmo modo, Wen e colaboradores (2020) exploraram a eficácia de intervenções nutricionais e de estilo de vida baseadas em aplicativos móveis para combater a obesidade infantil. Os resultados indicaram que a utilização de aplicativos móveis pode ser uma ferramenta valiosa na promoção de hábitos alimentares saudáveis e na melhoria da atividade física entre crianças e adolescentes. Essa abordagem alinhada com a tecnologia reflete a necessidade de inovação e adaptação às mudanças no estilo de vida das novas gerações para enfrentar a obesidade infantil de maneira eficaz.
Wang e colaboradores (2021) discutiram a importância dos fatores genéticos, epigenéticos e microbiota intestinal na regulação do peso corporal e no desenvolvimento da obesidade infantil. Este fato, trouxe um aprofundamento nas investigações sobre a obesidade infantil, destacando sua multifatorialidade e os impactos significativos na saúde física e mental das crianças; e a interação complexa entre fatores genéticos e o ambiente, fornecendo insights fundamentais para estratégias de prevenção e intervenção mais personalizadas e eficazes.
Legitimando, um estudo conduzido por Pearson e Biddle (2021) examinou como a publicidade de alimentos não saudáveis direcionada às crianças nas mídias sociais pode impactar negativamente suas escolhas alimentares e, consequentemente, aumentar o risco de desenvolver este agravo. Esse enfoque ressalta a necessidade de regulamentações eficazes e campanhas de conscientização para mitigar os efeitos prejudiciais da publicidade na saúde infantil.
Enfatizando a complexidade e a urgência de abordagens integradas para combater esse desafio global, Bodnar e Wisniewski (2022) analisaram as implicações das mudanças ambientais, urbanização e transição nutricional na prevalência e no surgimento da obesidade infantil. Os autores destacaram a necessidade de políticas de saúde que abordem não apenas a promoção de uma alimentação saudável, mas também as condições socioeconômicas e ambientais que moldam os padrões alimentares das crianças.
Destarte, uma pesquisa recente de Zhu e colaboradores (2022) investigou os impactos do período pré-natal e neonatal na predisposição à obesidade infantil. Os resultados destacaram a importância crítica do ambiente intrauterino e das primeiras fases de vida na programação metabólica e na regulação do apetite, fornecendo insights valiosos para intervenções preventivas direcionadas a gestantes e recém-nascidos. Essa abordagem ressalta a necessidade de estratégias de prevenção que atuem desde os estágios iniciais da vida para mitigar o risco de obesidade infantil.
Diante desse cenário desafiador, torna-se imperativo adotar uma abordagem integrada e multidisciplinar para prevenir e combater a obesidade infantil. A educação pública, políticas alimentares saudáveis, incentivo à prática de atividade física e suporte psicossocial são algumas das estratégias que devem ser implementadas de forma coordenada para reverter essa tendência preocupante e garantir um futuro mais saudável para as gerações vindouras. Este artigo busca analisar os fatores-chave que contribuem para a obesidade infantil, apresentar os riscos associados e discutir as estratégias eficazes para enfrentar esse desafio de saúde pública.
Destarte, o objetivo desta investigação, é fornecer uma visão abrangente da obesidade infantil, destacando os desafios atuais e futuras direções para enfrentar esse grave problema de saúde pública.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
A obesidade infantil é reconhecida como uma epidemia devido à sua prevalência crescente e às consequências substanciais para a saúde e socioeconómicas que representa (Organização Mundial da Saúde, 2020). A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras organizações de saúde identificaram a obesidade infantil como uma prioridade global de saúde pública.
Ela surge de uma interação complexa de fatores genéticos, ambientais, sociais, culturais e comportamentais (Ng et al., 2014), onde características genéticas interagindo com influências ambientais, como padrões alimentares pouco saudáveis, estilos de vida sedentários e ambientes obesogênicos, levando ao ganho excessivo de peso em crianças.
A predisposição genética desempenha um papel crucial na suscetibilidade de uma criança à obesidade, visto que podem afetar o metabolismo, a regulação do apetite e o armazenamento de gordura, influenciando a tendencia de um indivíduo ao ganho de peso e a posteriori, desenvolver obesidade (BOUCHARD, 2009).
Influências Ambientais, fatores socioeconômicos, culturais e sociais em que uma criança cresce e se desenvolve tem um grande impacto no risco de obesidade, influenciando significativamente nas preferências alimentares. Fatores como o acesso a opções alimentares não saudáveis, oportunidades limitadas para atividade física, comportamentos sedentários contribuiem para o aumento de tecido adiposo. (SWINBURN et al., 2011). (LOBSTEIN et al., 2015).
O comportamento das crianças, na atualidade, corrobora para a epidemia. O tempo de tela e padrões de sono, são determinantes-chave da obesidade (Llewellyn et al., 2016), outro fator relevante é a orientação parental inadequada, que podem exacerbar o risco para o desenvolvimento da obesidade infantil, acarretando complicações de saúde, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares, problemas músculo-esqueléticos, problemas psicológicos e um maior risco de persistência da obesidade na idade adulta (Reilly et al., 2003).
Destarte, estratégias eficazes de prevenção e intervenção devem abranger uma abordagem holística, visando vários fatores que contribuem para a obesidade infantil (Waters et al., 2011), incluindo a promoção de uma alimentação saudável, da atividade física, de campanhas de saúde pública, de iniciativas educativas, de mudanças políticas e do envolvimento dos pais.
Compreender a natureza multifacetada da obesidade infantil é crucial para o desenvolvimento e implementação de estratégias eficazes para enfrentar este desafio de saúde global. Abordar a obesidade infantil requer um enfoque abrangente de saúde pública que envolva a formulação de políticas, o envolvimento da comunidade, iniciativas de saúde e programas educacionais (Robinson et al., 2015) bem como, esforços colaborativos à escala global são essenciais para combater a crescente prevalência da obesidade infantil e mitigar os seus efeitos adversos.
3 METODOLOGIA
Este estudo adotou uma abordagem de revisão bibliográfica sistemática para investigar e sintetizar informações relevantes sobre a obesidade infantil, considerando publicações que abordem o assunto em questão. A metodologia foi estruturada em etapas que permitiram a coleta, seleção e análise crítica da literatura científica disponível.
Inicialmente, foram identificados e coletados artigos científicos, revisões, estudos de caso e relatórios de organizações internacionais relacionados à obesidade infantil, publicados até 2022. As bases de dados utilizadas para busca incluíram PubMed, Google Scholar, Scopus e Web of Science.
Os critérios de inclusão abrangeram estudos que forneceram insights sobre os determinantes, impactos e estratégias de prevenção e intervenção relacionadas à obesidade infantil. Foram excluídos materiais que não abordavam diretamente a temática da obesidade infantil. Após a coleta de artigos relevantes, procedeu-se à leitura crítica e análise minuciosa do conteúdo. Foram extraídas informações sobre fatores de risco, consequências para a saúde, intervenções e políticas de saúde relacionadas à obesidade infantil. A partir desses dados, realizou-se uma síntese dos principais achados.
Os achados foram categorizados em temas relacionados aos determinantes da obesidade infantil, impactos na saúde física e mental, estratégias de prevenção e intervenção. Essa categorização permitiu organizar os resultados para uma apresentação clara e estruturada.
Os resultados foram submetidos a uma análise comparativa para identificar tendências, discrepâncias e lacunas no conhecimento. A avaliação crítica considerou a qualidade dos estudos, as evidências científicas apresentadas e sua relevância para a compreensão e abordagem da obesidade infantil.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Determinantes da Obesidade Infantil
A obesidade infantil é um fenômeno complexo influenciado por uma interação de fatores genéticos, ambientais, sociais e comportamentais. Nos últimos anos, as pesquisas destacaram a importância desses determinantes no desenvolvimento desta Doença Crônica não transmissível. Fatores genéticos desempenham um papel significativo, com estudos identificando genes associados à obesidade e ao metabolismo energético (Maes et al., 2017).
Ademais, o ambiente obesogênico, caracterizado pela disponibilidade de alimentos ultraprocessados e inatividade física, tem sido reconhecido como um determinante crucial (Franckle et al., 2019). A influência do ambiente familiar, incluindo hábitos alimentares dos pais, foi destacada como um dos principais determinantes comportamentais (Vollmer et al., 2020).
Outrossim, o acesso limitado a alimentos saudáveis em certas comunidades, conhecido como “desertos alimentares”, também foi identificado como um fator determinante significativo (Caspi et al., 2017).
A discussão sobre esse tema crítico envolve uma análise abrangente dos fatores de risco, suas interconexões e implicações para a saúde e bem-estar das crianças. A descoberta de variantes genéticas associadas ao metabolismo, regulação do apetite e armazenamento de gordura destaca a importância de considerar fatores intrínsecos na abordagem da obesidade infantil (Bouchard, 2017). No entanto, é crucial reconhecer que os fatores genéticos interagem com o ambiente, e intervenções eficazes devem considerar essa interação para um impacto significativo.
4.2 Impactos na Saúde Física e Mental
A obesidade infantil tem efeitos adversos substanciais na saúde física e mental das crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, estudos têm enfatizado as consequências a curto e longo prazo dessa condição. Está associada a um maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia e doenças cardiovasculares na idade adulta (CHEN et al., 2019).
A literatura também destaca a importância da abordagem ecológica ao estudar a obesidade infantil. O modelo ecológico de Bronfenbrenner (1979) enfatiza a influência dos ambientes em que as crianças estão inseridas, incluindo o ambiente familiar, comunitário e social. Compreender essa interação é imperioso para desenvolver intervenções eficazes que levem em consideração não apenas o indivíduo, mas também seu contexto. Estratégias de intervenção bem-sucedidas devem, portanto, abranger políticas públicas, ambientes escolares saudáveis, promoção de atividade física e acesso a alimentos nutritivos em comunidades carentes.
Outro ponto de alta magnitude de discussão é o papel das tecnologias modernas, em especial as mídias sociais, na obesidade infantil. A exposição a publicidades de alimentos não saudáveis nas mídias sociais tem sido associada a escolhas alimentares prejudiciais em crianças (Pearson & Biddle, 2021). Isso realça a necessidade de regulamentações eficazes para restringir a publicidade de alimentos não saudáveis direcionada às crianças e promover uma exposição positiva e educativa nas plataformas digitais.
Desta forma, crianças obesas têm maior probabilidade de sofrer de problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e enfrentar discriminação e estigma social, afetando negativamente sua qualidade de vida (REILLY et al., 2019).
Esses impactos ressaltam a necessidade de intervenções abrangentes e multifacetadas para abordar não apenas a saúde física, mas também a saúde mental das crianças obesas.
4.3 Estratégias de Prevenção e Intervenção
Os esforços para prevenir e intervir na obesidade infantil têm se diversificado e intensificado nos últimos cinco anos. As estratégias de prevenção têm se concentrado na promoção de uma alimentação saudável e na promoção da atividade física nas escolas e comunidades (ROBINSON et al., 2017).
O modelo de aprendizagem social de Bandura (1977) enfatiza a importância dos modelos de comportamento, incluindo pais e cuidadores, na formação dos hábitos alimentares das crianças. Portanto, estratégias de intervenção devem incluir a educação e o engajamento dos pais, fornecendo informações sobre alimentação saudável e práticas eficazes de modelagem de comportamento alimentar.
Programas de prevenção que envolvem parcerias entre escolas, famílias e comunidades têm demonstrado eficácia em reduzir a prevalência da obesidade infantil (WANG et al., 2018). A complexidade do tema requer uma abordagem interdisciplinar e abrangente, que incorpore tanto os aspectos biológicos quanto os socioambientais. Além disso, estratégias de saúde pública devem ser formuladas para enfrentar a obesidade infantil em sua raiz, promovendo ambientes saudáveis, educação nutricional, atividade física e o papel vital dos modelos comportamentais na formação de hábitos alimentares saudáveis desde a infância.
Outrossim, intervenções baseadas na tecnologia, como aplicativos móveis e jogos educacionais, têm emergido como ferramentas promissoras para promover comportamentos saudáveis em crianças (Whittaker et al., 2019). Nesse ínterim, a sustentabilidade e a escala dessas intervenções ainda são desafios significativos que precisam ser abordados.
5 CONCLUSÃO
A obesidade infantil é um grave problema de saúde pública que continua a se agravar, demandando ações imediatas e eficazes para mitigar suas consequências negativas. Este estudo apresentou uma análise abrangente sobre as principais causas, fatores de risco e implicações da obesidade infantil, bem como estratégias para sua prevenção e intervenção. O entendimento da complexidade dessa condição, que resulta da interação entre determinantes genéticos, ambientais, sociais e comportamentais, é crucial para desenvolver abordagens eficazes e sustentáveis de combate à obesidade desde a infância.
Os fatores genéticos desempenham um papel significativo na predisposição à obesidade infantil, sendo essencial compreender suas contribuições para desenvolver intervenções personalizadas. A identificação de variantes genéticas associadas ao metabolismo e ao apetite oferece insights promissores para o desenvolvimento de terapias direcionadas e tratamentos mais eficazes. No entanto, é vital reconhecer que os fatores ambientais, incluindo o acesso a alimentos saudáveis e a promoção da atividade física, também exercem uma influência crucial.
O ambiente obesogênico moderno, caracterizado pela disponibilidade excessiva de alimentos calóricos e pobres em nutrientes, bem como pela promoção de comportamentos sedentários, exerce um impacto significativo no aumento da prevalência da obesidade infantil. Estratégias de prevenção eficazes devem, portanto, priorizar a criação de ambientes saudáveis e acessíveis, promovendo escolhas alimentares adequadas e estilos de vida ativos desde os primeiros anos de vida.
A educação nutricional e a promoção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância são pilares fundamentais para a prevenção da obesidade infantil. Os pais e cuidadores desempenham um papel vital nesse processo, servindo como modelos de comportamento e influenciando diretamente os padrões alimentares das crianças. Intervenções bem-sucedidas devem incluir programas de orientação que capacitem os pais a tomar decisões informadas sobre alimentação e estilo de vida saudáveis para seus filhos.
Além disso, a tecnologia e as mídias sociais emergem como influências significativas na dieta das crianças, com a publicidade de alimentos não saudáveis exercendo um papel particularmente preocupante. A regulação eficaz da publicidade dirigida a crianças nas plataformas digitais é essencial para mitigar os impactos negativos e promover escolhas alimentares mais saudáveis.
A abordagem ecológica, que considera os múltiplos níveis de influência sobre o indivíduo, é fundamental para o enfrentamento bem-sucedido da obesidade infantil. Intervenções devem levar em conta não apenas o indivíduo, mas também seu ambiente familiar, comunitário e social. Políticas públicas direcionadas, ambientes escolares saudáveis e acesso facilitado a alimentos nutritivos são algumas das estratégias que podem ser implementadas para promover escolhas alimentares adequadas.
Desta forma, a obesidade infantil representa uma séria ameaça à saúde das crianças e adolescentes em todo o mundo. O enfrentamento eficaz desse problema requer uma abordagem integrada que leve em consideração os fatores genéticos, ambientais, sociais e comportamentais. A implementação de políticas e estratégias preventivas baseadas em evidências, associadas a uma maior conscientização e educação da população, é essencial para reverter a tendência atual e proporcionar um futuro mais saudável às gerações futuras.
O trabalho colaborativo de profissionais de saúde, pesquisadores, formuladores de políticas e da comunidade, é fundamental para alcançar sucesso nesse combate à obesidade infantil e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
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[1] Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba. e-mail: bruhnooliveira@gmail.com;
[1] Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba. e-mail: leonelvasconcelos2004@gmail.com
[2] Discente do Curso Superior de Relações Internacionais da Universidade Estácio de Sá, Campus Parnaíba (PI). e-mail: normacristinaaragao@gmail.com
[3] Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba. Médica. e-mail: ana.araripe@iesvap.edu.br
[4] Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba. Doutora em Saúde Pública (UNISAL). e-mail: vanessa.aragao@iesvap.edu.br