REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10186213
Camila Barroso Cintra Uchôa
Tathiana Monteiro Manguinho
Prof. Carlos Henrique Michels de Sant´anna
Estamos inseridos em um mundo VUCA, um acrônimo em inglês para Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade). Esse conceito foi concebido pelo U.S Army College para explicar o cenário pós-guerra fria e é utilizado para descrever o mundo em que vivemos atualmente, que é de mudanças rápidas, onde a inovação é primordial para sobrevivência e prosperidade das empresas.
Por esse motivo, projetos inovadores possuem um alto grau de incerteza sob seus resultados, o que faz com que métodos tradicionais de gerenciamento tenham dificuldade na administração das inevitáveis mudanças de escopo que acompanham esse tipo de projeto. Com isso, se faz necessário adotar uma metodologia que ofereça flexibilidade para lidar com esses desafios.
Nos últimos anos, as metodologias ágeis têm adquirido destaque no campo do desenvolvimento de projetos. A principal distinção entre estas e as metodologias tradicionais está nos princípios adotados para o alcance dos objetivos.
As metodologias ágeis se destacam por sua adaptabilidade em vez de previsibilidade. Schwaber e Beedle (2002) destacam que as mesmas se ajustam às novas circunstâncias que surgem durante o desenvolvimento do projeto, ao invés de procurar analisar todas as eventualidades com antecedência. Além disso, de acordo com o manifesto ágil (BECK, et al, 2001), enfatiza a aceitação de mudanças, mesmo em estágios avançados do desenvolvimento, visando a vantagem competitiva do cliente. Nesta metodologia costuma-se trabalhar com escopo variável, enquanto que tempo e custo se tornam fixos (AMARAL et al., 2011).
Além da flexibilidade em relação às mudanças, as metodologias ágeis também promovem outros princípios que proporcionam maior dinamismo no processo de desenvolvimento. Isso inclui a ênfase na proximidade com o cliente, visando sua maior satisfação, bem como o estímulo à motivação da equipe para que possam desempenhar suas funções da maneira mais eficaz possível.
Embora as metodologias ágeis sejam amplamente utilizadas em projetos de desenvolvimento de software, estudos como o Project Management Agility Global Survey (CONFORTO, REBENTISCH & AMARAL, 2014) demonstram que os métodos, práticas e ferramentas ágeis também são valiosas em diferentes tipos de projetos, não se limitando apenas ao desenvolvimento de software.
Apesar das inúmeras vantagens apresentadas pelos métodos ágeis, a jornada para sua implementação eficaz não é simples. Cooper (2008) destaca que a integração dessas práticas em grandes organizações ou em contextos tradicionalmente resistentes às abordagens ágeis traz consigo um conjunto de desafios e obstáculos. Portanto, é fundamental reconhecer e abordar essas dificuldades ao adaptar e adotar metodologias ágeis em diferentes ambientes organizacionais.
Referências
SATO, Danilo Toshiaki. Uso eficaz de métricas em métodos ágeis de desenvolvimento de software. Ago. 2007. 155 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Matemática e Estatística, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
AMARAL, Daniel C. et al. Gerenciamento ágil de projetos: aplicação em produtos inovadores. São Paulo: Saraiva, 2011.
BECK, K. et al. Manifesto for Agile Software Development. 2001. Disponível em: http://www.agilemanifesto.org.
SCHWABER, Ken; BEEDLE, Mike. Agile Software Development with Scrum. Prentice Hall, 2002.
CONFORTO, Edivandro C.; REBENTISCH, Eric; AMARAL, Daniel. Project Management Agility Global Survey. Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, Massachusetts, 2014.
Cooper (2008). [Análise crítica da implementação e desafios dos métodos ágeis].