O USO DE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA) COMO FERRAMENTA FACILITADORA DO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO ENSINO REMOTO

Using Virtual learning environment (VLE) and facilitating tool for Mathematics’ teaching and learning provided to Young and Adult Education (EJA) students through remote teaching

El uso del Ambiente Virtual de Aprendizaje (AVA) como herramienta para facilitar la enseñanza y el aprendizaje de las Matemáticas en estudiantes de Educación de Jóvenes y Adultos (EJA) en educación remota

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410190023


Michele Cristiane Diel Rambo[1]
Gêneses Gomes da Silva [2]
Pedro Pereira Lopes de Araújo[3]
Dayane Trindade de Sousa[4]
Janaine Honorato da Silva[5]
Michele Marques dos Santos[6]
Verônica Marques Barbosa[7]
Carlos Henrique Nassar[8]


Resumo

A pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) tem causado inúmeros impactos na educação onde a tecnologia e ensino à distância tornaram-se aliados e o ensino remoto surgiu como uma possibilidade de aproximar professores e alunos afastados pelo isolamento social. Este trabalho de cunho qualitativo tem como objetivo promover a articulação entre pesquisa e ensino de forma que a prática acadêmica dos licenciandos do curso de Matemática possa atender as necessidades dos alunos da EJA do IFTO – Campus Palmas no ensino remoto. Com a criação de um AVA para complementar o ensino regular de Matemática foi possível contribuir para uma educação inclusiva, oferecendo ferramentas facilitadoras para o processo de aprendizagem Matemática. Os resultados apontam êxito na disciplina o que contribuiu para a permanência na escola e a redução dos altos índices de evasão escolar na EJA, que poderiam se agravar ainda mais em tempos de pandemia.

Palavras-chave: Ensino remoto. Ambiente Virtual de Aprendizagem. Matemática. Educação de Jovens e Adultos.

Abstract

The new Coronavirus (Covid-19) pandemic has been having several impacts on education; therefore, technology and distance learning (YAE – Youth and Adult Education) become allies; furthermore, remote teaching emerged as the possibility to get teachers and students under social isolation closer to each other. The aim of the current qualitative study is to promote articulation between research and teaching, so that the academic practice of Mathematics undergraduates can meet the needs of YAE students at IFTO – Palmas Campus remote teaching. It was possible contributing to the inclusive education after creating a VLE (Virtual Learning Environment) to complement Mathematics’ regular teaching by providing facilitating tools for the Mathematics’ learning process. Results have pointed out the success of this discipline, a fact that has contributed to students’ permanence at school and to school drop-out index reduction at YAE, since both factors could have gotten worse at pandemic times.

Keywords: Remote teaching. Virtual Learning Environment. Mathematics. Youth and Adult Education.

Resumen

La pandemia del nuevo Coronavirus (Covid-19) ha tenido numerosos impactos en la educación, de forma que la tecnología y la educación a distancia se han convertido en aliados y la enseñanza a distancia ha surgido como una posibilidad para aproximar a los maestros y estudiantes que se vieron apartados debido al aislamiento social. Este trabajo cualitativo tiene como objetivo promover la articulación entre la investigación y la docencia para que la práctica académica de los licenciados del curso de Matemáticas pueda satisfacer las necesidades de los estudiantes de la EJA del IFTO (Campus Palmas en la educación a distancia). A través de la creación de un AVA para complementar la enseñanza regular de las Matemáticas que posibilitó contribuir a una educación inclusiva, ofreciendo herramientas facilitadoras para el proceso de aprendizaje matemático. Los resultados han sido favorables en la materia, con lo cual se contribuyó en el mejoramiento de los índices de permanencia escolar y la reducción de los elevados indicadores de evasión escolar en la EJA, que podrían haberse agravado aún más en tiempos de pandemia.

Palavras Clave: Enseñanza remota. Entorno virtual de aprendizaje. Matemáticas. Educación de Jóvenes y Adultos.

1  INTRODUÇÃO

A pandemia provocada pelo novo Coronavírus (Covid-19) gerou diversos impactos na educação, tanto para estudantes quanto para as instituições de ensino de forma global. As autoridades decretaram medidas rígidas, começando por férias e suspensão temporária das aulas. Meses depois, boa parte das instituições de ensino continuou fechada para evitar o contágio e o aumento nos casos da Covid-19.

Para dar continuidade ao ano letivo, tecnologia e ensino à distância tornaram-se aliados. O ensino remoto surgiu como uma possibilidade de dar continuidade ao processo de aprendizagem e amenizar os efeitos da pandemia. Porém, o público da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) Campus Palmas tem apresentado uma característica de turmas bastante heterogêneas em relação a aspectos como idade e classe social, o que interfere diretamente no acesso à Internet e utilização de recursos tecnológicos. Muitos alunos relataram pela experiência do ensino remoto no primeiro semestre letivo do 2020 apresentar dificuldades de aprendizagem nessa modalidade de ensino, primeiro pela falta de experiência em lidar com equipamentos tecnológicos como computadores bem como pela dificuldade de acompanhar a explicação dos conteúdos vendo o professor por trás das câmeras. Outros ainda relataram dificuldades de acesso à Internet de qualidade para acompanhar as aulas on-line, sentindo-se assim às margens do processo educativo, levando-os a abandonar o curso.

Nesse sentido, buscamos promover a articulação entre pesquisa e ensino de forma que a prática acadêmica dos licenciandos do curso de Matemática do IFTO Campus Palmas foi empregada para atender as necessidades dos alunos da EJA oferecendo um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para servir como uma ferramenta facilitadora para os processos de ensino e de aprendizagem de Matemática. Por meio de conteúdos e atividades complementares, vídeo aulas explicativas e momentos síncronos para os atendimentos remotos na qualidade de agentes mediadores, visamos o complemento do trabalho do professor e a permanência do aluno em sala de aula, apesar da pandemia se estender por meio de ondas em série deixando a população sempre em estado de vulnerabilidade e diversas incertezas de qualidade de vida.

Para os alunos que apresentaram dificuldades de acesso à Internet de qualidade, bem como déficit de atenção em função da não-adaptação à modalidade remota, foram disponibilizados materiais impressos e acompanhamentos em domicílios, por meio de agendamentos prévios pelos quais foram também alcançados sem prejuízo ao aprendizado. Esse atendimento específico foi realizado sob as instruções normativas previstas pelo Comitê de Risco do IFTO em função da Covid-19.

Dessa forma contribuímos para uma educação inclusiva, oferecendo diferentes alternativas de acesso e ferramentas facilitadoras para a promoção de uma educação de qualidade, direito fundamental garantido a todo cidadão. A escola buscou meios de chegar a todos os alunos, evitando a evasão escolar e amenizando os impactos que a pandemia que vêm causando à população.

2  A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA

Como alternativa à educação regular, o sistema educacional brasileiro oferece a modalidade da Educação de Jovens e Adultos – EJA para aqueles com idade mínima de 17 anos e que não encontraram vagas em escolas com ensino regular no turno da noite. Os estudantes podem cursar o ensino fundamental em dois anos (cada ano escolar por semestre), e o ensino médio, em um ano e meio, tendo a possibilidade de cursar na modalidade presencial ou à distância.

O Parecer CEB/CNE nº 11/2000 reconhece a especificidade da EJA como modalidade de educação escolar de nível fundamental e médio no qual também reconhece que a EJA “representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso e nem domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela, e tenham sido a força de trabalho empregada na constituição de riquezas e na elevação de obras públicas”. A função reparadora parte do reconhecimento não “só o direito a uma escola de qualidade, mas também da igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano”. Eles depositam na educação, na escola, uma possível elevação do padrão de vida. Eles acreditam que estão na situação em que se encontram por não terem continuado os seus estudos; não analisam criticamente a sociedade em que vivem e nem contextualizam a realidade de suas declarações (SANTOS et al., 2012).

A EJA pode ser compreendida como um processo e experiências de ressocialização através dos conhecimentos escolares orientados, com fins de obter o crescimento e a consolidação das capacidades individuais e coletivas dos sujeitos populares perante a promoção e recriação de valores, a produção, apropriação e aplicação de conhecimentos que permitam o desenvolvimento de propostas mobilizadoras capazes de colaborarem para a transformação da realidade natural e cultural dos sujeitos envolvidos (SOUZA, 2007, p. 176).

A EJA é uma modalidade de ensino que surgiu com o intuito de atuar na construção da identidade de sujeitos capazes de agirem e falarem, de desenvolverem o pensamento político e crítico, essencial para interferir nos processos históricos e modificar sua realidade de exclusão social (SILVA; BURGOS, 2010).

A proposta da EJA surge como uma alternativa para as pessoas que não tiveram a oportunidade de concluírem a educação básica no ensino regular poderem retornar à escola e finalizar os estudos em um período de tempo mais curto. Isso porque, devido às demandas de sua própria vida, muitos tiveram que escolher entre o trabalho e a escola; entre a sobrevivência e o conhecimento (SANTOS et al., 2012). São alunos que, depois de muito tempo, voltaram a estudar, pensando em adquirir o conhecimento que não tiveram, ou, em certos casos, somente obter um diploma visando a conseguir um emprego melhor – ou, simplesmente, um emprego.

Atualmente percebemos a continuidade nos estudos como uma exigência das instituições de trabalho com as quais estes alunos estão vinculados, a sociedade, que nem sempre proporcionou possibilidades iguais, “exige” deles os certificados de conclusão do ensino fundamental e médio para que possam ser promovidos ou valorizados profissionalmente. (MIRANDA; MACHADO, 2010, p. 24).

O público alvo que essa modalidade de ensino abrange são jovens e adultos trabalhadores, na sua maioria, de classe popular, que buscam no período noturno concluir sua formação básica. Muitos alunos já saem do trabalho direto para o ambiente de aprendizagem, chegam cansados e exaustos da dura rotina do dia-a-dia e precisam encontrar ânimo e disposição para se conectar a uma forma de educação a qual não estavam habituados em seu tempo de escola. Muitos são os desafios, tanto para os estudantes como os professores, para a obtenção de êxito nos processos de ensino e de aprendizagem garantindo assim uma educação de qualidade.

3  O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NA EJA

Nas últimas décadas várias mudanças foram inseridas na sociedade devido ao ritmo acelerado dos avanços tecnológicos. Com o passar dos anos o mercado de trabalho está se tornando cada vez mais exigente e a Matemática é uma das disciplinas escolares que faz parte desta exigência social, sendo de grande importância na formação socioeducacional na EJA, contribuindo para a inclusão social de jovens e adultos e sua integração no mercado de trabalho à medida que têm acesso aos conceitos básicos desta disciplina no processo de escolarização formal.

A Matemática, historicamente caracterizada pelos alunos como uma das áreas mais difíceis, nas quais apresentam maiores dificuldades de aprendizagem, também apresenta essa característica na modalidade da EJA. Segundo Ponte:

Para os alunos, a principal razão do insucesso na disciplina de Matemática resulta desta ser extremamente difícil de compreender. No seu entender, os professores não a explicam muito bem nem a tornam fácil. Assim os alunos não percebem para que ela serve, nem porque são obrigados a estudá-la. Alguns alunos interiorizam mesmo desde cedo uma autoimagem de incapacidade em relação à disciplina. De modo geral, culpam-se a si próprios, aos professores, ou às características específicas da Matemática (PONTE, 1994, p.2).

Neste contexto o professor desenvolve papel fundamental nesse processo pois é responsável em mostrar para o aluno a Matemática como uma ferramenta que proporciona sua ascensão social através do meio educacional. Os conteúdos matemáticos devem ser trabalhados de forma que o aluno perceba a Matemática em sua vida, considerando-a uma necessidade natural, científica e social, ou seja, os professores devem fazer uma autocrítica a fim de analisar qual é o objetivo de ensiná-la e o de aprendê-la.

A matemática precisa ser vista não como um “problema”, mas fator de inclusão social. Os professores desta modalidade de ensino precisam dialogar com seus alunos sobre os conteúdos a serem priorizados durante as aulas, incorporando os conteúdos matemáticos aos conhecimentos e procedimentos construídos e adquiridos nas leituras que esses jovens e adultos fazem do mundo e de sua própria ação nele. Este público pode não ter o que se considera uma “boa base dos conteúdos curriculares”, mas possui uma grande experiência de vida a ser considerada neste desenvolvimento.

Dessa forma é importante que o professor considere ao máximo as experiências de vida dos alunos da EJA, estimulando-os a terem ideias novas; deixando que eles busquem na sua vivência soluções para situações problema correlacionadas ao seu meio social. Portanto, na relação com outros saberes, a interdisciplinaridade na EJA é de fundamental relevância, visto que assim educador e educando podem perceber a matemática em situação real da sociedade. Neste contexto, os desafios para os educadores promoverem a aprendizagem significativa são assombrosos, impõem, sobretudo, a compreensão e “desenvolvimento de significados que vem através da negociação num processo eminentemente social” (SCHOENFELD, 1991. p.44).

Aprender Matemática é um direito básico de todos e uma necessidade individual e social. Saber as noções básicas de matemática como: calcular, medir e raciocinar são requisitos fundamentais para o exercício da cidadania, o que demonstra a importância da matemática na formação dos alunos da EJA de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.15): “ importante na construção da cidadania, na medida em que a sociedade utiliza, cada vez mais, conhecimentos científicos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar”. Assim, os professores precisam mostrar que a matemática é útil para permitir uma compreensão mais profunda do mundo, enfatizar as qualidades da matemática e gerar um sentimento de desejo de conhecê-la e estudá-la.

Na EJA a aprendizagem matemática se torna exitosa e prazerosa ao aluno quando elaborada a partir da riquíssima bagagem de experiências de vida dos alunos, contribuindo dessa forma para a construção de conhecimentos significativos. Portanto, o principal objetivo da educação matemática deve ser a formação do cidadão crítico e participativo no meio em que vive compreendendo a Matemática inserida em todos os aspectos da vida: no trabalho, na cultura e nas relações sociais.

4  TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

A sociedade em que vivemos é marcada pelas múltiplas linguagens. Assim, o ser humano dispõe de várias formas de linguagens para comunicação. Entre as linguagens, ressaltamos a computacional. Nesta sociedade, onde a caneta e o papel estão visivelmente sendo substituídos pelas facilidades da informação e dos conhecimentos oferecidos pela informática, torna-se um processo desafiador e audacioso para os professores dotarem os alunos de capacidades para lidar com a linguagem computacional.

O uso da informática na educação exige em especial um esforço constante do educador para transformar a simples utilização do computador numa abordagem educacional que favoreça efetivamente o processo de conhecimento do aluno. Dessa forma, a interação com os objetos de aprendizagem, o desenvolvimento de seu pensamento hipotético e dedutivo, de sua capacidade de interpretação e análise da realidade tornam-se privilegiados e a emergência de novas estratégias cognitivas do sujeito é viabilizada (OLIVEIRA, 2007, p. 62).

Também não se pode esperar que o professor esteja pronto para o desafio das novas tecnologias, pois muitos deles estão habituados ao uso de livros didáticos, e, muitas vezes, à escassez de apoio pedagógico. Algumas dificuldades de trabalharem com as novas tecnologias se dão pela falta de preparo técnico dos docentes. Esses aspectos reforçam a ideia de que “o professor sente dificuldades para realizar um trabalho interativo com as diversas mídias” (BRITO, 2009).

Há a necessidade de muito investimento em capacitação específica, para que usuários potenciais possam se familiarizar com os dispositivos digitais. Capacitação não é bem que pode ser adquirida de imediato, mesmo com altos investimentos financeiros. Há necessidade de tempo para a assimilação da informação e geração de conhecimento (CARVALHO, 2012, p. 04).

As novas tecnologias, dessa forma, possibilitam à escola novas formas de comunicação, trabalhando um universo diferente e colaborativo, ensinando os alunos em um modelo de união entre sabedoria e prática (MIRANDA; MACHADO, 2010, p. 532).

O ensino mediado pelas tecnologias digitais redimensiona os papéis de todos os envolvidos no processo educacional. Novos procedimentos pedagógicos são exigidos. Em um mundo que muda rapidamente, professores procuram auxiliar seus alunos a analisar situações complexas e inesperadas; a desenvolver a criatividade; a utilizar outros tipos de “racionalidade”: a imaginação criadora, a sensibilidade tátil, visual e auditiva, entre outras. O respeito às diferenças e o sentido de responsabilidade são outros aspectos que os professores procuram trabalhar com seus alunos – cidadãos do país e do mundo é uma necessidade advinda com as parcerias nos projetos educacionais em rede (KENSKI, 2003).

Na sociedade atual, os alunos têm acesso a muitas informações devido às tecnologias que têm à disposição. Cabe a escola implementar esses recursos tecnológicos como agentes facilitadores da prática pedagógica para a construção do conhecimento e auxiliando também na formação política dos jovens e adultos que estão no processo de aprendizagem (SANTOS et al., 2012). O ambiente virtual possibilita que o sujeito tenha voz ativa, seja autor e tenha autonomia para pesquisar e escolher, indo além do espaço escolar, o que se constitui como uso social das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

5  AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM (AVAs)

De acordo com Santos (2003), Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) podem ser definidos como ambientes na Internet utilizados por educadores, comunicadores e técnicos em informática para o desenvolvimento de interação síncrona e assíncrona entre professores e alunos que se encontram geograficamente separados.

Segundo Pereira, Schmitt e Dias (2007) os AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdos e permitir interação entre os atores do processo educativo. Porém, a qualidade do processo educativo depende do envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica, dos materiais veiculados, da estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica, assim como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente.

Os AVAs contam com a utilização de diferentes ferramentas tecnológicas como a Internet, computadores e celulares que permitem o acesso a conteúdos e a realização de atividades propostas de uma determinada disciplina, dentre outros recursos. São softwares produzidos especificamente para a educação que auxiliam na realização e gerenciamento de cursos acessíveis pela Internet. Por isso, eles possuem o objetivo de ajudar os professores no gerenciamento de conteúdos, além de permitir o acompanhamento do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.

Para Almeida (2003), o ensino com a utilização de AVAs significa:

  • Planejar e propor atividades que propiciem a aprendizagem significativa do aluno;
  • Disponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e linguagens;
  • Ter um tutor que atue como mediador e orientador do aluno;
  • Incentivar a busca de fontes de informações e a realização de experimentações;
  • Provocar a reflexão sobre processos e produtos e;
  • Favorecer a formalização de conceitos.

O processo de ensino-aprendizagem tem potencial para tornar-se mais ativo, dinâmico e personalizado por meio de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Essas mídias, em evolução, utilizam o ciberespaço para promover a interação e a colaboração a distância entre os atores do processo e a interatividade com o conteúdo a ser aprendido. Nesses ambientes, a tecnologia é apenas um meio, pois, a ênfase deve estar na proposta, no conteúdo pedagógico e no desenvolvimento do processo educativo.

6  METODOLOGIA

O projeto foi desenvolvido pelos licenciandos do curso de Matemática Licenciatura do IFTO Campus Palmas, de forma virtual, por meio de aulas com momentos síncronos, vídeo aulas gravadas, grupos de WhatsApp e reuniões agendadas em plataformas como Google Meet, entre outras. As fases do trabalho desenvolvido seguem abaixo descritas:

  • Levantamento das principais dificuldades apontadas pelos alunos da EJA do IFTO Campus Palmas dos cursos Técnicos em Atendimento e Manutenção e Operação de Microcomputadores do III Módulo na disciplina de Matemática no ensino remoto no semestre 2020.1;
  • Criação de AVAs no Google Classroom com espaços para conteúdos e atividades complementares, fóruns para discussões, debates e tira dúvidas;
  • Elaboração de materiais, atividades, vídeo aulas explicativas de acordo com o conteúdo que foi trabalhado pelo professor do ensino regular para prover o AVA;
  • Organização e agendamentos de encontros síncronos semanais com duração de 1 hora, mínima por encontro, para atender dúvidas e esclarecimentos dos estudantes no AVA;
  • Organização de material impresso com conteúdos, exemplos resolvidos e atividades complementares de acordo com a matéria trabalhada pelo professor do ensino regular;
  • Acompanhamento à estudantes com agendamento prévio de horários de acordo com as instruções normativas estabelecidas pelo Comitê de Riscos do IFTO devido a pandemia do Covid-19, conforme necessidades apresentadas pelas turmas e individualmente;
  • Avaliação do projeto por meio de questionários com perguntas semiestruturadas, visando o feedback dos trabalhos realizados em cada turma, quanto ao que deu certo, críticas com sugestões de melhorias para os processos de ensino e de aprendizagem no ensino remoto aos projetos futuros.
7  RESULTADOS

Com o desenvolvimento do projeto foi possível promovermos a articulação entre pesquisa e ensino de forma que a prática acadêmica dos licenciandos do curso de Matemática foi empregada em função de atender as necessidades da comunidade estudantil contribuindo de forma significativa com os alunos da EJA do IFTO Campus Palmas com diferentes alternativas de acesso e permanência na escola bem como ferramentas facilitadoras para os processos de ensino e aprendizagem de Matemática no ensino remoto.

Após um levantamento foram identificados os conteúdos relacionados as principais dúvidas apontadas pelos alunos. A Geometria Espacial com a exploração dos sólidos geométricos foi o conteúdo destacado com as principais dificuldades de aprendizagem. Para o planejamento das aulas e a utilização de recursos didáticos contamos com o recurso financeiro oriundo da contemplação do projeto em um edital para projetos de extensão no IFTO Campus Palmas. Foi adquirido um conjunto de sólidos geométricos em acrílico para facilitar a visualização dos sólidos e compreender melhor as suas características (Figura 1).

FIGURA1: Aquisição de sólidos geométricos em acrílico

Fonte: Os autores

A construção dos sólidos geométricos em papel cartão/cartolina foi uma atividade proposta pelos estagiários para que os alunos tivessem seu primeiro contato com os sólidos e assim pudessem identificar a presença destes no cotidiano através de relações entre as formas obtidas na montagem dos sólidos com objetos que conhecem. Desta forma foi possível compreenderem que o sólido geométrico não é só a figura montada mas sim uma região do espaço limitada por uma superfície fechada e que pode ser encontrado no dia-a-dia (Figura 2).

Buscamos despertar no aluno a reflexão quanto a presença da Matemática em todos os aspectos da vida: no trabalho, na cultura e nas relações sociais.

FIGURA2: Construção de sólidos geométricos

Fonte: Os autores

As aulas aconteciam em momentos síncronos com a participação dos alunos bem como por meio de vídeo aulas previamente gravadas e o material disponibilizado no AVA (Figura 3). Por meio de grupos no WhatsApp os estagiários permaneciam à disposição dos alunos para tirar dúvidas e acompanhar na resolução das atividades. Materiais impressos também ficavam à disposição dos alunos na escola para que mediante agendamento prévio pudessem fazer a retirada do material para então facilitar o processo de aprendizagem. Desta forma conseguimos oferecer às turmas um complemento ao material didático ofertado pelo professor regente da disciplina bem como um suporte a mais para o atendimento aos estudantes quanto a dúvidas e dificuldades (Figura 3).

FIGURA3: Gravação da vídeo aula pelos estagiários

Fonte: Os autores

Na avaliação do projeto ouvimos os estudantes quanto a contribuição do projeto visando facilitar os processos de ensino e de aprendizagem da Matemática. Alguns relatos apontam para resultados satisfatórios por parte dos alunos.

Pra mim foi muito bom porque eu estava pensando em largar o curso. Se a Matemática em sala de aula já é difícil, agora então nem se fala. Os estagiários me ajudaram muito, toda hora tiravam minhas dúvidas e consegui entender melhor os conteúdos. Me ajudou bastante. (Aluno 1)

Nessa fala percebemos a importância do projeto no sentido de mantermos a permanência do aluno na escola e evitar a evasão. Buscamos oferecer uma educação inclusiva e de qualidade para que todos pudessem participar e assim superarmos juntos esses tempos de pandemia sem deixar ninguém às margens do processo educativo.

… me ajudou bastante, foi muito útil, por que a partir do que ele me passou, consegui obter sucesso na disciplina. (Aluno 2)

Podemos observar que o Aluno 2 reconhece a contribuição do projeto e atribui sua importância ao sucesso na disciplina. Dessa forma percebemos que o AVA cumpriu sua função como ferramenta facilitadora do ensino e aprendizagem de Matemática para os alunos da EJA no ensino remoto.

8  Conclusão

A pandemia do novo Coronavírus gerou impactos não apenas na economia, política, história e sociedade bem como também na educação. Sistemas educacionais tiveram de ser repensados, professores tiveram que se reciclar e aliar as tecnologias à educação, novas metodologias de ensino tiveram que ser criadas e os alunos tiveram de se ajustar ao novo ensino remoto proposto pelas escolas. Mudanças abruptas que exigiram adaptação imediata tanto por parte dos professores como também dos alunos.

Porém na prática muita coisa não aconteceu conforme o planejado pelos governantes e gestores educacionais. A realidade dos alunos da EJA do IFTO Campus Palmas tornou ainda mais explícitas as diferenças econômicas e sociais fazendo assim emergir também inúmeras dificuldades de acompanhar a proposta do ensino remoto. As dificuldades iniciam desde a falta de computadores ou smartphones para acessar as aulas até a facilidade de acesso a Internet de qualidade, ou mesmo a habilidade com o manuseio destas tecnologias por aqueles alunos de idade avançada.

Neste projeto por meio das ferramentas facilitadoras para o ensino remoto de Matemática para os alunos da EJA foi possível atuarmos como agentes mediadores oferecendo diferentes recursos e formas de acesso a uma educação de qualidade. O AVA continha material histórico e cultural buscando esclarecer a história de alguns matemáticos e suas contribuições, material explicativo com exemplos resolvidos, atividades complementares e vídeo aulas gravadas. Por meio de grupos de WhatsApp foi possível oferecer um atendimento aos estudantes para esclarecer dúvidas e auxiliar na resolução das questões propostas pelo professor titular. Material impresso foi disponibilizado para aqueles alunos sem acesso a Internet.

Portanto demos como atendido o objetivo ao qual o trabalho se propunha. Perante o feedback de alguns alunos foi possível observarmos que por meio de nossas ações conseguimos evitar o abandono do curso e ainda contribuímos para o êxito na disciplina. Mesmo em tempos tão difíceis como os de pandemia quando permeiam os mais diversos tipos de problemas, contribuímos para uma educação inclusiva, oferecendo diferentes alternativas de acesso e ferramentas facilitadoras para a permanência na escola e a promoção de uma educação de qualidade. Buscamos meios de chegar a todos os alunos, evitando a evasão escolar e amenizando os impactos que a pandemia que vêm causando à população.

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[1] Doutora em Educação Matemática. Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), Palmas, Tocantins, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-5329-4933. E-mail: michele.rambo@ifto.edu.br.

[2] Licenciado em Matemática, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), Palmas, Tocantins, Brasil.https://orcid.org/0000-0002-5638-3886. E-mail: geneses.ifto@gmail.com.

[3] Licenciado em Matemática, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), Palmas, Tocantins, Brasil.https://orcid.org/0000-0001-8223-0798. E-mail: pedro.rpla@gmail.com.

[4] Licenciada em Matemática, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), Palmas, Tocantins, Brasil.https://orcid.org/0009-0007-5582-1147. E-mail: dayanetrindadedesousa@gmail.com.

[5] Licenciada em Matemática, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), Palmas, Tocantins, Brasil.https://orcid.org/0009-0007-5582-1147. E-mail: janainehonorato@mail.uft.edu.br@gmail.com.

[6] Licenciada em Pedagogia e Letras – Libras, Universidade Federal do Tocantins (IFT), Palmas, Tocantins, Brasil. https://orcid.org/0009-0001-2718-5709. E-mail: michele.marques@professor.to.gov.br.

[7] Licenciada em Pedagogia, Universidade Federal do Tocantins (IFT), Palmas, Tocantins, Brasil. https://orcid.org/0009-00038654-5879. E-mail: veronica.barbosa@professor.to.gov.br.

[8] Licenciado em Geografia, Faculdade de Filosofia , Ciência e Letras de Boa Esperança, Boa Esperança, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0009-0001-8222-1952. E-mail: carloshenrique.nassar@professor.to.gov.br.