O USO INDISCRIMINADO DA CAFEÍNA E SEUS IMPACTOS FISIOLÓGICOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249121821


Nilva Cristina De Oliveira Siva
Fernanda Cristina Rocha Paulina
Aparecida Da Silva Miguel
Suellen Lobo De Sousa
Sulivan Vicente Pereira Lima
Margarete Da Costa Arrones
Fabiani Cristina Morilho


RESUMO

A cafeína é um dos estimulantes mais consumidos no Brasil, principalmente na forma de bebidas como o café e os refrigerantes/energéticos, porém, a maioria dos usuários dessa substância se preocupam somente com os efeitos imediatos que é proporcionado, como a redução do sono e o aumento da energia, não se atentando aos efeitos fisiológicos que o uso contínuo e em altas doses podem causar no organismo. No sistema nervoso, a cafeína pode acarretar problemas relacionados ao sono, cefaléia, abstinência e fatores psicossociais. Já no sistema cardiovascular, há alterações a níveis plasmáticos, séricos, hipertensivos e elevação da frequência cardíaca. O aumento do consumo de energéticos, pelos jovens, tem crescido exacerbadamente, sendo uma das principais bebidas em festas, com severos efeitos colaterais, como a intoxicação, arritmia cardíaca e óbito. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo geral analisar os fatores que influenciam o consumo da cafeína e seus principais efeitos colaterais. Esta pesquisa revelou através de uma análise da literatura os efeitos negativos quando consumido em grandes quantidade, sendo esses efeitos muito notórios no sistema nervoso central e cardiovascular, muito consumidos por jovens em festas e principalmente jovens universitários em período de provas.

Conclui-se que quando consumida a cafeína de forma moderada não causa efeitos nocivos quando comparada ao consumo exacerbado da substância.

Palavraschaves: cafeína, café, energético, sistema cardiovascular, sistema nervoso.

ABSTRACT

Caffeine is one of the most consumed stimulants in Brazil, mainly in the form of drinks such as coffee and soft drinks/energy drinks, however, most users of this substance are only concerned with the immediate effects it provides, such as reduced sleep and the increase in energy, not paying attention to the physiological effects that continuous use and in high doses can cause in the body. In the nervous system, caffeine can cause problems related to sleep, headache, withdrawal and psychosocial factors. In the cardiovascular system, there are changes in plasma, serum, hypertensive levels and an increase in heart rate. The increase in consumption of energy drinks by young people has grown sharply, becoming one of the main drinks at parties, with severe side effects, such as intoxication, cardiac arrhythmia and death. Therefore, the general objective of the work was to analyze the factors that influence caffeine consumption and its main side effects. This research revealed, through an analysis of the literature, the negative effects when consumed in large quantities, with these effects being very noticeable on the central nervous and cardiovascular system, widely consumed by young people at parties and especially young university students during exam periods.

It is concluded that when consumed in moderation, caffeine does not cause harmful effects when compared to excessive consumption of the substance.

Keywords: caffeine, coffee, energy drink, cardiovascular system, nervous system.

INTRODUÇÃO

A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central que é encontrada em diversas formas de consumos sendo os principais: café, chás, chocolates e em níveis mais concentrados nas bebidas energéticas, com seus efeitos potenciais no sistema cardiovascular que desencadeia taquiarritmias, excitabilidade atrial e até relatos de hospitalização e morte súbita, devido a toxicidade (ALMEIDA & MOREIRA, 2013).

O hábito de tomar café está enraizado na cultura portuguesa desde o século XVIII, com uma tradição passada de pais para filhos e entre amigos, sendo a influência dos pais e do grupo social, um fator que estimula o início do consumo da cafeína (ALMEIDA, 2015).

No sistema nervoso central, gera insônia, concentração, reflexos mais rápidos, diminuição da fadiga e aumento da capacidade motora, atuando ainda no neurotransmissor dopamina que é responsável pela sensação de prazer nos indivíduos, o que pode desencadear vício. A cafeína age atrapalhando a ação dos receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA), que é o neurotransmissor regularizador do estresse e da frequência cardíaca (PINA, 2021).

Há uma complexidade nos componentes químico da cafeína, e seus efeitos não estão totalmente descrito, mas, sabe-se que o uso moderado em pessoas saudáveis não acarreta problemas na saúde, porém, em contrapartida, o consumo excessivo traz efeitos negativos, tais como: taquicardias, palpitações, insónias, ansiedade, cefaleias e perda de massa óssea (ALMEIDA, 2015).

Os jovens e adolescentes estão mais suscetíveis a ingestão da cafeína devido ao fato de querer imitar as condutas dos adultos ao tomarem café, e, até mesmo, relacionarem atividades prazerosas à cafeína, ao consumirem energéticos, tendo como consequência a dependência da cafeína, podendo desencadear crises de ansiedade e até mesmo depressão (CARVALHO, 2018).

O consumo da cafeína é ainda mais comum em pessoas tabagistas, isso ocorre pela potencialização do poder da cafeína em tabagistas e por um fator genético, podendo tornar essa substância ainda mais perigosa (ALCÂNTARA, 2018).

O objetivo deste projeto é apresentar em sua estrutura os principais fatores que influenciam o consumo da cafeína e os possíveis efeitos colaterais, devido ao consumo constante e exacerbado dessa substância.

METODOLOGIA

Para identificar as evidências, foi conduzida uma revisão sistemática da literatura com enfoque nas questões “Quais os fatores que levam o indivíduo a consumir a cafeína?” e “Quais os efeitos que a cafeína causa no organismo?”.

Para isso, foram utilizadas múltiplas etapas, inicialmente com a leitura dos títulos, seguida pela leitura dos resumos e, por último, a leitura completa dos artigos selecionados

Tendo como critérios de inclusão estudos originais publicados em português com limitadores temporais de publicações realizadas nos últimos 10 anos e análises realizadas em seres humanos de forma isolada e não combinadas com demais substância. O período de busca dos artigos foi realizado entre março e maio de 2023.

Foram identificados o total de 44 artigos, sendo que 22 foram na base de dados Scielo, 19 na Lilacs e 03 na BDENF. Após exclusão de 30 artigos, sob critérios de inclusão, foram selecionados 14 artigos, realizada a leitura na íntegra e a inclusão na revisão.

Os processos de busca e seleção são apresentados na figura 1, utilizando o fluxograma.

RESULTADOS

Os principais dados extraídos dos artigos incluídos estão resumidos no quadro 1, sendo todos confeccionados no Brasil, limitando-se ao idioma portugues. Os resultados da revisão da literatura indicaram que existe relação entre o consumo excessivo de cafeína à complicações e/ou desenvolvimento de doenças.

Quadro 1 – Características gerais dos estudos incluídos na revisão de literatura. Lins/SP, 2023.

,

As conclusões mostraram que oito estudos abordaram problemas no sistema cardiovascular como uma das principais complicações da cafeína para quem a consome ( 2, 4, 6, 7, 8, 9, 12, 13). Três estudos mencionaram que a cafeína influencia no sistema nervoso, podendo causar um impacto prejudicial (6, 12, 14).

Quanto aos motivos dessa ingestão excessiva de cafeína, quatro estudos relataram que o principal fator é o efeito estimulante, ativando a concentração, diminuindo a sonolência, consequentemente, aumentando a produtividade, seja para fins de estudos, trabalho e/ou festas ( 1, 10, 11, 14).

DISCUSSÃO

Apesar de não existirem evidências de que a ingestão de cafeína, em doses moderadas (300 mg/dia), seja prejudicial à saúde de um indivíduo sem nenhum tipo de doença, os resultados da revisão da literatura apontaram que seu consumo em quantidades exacerbada e indiscriminada, induz ao aumento de chances em obter doenças cardiovasculares, diabetes entre outras.

Os resultados mostraram que dez estudos abordaram a influência negativa da alta concentração dessa substância no organismo, sendo hipertensão, problemas cardiovasculares, dependência, intoxicação e qualidade de sono como as principais complicações sendo constatado que o consumo de cafeína acarretou um pequeno aumento da estimulação simpática, principalmente durante o período de sono (ALMEIDA, 2013. MIRANDA, 2013. BIANCO, 2015. CARVALHO, 2018. CAZÉ, 2010.LIMA, 2010. MEZACASA, 2021. PINA, 2021. RUIZ, 2013. SOARES, 2022).

Além do mais, é visto que a cafeína tem sido cada vez mais consumida sob a forma de energético, sendo um estimulante do sistema nervoso central. O uso da cafeína pode ser exposto como um acréscimo da habilidade de atenção, diminuição do cansaço e melhor qualidade no ato de execução de exercícios físicos. No entanto, a sua utilização pode causar alterações no domínio motor e no sono, assim como acarretar quadros de irritabilidade em indivíduos que possuem episódios de ansiedade (PINA, 2021).

Apesar do café ser a bebida mais consumida contendo a cafeína, o consumo do energético tem crescido aceleradamente, sendo umas das principais bebidas de jovens, em festas, com ingestão de três ou mais unidades em um curto período de tempo, tendo como consequência o desenvolvimento de arritmias cardíacas, inclusive relatos de hospitalizações e mortes súbitas pela sua toxicidade (ALMEIDA, 2013).

Estudos apontam que a maior parte dos indivíduos que fazem uso da cafeína como forma de estimulante energético são estudantes universitários, com o adendo de que 50% pertencem a carreiras na área das ciências da saúde (MENDEZ, et al. 2019).

ALCANTARA (2015), realizou uma pesquisa com estudantes, onde a maior parte dos participantes, cerca de 66%, afirmaram ingerir grande quantidade de cafeína em períodos próximos a provas e trabalhos.

Sendo assim, o embasamento é favorável ao artigo onde relata que a cafeína é frequentemente usada em situações de sonolência para produzir efeito estimulante e aumentar o rendimento acadêmico (SOARES, 2022).

A cafeína tem uma meia-vida de 3 a 7,5 horas no organismo humano até ser eliminada, no entanto, sabe-se que a nicotina estimula a metabolização da cafeína, levando a redução de sua meia-vida e eliminação, sendo assim, explica-se o fato de tabagistas consumirem mais cafeína, em diversos tipos de alimentos e/ou bebidas, quando comparados aos não tabagistas (ALMEIDA, 2013).

Tal substância tende a ser mais consumida devido ter um valor relativamente barato e de fácil acesso, porém, a população em geral visa somente os efeitos benéficos para o momento, e pouco conhece os possíveis efeitos nocivos à longo prazo (PINA, 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse contexto, é notório que a cafeína repercute na vida humana de uma forma negativa, quando consumida em grandes quantidades, tendo em vista que a maioria dos estudos analisados demonstram mais efeitos no sistema nervoso e cardiovascular.

No sistema nervoso a cafeína age fazendo com que o indivíduo fique em estado de alerta por mais tempo, o que leva muitos universitários, principalmente em períodos de provas, consumirem ainda mais essa substância acarretando fisiologicamente em problemas relacionados ao sono, cefaléia, abstinência e fatores psicossociais.

Em relação às análises dos fatores cardiovasculares, demonstram alterações a níveis plasmáticos, séricos, hipertensivos e elevação da frequência cardíaca.

Vale ressaltar o aumento do consumo de energético, pelos jovens, que ocasiona severos efeitos colaterais, podendo ir de uma arritmia cardíaca até uma possível morte súbita por intoxicação.

Portanto, observa-se o efeito inócuo dessa substância quando consumida de forma moderada e equilibrada, e em contrapartida, os efeitos nocivos do consumo demasiado da cafeína. Sendo assim, torna-se considerável a importância da transmissão de informação em rede de telecomunicações, redes sociais, palestras entre outros meios de comunicação, além de ações educativas, voltadas principalmente aos jovens, quanto aos efeitos nocivos que o uso indiscriminado da cafeína pode resultar no corpo humano. Assim como a realização de ações de enfermagem continuadas a fim de promover uma conscientização da população em relação ao risco do abuso da cafeína.

REFERÊNCIAS

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