O USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ALFABETIZAÇÃO: UM CAMINHO PARA A INCLUSÃO E O APRENDIZADO EFETIVO

THE USE OF ASSISTIVE TECHNOLOGY IN LITERACY: A PATH TO INCLUSION AND EFFECTIVE LEARNING

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10899675


Fátima Vieira Lima [1]
Luane Silva Costa [2]


RESUMO

A alfabetização é um processo fundamental na formação de indivíduos, pois possibilita o desenvolvimento de habilidades essenciais para a participação plena na sociedade. No entanto, muitos estudantes enfrentam dificuldades nesse processo, seja por questões cognitivas, sensoriais ou motoras. Diante desse desafio, a tecnologia assistiva tem se destacado como uma poderosa aliada na promoção da inclusão e no auxílio ao aprendizado efetivo. No contexto da alfabetização, a tecnologia assistiva desempenha um papel fundamental ao oferecer soluções adaptadas às necessidades específicas de cada estudante. Uma das formas mais comuns de tecnologia assistiva na alfabetização é o uso de softwares educativos, aplicativos e jogos interativos e metodologias diversificadas. Outro aspecto relevante é a utilização de recursos de acessibilidade, como leitores de tela, teclados adaptados e dispositivos de comunicação alternativa. Essas tecnologias são especialmente importantes para estudantes com deficiência visual, auditiva ou motora, pois proporcionam meios de acesso à informação e interação com o ambiente educacional. Além disso, a tecnologia assistiva também contribui para a inclusão de estudantes com transtornos de aprendizagem, como dislexia e déficit de atenção. Diante dessas considerações, este artigo científico tem como objetivo analisar e discutir o uso da tecnologia assistiva na alfabetização, enfatizando suas contribuições para a inclusão e o aprendizado efetivo. Serão abordadas diversas tecnologias assistivas, bem como suas aplicações práticas e os impactos observados em estudantes com diferentes necessidades educacionais. Por meio dessa investigação, espera-se fornecer subsídios para educadores, pesquisadores e profissionais da área da educação, auxiliando-os na compreensão dos benefícios da tecnologia assistiva na alfabetização e na promoção de práticas inclusivas. Acredita-se que o uso adequado dessas tecnologias pode ampliar as oportunidades de aprendizado, potencializar as habilidades dos estudantes e contribuir para uma educação mais igualitária e acessível a todos.

Palavras-chave: Alfabetização – Tecnologia Assistiva – Inclusão

ABSTRACT

Literacy is a fundamental process in shaping individuals as it enables the development of essential skills for full participation in society. However, many students face challenges in this process, whether due to cognitive, sensory, or motor issues. In the face of this challenge, assistive technology has emerged as a powerful ally in promoting inclusion and facilitating effective learning. Assistive technology refers to a set of resources and strategies aimed at compensating for the functional limitations of individuals with disabilities, providing greater independence and equal opportunities. In the context of literacy, assistive technology plays a crucial role by offering tailored solutions to the specific needs of each student. One of the most common forms of assistive technology in literacy is the use of educational software, applications, and interactive games. These tools can be used to enhance phoneme recognition and association, facilitate the understanding of written language structure, and promote reading and writing practice. Additionally, assistive technology allows students to progress at their own pace, receiving immediate and personalized feedback, which contributes to the development of their skills in an individualized manner. Another relevant aspect is the utilization of accessibility features such as screen readers, adapted keyboards, and alternative communication devices. These technologies are particularly important for students with visual, auditory, or motor impairments, as they provide means of accessing information and interacting with the educational environment. Furthermore, assistive technology also contributes to the inclusion of students with learning disorders, such as dyslexia and attention deficit. For instance, the use of voice recognition software allows these students to transcribe their ideas more efficiently, reducing frustration and improving the quality of their written work. Considering these aspects, this scientific article aims to analyze and discuss the use of assistive technology in literacy, emphasizing its contributions to inclusion and effective learning. Various assistive technologies will be addressed, along with their practical applications and observed impacts on students with diverse educational needs. Through this investigation, we hope to provide insights for educators, researchers, and education professionals, assisting them in understanding the benefits of assistive technology in literacy and promoting inclusive practices. It is believed that the appropriate use of these technologies can expand learning opportunities, enhance students’ abilities, and contribute to a more equitable and accessible education for all.

Keywords: Literacy – Assistive Technology – Inclusion

1. INTRODUÇÃO

A alfabetização é um marco essencial na jornada educacional, proporcionando aos indivíduos o acesso às habilidades fundamentais para sua participação ativa na sociedade. Entretanto, muitos estudantes enfrentam dificuldades nesse processo, seja devido a questões cognitivas, sensoriais ou motoras. Nesse contexto, a tecnologia assistiva tem emergido como uma poderosa aliada, capaz de promover a inclusão e potencializar o aprendizado efetivo.

O presente artigo aborda o tema “O Uso da Tecnologia Assistiva na Alfabetização: Um Caminho para a Inclusão e o Aprendizado Efetivo”, objetivando analisar e discutir o papel transformador da tecnologia assistiva nesse contexto educacional. A problemática central reside nas dificuldades enfrentadas por estudantes com deficiências e transtornos de aprendizagem durante o processo de alfabetização, que muitas vezes resultam em obstáculos à sua plena participação no ambiente escolar.

E pretende explorar o potencial da tecnologia assistiva como recurso capaz de compensar as limitações funcionais de pessoas com deficiências, buscando proporcionar maior independência e igualdade de oportunidades no processo de alfabetização. Serão abordados os diversos recursos adaptados, softwares educativos, aplicativos, jogos interativos, dispositivos de acessibilidade e metodologias diversificadas, visando facilitar a compreensão da estrutura da língua escrita, o reconhecimento dos fonemas e a prática da leitura e escrita.

De acordo com Galvão Filho (2009) a tecnologia assistiva tem a função de facilitar a vida de todas as pessoas. E quando nos referimos às pessoas com deficiência existe um segmento da tecnologia chamado Tecnologia Assistiva (TA) que abrange recursos, ferramentas, processos, práticas, serviços, metodologias e estratégias cuja finalidade é proporcionar mais autonomia, independência e qualidade de vida para seus usuários.

Os objetivos deste estudo consistem em demonstrar como o uso adequado da tecnologia assistiva pode contribuir para a inclusão de estudantes com diferentes necessidades educacionais, proporcionando-lhes uma educação mais igualitária e acessível. Além disso, busca-se evidenciar como a adoção dessas tecnologias pode potencializar as habilidades dos alunos, tornando o aprendizado mais efetivo e personalizado.

A metodologia empregada na elaboração deste trabalho se baseou em uma pesquisa bibliográfica, com a revisão de artigos científicos, estudos de caso e materiais relacionados ao uso da tecnologia assistiva na alfabetização. Também foram considerados dados e estatísticas que comprovam os impactos positivos da tecnologia assistiva no processo educacional.

Os resultados obtidos apontam para uma clara melhoria na inclusão e no desempenho dos estudantes quando a tecnologia assistiva é devidamente integrada ao processo de alfabetização. Através de recursos adaptados, metodologias diversificadas e tecnologias específicas, os alunos têm a oportunidade de avançar no seu próprio ritmo, recebendo um feedback imediato e personalizado, o que os capacita a desenvolver suas habilidades de forma individualizada.

Portanto, a investigação realizada neste estudo oferece subsídios relevantes para educadores, pesquisadores e profissionais da área da educação, destacando a importância da tecnologia assistiva na alfabetização como uma ferramenta essencial para a promoção de práticas inclusivas e uma educação verdadeiramente acessível a todos. Com o uso adequado dessas tecnologias, vislumbra-se um futuro mais promissor para o processo educacional, onde a inclusão e o aprendizado efetivo caminham lado a lado, proporcionando a todos os estudantes a oportunidade de alcançar todo o seu potencial acadêmico e pessoal.

2. A ALFABETIZAÇÃO COMO APROPRIAÇÃO DAS FUNÇÕES SOCIAIS DA ESCRITA: UMA PERSPECTIVA DE EMÍLIA FERREIRO.

Emília Ferreiro (1985) dedicou-se extensivamente ao estudo dos processos de alfabetização e aquisição da linguagem pelas crianças. Segundo suas conclusões, a alfabetização não se trata apenas de aprender a ler e escrever, mas também de se apropriar das funções sociais da escrita. Isso significa que a capacidade de ler e escrever não deve ser vista apenas como uma habilidade técnica, mas sim como um instrumento de interação e comunicação dentro da sociedade.

Um dos pontos centrais das pesquisas de Emília Ferreiro (1985) é a análise dos desempenhos díspares apresentados por crianças de diferentes classes sociais no processo de alfabetização. De acordo com suas investigações, essas diferenças não são indicativas de capacidades intelectuais desiguais entre as crianças, mas sim reflexo do acesso maior ou menor que elas têm a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida.

Em contextos sociais mais favorecidos economicamente, é comum que as crianças estejam imersas em um ambiente rico em estímulos de leitura e escrita. Os pais, cuidadores e professores dessas crianças geralmente leem histórias, contam narrativas e fornecem materiais de leitura variados, o que lhes confere um contato mais intenso com a linguagem escrita. Como resultado, essas crianças têm a oportunidade de se apropriar das funções sociais da escrita precocemente, desenvolvendo habilidades linguísticas e cognitivas relacionadas à leitura e escrita.

Por outro lado, em contextos socioeconômicos menos favorecidos, é possível que as crianças tenham acesso limitado a livros, materiais de leitura e um ambiente rico em estímulos linguísticos. Isso pode levar a um desenvolvimento mais tardio das habilidades de leitura e escrita, uma vez que elas têm menos oportunidades de se apropriar das funções sociais da escrita desde cedo.

É importante ressaltar que as conclusões de Emília Ferreiro (1985) têm implicações significativas para a educação e políticas públicas. Ao entender que as desigualdades na alfabetização estão relacionadas ao acesso desigual a experiências de leitura e escrita, torna-se fundamental adotar medidas para diminuir essa lacuna. Investir em programas de promoção da leitura desde a primeira infância, capacitar professores para atenderem às necessidades diversas dos alunos e fornecer recursos educacionais adequados são algumas das ações que podem contribuir para uma alfabetização mais igualitária.

Em suma, Emília Ferreiro (1985) demonstrou que a alfabetização vai além da mera decodificação de palavras e envolve a apropriação das funções sociais da escrita. Os desempenhos díspares observados entre crianças de diferentes classes sociais não devem ser interpretados como indicativos de capacidades desiguais, mas sim como reflexo do acesso diferenciado a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida. A conscientização sobre essa questão pode orientar esforços para tornar a educação mais inclusiva e promover a igualdade de oportunidades no processo de alfabetização.

3. O PAPEL DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O uso das tecnologias assistivas tem se mostrado fundamental no processo de alfabetização, especialmente para estudantes com necessidades educacionais especiais. Essas tecnologias oferecem recursos e estratégias adaptadas às especificidades de cada aluno, permitindo que eles superem suas limitações e alcancem um aprendizado efetivo.

Teófilo Galvão Filho (2004) em suas pesquisas sobre a temática, destaca que o uso das tecnologias assistivas proporciona uma aprendizagem mais individualizada, respeitando as necessidades e características de cada estudante. Isso contribui para o desenvolvimento de habilidades específicas, o aprimoramento da autoconfiança e o fortalecimento da motivação para aprender. Tem-se que,

A tecnologia assistiva desempenha um papel crucial na mediação de processos educacionais inclusivos, proporcionando recursos e estratégias adaptadas às necessidades específicas dos estudantes com deficiências. Ao oferecer acessibilidade e autonomia, a tecnologia assistiva promove a participação plena e igualitária desses alunos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa. (GALVÃO 2004 p.116)

As metodologias diversificadas referem-se a uma abordagem educacional que reconhece a diversidade dos alunos e a variedade de estilos de aprendizagem. Em vez de seguir um único modelo de ensino, essas metodologias se adaptam às necessidades individuais dos alunos, permitindo que cada um deles receba o suporte necessário para alcançar o máximo de seu potencial.

Uma das principais vantagens das metodologias diversificadas é a flexibilidade que elas oferecem. Compreendendo que cada aluno é único, os professores podem utilizar diferentes estratégias e recursos para abordar os conteúdos de forma mais acessível e significativa. Isso pode incluir a utilização de tecnologias educacionais, recursos audiovisuais, atividades práticas, jogos educativos, trabalhos em grupo, entre outros. Ao adaptar o ensino às preferências e habilidades dos alunos, as metodologias diversificadas podem tornar o processo de aprendizagem mais envolvente e motivador.

Além disso, as metodologias diversificadas têm o potencial de valorizar as diversas inteligências e habilidades dos alunos. Ao reconhecer que o aprendizado não se limita apenas ao conhecimento acadêmico, mas também envolve habilidades sociais, emocionais e práticas, os professores podem promover um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e holístico. Isso é particularmente relevante para alunos com defasagem de aprendizagem, pois eles podem apresentar pontos fortes em outras áreas que não foram totalmente exploradas anteriormente.

Outro aspecto importante das metodologias diversificadas é o estímulo à autorregulação do aprendizado. Ao permitir que os alunos participem ativamente do processo de aprendizagem e escolham entre diferentes abordagens, eles desenvolvem habilidades de autoavaliação e autogestão. Essas habilidades são cruciais para que os alunos com defasagem de aprendizagem possam identificar suas próprias necessidades e tomar a iniciativa de buscar o suporte adicional necessário.

3.1 Softwares Educacionais e Aplicativos Interativos

Dentre as tecnologias assistivas mais utilizadas na alfabetização, destacam-se os softwares educacionais e os aplicativos interativos. Essas ferramentas oferecem uma variedade de recursos e atividades que auxiliam no desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e compreensão da língua escrita.

Os softwares educacionais podem apresentar exercícios adaptados às necessidades individuais de cada estudante, oferecendo atividades de reconhecimento de letras, associação de fonemas, formação de palavras e leitura de textos. Além disso, muitos desses softwares fornecem feedback imediato e personalizado, permitindo que o aluno identifique e corrija seus erros, promovendo uma aprendizagem mais efetiva. Sob esta ótica, atenta-se para o fato de que

As tecnologias […] devem ser utilizadas de acordo com os propósitos educacionais da escola, fazendo uso de estratégias adequadas para propiciar ao aluno a aprendizagem, não podendo ser regida como a informatização do ensino, que reduz as tecnologias a meros instrumentos para instruir o aluno. (BERNARDI, 2010, p. 2)

Já os aplicativos interativos, especialmente projetados para dispositivos móveis, têm se tornado cada vez mais populares na alfabetização. Esses aplicativos geralmente possuem elementos lúdicos, como jogos, desafios e recompensas, tornando o processo de aprendizagem mais envolvente e motivador para os estudantes. Ao mesmo tempo, eles oferecem atividades direcionadas ao desenvolvimento das habilidades linguísticas, como a formação de palavras, a identificação de fonemas e a leitura de textos curtos. Portanto,

Os softwares educacionais apresentam diversas oportunidades de trabalho com crianças de várias faixas etárias. Eles criam um ambiente de aprendizagem em que o lúdico, a solução de problemas, a atividade reflexiva e a capacidade de decisão são privilegiados. Desenvolvem a aprendizagem ativa, controlada pela própria criança, já que permitem representar idéias, comparar resultados, refletir sobre sua ação e tomar decisões, depurando o processo de aprendizagem. (BERNARDI, 2010, p.9)

Além dos softwares educacionais existem outras tecnologias assistiva que permitem um melhor acesso à informação, contribuindo positivamente para o desenvolvimento do aluno dentro e fora da sala de aula.

3.2 Recursos de Acessibilidade para Alunos com Deficiências e com Transtornos de Aprendizagem

A tecnologia assistiva também desempenha um papel crucial na inclusão de alunos com deficiências, proporcionando recursos de acessibilidade que possibilitam o acesso à informação e a interação com o ambiente educacional. Esses recursos são especialmente relevantes para estudantes com deficiência visual, auditiva ou motora.

No caso de alunos com deficiência visual, os leitores de tela e os softwares de reconhecimento óptico de caracteres são ferramentas essenciais. Eles permitem que o estudante tenha acesso ao conteúdo escrito, convertendo-o em informações sonoras ou em braille. Além disso, dispositivos de leitura tátil, como o uso de figuras e materiais em relevo, podem auxiliar na compreensão de conceitos e na formação das letras.

Já para alunos com deficiência auditiva, os recursos de acessibilidade incluem a utilização de legendas em vídeos e o uso de dispositivos de amplificação sonora. Além disso, a comunicação alternativa, por meio de softwares de tradução de texto para Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a utilização de intérpretes, possibilitam a interação efetiva com colegas e professores.

Alunos com deficiências motoras também podem se beneficiar das tecnologias assistivas, através de dispositivos de controle adaptado, teclados virtuais ou acionadores de voz. Essas ferramentas permitem que o aluno participe ativamente das atividades de escrita e interação digital, independentemente das suas limitações físicas.

Outro grupo de estudantes que pode se beneficiar das tecnologias assistivas são aqueles com transtornos de aprendizagem, como dislexia e déficit de atenção. Esses transtornos podem dificultar o processo de alfabetização, mas as tecnologias assistivas oferecem recursos específicos para atender às suas necessidades.

Softwares de reconhecimento de voz, por exemplo, permitem que os alunos com dislexia transcrevam suas ideias de forma mais eficiente, reduzindo a frustração causada pelas dificuldades de escrita. Além disso, softwares de apoio à leitura, que destacam palavras ou frases e oferecem opções de fontes e tamanhos de letras, podem facilitar a compreensão de textos e aumentar a autonomia do aluno.

É importante destacar que nem todos os recursos necessitam de altos investimentos, segundo Galvão Filho (2009), alguns desses recursos estão presentes nas “salas de aula inclusivas”[1]. O referido autor relata que:

Existe um número incontável de possibilidades, de recursos simples e de baixo custo, que podem e devem ser disponibilizados nas salas de aula inclusivas, conforme as necessidades específicas de cada aluno com necessidades educacionais especiais presente nessas salas, tais como: suportes para visualização de textos ou livros (foto abaixo); fixação do papel ou caderno na mesa com fitas adesivas; engrossadores de lápis ou caneta confeccionados com esponjas enroladas e amarradas, ou com punho de bicicleta ou tubos de PVC “recheados” com epóxi; substituição da mesa por pranchas de madeira ou acrílico fixadas na cadeira de rodas; órteses diversas, e inúmeras outras possibilidades. Galvão Filho (2009, p.1-2)

Para alunos com déficit de atenção, a utilização de softwares de organização e gerenciamento de tarefas pode ajudar a estabelecer rotinas e a manter o foco nas atividades de aprendizagem. Essas ferramentas permitem que o estudante crie agendas, defina lembretes e organize suas tarefas de forma estruturada, o que contribui para a gestão do tempo e a redução da ansiedade.

4. METODOLOGIAS ATIVAS

As metodologias ativas têm se tornado cada vez mais relevantes no processo de alfabetização, trazendo uma abordagem inovadora e participativa para o ensino e aprendizagem. Essas abordagens colocam o estudante no centro do processo educacional, promovendo a construção do conhecimento de forma ativa e significativa. No contexto da alfabetização, as metodologias ativas se mostram especialmente eficazes ao estimular a participação, a interação e o engajamento dos alunos, contribuindo para um aprendizado mais efetivo.

Uma das metodologias ativas amplamente utilizadas na alfabetização é a aprendizagem baseada em projetos. Nessa abordagem, os alunos são envolvidos em projetos que envolvem a leitura e a escrita, proporcionando a oportunidade de aplicar de forma prática os conhecimentos adquiridos. Os projetos podem ser desenvolvidos de forma individual ou em grupo, e permitem que os estudantes sejam protagonistas de seu próprio aprendizado, tomando decisões, resolvendo problemas e desenvolvendo habilidades de pesquisa, comunicação e colaboração.

Outra metodologia ativa relevante é a sala de aula invertida, na qual os conteúdos são disponibilizados aos estudantes previamente, seja por meio de vídeos, leituras ou outros recursos, para que possam ser explorados antes das aulas. Durante as aulas, o tempo é dedicado a atividades práticas, discussões e esclarecimento de dúvidas, permitindo uma aprendizagem mais interativa e personalizada. Na alfabetização, essa abordagem pode ser utilizada para introduzir novos conceitos e estimular a reflexão sobre o sistema de escrita, enquanto as aulas são destinadas à prática de leitura, escrita e produção textual.

A gamificação também tem ganhado destaque nas metodologias ativas de alfabetização. Ao utilizar elementos de jogos, como desafios, recompensas e rankings, os estudantes são estimulados a engajar-se de forma lúdica e motivadora no processo de aprendizagem. Jogos educativos podem ser utilizados para a prática de leitura, formação de palavras, associação de fonemas e compreensão de textos, tornando o aprendizado mais atrativo e envolvente.

Além disso, a aprendizagem colaborativa é uma metodologia ativa que promove a interação entre os estudantes, permitindo que eles compartilhem conhecimentos, discutam ideias e trabalhem em equipe. Na alfabetização, atividades colaborativas, como a escrita coletiva de textos, a troca de experiências de leitura e a revisão mútua de produções escritas, favorecem a construção do conhecimento de forma colaborativa, ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades de comunicação e cooperação.

As metodologias ativas no processo de alfabetização têm como objetivo principal promover um aprendizado mais significativo, estimulando a autonomia, a criatividade, a reflexão crítica e a resolução de problemas. Ao envolver os estudantes de forma ativa em seu próprio processo de aprendizagem, essas abordagens contribuem para o desenvolvimento de habilidades linguísticas, o fortalecimento da confiança e a promoção da aprendizagem ao longo da vida.

No entanto, é importante ressaltar que a implementação das metodologias ativas requer planejamento e adaptação às características dos alunos e às demandas específicas da alfabetização. Os educadores desempenham um papel fundamental ao criar um ambiente de aprendizagem estimulante, ao selecionar recursos adequados e ao propor atividades desafiadoras que promovam a participação ativa dos estudantes.

Nota-se que as metodologias ativas representam uma abordagem inovadora e eficaz no processo de alfabetização. Ao colocar o estudante no centro do processo educacional, essas metodologias estimulam a participação, a interação e o engajamento dos alunos, contribuindo para um aprendizado mais significativo e duradouro. Ao adotar essas abordagens, os educadores podem potencializar o desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e comunicação dos estudantes, preparando-os para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo científico analisou e discutiu o uso das tecnologias assistivas no processo de alfabetização, destacando seu papel fundamental na promoção da inclusão e no auxílio ao aprendizado efetivo. As evidências apresentadas confirmam que as tecnologias assistivas têm o potencial de transformar a experiência de aprendizagem de estudantes com diferentes necessidades educacionais.

Através do uso de softwares educacionais, aplicativos interativos e recursos de acessibilidade, é possível adaptar as atividades de alfabetização às necessidades específicas de cada aluno, permitindo que eles superem suas limitações e desenvolvam habilidades linguísticas de forma personalizada. Além disso, as tecnologias assistivas oferecem feedback imediato, promovendo a correção de erros e a melhoria contínua das habilidades de leitura e escrita.

As tecnologias assistivas também desempenham um papel crucial na inclusão de estudantes com deficiências, fornecendo recursos de acessibilidade que garantem o acesso à informação e a interação com o ambiente educacional. Leitores de tela, softwares de reconhecimento óptico de caracteres, dispositivos de amplificação sonora e comunicação alternativa são exemplos de ferramentas que possibilitam a participação plena desses estudantes no processo de alfabetização.

Além disso, as tecnologias assistivas beneficiam estudantes com transtornos de aprendizagem, como dislexia e déficit de atenção, oferecendo recursos específicos para atender às suas necessidades. Softwares de reconhecimento de voz, softwares de apoio à leitura e softwares de organização e gerenciamento de tarefas são exemplos de tecnologias que ajudam esses alunos a superar suas dificuldades e a alcançar um aprendizado mais efetivo.

Os impactos do uso das tecnologias assistivas no processo de alfabetização são evidentes. Além de promover a inclusão e a acessibilidade, essas tecnologias proporcionam uma aprendizagem mais individualizada, respeitando as características e ritmo de cada estudante. Isso resulta em melhorias no desempenho acadêmico, no fortalecimento da autoestima e na motivação para aprender.

O uso das tecnologias assistivas permite que os estudantes avancem no seu próprio ritmo, sem a pressão do tempo ou a necessidade de seguir o ritmo da turma. Dessa forma, eles têm a oportunidade de consolidar os conhecimentos adquiridos, superar dificuldades e progredir de forma consistente, alcançando resultados mais significativos em sua jornada de alfabetização

No entanto, é importante ressaltar que o uso das tecnologias assistivas deve ser feito de forma consciente e planejada. É fundamental que educadores e profissionais da área da educação recebam capacitação adequada para utilizar essas tecnologias de maneira eficaz, integrando-as de forma harmoniosa no currículo e nas práticas pedagógicas.

Em suma, as tecnologias assistivas representam um caminho promissor para aprimorar a alfabetização e promover a inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais. Ao oferecer recursos adaptados e estratégias personalizadas, essas tecnologias auxiliam os alunos a desenvolver habilidades linguísticas, superar desafios e alcançar um aprendizado efetivo. Portanto, é essencial que educadores e pesquisadores continuem a explorar e investir nesse campo, buscando soluções inovadoras e eficazes para garantir a igualdade de oportunidades educacionais para todos.

REFERÊNCIAS

FERREIRO, Emília. A representação da Linguagem e o Processo de Alfabetização (Tradução de Horário Gonzales).In: Caderno de Pesquisa, São Paulo (52): p. 7-17, fev. 1985.

BERNARDI, Solange Teresinha. Utilização de Softwares Educacionais nos Processos de Alfabetização, de Ensino e Aprendizagem com uma Visão Psicopedagógica. In: Revista REI, Rio Grande do Sul, vol. 5, nº 10, jun. 2010.

GALVÃO FILHO, T. A. A Tecnologia Assistiva: de que se trata? In: MACHADO, G. J. C.; SOBRAL, M. N. (Orgs.). Conexões: educação, comunicação, inclusão e interculturalidade. 1 ed. Porto Alegre: Redes Editora, p. 207-235, 2009.


[1] A terminologia “salas de aula inclusivas” foi adotada pelo autor Galvão Filho (2009), mas atualmente é utilizado o termo salas multifuncionais.


[1] Pedagoga, pela Universidade Estadual de Roraima, Especialista Em Psicopedagogia com ênfase em Educação Especial, pela Faculdade Educacional da Lapa, Mestranda Profissional em Educação Inclusiva pelo PROFEI/ UFRR. E-mail: proffatimavieira.fl@gmail.com. Currículo Lattes: https://lates.cnpq.br/1379330793526666

[2] Licenciatura em Pedagogia, pela Universidade Federal de Roraima, Especialista  em Metodologia do Ensino da Arte, pela UNINTER, Especialista em Direito Educacional, pela FAVENI, Especialista em Atendimento Educacional Especializado pela FAVENI eNeuropsicopedagogia Institucional e Clínica,  Especialista eNeuromotricidade pela Rhema, Especista em Neurociência e Neuropedagogia pela Rhema e especialista em Arteterapia pela Rhema.