O USO DE SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA À BASE DE BUTAFOSFAN E CIANOCOBALAMINA EM NOVILHAS DE CORTE CONFINADAS

THE USE OF VITAMIN SUPPLEMENTATION BASED ON BUTAFOSFAN AND CYANOCOBALAMIN IN FEEDLOT BEEF HEIFERS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202411231435


Lais Oliveira Alves1*
Emerson Alves dos Reis2
Kauan Ruiz Moreno Lopes3
Paula Adriana Grande4


RESUMO 

A pecuária de corte brasileira busca constantemente aprimorar estratégias nutricionais que melhorem o desempenho produtivo e a rentabilidade, especialmente em sistemas de confinamento. O uso de suplementação vitamínica com Catofós B12, composto de fósforo orgânico e vitamina B12, surge como uma alternativa para suprir deficiências minerais que afetam o metabolismo energético dos bovinos. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos dessa suplementação no ganho médio diário (GMD), peso de carcaça, rendimento de carcaça e viabilidade econômica em novilhas confinadas. A metodologia incluiu a divisão de 44 novilhas Nelore em dois grupos de 22 animais, sendo um grupo controle e outro suplementado, ambos submetidos ao mesmo protocolo de manejo e dieta, com pesagens e avaliações zootécnicas e financeiras realizadas em três momentos ao longo de 60 dias. Embora a suplementação não tenha promovido diferenças significativas no GMD e no rendimento de carcaça entre os grupos, o grupo suplementado apresentou uma leve vantagem econômica, com menor custo de consumo de matéria seca e maior lucro por animal e por lote. O Catofós B12 pode ser uma alternativa economicamente viável em sistemas de confinamento, proporcionando uma pequena margem de lucro adicional, mas recomenda-se cautela na decisão de uso, baseada no perfil financeiro da operação e nos objetivos do produtor. 

Palavras-chave: Fósforo. Nutrição animal. Pecuária intensiva. Rentabilidade. Vitamina B12. 

ABSTRACT 

Brazilian beef cattle farming is constantly seeking to improve nutritional strategies that enhance productive performance and profitability, especially in confinement systems. The use of vitamin supplementation with Catofós B12, a compound of organic phosphorus and vitamin B12, has emerged as an alternative to supply mineral deficiencies that affect the energy metabolism of cattle. This study aimed to evaluate the effects of this supplementation on average daily gain (ADG), carcass weight, carcass yield and economic viability in confined heifers. The methodology included dividing 44 Nellore heifers into two groups of 22 animals, one control group and the other supplemented, both subjected to the same management and diet protocol, with weighing and zootechnical and financial evaluations performed at three moments over 60 days. Although supplementation did not promote significant differences in ADG and carcass yield between the groups, the supplemented group showed a slight economic advantage, with lower dry matter consumption cost and higher profit per animal and per lot. Catofós B12 can be an economically viable alternative in confinement systems, providing a small additional profit margin, but caution is recommended when deciding whether to use it, based on the financial profile of the operation and the producer’s objectives. 

Keywords: Phosphorus. Animal nutrition. Intensive livestock farming. Profitability. Vitamin B12. 

INTRODUÇÃO 

A suplementação vitamínica em bovinos é uma prática amplamente utilizada na pecuária moderna, especialmente para atender às demandas nutricionais dos animais em diferentes fases de crescimento e produção. A criação intensiva de bovinos de corte exige o uso de técnicas que promovam o desenvolvimento acelerado e a máxima conversão alimentar, aspectos essenciais para a competitividade do setor agropecuário (Mattei et al., 2022). Em sistemas de confinamento, os animais são submetidos a uma dieta controlada, que visa otimizar o ganho de peso diário, e a suplementação vitamínica surge como uma estratégia potencial para suprir deficiências minerais que possam comprometer o desempenho produtivo e a saúde do rebanho. Entre as opções de suplementação, o uso de compostos à base de fósforo e vitamina B12 tem ganhado destaque, devido à sua contribuição para o metabolismo energético e o fortalecimento do sistema imunológico dos ruminantes (Farias et al., 2021). 

O fósforo é um mineral essencial para os processos metabólicos, atuando na formação de moléculas de ATP, necessárias para o fornecimento de energia celular, e influenciando diretamente no crescimento e na função óssea dos animais. Sua disponibilidade nos alimentos pode ser limitada, levando à necessidade de suplementação, especialmente em sistemas onde a alimentação natural é reduzida (Campos et al., 2020). A vitamina B12, por sua vez, tem função na produção de hemoglobina e no metabolismo de aminoácidos, sendo necessária para a formação de glóbulos vermelhos e para a manutenção da saúde geral do animal (Rodrigues et al., 2020). No confinamento, a combinação de fósforo e vitamina B12 é aplicada com o intuito de incrementar a produtividade, mantendo o equilíbrio metabólico e prevenindo possíveis deficiências nutricionais que possam impactar o desempenho do rebanho (Krusser et al., 2024). 

No contexto da pecuária brasileira, onde a demanda por carne bovina de qualidade é crescente, a suplementação vitamínica pode representar uma vantagem competitiva para os produtores (Futia, Zache e Ribeiro, 2023). Em sistemas de confinamento, especialmente, onde o ciclo de produção é acelerado, a suplementação com fontes orgânicas de fósforo e vitamina B12 poderia, teoricamente, otimizar o crescimento e aumentar o rendimento de carcaça dos animais (Casarin et al., 2024). 

Este estudo é relevante pois a suplementação vitamínica injetável composta de fósforo 100% orgânico e vitamina B12, representa uma alternativa de suplementação nutricional potencialmente eficaz, mas pouco estudada na pecuária de corte. Avaliar a viabilidade prática e econômica dessa suplementação em novilhas confinadas permite gerar dados científicos que podem contribuir para a tomada de decisões dos produtores, garantindo maior segurança e sustentabilidade na utilização de suplementos, com possíveis impactos positivos na produtividade e nos lucros da pecuária nacional. 

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a eficácia da suplementação injetável de Butofosfan e Cianocobalamina em novilhas de corte confinadas, analisando o impacto dessa prática no ganho médio diário, no rendimento de carcaça e na viabilidade econômica para o produtor rural. 

MATERIAIS E MÉTODOS 

A pesquisa foi realizada na Fazenda Esperança, em Flórida, Paraná, com o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação vitamínica CATOFÓS B12® (Butafosfan e Cianocobalamina) em novilhas de corte confinadas. Foram utilizadas 44 novilhas Nelore, com idade média de 12 meses, identificadas com brincos numerados e distribuídas aleatoriamente entre dois grupos: Grupo 1 (controle, sem suplementação) e Grupo 2 (suplementado com CATOFÓS B12®). Todos os animais foram pesados e passaram por manejo sanitário rigoroso, incluindo vacinação contra clostridiose e raiva, além de vermifugação com ivermectina. Quinze dias antes do confinamento, as novilhas foram colocadas em piquetes para adaptação ao novo regime alimentar. Durante o confinamento, ambos os grupos receberam a mesma dieta balanceada, administrada nos horários fixos de 7h, 11h30 e 16h30, com consumo controlado entre 2,2 kg e 2,5 kg de matéria seca por quilo de peso vivo, permitindo que a suplementação fosse o único fator diferencial entre os grupos. 

No início do experimento, ambos os lotes foram pesados em jejum hídrico e alimentar de 12 horas, registrando uma média de 351 kg para as novilhas da Baia 1 e 358 kg para as da Baia 2. Essa pesagem inicial e as subsequentes foram realizadas com balança eletrônica, com registros a cada 30 dias para controle individual e coleta de dados. Os animais dos dois lotes receberam a mesma dieta, administrada nos mesmos horários. A diferença entre os grupos consistiu na administração de suplementação vitamínica à base de butofosfan (fósforo 100% orgânico) e cianocobalamina (vitamina B12) apenas para as novilhas da Baia 2, enquanto as da Baia 1 atuaram como grupo controle, recebendo somente a dieta balanceada. 

Após o protocolo inicial de manejo, os animais passaram por um período de adaptação de 15 dias à dieta de confinamento. A primeira aplicação de CATOFÓS B12® foi administrada no primeiro dia do estudo para o grupo da Baia 2, com uma segunda aplicação realizada 30 dias depois. Durante esse período, os animais de ambos os grupos receberam a dieta no cocho, com uma ingestão determinada entre 2,2 kg e 2,5 kg de matéria seca por quilo de peso vivo. A dieta foi distribuída três vezes ao dia, nos horários fixos de 7h, 11h30 e 16h30, e a formulação foi ajustada conforme avaliação dos zootecnistas da fazenda, que acompanharam o consumo e o desempenho dos animais. A mistura e a distribuição da dieta foram realizadas em um vagão automatizado, com balança para registro do consumo diário por baia. 

Os animais foram pesados novamente ao final do período de confinamento, após um jejum de 12 horas de sólidos e água, para avaliar o peso final ao abate e facilitar a comparação do desempenho entre os grupos suplementados e controle. Esse procedimento de pesagem em jejum visa minimizar a variabilidade causada pelo conteúdo ruminal, oferecendo uma medida mais precisa do peso corporal verdadeiro antes do abate. Em seguida, as novilhas foram encaminhadas ao frigorífico para avaliação completa de carcaça, permitindo a análise dos parâmetros finais de rendimento de carcaça e peso da carcaça fria. 

Os principais parâmetros analisados incluíram o ganho médio diário (GMD), que foi calculado com base na diferença entre o peso inicial e o peso final dos animais, o peso ao abate e o rendimento de carcaça, este último obtido pela relação entre o peso da carcaça fria e o peso ao abate em jejum. Além dos parâmetros zootécnicos, foram realizadas análises econômicas que consideraram os custos totais com suplementação, alimentação e manejo, bem como o retorno financeiro gerado pelo peso de carcaça obtido, com o intuito de avaliar a viabilidade econômica da suplementação com CATOFÓS B12®

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 44 novilhas distribuídas aleatoriamente em dois grupos (controle e suplementado), com 22 animais cada. Os dados foram analisados estatisticamente para identificar diferenças significativas entre os grupos, empregando-se análise de variância (ANOVA) para os parâmetros zootécnicos e testes de médias, como o teste de Tukey, quando necessário. A significância estatística foi estabelecida em p<0,05, permitindo avaliar se a suplementação com Butafosfan e Cianocobalamina resultou em efeitos mensuráveis e significativos sobre o desempenho produtivo e econômico das novilhas de corte em confinamento. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Os resultados para as variáveis analisadas são apresentados na Tabela 1, que resume as médias e desvios padrão do peso inicial, peso aos 30 e 60 dias, ganho médio diário (GMD) e rendimento de carcaça entre os grupos controle e suplementado. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em nenhum dos parâmetros avaliados, o que indica que a suplementação com CATOFÓS B12® não promoveu efeitos significativos sobre o desempenho produtivo das novilhas durante o período do estudo. O peso inicial dos animais foi ligeiramente superior no Grupo 2 (358 kg) em comparação ao Grupo 1 (351 kg), mas essa diferença inicial não influenciou as comparações subsequentes, que demonstraram que ambos os grupos mantiveram um ritmo de crescimento semelhante ao longo do experimento. Após 60 dias de confinamento, o peso final médio dos animais foi de 435 kg no Grupo 1 e 443 kg no Grupo 2, e o GMD médio foi de 1,33 kg/dia e 1,39 kg/dia, respectivamente, na segunda etapa do experimento. Embora o Grupo 2 tenha apresentado um GMD levemente superior na fase final, essa diferença não foi significativa do ponto de vista estatístico. A análise do peso de carcaça revelou médias de 216 kg para o Grupo 1 e 220 kg para o Grupo 2, com rendimentos de carcaça de 49,7% e 49,8%, respectivamente, valores muito próximos que corroboram a ausência de impacto relevante da suplementação sobre o rendimento final dos animais. Esses resultados sugerem que, no contexto deste estudo, a suplementação com CATOFÓS B12® não alterou substancialmente o crescimento, o peso final ou o rendimento de carcaça dos animais avaliados.

A Figura 1 ilustra a distribuição dos pesos iniciais dos grupos em 14/06, com o Grupo B apresentando uma maior concentração de valores em faixas superiores, evidenciando a diferença estatisticamente significativa no peso inicial (p = 0,018). Já a Figura 2 mostra os pesos em 19/07, onde essa diferença já não é tão pronunciada, indicando uma relativa estabilização entre os grupos. 

Figura 1 – Distribuição dos Pesos Iniciais em 14/06

Figura 2 – Distribuição dos Pesos em 19/07

Em termos de ganho médio diário (GMD), a Figura 3 demonstra a distribuição do GMD entre 14/06 e 19/07 (GMD 1), com o Grupo A apresentando uma ligeira vantagem. A Figura 4 representa o GMD entre 19/07 e 30/08 (GMD 2), onde o Grupo B supera o Grupo A, embora sem significância estatística. Esses resultados sugerem que o efeito da suplementação pode ter exercido um impacto mais perceptível na segunda fase do confinamento, possivelmente influenciando o GMD de maneira positiva para o Grupo B. 

Figura 3 – Distribuição do GMD entre 14/06 e 19/07

A Figura 5 e a Figura 6 apresentam a distribuição do peso da carcaça e do rendimento de carcaça, respectivamente. O Grupo B obteve um peso médio de carcaça de 220 kg, enquanto o Grupo A teve 216 kg, ambos com rendimento de carcaça similares, sendo 49,8% para o Grupo B e 49,7% para o Grupo A, indicando que a suplementação não gerou uma diferença significativa nesses parâmetros.

Figura 5 – Distribuição do Peso de Carcaça.

Figura 6 – Distribuição do Rendimento de Carcaça. 

Na Tabela 2, estão descritos os resultados para as variáveis zootécnicas de peso inicial e final em arrobas, número de arrobas produzidas, consumo de matéria seca (MS), ganho médio diário (GMD) e eficiência biológica. Observa-se que o Grupo 2 apresentou uma produção ligeiramente superior em termos de arrobas (2,74) em relação ao Grupo 1 (2,67). Esse grupo também apresentou um consumo diário de matéria seca levemente mais eficiente em relação ao peso vivo, com uma taxa de consumo de 2,15% em comparação a 2,25% do peso vivo no Grupo 1. Essas pequenas diferenças no consumo refletem uma tendência do Grupo 2 para uma utilização mais eficiente dos nutrientes, contribuindo para uma eficiência biológica moderadamente superior. 

A eficiência biológica foi avaliada considerando o ganho de peso em relação ao consumo de MS, sendo ligeiramente mais alta no Grupo 2 (261,84) em comparação ao Grupo 1 (248,04). Esse parâmetro reflete uma melhor conversão alimentar no grupo suplementado, ainda que as diferenças não sejam expressivas. O GMD médio foi similar entre os grupos, com valores de 1,074 kg para o Grupo 1 e 1,060 kg para o Grupo 2, indicando que a suplementação não resultou em um aumento significativo no ganho diário de peso.

Estão descritas na Tabela 3 as informações financeiras do experimento, incluindo os custos e lucros por animal e por lote de abate. O Grupo B, que recebeu suplementação vitamínica, apresentou um custo total por cabeça de R$ 503,76, enquanto o Grupo A, sem suplementação, teve um custo de R$ 516,09. Com base no valor de venda final, o lucro por animal foi mais elevado no Grupo B, atingindo R$ 422,17, em comparação com o Grupo A, que registrou R$ 386,87. Em termos de lucro por lote, o Grupo B obteve um retorno total de R$ 9.287,81, enquanto o Grupo A gerou um retorno de R$ 8.511,10. Esses resultados sugerem que a suplementação vitamínica com CATOFÓS B12® contribuiu para uma maior lucratividade, mesmo sem diferenças estatisticamente significativas nos parâmetros zootécnicos, indicando uma possível vantagem econômica da suplementação em sistemas de confinamento.

A suplementação com butafosfan e cianocobalamina tem sido amplamente estudada em bovinos devido ao seu potencial de impacto em aspectos metabólicos, imunológicos e reprodutivos. No presente estudo, a administração de Catofós B12® em novilhas de corte confinadas não apresentou melhorias significativas no ganho médio diário (GMD) e no rendimento de carcaça, embora tenha demonstrado uma ligeira vantagem financeira. Em comparação com outros estudos, observa-se que o efeito da suplementação com esses componentes varia substancialmente conforme o contexto produtivo e as características dos animais. Campos et al. (2020) investigaram o impacto de suplementos minerais em novilhas cruzadas, constatando que a suplementação promoveu um desenvolvimento morfológico superior. Esse efeito, observado em novilhas de cruzamento industrial, contrasta com os resultados do presente estudo, em que o desempenho físico das novilhas de corte Nelore não sofreu grande influência da suplementação. 

Em bovinos leiteiros, os resultados da suplementação com butafosfan e cianocobalamina têm sido mais expressivos. Casarin et al. (2024) analisaram os efeitos da administração injetável de butafosfan em vacas leiteiras e identificaram melhorias no metabolismo e na produção de leite. A suplementação resultou em aumento na produtividade, especialmente em animais submetidos a estresse metabólico. Farias et al. (2021) também encontraram efeitos positivos ao estudar a suplementação em animais infectados por parasitas gastrointestinais, observando uma recuperação eritrocitária mais rápida e melhor desempenho produtivo. Em contraste, no presente estudo, os animais estavam em boas condições de saúde e confinados em um sistema bem manejado, o que pode explicar a ausência de efeitos significativos no crescimento e desempenho produtivo. 

Krusser et al. (2024) investigaram vacas Holandesas no período pós-parto e constataram que a suplementação melhorou significativamente os marcadores metabólicos e a produção de leite. A presença de um desafio metabólico natural após o parto parece potencializar a resposta à suplementação, efeito que pode não ser tão evidente em novilhas de corte saudáveis. Futia et al. (2023) complementam essa visão ao relatar casos de cetose clínica em vacas leiteiras e sugerem que a suplementação com esses compostos pode auxiliar na recuperação metabólica dos animais, demonstrando que a suplementação é particularmente benéfica em condições de estresse ou enfermidades. 

Além dos efeitos metabólicos, a suplementação com butafosfan e cianocobalamina tem sido associada a melhorias na fertilidade. Rodrigues et al. (2020) investigaram o uso desses compostos em fêmeas zebuínas e observaram um incremento na taxa de fertilidade. Essa relação entre suplementação e melhoria da fertilidade foi corroborada por Santamaría et al. (2022), que avaliaram protocolos de inseminação artificial em bovinos zebuínos e observaram que a suplementação auxiliou no sucesso dos protocolos de inseminação artificial a tempo fixo. O presente estudo, voltado para novilhas de corte, não abordou a fertilidade, mas os resultados encontrados por esses autores indicam que o butafosfan e a cianocobalamina podem ter um papel importante em sistemas reprodutivos, o que justifica mais investigações sobre seus efeitos em diferentes etapas da vida reprodutiva. 

O estudo de Mattei et al. (2022), embora conduzido em um modelo animal diferente (camundongos), demonstrou que o butafosfan pode ter um efeito antiinflamatório, auxiliando na resposta imunológica contra desafios bacterianos. Esse potencial imunomodulador pode explicar em parte os benefícios observados em vacas leiteiras submetidas a estresse metabólico ou sanitário. Em animais saudáveis e bem manejados, como no caso do presente estudo, os efeitos imunológicos do butafosfan e da cianocobalamina podem não se traduzir em melhorias visíveis no desempenho produtivo, corroborando a ideia de que o contexto de saúde animal influencia a resposta à suplementação. 

Huguenine e Baruselli (2022) enfatizam a importância do veterinário no uso de suplementações de precisão para otimizar a produtividade e a reprodução em fazendas. Eles destacam que a suplementação com butafosfan e cianocobalamina deve ser aplicada de forma estratégica, com base nas necessidades específicas de cada lote de animais, garantindo que os investimentos em suplementação resultem em benefícios claros para a produção. Esse ponto é relevante para o presente estudo, pois os ganhos econômicos observados com a suplementação, embora modestos, podem ser melhor aproveitados com uma abordagem de suplementação de precisão. 

A análise bioeconômica é outro aspecto importante na tomada de decisões sobre suplementação. Ferreira et al. (2022) investigaram a relação custo-benefício de protocolos de inseminação artificial em vacas zebuínas e concluíram que a viabilidade econômica deve sempre ser considerada ao adotar intervenções nutricionais e reprodutivas. No presente estudo, a suplementação resultou em uma leve vantagem econômica, alinhando-se com a visão de Ferreira et al. de que uma análise de custo-benefício é essencial para justificar a implementação de suplementações adicionais. 

Campos et al. (2020) discutiram o impacto de suplementos minerais no desenvolvimento morfológico de novilhas cruzadas e observaram que a suplementação promoveu um desenvolvimento físico superior. Esses resultados se alinham parcialmente com o presente estudo, onde se observou uma leve melhoria na eficiência econômica, embora não tenha havido um impacto significativo em termos de desenvolvimento físico. Essa comparação sugere que a resposta à suplementação pode variar dependendo da fase de crescimento e do tipo genético dos animais, indicando a necessidade de protocolos específicos de suplementação para cada tipo de produção. 

Os resultados do presente estudo mostram uma leve vantagem econômica com o uso de Catofós B12® em novilhas de corte, mas sem impacto significativo em crescimento e rendimento de carcaça. Em comparação com estudos que avaliaram a suplementação em condições de estresse ou deficiência, como os de Krusser et al. (2024) e Farias et al. (2021), nota-se que os benefícios do butafosfan e da cianocobalamina são mais pronunciados em situações que exigem suporte metabólico adicional. Essa diferença sugere que a suplementação pode ser mais eficaz quando há desafios específicos, como doenças ou estresse reprodutivo, enquanto em condições normais de confinamento seu impacto é mais discreto. 

CONCLUSÃO 

A suplementação com CATOFÓS B12® em novilhas de corte confinadas não resultou em diferenças estatisticamente significativas no ganho médio diário, peso de carcaça ou rendimento final entre os grupos controle e suplementado, sugerindo que o impacto direto sobre o desempenho físico foi limitado. Contudo, a análise financeira indicou uma leve vantagem econômica para o grupo suplementado, com menor custo por animal e maior lucratividade por lote. Esses achados sugerem que, apesar de não promover ganhos expressivos de peso ou rendimento, a suplementação com CATOFÓS B12® pode contribuir positivamente para a rentabilidade em sistemas de confinamento onde a eficiência econômica é priorizada. 

REFERÊNCIAS 

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CASARIN, Thais et al. Suplementação injetável de butafosfan através de diferentes formas farmacêuticas e os seus efeitos no metabolismo de vacas leiteiras e na produção de leite. Ciência Animal Brasileira/Brazilian Animal Science, v. 25, 2024. 

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KRUSSER, Rafael Herbstrith et al. Marcadores metabólicos e produção de leite de vacas da raça Holandesa submetidas a diferentes protocolos de aplicação de cianocobalamina e butafosfan no pós-parto recente. Ciência Animal Brasileira, v. 25, p. 77140E, 2024. 

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SANTAMARÍA, Carlos E. et al. Evaluación de gestación en bovinos con protocolos de inseminacion artificial a tiempo fijo en ganado cebuino. Revista Mexicana de Agroecosistemas, v. 9, n. 1, p. 60-68, 2022.


1UNINGÁ – Centro Universitário Ingá, Departamento Medicina Veterinária
2UNINGÁ – Centro Universitário Ingá, Departamento Medicina Veterinária
3UNINGÁ – Centro Universitário Ingá, Departamento Medicina Veterinária
4Professora do departamento de Medicina Veterinária, Uningá – Centro Universitário Ingá, Maringá, PR, Brasil.

*E-mail: laisoliveiraalves.99@gmail.com