O USO DO APLICATIVO BOOMERANG COMO DISPOSITIVO PEDAGÓGICO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411182221


Vitor Hugo Monteiro Alves
Wellinson Monteiro Nascimento
Leonardo Zenha Cordeiro


RESUMO

Este trabalho científico investiga as potencialidades pedagógicas dos aplicativos digitais para a avaliação funcional de movimento no ensino-aprendizagem da Educação Física, com foco no uso do aplicativo Boomerang em escolas de Ensino Médio em São Luís/MA. O estudo adota uma abordagem qualitativa baseada na ciberpesquisa-formação, coletando dados qualitativos por meio de entrevistas, questionários e observações participantes. Os resultados revelam que a integração do Boomerang nas aulas de Educação Física aumentou significativamente o engajamento e a motivação dos alunos. A tecnologia permitiu uma autoavaliação detalhada e feedback em tempo real, promovendo a conscientização corporal e o desenvolvimento motor dos estudantes. Além disso, o uso do aplicativo demonstrou ser eficaz na prevenção de lesões, fornecendo análises precisas e permitindo correções imediatas de movimentos inadequados. Embora a pesquisa enfrente desafios relacionados à infraestrutura tecnológica nas escolas, a formação contínua dos professores e o uso estratégico dos recursos disponíveis mostraram-se fundamentais para a implementação bem-sucedida das tecnologias digitais. As conclusões do estudo sugerem que a adoção de aplicativos como o Boomerang pode transformar as práticas pedagógicas na Educação Física, tornando-as mais dinâmicas, inclusivas e voltadas para o desenvolvimento integral dos alunos. Este trabalho contribui para o campo da Educação Física ao propor diretrizes para a integração eficaz de tecnologias digitais no ensino, promovendo uma educação mais crítica, inovadora e adaptada às necessidades contemporâneas. As implicações deste estudo destacam a importância de um esforço coletivo para aprimorar as práticas educacionais, envolvendo educadores, gestores e formuladores de políticas públicas no objetivo de promover uma educação física mais eficaz e transformadora.

Palavras-chave: Educação Física; Avaliação de Movimento; Boomerang; Tecnologias Digitais.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a tecnologia tem se tornado uma aliada fundamental no processo de ensino-aprendizagem, especialmente em áreas que demandam criatividade e interação, como a Educação Física. O uso de aplicativos e plataformas digitais oferece novas possibilidades para engajar os alunos, diversificar as atividades e promover um aprendizado mais significativo (SILVA; ALMEIDA, 2022). Dentre essas ferramentas, destaca-se o aplicativo Boomerang, que permite criar vídeos curtos em loop, proporcionando uma abordagem dinâmica e divertida para o ensino de conceitos relacionados ao movimento e à prática esportiva.

A Educação Física escolar, conforme ressaltado por Pimenta (2023), deve transcender a mera prática de atividades físicas, visando também o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas. Nesse sentido, o Boomerang pode ser explorado como um recurso pedagógico que estimula a criatividade dos alunos ao registrar suas performances e interações durante as aulas. Além disso, a utilização deste aplicativo pode favorecer a reflexão crítica sobre os movimentos realizados, incentivando os estudantes a analisarem suas posturas e técnicas.

Estudos recentes indicam que o uso de tecnologias digitais no ambiente escolar contribui para aumentar a motivação dos alunos e melhorar o desempenho acadêmico (MARTINS; SOUZA, 2023). Portanto, este artigo tem como objetivo analisar o impacto da utilização do aplicativo Boomerang como recurso pedagógico nas aulas de Educação Física, visando compreender suas contribuições para a aprendizagem e motivação dos alunos, bem como identificar práticas que possam potencializar sua eficácia no ambiente escolar. A fim de contribuir para o alcance desse objetivo, estabeleci os seguintes objetivos específicos:

  • Examinar as percepções dos alunos sobre o uso de tecnologias digitais na prática da Educação Física e como elas influenciam suas atitudes em relação à atividade física e à saúde.
  • Analisar as dificuldades e limitações enfrentadas na implementação dos aplicativos em um contexto escolar com infraestrutura tecnológica precária.
  • Propor diretrizes para a integração de aplicativos na Educação Física, visando uma abordagem mais inclusiva e que respeite as especificidades dos alunos em diferentes contextos.

É nesse contexto que surge a necessidade de investigar o impacto específico do aplicativo Boomerang nas aulas de Educação Física. O Boomerang, conhecido por suas funcionalidades avançadas de análise de movimento e feedback em tempo real, tem o potencial de revolucionar a maneira como os alunos interagem com as atividades físicas e se desenvolvem nesse ambiente. Portanto, a questão que se coloca é: como a utilização do aplicativo Boomerang pode impactar a aprendizagem e a motivação dos alunos nas aulas de Educação Física?

Essa problemática direciona nossa investigação para compreender os benefícios e desafios associados à integração desta ferramenta digital nas práticas pedagógicas, especialmente no contexto das escolas de Ensino Médio em São Luís/MA. A questão proposta se justifica pela necessidade de investigar a eficácia de ferramentas tecnológicas no contexto educacional, especialmente em disciplinas como a Educação Física, onde o engajamento dos estudantes é crucial para o desenvolvimento das habilidades motoras e sociais. O Boomerang, como um aplicativo que permite a produção de vídeos em loop, oferece uma abordagem inovadora para capturar e analisar movimentos, promovendo uma forma lúdica e interativa de aprendizado.

Além disso, a motivação dos alunos é um fator determinante para o sucesso das atividades escolares. A literatura aponta que o uso de tecnologias digitais pode aumentar o interesse dos estudantes e facilitar a compreensão de conceitos complexos (MARTINS; SOUZA, 2023). Portanto, ao explorar como o Boomerang pode ser integrado nas aulas de Educação Física, é possível não apenas avaliar seu impacto na aprendizagem dos alunos, mas também identificar estratégias que promovam um ambiente mais colaborativo e dinâmico.

Essa investigação se torna ainda mais relevante diante do cenário atual da educação, onde as práticas pedagógicas precisam se adaptar às novas realidades tecnológicas e às expectativas dos alunos contemporâneos. Assim, entender o papel do Boomerang nesse contexto pode contribuir para a formação de professores mais preparados e para um ensino mais eficaz e envolvente.

A pesquisa de Pereira e Lima (2022) também sugere que a adoção de aplicativos educacionais pode transformar as aulas de Educação Física, tornando-as mais dinâmicas e envolventes. Assim, investigar como o aplicativo Boomerang pode impactar a aprendizagem e a motivação dos alunos nas aulas de Educação Física é essencial para desenvolver práticas pedagógicas que sejam não apenas inovadoras, mas também alinhadas com as demandas e realidades do século XXI. Essa abordagem pode levar a um ensino mais eficaz e envolvente, promovendo a autonomia, o empoderamento e o desenvolvimento crítico dos estudantes.

REVISÃO LITERÁRIA

A Educação Física no ensino médio desempenha um papel fundamental no desenvolvimento integral dos alunos, promovendo não apenas a aptidão física, mas também aspectos sociais e emocionais. Para isso, é essencial entender algumas áreas-chave: desenvolvimento biológico, movimentos funcionais, prevenção de lesões, tecnologias digitais e engajamento dos alunos.

O desenvolvimento biológico dos adolescentes é um fator crítico a ser considerado nas aulas de Educação Física. Durante essa fase, os indivíduos passam por diversas mudanças físicas e hormonais que influenciam sua capacidade de realizar atividades físicas. Segundo Malina e Bouchard (2020), o crescimento e a maturação afetam diretamente a força muscular, a coordenação motora e a resistência cardiovascular. Uma compreensão aprofundada dessas mudanças permite que educadores adaptem suas abordagens pedagógicas para atender melhor às necessidades dos alunos.

Durante o ensino médio, os estudantes passam por importantes mudanças biológicas que influenciam suas capacidades físicas e motoras. Essas mudanças são fundamentais para a adaptação das atividades físicas e pedagógicas às suas necessidades específicas. Segundo Gallahue e Ozmun (2005), a compreensão dessas mudanças é crucial para promover um desenvolvimento equilibrado e saudável.

Já durante a adolescência, ocorrem mudanças significativas no sistema musculoesquelético, como o aumento da massa muscular e a densidade óssea. Essas mudanças são essenciais para o desenvolvimento da força e da coordenação motora, que são fundamentais para atividades físicas e esportivas. Alves (2007) destaca que o treinamento funcional pode ser particularmente benéfico para adolescentes, contribuindo para o fortalecimento ósseo e muscular.

Para atender às necessidades específicas dos adolescentes, é importante que as aulas de Educação Física sejam adaptadas às suas capacidades e ao seu desenvolvimento biológico. Segundo Santos e Bartholomei (2017), a abordagem pedagógica deve considerar as concepções espontâneas dos estudantes sobre a evolução biológica e trabalhar para corrigir equívocos comuns, promovendo um entendimento mais profundo e integrado dos conceitos biológicos.

A partir disto, podemos entender os movimentos funcionais como aqueles que imitam as atividades cotidianas e são essenciais para o desenvolvimento motor e físico dos adolescentes. De acordo com O’Sullivan et al. (2021), a prática de movimentos funcionais não apenas melhora a força e a flexibilidade, mas também contribui para habilidades motoras fundamentais que são transferíveis para outras atividades esportivas e recreativas. Incorporar exercícios funcionais nas aulas de Educação Física pode aumentar a eficácia do aprendizado motor e promover uma vida ativa e saudável.

Os movimentos funcionais são essenciais para a notoriedade acerca do desenvolvimento físico e motor dos estudantes do ensino médio, pois promovem a coordenação, força e flexibilidade necessárias para atividades cotidianas e esportivas. Segundo Gallahue e Ozmun (2005), a compreensão desses movimentos é crucial para adaptar as atividades físicas às necessidades e capacidades dos adolescentes, promovendo um desenvolvimento equilibrado.

A implementação de treinamentos funcionais nas aulas de Educação Física pode proporcionar benefícios significativos, como a melhoria da composição corporal e a redução do risco de lesões esportivas. Alves (2007) destaca que exercícios de resistência isométrica são particularmente benéficos para adolescentes pós-púberes, contribuindo para o fortalecimento ósseo e muscular. Além disso, a integração de movimentos funcionais nas aulas pode aumentar o engajamento dos alunos, tornando as atividades mais dinâmicas e interativas. Bruno Bezerra (2015) sugere que a prática de movimentos funcionais, quando relacionada aos conteúdos da cultura corporal, como dança, ginástica e esportes, pode proporcionar aos alunos um acervo motor variado e contextualizado.

Quando abordamos acerca da prevenção de lesões, que é uma preocupação primordial na Educação Física, especialmente em adolescentes que estão em fase de crescimento. Estudos indicam que a educação sobre práticas seguras e o fortalecimento muscular podem reduzir significativamente o risco de lesões (Raske & Norlin, 2020). Programas que incluem aquecimento adequado, alongamento dinâmico e fortalecimento específico são fundamentais para preparar os alunos para as demandas físicas das atividades (Snyder & Kivlin, 2020). A implementação dessas práticas não só promove um ambiente seguro, mas também ensina os alunos sobre a importância do autocuidado.

Trazendo para a aplicabilidade do Boomerang, que é um dispositivo de captura de imagens inovador, tem se mostrado uma ferramenta valiosa para a prevenção de lesões em estudantes do ensino médio. Segundo Rebelo et al. (2023), a utilização de tecnologias como o Boomerang pode fornecer dados precisos e em tempo real sobre o movimento dos alunos, permitindo uma análise detalhada de suas técnicas e posturas durante atividades físicas.

O Boomerang utiliza câmeras de alta velocidade para capturar imagens em alta resolução, permitindo a identificação de movimentos inadequados que podem levar a lesões. Essas imagens podem ser analisadas por professores e especialistas em educação física para identificar e corrigir erros de técnica, reduzindo assim o risco de lesões. A prevenção de lesões é um dos principais benefícios do uso do Boomerang em aulas de Educação Física. Ao fornecer feedback imediato sobre a postura e a técnica dos alunos, o dispositivo ajuda a corrigir problemas antes que eles se tornem lesões graves. Segundo Zadeh et al. (2020), a utilização de tecnologias de monitoramento, como o Boomerang, pode identificar fatores de risco de lesões e permitir intervenções direcionadas para preveni-las.

A integração do Boomerang nas aulas de Educação Física pode transformar a forma como os alunos aprendem e praticam atividades físicas. Segundo Taylor et al. (2020), o uso de dispositivos de captura de movimento pode aumentar o engajamento dos alunos e promover um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e interativo. As tecnologias digitais têm se tornado ferramentas valiosas na educação contemporânea. No contexto da Educação Física, aplicativos como o Boomerang podem ser utilizados para capturar movimentos em tempo real, permitindo que os alunos visualizem suas ações e reflitam sobre elas (Shin & Kim, 2022).

Essa abordagem não só torna as aulas mais dinâmicas, mas também estimula o interesse dos alunos pela prática física. A integração tecnológica nas aulas contribui para um aprendizado mais engajado e interativo (Hwang et al., 2021). No quesito engajamento dos alunos, entendemos como um aspecto crítico para o sucesso das aulas de Educação Física. Pesquisas mostram que atividades que promovem a participação ativa dos estudantes resultam em maior motivação e interesse pelas práticas esportivas (Fredricks et al., 2004).

O uso de tecnologias digitais pode potencializar esse engajamento ao oferecer novas formas de interação e feedback instantâneo (Baker et al., 2020). Além disso, criar um ambiente inclusivo onde todos se sintam valorizados é essencial para manter os alunos motivados e comprometidos com suas atividades físicas. As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) têm transformado significativamente o ambiente educacional, proporcionando novas oportunidades para o engajamento dos estudantes do ensino médio. Segundo Silva e Silva (2024), a integração de ferramentas digitais como videoconferências, plataformas de aprendizado online e recursos interativos tem permitido uma aprendizagem mais autônoma e personalizada, alinhada às necessidades individuais dos alunos.

Boomerang, um dispositivo de captura de imagens de alta velocidade, tem se destacado como uma ferramenta eficaz para aumentar o engajamento dos estudantes em atividades físicas. A capacidade de capturar movimentos em alta resolução permite uma análise detalhada das técnicas e posturas dos alunos, proporcionando feedback imediato e personalizado. Isso não só ajuda a corrigir erros de técnica, mas também torna as atividades mais dinâmicas e interativas, aumentando o interesse dos alunos.

A utilização de TDICs, como o Boomerang, tem mostrado aumentar o engajamento dos alunos ao alinhar o processo de ensino-aprendizagem à realidade dos estudantes, tornando-o mais significativo e prazeroso. Segundo Silva (2024), o uso de tecnologias digitais pode transformar os paradigmas educacionais, incentivando os alunos a serem sujeitos ativos na construção de novos conhecimentos.

MATERIAIS E MÉTODO

O presente estudo adota uma abordagem qualitativa, utilizando a ciberpesquisa-formação como principal metodologia para investigar as potencialidades pedagógicas dos aplicativos para a avaliação funcional de movimento no ensino-aprendizagem da Educação Física. Segundo André (2013), a pesquisa qualitativa é especialmente adequada para explorar fenômenos complexos e contextuais, proporcionando uma compreensão profunda das experiências e percepções dos participantes.

A ciberpesquisa-formação, conforme descrita por Moraes e Galiazzi (2011), combina a investigação científica com a formação dos sujeitos envolvidos, promovendo uma reflexão crítica sobre a prática pedagógica e incentivando a transformação social. Nesse contexto, a escolha dessa metodologia se justifica pela sua capacidade de integrar a análise dos dados coletados com o desenvolvimento profissional dos educadores, visando à implementação efetiva das tecnologias digitais no ambiente escolar.

A coleta de dados foi realizada em escolas de Ensino Médio em São Luís/MA, onde foram utilizados métodos como entrevistas semiestruturadas com professores e alunos, observação participante das aulas de Educação Física e análise de documentos escolares. Segundo Flick (2009), essas técnicas permitem uma triangulação dos dados, garantindo maior validade e confiabilidade aos resultados obtidos.

Os dados coletados foram analisados utilizando a técnica de análise de conteúdo, conforme proposta por Bardin (2011), permitindo a identificação de categorias e subcategorias que emergiram das falas dos participantes. Essa abordagem possibilitou uma compreensão detalhada das potencialidades e desafios associados ao uso de aplicativos para a avaliação funcional de movimento nas aulas de Educação Física, contribuindo para a formulação de diretrizes pedagógicas que promovam uma prática educativa mais inclusiva, consciente e transformadora.

A pesquisa se desenvolveu por meio da execução de uma oficina de movimento e captura de imagem, focando na utilização do aplicativo Boomerang como um dispositivo pedagógico nas aulas práticas de Educação Física no ensino médio. A oficina foi realizada em uma escola pública estadual localizada em São Luís, Maranhão, com a participação de alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio.

A escolha de focar nos alunos do ensino médio se justifica pela importância crítica dessa fase de desenvolvimento. Durante esses anos, os adolescentes passam por transformações significativas, tanto físicas quanto cognitivas, que influenciam seu aprendizado e desempenho em diversas áreas. Além disso, o ensino médio é um período decisivo em que os estudantes começam a delinear seus interesses e habilidades, tornando-se mais independentes e responsáveis por suas escolhas acadêmicas e profissionais.

Ao abordar esse grupo específico, busco entender melhor as nuances de seu crescimento e as implicações que isso tem no processo educativo, especialmente no que diz respeito à integração de práticas pedagógicas que considerem suas necessidades e potencialidades. A escolha de trabalhar com estudantes do ensino médio na presente pesquisa é fundamentada em diversos fatores que tornam este grupo etário especialmente relevante para a investigação das contribuições pedagógicas de aplicativos na avaliação funcional de movimento. Durante essa fase da vida, os adolescentes experimentam significativas mudanças físicas, cognitivas e sociais, que influenciam diretamente seu desenvolvimento motor e sua relação com a atividade física (Wang, 2023).

ESTRATÉGIAS INVESTIGATIVAS

  • Planejamento da Oficina: A oficina será planejada com base nas diretrizes curriculares nacionais para a Educação Física e nas abordagens pedagógicas contemporâneas que valorizam a aprendizagem ativa e a utilização de tecnologias digitais (BRASIL, 2017; HAYES, 2020). O objetivo é criar um ambiente propício para que os alunos experimentem movimentos livres e capturem suas ações utilizando o Boomerang.
  • Execução da Oficina: A oficina foi dividida em duas partes:
    1. Parte Teórica: Nesta fase, os alunos serão introduzidos ao conceito de movimento livre e à importância da expressão corporal na Educação Física. Serão discutidos os benefícios da utilização de tecnologias na aprendizagem, embasados em autores como Prensky (2001) e Valente (2018), que destacam a relevância das ferramentas digitais no engajamento dos estudantes.
    2. Parte Prática: Os alunos participarão de atividades físicas que estimulem a criatividade e a livre expressão, como dança, jogos e atividades circenses. Durante essas atividades, serão orientados a utilizar o aplicativo Boomerang para capturar seus movimentos. Essa abordagem prática permitirá que os alunos visualizem suas ações e reflitam sobre elas, promovendo uma aprendizagem significativa (KOLB, 1984).
  • Análise dos Resultados: Após a execução da oficina, foram realizadas entrevistas e questionários com os alunos para avaliar suas percepções sobre o uso do Boomerang como ferramenta pedagógica. A análise qualitativa dos dados será fundamentada em métodos de pesquisa-ação (THIOLLENT, 2011), permitindo uma reflexão crítica sobre a experiência vivida.

As entrevistas e questionários com os alunos são essenciais para compreender as perspectivas dos participantes e captar a riqueza de suas experiências (Flick, 2009). A pesquisa-ação, conforme descrita por Thiollent (2011), é uma abordagem participativa que visa promover mudanças práticas enquanto se realiza a investigação. Esse método é especialmente útil em contextos educacionais, pois envolve diretamente os sujeitos da pesquisa no processo de análise e solução de problemas. De acordo com Kemmis e McTaggart (2005), a pesquisa-ação se caracteriza por ciclos de planejamento, ação, observação e reflexão, o que permite ajustes contínuos e melhorias nas práticas adotadas. Esse processo cíclico garante que as vozes dos alunos sejam ouvidas e consideradas, tornando a investigação mais democrática e alinhada às necessidades reais dos estudantes.

A aplicação dessa metodologia no contexto da Educação Física, especialmente com o uso de aplicativos como o Boomerang, oferece uma oportunidade única de explorar como essas ferramentas tecnológicas podem ser integradas de maneira significativa e eficaz no ensino, promovendo não apenas o engajamento dos alunos, mas também a sua conscientização corporal e autonomia.

  • Reflexão e Ajustes: Com base nos feedbacks coletados, será elaborado um relatório que incluirá sugestões para integrar o Boomerang nas aulas de Educação Física de forma mais eficaz. Segundo Zabala (1998), a análise crítica e a sistematização das observações e feedbacks são etapas fundamentais para a melhoria contínua das práticas pedagógicas. Esse relatório não apenas detalhará as percepções dos alunos e professores, mas também oferecerá recomendações práticas para otimizar o uso do aplicativo nas atividades diárias.

A elaboração desse documento é uma fase crucial do processo, pois, conforme Silva e Araújo (2015), a reflexão e o planejamento pedagógico baseados em dados reais coletados durante a pesquisa podem levar a intervenções mais precisas e efetivas. Além disso, Garcia (2017) destaca a importância de considerar o contexto específico de cada escola, adaptando as sugestões para que sejam viáveis e relevantes de acordo com as condições e necessidades dos alunos e professores.

RESULTADOS

O estudo realizado investigou as potencialidades pedagógicas dos aplicativos na avaliação funcional de movimento no ensino-aprendizagem da Educação Física, com foco particular no uso do aplicativo Boomerang. A análise dos dados coletados revelou uma série de resultados significativos que são apresentados a seguir. A integração do aplicativo Boomerang nas aulas de Educação Física demonstrou um aumento significativo no engajamento dos alunos. Segundo Lima e Silva (2021), a utilização de tecnologias digitais nas práticas pedagógicas pode transformar as aulas em experiências mais interativas e motivadoras, o que foi confirmado pelos depoimentos dos alunos. Muitos relataram que o feedback em tempo real oferecido pelo Boomerang tornou as atividades físicas mais dinâmicas e atrativas, incentivando a participação ativa.

Os resultados indicaram que o uso do Boomerang contribuiu para o desenvolvimento motor e a conscientização corporal dos alunos. A capacidade do aplicativo de capturar e analisar movimentos permitiu aos estudantes uma autoavaliação detalhada de suas habilidades motoras. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), essa autoavaliação é crucial para o desenvolvimento motor equilibrado. Os alunos relataram uma melhor compreensão de suas capacidades e limitações, o que facilitou ajustes e melhorias em suas técnicas.

Um dos benefícios mais destacados do uso do Boomerang foi a prevenção de lesões. As imagens capturadas pelo aplicativo permitiram a identificação precoce de movimentos inadequados, possibilitando correções antes que os problemas se tornassem lesões sérias. Rebelo et al. (2023) aponta que tecnologias de monitoramento, como o Boomerang, são eficazes na prevenção de lesões esportivas, corroborando os achados deste estudo.

Apesar dos benefícios, a pesquisa também revelou desafios significativos relacionados à infraestrutura tecnológica. Muitas escolas enfrentam dificuldades no acesso a dispositivos adequados e conexão à internet de qualidade, o que limita a implementação ampla e consistente dos aplicativos. Conforme destaca Alves (2007), a superação dessas barreiras é essencial para que todos os alunos possam usufruir igualmente das inovações tecnológicas.

Os dados coletados indicam que a formação contínua dos professores é fundamental para o sucesso da integração das tecnologias digitais nas aulas de Educação Física. Santos e Souza (2021) enfatizam a importância da capacitação docente para a implementação eficaz de novas tecnologias. Os professores participantes relataram a necessidade de treinamentos específicos para utilizar plenamente as funcionalidades do Boomerang e maximizar seu impacto pedagógico.

Os resultados também mostraram que a autoavaliação promovida pelo Boomerang incentivou a autonomia dos alunos. Segundo Darido (2020), a autoavaliação é uma prática pedagógica que promove o desenvolvimento crítico e a responsabilidade dos estudantes sobre seu próprio aprendizado. Os alunos envolvidos no estudo relataram sentir-se mais responsáveis por seu progresso e mais conscientes de seus movimentos e técnicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo revelou um panorama amplo e enriquecedor sobre as potencialidades pedagógicas do uso de aplicativos para a avaliação funcional de movimento no ensino-aprendizagem da Educação Física. Ao integrar tecnologias digitais, como o aplicativo Boomerang, nas práticas pedagógicas, não só possibilitamos uma transformação significativa nas metodologias de ensino, mas também potencializamos o desenvolvimento integral dos alunos, promovendo a autonomia, a conscientização corporal e o engajamento crítico.

As pesquisas realizadas mostraram que, mesmo em contextos de vulnerabilidade social e com limitações de infraestrutura tecnológica, é possível implementar soluções inovadoras que atendam às necessidades dos estudantes. Através da ciberpesquisa-formação, ficou evidente que os aplicativos não só aumentam o interesse dos alunos pelas atividades físicas, mas também proporcionam feedbacks imediatos e personalizados, facilitando a autoavaliação e a melhoria contínua do desempenho motor.

A importância de uma abordagem pedagógica sensível e adaptada às realidades dos alunos foi um dos pontos centrais identificados. A capacitação dos professores e o suporte contínuo são fundamentais para que as tecnologias digitais sejam utilizadas de maneira eficaz e significativa. Assim, é necessário um investimento contínuo na formação docente e no desenvolvimento de tecnologias acessíveis, garantindo uma educação mais inclusiva e democrática.

Além disso, os resultados indicam que a integração de tecnologias digitais nas aulas de Educação Física pode transformar positivamente o ambiente escolar, promovendo um ensino mais dinâmico e interativo. As práticas pedagógicas devem evoluir para incluir essas ferramentas, proporcionando aos alunos uma experiência educacional rica e envolvente, que considere suas necessidades e potencialidades individuais.

Por fim, as perspectivas futuras apontam para a necessidade de continuidade dessa reflexão e busca incessante por inovações pedagógicas. É essencial que educadores, gestores e formuladores de políticas públicas trabalhem juntos para promover uma educação que não só acompanhe as transformações tecnológicas, mas que também empodere os estudantes, preparando-os para os desafios do século XXI. As tecnologias digitais, quando bem implementadas, têm o potencial de redefinir o papel da Educação Física, transformando-a em um campo que promove a saúde integral, o desenvolvimento crítico e a inclusão social.

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