OBESIDADE EM CÃES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12538453


Antonio Ricardo Spoladore
Valquiria Mazuchi Reinig
Orientadora: Vivian Cisi


RESUMO

A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal, resultando em um comprometimento reversível da função natural do corpo e, portanto, em um distúrbio de saúde. Os impactos da obesidade na saúde na medicina de animais de companhia são semelhantes aos de qualquer outra doença crônica e, por essa razão, devem receber a mesma atenção e cuidados. Essa pesquisa teve como objetivo apresentar as características da obesidade entre os cães. O estudo consistiu em uma revisão narrativa com abordagem qualitativa composta por materiais identificados nas bases do Scielo, Science Direct, MEDLINE/Pubmed, Lilacs e SciVerse Scopus. A obesidade em cães é uma condição que pode afetar de forma significativa a saúde do animal de estimação; os fatores de risco envolvem questões de natureza genética, hormonal, comportamentais, entre outros; as complicações compreendem doenças cardiorrespiratórias, distúrbios urinários, distúrbios reprodutivos, neoplasias, doenças dermatológicas, distúrbios ortopédicos traumáticos e degenerativos; diferentes métodos estão disponíveis para o diagnóstico e o tratamento é direcionado para a mudança na rotina do animal de estimação, controlando alimentação e realização de atividade física; a prevenção envolve a atenção quanto ao aporte nutricional necessário para o cão, evitando superar a necessidade, e evitar o sedentarismo. O reconhecimento da obesidade, bem como a sua causa e os impactos desencadeados no animal pode contribuir para a redução dos casos. É importante que o proprietário do animal em conjunto com o médico veterinário estejam sempre atentos às características dessa patologia que pode diminuir a qualidade de vida e longevidade do cão.

Palavras-Chave: Animais de Estimação. Cão. Obesidade. 

1. INTRODUÇÃO

A obesidade é considerada o distúrbio nutricional mais comum, atingindo proporções epidêmicas entre cães na maioria dos países do mundo moderno. É causada pela ingestão de energia na dieta que supera o gasto energético, representado visualmente como calorias armazenadas na forma de gordura. A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal, resultando em um comprometimento reversível da função natural do corpo e, portanto, em um distúrbio de saúde. Os impactos da obesidade na saúde na medicina de animais de companhia são semelhantes aos de qualquer outra doença crônica e, por essa razão, devem receber a mesma atenção e cuidados (MARCUSSO et al., 2020).

Em geral, os cães apresentam excesso de peso se pesarem entre 10% e 20% do seu peso, e os obesos pesarem mais de 20% do seu peso. A obesidade em cães domésticos é uma condição cada vez mais comum nos dias de hoje. Os fatores predisponentes que contribuem para o aparecimento desta doença incluem idade, sexo, raça e condições de vida (CLINE; MURPHY et al., 2019).

A prevalência da obesidade em cães varia de acordo com as origens geográficas de cada investigação. Em dois inquéritos validados nos EUA, entre 29 a 34% dos cães foram classificados como excesso de peso e 5 a 8% como obesos. Estas percentagens foram maiores para animais de meia idade, de 5 a 10 anos, apresentando quase 50% de sobrepeso ou obesidade. No Brasil no único levantamento publicado em 2002, foi realizado na cidade de São Paulo, e observou que a obesidade acomete cerca de 17% na população de cães estudados (JERICO, 2018)

O reconhecimento do cão com sobrepeso ou obesidade é o primeiro passo para qualquer protocolo de perda de peso. Embora os proprietários consideram frequentemente a nutrição um recurso fundamental nos cuidados de bem-estar, podem estar relutantes em aceitar a obesidade como uma doença médica legítima que necessita de tratamento adequado e direcionado. Aconselhar os proprietários de que a obesidade e os seus efeitos adversos anulam as estratégias dietéticas destinadas a promover a saúde e também fornecer recomendações baseadas em evidências (PEARL et al., 2021; CLINE et al., 2021; BEREND et al., 2018).

Diante das perspectivas apresentadas surgiu o seguinte problema de pesquisa: Como a obesidade pode impactar na vida dos cães?

Nesse contexto, considera-se que a obesidade deve ser reconhecida como uma doença de natureza crônica, de aspectos endêmicos, e que ocasiona detrimentos à saúde e a longevidade dos cães. Todas as ações dispensadas pelo médico veterinário para conscientizar e combater os agravos que o excesso de peso pode acarretar são imprescindíveis.  

Estima-se que a ampliação de estudos sobre essa condição, bem como as características e impactos que podem acarretar a qualidade de vida do animal poderá contribuir de forma significativa na diminuição dos casos de obesidade entre cães e a atenção dos donos, visto que, a ocorrência dessa condição também possui relação com o cuidador do animal.

Desse modo, a pesquisa se justifica pelo interesse de conhecer conforme a literatura científica como a obesidade pode exercer impacto na saúde dos animais, bem como os aspectos específicos associados à ocorrência da doença e as intervenções necessárias. Contribuindo para a disseminação de informações pertinentes sobre a temática fornecendo subsídios para esclarecimento e estímulo para estudos subsequentes.

Esse estudo tem como objetivo apresentar as características da obesidade entre cães.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Definição

A Organização Mundial da Saúde define obesidade em humanos como um excesso de gordura corporal que frequentemente resulta em efeitos adversos à saúde. O índice de massa corporal (IMC, uma medida de gordura corporal em adultos calculada com base na altura e no peso) superior a 25 é considerado excesso de peso, e um IMC superior a 30 são considerados obeso em humanos (CLINE et al., 2021). Apesar de ser uma condição frequente na saúde humana, a obesidade em cães só foi qualificada oficialmente como uma patologia por meio do Congresso da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (World Small Animal Veterinary Association One Health – WSAVA) (MENDES et al., 2023).

Ainda conforme Cline et al. (2021) não existe uma definição quantitativa consensual de obesidade em animais de estimação, aqueles com peso corporal 20, 25 ou 30% acima do peso corporal ideal citado. No entanto, embora seja útil monitorar o peso corporal, o peso é apenas um componente de uma condição corporal saudável. A variação dentro das raças, especialmente raças mistas de cães, torna difícil atribuir um número que defina o peso ideal de um animal de estimação individual. Além disso, o peso corporal pode permanecer o mesmo enquanto a massa gorda aumenta e a massa corporal diminui.

Considera-se que a obesidade é um distúrbio que perturba mais de 40% da população canina no mundo e, por intermédio desses dados, a intervenção do médico veterinário para diagnosticar e propor a terapêutica do animal com obesidade é de extrema importância. Segundo Mendes et al. (2023) apud German et al. (2018), os profissionais médicos veterinários ainda têm dificuldade de considerar esse agravo com o cuidado necessário, dado que esses mesmos profissionais dificilmente fazem o registro da condição corporal e do peso nas consultas.

Ocasionalmente, ocorre esse registro apenas na situação em que o paciente encontra-se acima do peso ou obeso. Essa situação é apoiada por diversos pesquisadores, os quais afirmam que os profissionais de medicina veterinária de animais, sobretudo os pequenos, não estão desempenhando suas obrigações profissionais e éticas no que refere à obesidade. Em um relatório retrospectivo desenvolvido com 74 veterinários clínicos gerais no Reino Unido, envolvendo mais de 49 mil visitas de cães, apenas 1,4% dos registros estavam documentadas informações relativas ao sobrepeso ou à obesidade do animal, comprometendo a consulta, o desfecho e intervenções necessárias (MENDES et al., 2023 apud GERMAN et al., 2018).

2.2 Etiologia

De acordo com Altiner (2017), embora algumas doenças (hipotireoidismo e hiperadrenocortismo em cães), produtos farmacêuticos (polifagia induzida por medicamentos causada por glicocorticoides e medicamentos anticonvulsivantes) e defeitos genéticos raros (em humanos) possam causar obesidade, a principal razão para o desenvolvimento é tendo uma incompatibilidade positiva entre a ingestão e o gasto de energia. Portanto, tanto a ingestão alimentar excessiva como a utilização inadequada de energia pode levar a um estado de balanço energético positivo; numerosos fatores podem estar envolvidos, incluindo a genética, a quantidade de atividade física e o conteúdo energético da dieta.

O efeito da genética é ilustrado por associações de raças reconhecidas em cães, por exemplo, Labrador Retriever, Cairn Terrier, Cavalier King Charles Spaniel, Scottish Terrier, Cocker Spaniel (GAILLARD et al., 2022).

Ainda segundo Gaillard et al. (2022), animais de estimação de meia-idade têm maior probabilidade de apresentar sobrepeso ou obesidade do que animais de estimação jovens, idosos ou geriátricos. No entanto, estar acima do peso ou ser obeso na infância pode aumentar o risco na idade adulta.

A castração é um importante fator de risco para obesidade em ambas as espécies conforme Gaillard et al. (2022), muitos estudos sugeriram que isto se deve a uma diminuição na taxa metabólica após a castração. Entretanto, o aumento da massa gorda geralmente está presente em animais castrados; quando o gasto energético é expresso com base na massa magra, nenhuma diferença na taxa metabólica é observada entre indivíduos castrados e inteiros. 

As explicações alternativas para o efeito da castração na obesidade são uma alteração no comportamento alimentar que leva ao aumento da ingestão de alimentos e diminuição da atividade sem uma diminuição correspondente na ingestão de energia. O próprio gênero também é um fator predisponente em alguns estudos caninos, com as fêmeas super-representadas. Outras associações reconhecidas em cães incluem estilo de vida dentro de casa e meia-idade (GAILLARD et al., 2022).

Os fatores dietéticos conforme a pesquisa de Altiner (2017) também podem levar ao desenvolvimento de obesidade em animais domésticos. De modo exemplificado, em cães está associada ao número de refeições e lanches oferecidos, à alimentação com restos de comida e à presença do cão quando seus donos preparam e comem suas próprias refeições. O tipo de dieta fornecida (ração preparada para animais de estimação versus comida caseira) não parece predispor à obesidade. No entanto, o preço da ração tem um efeito notável, ou seja, é mais provável que cães obesos tenham sido alimentados com alimentos baratos em vez de alimentos mais caros. 

Os fatores comportamentais também desempenham um papel no desenvolvimento da obesidade. Para os cães, os fatores do proprietário que são importantes incluem o tempo que o mesmo observou o cão comendo (é mais provável que demore mais em cães obesos), o interesse na nutrição do animal de estimação, a obesidade do proprietário, a consciência da saúde do proprietário (tanto para o seu animal de estimação) e eles próprios e rendimentos mais baixos (ALTINER, 2017).

Segundo Mendes et al. (2023) em cães, essa indisposição está associada a doenças cardiovasculares, endocrinopatias, alterações articulares e funcionais (diminuição da resposta imunológica) e anormalidades metabólicas. É importante ressaltar que os cães que possuem obesidade apresentam mais propensão a terem o diagnóstico de diferentes condições clínicas como neoplasias, pancreatite, disfunções respiratórias e Diabetes mellitus. Ainda, tem risco aumentado de desenvolvimento de distúrbios ortopédicos como rotura do ligamento cruzado e osteoartrite.

2.3 Fisiopatologia

As razões da ocorrência da obesidade não são completamente evidentes, pois existem muitas variáveis ​​diferentes envolvidas no seu desenvolvimento, que tem atingido proporções epidêmicas nas populações de animais de estimação. Entretanto, os principais fatores envolvidos podem ser divididos em fatores que afetam o metabolismo energético e aqueles que afetam a ingestão e assimilação de energia (PARKER; ORCUTT; LOVE, 2019).

O metabolismo energético segundo Parker, Orcutt e Love (2019) é diretamente afetado pela taxa metabólica de repouso, taxa metabólica ativa e atividade relativa. A ingestão de energia é afetada pela alimentação e comportamento (hormonal e comportamental), pela eficiência da digestão e por fatores alimentares que afetam a assimilação de nutrientes. Durante muitos anos, pensou-se que a obesidade poderia ser explicada por um modelo glicostático ou lipostático. 

Estes dois modelos sugeriram que a glicose ou os lipídios na dieta eram os principais impulsionadores da geração e supressão do apetite através do ambiente hormonal que ocorre através da ingestão destes substratos. Ao longo do tempo, estas teorias demonstraram ter alguma validade, mas não podem ser separadas, com possível envolvimento de ambos os substratos e potencialmente de outros fatores (PARKER; ORCUTT; LOVE, 2019).

Segundo Rollins e Shepherd (2019) outra teoria predominante, ou melhor, a teoria do ponto de ajuste pressupõe que há controle da alimentação com base em um ponto de ajuste energético que lentamente se desajusta. A justificativa por trás dessa teoria é que a maioria dos humanos atingirá o peso adulto, e esse peso adulto variará apenas 10% para mais ou para menos durante a maior parte da vida adulta. Parte desta lógica é que um pequeno aumento incremental de 100 kg por dia levará à obesidade e ao aumento contínuo de peso. Esta teoria não pode ser totalmente apoiada quando se percebe que a gordura é um tecido metabólico com ganho de peso e que a nova deposição de tecido magro tem de suportar o novo tecido adiposo. Portanto, o aumento extra de 100 quilocalorias será ajustado em algum momento durante a deposição de tecido adiposo e magro.  

A teoria glicostática sugere que a gênese primária da fome se dá através da homeostase da glicose sérica e dos hormônios que a regulam, incluindo a insulina. Foi demonstrado que a glicose e outros hormônios glicostáticos (amilina e peptídeo-1 semelhante ao glucagon [GLP-1]) não apenas estimulam a secreção de insulina, mas também estimulam os centros de fome no cérebro. Essa teoria perdeu a preferência pelo modelo lipostático (não deve ser confundido com o modelo adipostático que será descrito mais tarde ao discutir a leptina), uma vez que parece que os ácidos gordos na dieta são o principal fator impulsionador do aumento da secreção hormonal gastrointestinal que retroalimenta aos centros de apetite no cérebro para aumentar ou diminuir os comportamentos orexígenos (ROLLINS; SHEPHERD, 2019).

Contudo, Cline e Murphy (2019) referem que anteriormente, foi teorizado que o número de células do tecido adiposo era definido na infância e que a faixa de seu conteúdo de triglicerídeos era responsável pelo desenvolvimento da obesidade. Resultados de estudos mais recentes, porém, mostraram que o tecido adiposo de um indivíduo possui uma grande população de células-tronco e pré-adipócitos de onde o corpo pode “recrutar” novos adipócitos, caso os já existentes apresentem altos níveis de hipertrofia. 

Um passo importante no esclarecimento da fisiopatologia da obesidade é compreender o mecanismo por trás do apetite de um animal. O hipotálamo, onde estão localizados os centros de fome e saciedade, tem papel fundamental como principal órgão regulador da modificação do apetite. Os centros citados são regulados por diversos hormônios, peptídeos gastrointestinais e outras substâncias circulantes na corrente sanguínea, bem como pelos sistemas nervosos central e autônomos, que modificam o apetite do animal (CLINE; MURPHY, 2019).

Os hormônios com papel ativo na regulação do apetite são a colecistocinina, a leptina, a grelina, o peptídeo pancreático YY, a adiponectina etc. Cada um deles atua por meio de um mecanismo diferente, como estimular a fome, aumentar a saciedade ou ativar o gasto energético. Mais especificamente, a colecistoquinina, secretada no duodeno, tem como objetivo principal ativar a secreção biliar e suprimir o apetite, enquanto a leptina, secretada pelos adipócitos, é considerada um agente que aumenta a saciedade, contribuindo assim para a redução da ingestão alimentar e promoção da perda de energia. A grelina é produzida pelo revestimento epitelial do estômago e é responsável por aumentar o apetite. Por isso tem sido chamado de “hormônio da fome”. Finalmente, o peptídeo pancreático YY parece manter altos níveis de saciedade (CLINE; MURPHY, 2019).

O apetite também conforme Cline e Murphy (2019) são regulados por vários neurotransmissores como a serotonina, a norepinefrina e a dopamina, que podem ser estimulados por múltiplos fatores como a consistência, a palatabilidade e a visão dos alimentos, bem como o enchimento do estômago e o stress. A atividade do sistema nervoso simpático e parassimpático regula a captação, o armazenamento e a mobilização de energia do tecido adiposo, do fígado ou do músculo. 

2.4 Diagnóstico

O diagnóstico pode ser realizado de forma simples por meio da palpação e inspeção direta. Os cães devem ter as costelas palpáveis facilmente e quando observados por cima, devem ser visualizados com o formato de ampulheta. Para tanto, aqueles animais que possuem abdômen abaulado a partir da última costela, com evidentes depósitos de gordura, e o gradil costal de difícil palpação, são avaliados como obesos (JERICO, 2018).

Ainda segundo Jerico (2018), outros formatos de diagnóstico podem ser empregados, como a determinação do peso corpóreo relativo; o escore de condição corpórea, e a estimativa do percentual de gordura do corpo (% GC), sendo esta última conseguida através de avaliações morfométricas como a comprimento da tuberosidade do calcâneo ao ligamento cruzado e a circunferência pélvica. Na atualidade existem métodos mais precisos para a análise da obesidade, como a densitometria computadorizada por absorciometria radiológica de dupla energia (DEXA).

Do mesmo modo, Shepherd (2021) cita que para cães, um sistema de pontuação de condição corporal (PCC) de 9 pontos é usado para identificar se eles estão acima do peso ideal. As pontuações de 1 a 3 indicam “muito magro”, 4 e 5 são “ideais”, 6 são “acima do ideal”, 7 são “excesso de peso” e 8 e 9 são “obesos”. Existem inúmeras versões do gráfico BCS disponíveis para uso, incluindo versões de 5 e 7 pontos, no entanto, o gráfico de 9 pontos é a única versão em que as pontuações se correlacionam com o percentual real de gordura corporal medido usando absorciometria de raios X de dupla energia. (DEXA).

Ademais, conforme já mencionado, atribuir uma pontuação de condição corporal a um animal de estimação envolve avaliação visual e palpação do animal para avaliar o preenchimento de gordura. Um cão idealmente condicionado deve ter uma cintura afilada quando visto de cima e uma dobra abdominal clara quando visto de lado. As costelas não devem ser visíveis, mas devem ser facilmente palpadas com apenas uma camada muito fina de cobertura de gordura (SHEPHERD, 2021).

Desse modo Shepherd (2021) evidencia que usar o peso por si só não é uma ferramenta confiável para diagnosticar a obesidade, pois os indivíduos de uma espécie e raça podem variar significativamente em tamanho. A pesagem ainda é útil para monitorar alterações e um ganho de peso pode ser uma indicação de excesso de peso e deve levar à avaliação do PCC. Para cães com menos de um ano, existem gráficos de crescimento de filhotes onde os pesos podem ser monitorados em relação a uma curva de crescimento média, o que novamente ajuda a monitorar se o peso está aumentando mais do que o esperado e se o desvio da curva de crescimento média deve levar à avaliação do PCC.

2.5 Tratamento

Os componentes básicos para o tratamento da obesidade são exercícios e mudanças na dieta. De acordo com Linder, Santiago e Halbreich (2021), dependendo da gravidade da obesidade e do nível de condicionamento físico atual, pode ser necessário aumentar gradualmente a quantidade de exercícios diários do animal. Em geral, a maioria dos cães pode se exercitar com segurança de 15 a 30 minutos por dia para começar. A duração e a intensidade podem ser aumentadas lentamente à medida que se perde peso e fica mais em forma. Uma simples caminhada é viável para a maioria das famílias, mas o exercício também pode incluir brincar dentro ou fora de casa, nadar e correr. Se o seu cão for mais velho, pode ser necessário fazer sessões de exercícios mais curtas.

A mudança na dieta deve ser feita com orientação da equipe veterinária do seu cão. A redução ou eliminação de extras como guloseimas e restos de comida será útil, e muitas vezes é necessária uma mudança no tipo e/ou quantidade de alimentos. Existem muitas dietas para perda de peso disponível e algumas exigem orientação do médico veterinário (LINDER; SANTIAGO; HALBREICH, 2021).

Segundo Cline et al. (2021) um estudo recente demonstrou que cães ativos alimentados com uma dieta terapêutica formulada para perda de peso utilizaram aproximadamente 25% mais energia do que cães inativos, ao mesmo tempo em que alcançaram 2% de perda de peso semanalmente. Cada intervalo de 1.000 passos foi associado a um aumento de aproximadamente 2% no gasto energético diário. Outros estudos sugerem que, em todos os km percorrido, o gasto calórico aumenta em aproximadamente 2 kcal/kg. 

A meta é a perda de peso de 1 a 2% do peso corporal por semana, de preferência reduzindo os estoques de gordura corporal e mantendo o tecido corporal magro. Embora a maioria dos alimentos para cães forneça recomendações de quantidade de alimentação, estas são apenas diretrizes, e cães individuais podem precisar de mais ou menos do que o recomendado para manter a condição corporal ideal. A alimentação por refeições (em vez da livre escolha) costuma ser útil para controlar a ingestão calórica. Também é importante usar um copo medidor para garantir uma alimentação consistente com a quantidade adequada de alimento (CLINE et al., 2021).

Ainda conforme Cline et al. (2021) as dietas ricas em proteínas são recomendadas durante o período de perda de peso. Os animais têm necessidades de aminoácidos bem definidas; fornecer proteína adicional pode prevenir possíveis deficiências de taurina ou outros aminoácidos. Além disso, as dietas ricas em proteínas preservam a massa corporal magra durante a perda de peso.

As modificações nas concentrações de carboidratos e gorduras são variáveis ​​em dietas terapêuticas para perda de peso. A gordura é frequentemente reduzida, pois fornece 2 vezes mais calorias por peso do que carboidratos ou proteínas. No entanto, são necessários ácidos gordos essenciais e a gordura não pode ser reduzida abaixo de um determinado limiar. Carboidratos e proteínas são comumente aumentados em uma dieta quando a gordura é reduzida (CLINE et al., 2021).

Todavia, Behrend et al. (2018) ressalta que a fibra é adicionada para aumentar o volume e o peso de um alimento, afetando minimamente seu conteúdo calórico. É a modificação nutricional mais controversa para a obesidade porque os estudos que examinam as taxas de perda de peso ou saciedade tiveram resultados mistos ou mal controlados.

Embora os proprietários consideram frequentemente a nutrição um dos cuidados de bem-estar fundamentais, podem estar relutantes em aceitar a obesidade como uma doença médica legítima que necessita de tratamento adequado e direcionado. Assim, aconselha os proprietários de que a obesidade e os seus efeitos adversos anulam as estratégias dietéticas destinadas a promover a saúde e também fornecer recomendações baseadas em evidências (PEARL et al., 2020).

A maioria das dietas comerciais é formulada assumindo uma ingestão calórica superior à consumida pela maioria dos animais de estimação. Como resultado, uma redução nas calorias ingeridas reduz ainda mais a ingestão de vitaminas e minerais essenciais. Um estudo que avaliou os nutrientes essenciais fornecidos por uma dieta de manutenção quando hipoteticamente alimentada para perda de peso descobriu que a ingestão de múltiplos nutrientes pode ser subótima (LINDER; SANTIAGO; HALBREICH, 2021).

Ademais, Behrend et al. (2018)  acrescenta que após o período de perda de peso, sugere-se que quase 50% dos cães recuperam mais de 5% do peso corporal num fenômeno de “rebote”; os cães mantidos em uma dieta para perda de peso ganham menos do que aqueles que mudaram para dietas de manutenção.  Depois que o animal atingir o peso ideal, o médico veterinário poderá recomendar a transição para uma dieta de manutenção. É importante continuar a praticar exercícios regularmente e limitar guloseimas e lanches extras. É claro que prevenir a obesidade antes mesmo que ela aconteça seria o ideal. Isso pode ser conseguido com duas ou três refeições por dia, em vez de ter sempre comida disponível, evitando guloseimas excessivas e garantindo que faça exercícios regularmente. 

2.6 Complicações

A obesidade tem efeitos prejudiciais na saúde e na longevidade dos cães, embora os dados sejam mais limitados. Os problemas aos quais esses animais de companhia obesos podem estar predispostos incluem doenças ortopédicas, DM, anormalidades no perfil lipídico circulante, doenças cardiorrespiratórias, distúrbios urinários, distúrbios reprodutivos, neoplasias (tumores mamários, carcinoma de células transicionais), doenças dermatológicas e complicações anestésicas. Alguns estudos sugerem um aumento na morbidade em pacientes doentes com pior condição corporal (MARCHI et al., 2022).

As doenças hormonais com associação relatada com obesidade incluem DM, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e insulinoma. Algumas condições predispõem à obesidade, enquanto outras surgem mais comumente em animais obesos. A insulina secretada pelas células β pancreáticas controla a captação e utilização de glicose nos tecidos periféricos. Os cães sofrem mais comumente de DM semelhante ao tipo I humano. A obesidade causa resistência à insulina, e é um fator de risco para DM nesta espécie. No entanto, como o DM tipo II é incomum em cães, a obesidade raramente leva a sinais clínicos evidentes da doença (WEETH, 2016).

Ainda conforme Weeth (2016) embora o hipotireoidismo seja comumente citado como causa subjacente da obesidade, tais casos são a exceção e não a regra. A prevalência de hipotireoidismo em cães é estimada em 0,2%, com menos da metade desses cães relatados como obesos. Em contraste, a proporção de cães obesos é muito maior (25 a 40%). A obesidade é um importante fator de risco para doenças ortopédicas em animais de companhia, principalmente cães. Foi relatada uma incidência aumentada de doenças ortopédicas traumáticas e degenerativas. 

A obesidade pode ter um efeito profundo na função do sistema respiratório. Pode agravar a insolação em cães; outras doenças respiratórias que podem ser exacerbadas pela obesidade incluem paralisia laríngea e síndrome de obstrução braquicefálica das vias aéreas. A obesidade também pode afetar a função cardíaca; o aumento do peso corporal pode resultar em efeitos no ritmo cardíaco e aumento do volume ventricular esquerdo, pressão arterial e volume plasmático. O efeito da obesidade na hipertensão é controverso em cães (WEETH, 2016).

No geral, a obesidade dificulta a avaliação clínica; técnicas que são mais problemáticas em pacientes obesos incluem exame físico, ausculta torácica, palpação e aspiração de linfonodos periféricos, palpação abdominal, coleta de sangue, cistocentese e diagnóstico por imagem (especialmente ultrassonografia). O risco anestésico é supostamente aumentado em animais de companhia obesos, provavelmente devido a problemas reconhecidos com estimativa da dose anestésica, colocação do cateter e tempo de operação prolongado. Finalmente, a diminuição da tolerância ao calor e da resistência também foram relatadas em animais obesos (MARCHI et al., 2022).

2.7 Prevenção

A prevenção da obesidade em cães é mais administrável do que tratá-la depois de desenvolvida. As principais estratégias para manter um peso saudável em cães envolvem a alimentação com uma dieta balanceada e apropriada com base na idade, tamanho e nível de atividade; evitar a superalimentação e limitar as guloseimas para evitar a ingestão desnecessária de calorias; incorporar exercícios diários na rotina, garantindo uma combinação de atividades aeróbicas como caminhadas e interações lúdicas para mantê-los fisicamente ativos e mentalmente estimulados (WEBB et al., 2020).

Ainda, monitorar de forma regular o peso e a condição corporal do animal, de notar algum sinal de ganho de peso, deve-se consultar o médico veterinário para fazer os ajustes necessários na dieta e no regime de exercícios; manter-se informado sobre as necessidades nutricionais do animal e estar atento aos potenciais fatores de risco para obesidade. É importante ressaltar que a educação capacita os proprietários a tomar decisões informadas sobre o bem-estar de seus animais de estimação (WEBB et al., 2020).

Segundo German et al. (2018), dado que a maioria dos cães nunca inicia um programa de controle de peso, os profissionais devem dar maior ênfase à prevenção da obesidade. Isto tem três componentes principais, nomeadamente a identificação de indivíduos em risco antes do desenvolvimento da obesidade, a monitorização proactiva de indivíduos em risco durante toda a vida e a promoção da manutenção de um peso e estilo de vida saudáveis.

A utilização de fatores de risco conhecidos para identificar cães em risco de obesidade permite que as medidas preventivas sejam mais bem direcionadas. E alguns dos fatores de risco mais significativos são os seguintes: padrões de crescimento; raça; castração; comorbidades; alimentação e comportamento alimentar; ambiente e atividades; fatores do proprietário. Esses fatores devem permitir que um profissional determine o risco de obesidade e permita o melhor direcionamento das estratégias de prevenção, e estas devem ser implementadas antes que a doença se desenvolva, e continuadas por toda a vida (GERMAN et al., 2018).

3. METODOLOGIA

O estudo consistiu em uma revisão narrativa com abordagem qualitativa, que é a abordagem metodológica mais ampla referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina dados da literatura teórica e empírica, e em conjunto com a multiplicidade de propostas, deve gerar um panorama consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas relevantes (SOUSA; OLIVEIRA; ALVES, 2021).

A pesquisa foi realizada inicialmente no mecanismo virtual de pesquisa livre Google Acadêmico, tendo um caráter exploratório com base nos dados dos artigos científico, dando continuidade às buscas em outras fontes de pesquisas como Scientific Electronic Library Online (Scielo); Science Direct (Elsevier); nas bases do Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE/Pubmed); Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) e SciVerse Scopus.

A análise do material bibliográfico utilizado respeitou os critérios para a seleção. Considerando que para os critérios de inclusão foram considerados livros, páginas da web e artigos científicos originais, disponíveis na íntegra, na língua portuguesa e inglesa, gratuitos, completos, publicados nos últimos 10 anos, e que apresentavam conotação direta com o tema e atendiam aos objetivos propostos. Foram excluídos resumos, dissertações, teses, pesquisas em duplicação e materiais que não atendiam ao plano proposto. 

A etapa de coleta de dados foi realizada em três níveis, sendo eles: 

1. Leitura exploratória do material selecionado (leitura rápida que objetiva verificar se as obras consultadas são de interesse do trabalho); 

2. Leitura seletiva e sistemática (leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam) e 

3. Registros das informações extraídas das fontes em instrumento específico. 

Em seguida, foi realizada uma leitura analítica com a finalidade de ordenar e resumir as informações contidas nas fontes, de forma que as etapas possibilitem a obtenção de respostas ao problema de pesquisa. 

Para a seleção dos artigos, os mesmos foram submetidos e determinados com base nos critérios de inclusão e exclusão, para posteriormente ser realizada uma leitura analítica do resumo para organizar as informações contidas e identificar o objeto de estudo. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra, de forma a extrair o conteúdo relativo ao tema proposto.

Os dados serão analisados a partir dos artigos, tendo como base os objetivos da pesquisa, a fim de interpretar os resultados contidos neste material, sem que houvesse interferência pessoal nas informações de cada autor. Para isso, foi feita uma abordagem comparativa entre os artigos selecionados, identificando possíveis convergências e divergências. Os resultados foram apresentados em uma discussão, dispondo das informações pertinentes do material.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse estudo teve como objetivo apresentar as características da obesidade entre os cães. A obesidade é definida como um acúmulo excessivo de tecido adiposo no corpo e é o distúrbio nutricional mais comum em animais de companhia. É geralmente o resultado de uma ingestão alimentar excessiva ou de uma utilização inadequada de energia, o que causa um estado de balanço energético positivo. Na prática canina, a identificação objetiva da adiposidade geralmente depende da documentação da alteração do peso corporal em relação a medições anteriores no mesmo indivíduo após a maturidade esquelética ou, de forma menos objetiva, do uso da pontuação de condição corporal (MARCHI et al., 2022; PEGRAM et al., 2021; WEBB et al., 2020).

Segundo Bluher (2019), atualmente, não existe uma definição universalmente aceita de obesidade em cães, com os termos “excesso de peso” e “obesidade” frequentemente usados ​​de forma intercambiável. Ademais, houve um apelo recente para que a profissão veterinária reconheça formalmente a obesidade em animais de companhia como uma doença, que conta com o apoio de diversas organizações profissionais de saúde veterinária em todo o mundo

A obesidade em cães traz algumas consequências graves para o bem-estar devido a associações com redução da expectativa de vida, redução da qualidade de vida e uma maior incidência de condições importantes, incluindo osteoartrite, diabetes mellitus e certos tipos de neoplasia (WEBB et al., 2020).

De acordo com Pegram et al. (2021), numerosos estudos nos últimos 30 anos relataram a incidência de obesidade em animais de estimação e, embora as comparações entre as pesquisas devam ser feitas com cautela, há uma tendência aparente para um aumento da prevalência em cães. Em estudos que utilizaram um escore de condição corporal (ECC) de 1 a 9, o número de cães classificados como 8/9 ou 9/9 aumentou de 10% em 2007 para 19% em 2018.

Além disso, há uma tendência ainda mais preocupante na criação ao longo do crescimento dos animais, sobretudo dos cães jovens; um estudo descobriu que de 516 cães juvenis (<24 meses), 190 (37%) estavam com sobrepeso ou obesidade, com a prevalência aumentando constantemente durante a fase de crescimento, de 21% (21/100) em cães com menos de 6 meses de idade para 52% (16/31) em cães de 18 a 24 meses de idade (PEARL et al., 2020).

Para O’Neill et al. (2019), certas raças correm maior risco de excesso de peso, sugerindo uma importante contribuição da genética no desenvolvimento da obesidade em cães. Assim, Cocker Spaniels, Labrador Retrievers, Dálmatas, Dachshunds, Rottweilers, Golden Retrievers e Shetland Sheepdogs foram identificados como predispostos em um estudo baseado nos Estados Unidos. Há pouco conhecimento sobre quais genes são responsáveis ​​pela predisposição ao excesso de peso, embora mutações que afetam a sinalização da melanocortina tenham sido relatadas como predispondo cães afetados à obesidade em raças Retriever e Beagles. 

Ainda, algumas raças de cães braquicefálicos, como o Pug e o Bulldog Britânico, têm estimativas de prevalência relativamente altas de excesso de peso com base em dados retrospectivos de cuidados primários no Reino Unido de 13,2% e 8,7%, respectivamente. Avaliar o status de excesso de peso tanto no nível individual da raça braquicefálica quanto em cães braquicefálicos coletivamente pode ajudar a determinar se este é um problema mais específico da raça ou do braquicefálico (O’NEILL et al. 2019).

Segundo Webb et al. (2020), os fatores de risco para obesidade canina envolvem a idade (a prevalência aumenta com a idade); genética; raça (algumas raças têm menores necessidades energéticas); condições simultâneas; castração (causa ganho de peso em machos e fêmeas, relacionado a influencia de hormônios sexuais no apetite); superalimentação (especialmente alimentos secos e guloseimas comerciais com alto teor calórico; também uma vez ao dia ou 3+/dia); exercício reduzido; sexo (aumento da prevalência no sexo feminino aumenta após ovariectomia).

Considera-se conforme Shepherd (2021) e German et al. (2018) que todas as medidas de adiposidade envolvem a definição da composição corporal, ou as quantidades relativas dos vários componentes biológicos do corpo. A principal divisão conceitual de importância é entre massa gorda (o componente triglicérides no tecido adiposo) e massa corporal magra. Existem várias técnicas disponíveis para medir a composição corporal, e estas diferem na aplicabilidade à pesquisa, prática veterinária de referência e prática de primeira opinião. Qualquer que seja o método utilizado, os profissionais devem estar conscientes da sua precisão e exatidão. 

As técnicas de pesquisa potenciais incluem análise química, densitometria, medição total da água corporal, absorciometria [incluindo absorciometria de raios X de dupla energia (DXA)], ultrassonografia, condutância elétrica e técnicas avançadas de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética). No ambiente clínico, há necessidade de métodos rápidos, baratos e não invasivos de medição da composição corporal. Os procedimentos quantitativos mais adotados incluem a medição do peso corporal e a morfometria (SHEPHERD, 2021; GERMAN et al., 2018).

No que concerne ao tratamento, em humanos, as opções terapêuticas atuais para a obesidade incluem manejo dietético, exercícios, modificação psicológica e comportamental, terapia medicamentosa e cirurgia. Muitas destas opções estão disponíveis para animais de companhia, embora não seja eticamente justificável considerar abordagens cirúrgicas. A terapia dietética constitui a base para o controle do peso em cães, mas o aumento do exercício e o controle comportamental constituem complementos úteis (PEARL et al., 2020).

Ainda conforme Pearl et al. (2020) recomenda-se que o protocolo de redução de peso seja adaptado a cada paciente. Embora a restrição energética total (fome) conduza com sucesso à perda de peso, tem as desvantagens de causar perda excessiva de proteína (e, portanto, de massa corporal magra) e exigir hospitalização para monitorização adequada. Portanto, é preferível utilizar dietas de redução de peso formuladas especificamente, que geralmente são restritas em gordura e energia, ao mesmo tempo em que são suplementadas em proteínas e micronutrientes. A suplementação de proteínas é importante porque a quantidade de tecido magro perdido é minimizada, mesmo que a perda de peso não seja mais rápida. A suplementação de micronutrientes garante que não surjam estados de deficiência 

Todavia, Salt et al. (2020) refere que a perda de peso saudável para cães é normalmente de 3 a 5% do peso corporal atual de um cão por mês, dependendo da idade, tamanho e condição do cão. A maioria dos cães atingirá o peso ideal dentro de seis a oito meses. Alguns cães podem precisar perder peso mais lentamente, enquanto outros podem reduzir o excesso de peso mais rapidamente.

Algumas estratégias eficazes para evitar que cães fiquem com sobrepeso ou obesos envolvem pedir auxílio ao médico veterinário um suporte na eleição do alimento mais adequado para animal, respeitando as necessidades nutricionais específicas de cada raça; realizar o controle da alimentação; estímulo para a prática de exercícios, entre outros (SALT et al., 2020).

Ademais, Pearl et al. (2020) acrescenta que embora os proprietários consideram frequentemente que a nutrição é primordial nos cuidados de bem-estar, podem estar relutantes em aceitar a obesidade como uma doença médica legítima que necessita de tratamento adequado e direcionado. Faz-se imperioso o aconselhamento dos proprietários de que a obesidade e os seus efeitos adversos anulam as estratégias dietéticas destinadas a promover a saúde e também fornecer recomendações baseadas em evidências.

5. CONCLUSÃO

A obesidade dos animais de estimação é atualmente uma preocupação crescente. Os fatores de riscos e complicações advindas dessa condição clínica entre os cães mostra-se bem estabelecida na literatura, o que demanda a necessidade de um olhar holístico por parte do proprietário para prevenir a ocorrência da obesidade em seus animais de estimação. Diferentes metodologias estão disponíveis para identificação da doença; e para, além disso, prevenir. É importante o reconhecimento não apenas por parte dos proprietários, como também dos médicos veterinários da obesidade, visto que, essa é uma patologia que afeta de forma significativa a qualidade de vida e longevidade.

Desse modo, ao compreender as causas, implementar estratégias de tratamento eficazes e adotar medidas preventivas, os proprietários de animais de estimação podem garantir que os mesmos tenham uma vida saudável com um peso ideal. Assim, um esforço colaborativo entre proprietários e veterinários é fundamental para resolver este problema prevalente e promover o bem-estar geral dos nossos queridos companheiros caninos.

REFERÊNCIAS

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