REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102412230919
Michele Teixeira Crestani Xavier
Leidiane Fernandes Moreira
Kátia Ribeiro dos Santos Silva
Introdução
Este estudo aborda o uso do celular pelos estudantes mediante ao fato de termos hoje em dia uma enorme variedade de aparatos tecnológicos. Aborda sua funcionalidade como ferramenta pedagógica e também o uso indevido dos mesmos que podem gerar prejuízos diversos.
De acordo com Alfano (2024) em sua publicação para a revista digital do O Globo, no cenário atual o uso de internet segundo a pesquisa é popularizado. Na população brasileira cerca de 93% entre 9 e 17 anos usam a internet, poucos responsáveis se preocupam em restringir o acesso a sites ou a aplicativos. A temática sobre o uso ou regras mínimas não são instaladas o acesso a esse reforçador potencial é deliberado e viciante, o que impossibilita gerar pensamentos críticos e cuidadosos com disciplina.
A supervisão parental é uma ferramenta não apenas de proteção, mas de construção de discernimento digital das crianças (FERNANDEZ & CORRÊA, 2024). Além disso, estudos no campo da psicologia infantil indicam que crianças supervisionadas tendem a apresentar maior autocontrole e compreensão dos riscos digitais, se comportam cuidadosamente quando fazem pesquisas na internet. Dessa forma, a supervisão torna-se um meio pelo qual os pais podem ajudar a estabelecer um comportamento mais assertivo em relação ao uso de tecnologias.
Este estudo se justifica diante do fato de que os diversos aparatos tecnológicos acabaram por modificar as formas de comunicação e até mesmo de estudo e pesquisa. Assim, realizou-se uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório.
DESENVOLVIMENTO
Nos dias atuais as inovações tecnológicas estão presentes constantemente em nosso dia-a-dia, os aparatos tecnológicos facilitam muitas de nossas tarefas diárias e chegam até a transformar os modos de trabalho e até mesmo as nossas relações pessoais, hoje podemos conversar com pessoas no mundo inteiro por meio da tecnologia, o que antes era impossível. As relações sociais online crescem de modo vertiginoso enquanto as relações interpessoais diminuem em enorme proporção. Como afirma (LOPES,2017, p. 53)
“…hoje a tecnologia tem estado cada vez mais presente na vida das pessoas, sobretudo na dos jovens, que já nasceram nessa nova era das máquinas inteligentes, cujo propósito é facilitar, de forma bastante diversificada, a comunicação, interação social, estudo, pesquisa e trabalho de seus usuários”.
Na sociedade atual é normal ver os adolescentes dentro de seus quartos envolvidos nas mais variadas redes sociais, colecionando likes. E é aí que precisamos atentar para que o indivíduo não pense que esta é a única forma de se relacionar, pois a mesma pode se tornar vulnerável no momento em que torna o espaço propício para o isolamento social, e isso pode dizer a respeito de colegas e também da família, pois a alienação gerada pelo uso excessivo das tecnologias de comunicação pode dificultar até mesmo a aproximação entre pais e filhos.
O contato com a tecnologia acontece cada vez mais cedo em nosso meio, muitas crianças já interagem com as telas antes mesmo de andar e falar, pois muitos pais deixam seus celulares com elas para que se distraiam ou fiquem quietas. A tecnologia tem seu lado valioso, mas é preciso ficar em alerta e tomar certos cuidados pois precisamos atentar para o momento certo de despertarmos o interesse pelas tecnologias digitais nas crianças e é preciso analisar riscos e benefícios dessa relação: criança e tecnologia. É fundamental promover um ambiente seguro, atentar para que este não seja o único meio de interações sociais da criança e evitar a possível dependência da tecnologia.
Visto que é quase impossível separar as crianças do ambiente digital, o acompanhamento dos pais precisa ser eficaz, como impor limites, estabelecer uma quantidade de horas de navegação, monitorar o conteúdo acessado mostrando a criança que há regras de segurança e que estas existem para serem seguidas para seu próprio benefício. É preciso deixar claro e estabelecer uma relação de confiança para que em caso de necessidade a criança possa recorrer ao seu responsável.
“Assim, frente a este cenário emergente, é imprescindível a necessidade de participação e acompanhamento dos pais, professores e comunidade escolar na orientação dos jovens quanto ao uso de tais tecnologias, sobretudo pela oportunidade de transformá-lo em um forte aliado na educação de seus usuários, associando-o ao processo de aquisição de conhecimento, de forma que o estudante consiga ainda melhorar ou desenvolver novas habilidades cognitivas através do contato com os recursos aplicativos e midiáticos que essa tecnologia pode oferecer” (LOPES, 2017, p 56) .
Na era digital, o acesso permissivo quanto ao uso da internet por crianças e adolescentes tornou-se uma prática cotidiana, proporcionando uma gama de possibilidades de aprendizado, socialização e entretenimento. No entanto, o uso da internet por crianças, sobretudo na faixa etária dos 9 aos 11 anos, sem supervisão parental levanta preocupações sobre a segurança e o desenvolvimento infantil. A confiança de muitos pais na segurança digital para seus filhos é um contraponto aos riscos que os ambientes digitais podem representar, como exposição a conteúdos impróprios que podem prejudicar o desenvolvimento sociocomportamental dessas crianças.
É importante refletir sobre o uso da internet na contemporaneidade já que os avanços tecnológicos estão em contínua atualização. Pensando em pontos relevantes a considerar como o uso sem supervisão e o acesso a diversos tipos de pessoas com diferentes modos de pensar e se comportar, o uso deliberado revela a vulnerabilidade na formação de cidadãos que podem ser expostos a uma compreensão/exposição de situações que podem ser limitantes e prejudiciais.
Utilizando a contextualização do Gardner (2007) e exemplificando, a mente ética, é essencial para uma interação digital saudável e segura, depende de um acompanhamento que esclareça às crianças a importância da privacidade e do respeito a si mesmas e aos outros. Sem a supervisão dos pais, as crianças não podem receber o direcionamento necessário para internalizar esses valores, impactando a formação de um senso de responsabilidade social.
Pais e educadores desempenham um papel cúspide no desenvolvimento das competências digitais das crianças. Ao monitorar e orientar o uso da internet, eles podem ajudar as crianças a desenvolver um entendimento crítico sobre o conteúdo que acessam e as interações que realizam. Segundo Gardner, a mente disciplinada e ética não se formam isoladamente, os comportamentos são formados através de um direcionamento que apontam o desenvolvimento pessoal de cada um.
A falta de acompanhamento na utilização de tecnologias digitais concebe um grande obstáculo para o cultivo de uma mente disciplinada e ética.
Com frequência, a falta de orientação e supervisão no uso de aparelhos eletrônicos pode resultar em comportamentos prejudiciais, o que contribui para a formação de hábitos impróprios e desconsideração pelas normas e valores éticos. É fundamental abordar essa questão a fim de promover uma relação saudável e responsável com as tecnologias digitais. (PRAXEDES et al.2023).
No contexto atual, caracterizado pela disseminação de tecnologias digitais e pela conectividade crescente, o desenvolvimento dessas duas mentes torna-se ainda mais complexo e, ao mesmo tempo, crucial. A falta de supervisão, muitas vezes presente no uso de tecnologias digitais, pode potencializar desafios para a formação de uma mente disciplinada e ética, uma vez que a autonomia e o acesso irrestrito às informações na internet exigem habilitação e direcionamento prático crítico e reflexivo.
No uso de tecnologias digitais, é necessário que os indivíduos adquiram habilidades que vão além da mera absorção de informação, você será capaz de selecionar conteúdos de fontes confiáveis, aplicando critérios metodológicos para a análise das informações encontradas. Sem supervisão, o risco de superficialidade e dispersão aumenta, pois a internet oferece infinita probabilidade de informações muitas vezes não verificadas ou de qualidade questionável.
Em Skinner, um pensador contemporâneo que estudou o comportamento humano de acordo com Arruda (2024) é possível pensarmos em um conceito que propõe recompensas e consequências (positivas ou negativas) em ambiente de condicionamento operante (ambiente onde a criança vive), sendo modelado aos longos estímulos reforçadores ou punições dadas como consequência para um comportamento emitido.
Praticando essa teoria, ao supervisionar o uso de tecnologia, os pais ajudam as crianças a aprender quais comportamentos são aceitáveis e seguros no ambiente digital. Sempre que os pais incentivam comportamentos desejados por meio de recompensas, como o uso responsável da internet, ou impõem consequências para comportamentos inadequados, eles estão, de acordo com o ponto de vista de Skinner, moldando o comportamento da criança. Portanto, essa supervisão é uma maneira pela qual os pais podem modelar comportamentos assertivos em relação ao uso da tecnologia, criando um ambiente no qual as crianças podem desenvolver controle inibitório e emitir comportamentos de acordo com o que a família modelou como correto (SOUZA, 2023).
Segundo Araújo & França- Carvalho (2024) a fim de evitar que a independência e o acesso ilimitado à informação na internet se transformem em fontes de desinformação e manipulação, é essencial promover o desenvolvimento de habilidades críticas e reflexivas na prática. As pessoas devem ser capazes de validar fontes, questionar narrativas e identificar tendenciosidades, o que contribui para a formação de mentes capazes de discernir entre o que é ético e disciplinado e o que não é, diante da vasta quantidade de informações disponíveis no ambiente digital.
A tecnologia tem seus benefícios pois pode auxiliar no desenvolvimento do pensamento cognitivo e também estratégico da criança. Diante do novo mundo que se abriu é importante colocar as crianças em cursos envolvendo tecnologias, como exemplo: programação e robótica, pois eles incentivam o pensamento criativo, desenvolvem o raciocínio lógico e fortalecem a autonomia.
Torna-se importante também que a escola oriente no que tange a educação digital e faça uso da tecnologia de forma pedagógica, oferecendo orientações adequadas sobre o uso de diversas plataformas. Segundo (LOPES, 2017 p.54), “torna-se fundamental para os professores, sobretudo aos profissionais de línguas e comunicação, propiciar tais experiências em sala de aula”. Saindo assim, do ensino tradicional, visando otimizar a aprendizagem e aumentando o engajamento dos alunos, pois há jogos virtuais que promovem o aprendizado tanto pelo uso das ferramentas como pela compreensão de regras e estratégias para que os objetivos sejam alcançados de modo divertido e interativo.
Nesta abordagem a escola estará fazendo uso do método lúdico que de acordo com Vygotsky, é uma necessidade básica humana que contribui para o desenvolvimento integral da criança, visto que o brincar gera um espaço de pensamento que permite a criança avançar no seu raciocínio, desenvolver habilidades e conhecimentos. De acordo com LOPES (2017 p. 12):
“Vygotsky (1996), em sua teoria de aprendizagem, defende que o desenvolvimento cognitivo do aluno ocorre por meio da interação social, isto é, de seu contato com outros indivíduos e também com o meio em que está inserido. A aprendizagem é vista como uma experiência social, mediada pelo uso de instrumentos e signos, conforme os conceitos utilizados pelo próprio autor. Neste sentido, o professor deve mediar o processo de aprendizagem, fazendo uso de estratégias que possam levar o aluno a tornar-se independente e que também estimulem o conhecimento potencial, propiciando, assim, a frequente criação de uma nova ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal).”
O uso de metodologias ativas por parte da escola acaba por superar o paradigma da educação tradicional que tem o professor como o único detentor do saber e que vai distribuir este para o seu aluno passivo que está ali para receber o conteúdo apenas. Tendo a educação um caráter autoritário.
Ao colocar o aluno como sujeito do processo de aprendizagem e sendo autor do seu processo o aluno alcança seu pleno desenvolvimento conforme sugere a LDB 9394/96 em seu artigo 29. O uso de metodologias ativas tem base em pressupostos teóricos como a contínua reconstrução da experiência de John Dewey, a autonomia e a construção de conhecimentos de Paulo Freire e também o papel ativo do sujeito no construtivismo de Piaget e a aprendizagem por meio da interação social que é preconizada por Vygotsky. De acordo com LOPES, 2017, p.58).
“Assim, a utilização de novas estratégias de ensino é fundamental para a motivação e a interação do aluno com o meio em que vive, porque lhe permite vivenciar novas experiências de aprendizagem, oportunizando melhores resultados na construção do seu conhecimento.”
Atualmente o processo de ensino aprendizagem busca o desenvolvimento da autonomia da criança e sua habilidade na tomada de decisões, o que acontece quando a criança procura uma informação e compreende o sentido da independência passando assim a resolver problemas sozinha.
Ao mencionar o papel da escola neste texto, nos remetemos às reflexões de Harari (2018) que sugere a criação de um ambiente de ensino dinâmico tanto quanto o mundo ao nosso redor, um ambiente que prepare os alunos para serem cidadãos conscientes e adaptáveis, capazes de contribuir com soluções para os problemas globais, Harari menciona ainda, a necessidade de o ensino ir além de fatos e de técnicas, priorizando o desenvolvimento do pensamento crítico e adaptabilidade, que é essencial para atuar neste mundo em constante transformação. Ele sugere ainda uma abordagem interdisciplinar que combine ciência, tecnologia, artes e humanidades, estimulando uma visão holística e global. Harari considera o professor do futuro como um elemento chave que fará a junção entre o conhecimento do passado e as possibilidades do futuro fazendo da educação um meio que atenda as várias necessidades de um mundo em constante mudança. Harari acredita que o professor do futuro precisa ser um facilitador no processo de aprendizagem, e estar adaptado às mudanças geradas pelo mundo moderno.
Ainda hoje, muitos professores não fazem uso do celular como recurso didático em sala de aula e se dizem contra o uso do aparato, isto devido ao fato de considera-lo como um meio de distração e dispersão dos estudantes. Porém esta justificativa deixa de ser validada quando o professor realiza a conscientização dos estudantes sobre o uso responsável do aparelho celular nas atividades escolares.
É possível sim que haja usos indevidos dos celulares pelos alunos, a partir do momento em que não se realizou uma conscientização dos mesmos, para que saibam dos benefícios e também das consequências que podem ser geradas pelo mau uso dos aparatos tecnológicos. É preciso trabalhar as questões acerca do uso indevido do celular, mencionando fatos cotidianos que muitas vezes chegam a ser considerados atos criminosos.
O tema tomou grande importância em nossa sociedade, fazendo com que a Comissão de Educação propusesse um projeto de lei que proíbe o uso do telefone celular e demais aparelhos tecnológicos portáteis nas escolas. No entanto, essa lei também autoriza o uso dos celulares para fins estritamente pedagógicos, para acessibilidade, inclusão e condições médicas. O que nos remete mais uma vez a necessidade de conscientização quanto ao uso consciente dos aparelhos tecnológicos.
CONCLUSÃO
O uso dos aparatos tecnológicos já é uma realidade em nossa sociedade seja dentro ou fora das escolas brasileiras e também em outras escolas ao redor do mundo. Os aparelhos tecnológicos diante de sua praticidade proporcionam grandes possibilidades de uso como ferramenta pedagógica. O uso do celular de modo pedagógico ainda gera discussões pois nem todos acreditam que haja um impacto positivo na educação com seu uso. No entanto, com a evolução do mundo atual, faz-se necessário uma conscientização quanto aos benefícios dessa tecnologia que quando bem utilizada, pode sim trazer benefícios aos nossos estudantes, visto que hoje são aparelhos de informação e se aliarmos a aprendizagem teremos uma educação mais atual e precisamos lembrar que o aluno atual precisa de algo a mais que o quadro e o giz para se atentar a aula. É preciso inovar nas propostas pedagógicas e que estas contem com o uso dos aparelhos celulares para que haja atenção plena desses alunos.
A confiança excessiva de pais na segurança da internet e a permissão de uso sem supervisão por crianças de 9 a 11 anos expõem lacunas significativas na mediação da educação digital. Ao contrapor a teoria de Skinner sobre comportamento com a perspectiva de desenvolvimento de habilidades proposta por Gardner, conclui-se que a supervisão é essencial para o desenvolvimento ético e responsável das crianças e adolescentes.
A formação de habilidades críticas para o futuro depende de uma presença interventiva ativa de pais e educadores que, por meio de orientações regulares e de uma vigilância cuidadosa e responsável, que auxilie as crianças a construir um comportamento digital seguro e ético.
REFERÊNCIAS
Alfano, B. Pesquisa: pais acreditam que filhos estão seguros na internet, e metade das crianças de 9 e 10 anos usa sem supervisão. O Globo, 2024 Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/noticia/2024/10/23/pesquisa-pais-acreditam-que-filhos-estao-seguros-na-internet-e-metade-das-criancas-de-9-e-10-anos-usa-sem-supervisao.ghtml. Acesso em 26/10/2024
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