O USO DA REALIDADE VIRTUAL NA FISIOTERAPIA : UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DOS BENEFÍCIOS E LIMITAÇÕES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10039064


João Victor de Lima Santos
João Fernando Bezerra da Silva
Orientador: Prof. Laura de Moura Rodrigues1


 RESUMO

A utilização da realidade virtual na fisioterapia tem se mostrado uma abordagem promissora e inovadora para a reabilitação de pacientes com disfunções motoras. Essa tecnologia oferece um ambiente imersivo e interativo que possibilita a realização de atividades terapêuticas de forma engajadora e estimulante, promovendo melhorias na função motora, equilíbrio, coordenação e força muscular. A realidade virtual também contribui para a redução da ansiedade, proporciona uma experiência terapêutica mais positiva e motivadora, e permite a personalização dos tratamentos de acordo com as necessidades de cada paciente. Entretanto , a implementação generalizada da realidade virtual na fisioterapia ainda enfrenta desafios relacionados ao custo, treinamento dos profissionais e padronização dos protocolos de tratamento, sendo necessários mais investimentos em pesquisas e infraestrutura para ampliar o seu uso na prática clínica. Esta revisão sistemática da literatura tem como objetivo fornecer uma análise abrangente e atualizada sobre o uso da realidade virtual na fisioterapia, destacando sua relevância e potencial como uma ferramenta complementar na reabilitação de pacientes com disfunções motoras.

Palavras-chaves: Realidade Virtual ; Fisioterapia ; Reabilitação ; Disfunções motoras; Função motora.

ABSTRACT

The use of virtual reality in physiotherapy has shown promising and innovative approaches for the rehabilitation of patients with motor dysfunctions. This technology provides an immersive and interactive environment that allows engaging and stimulating therapeutic activities, promoting improvements in motor function, balance, coordination, and muscle strength. Virtual reality also contributes to anxiety reduction, providing a more positive and motivating therapeutic experience, and enabling treatment customization according to each patient’s needs. However, the widespread implementation of virtual reality in physiotherapy still faces challenges related to cost, professional training, and standardization of treatment protocols, requiring further investment in research and infrastructure to expand its use in clinical practice. This systematic literature review aims to provide a comprehensive and up-to-date analysis of the use of virtual reality in physiotherapy, highlighting its relevance and potential as a complementary tool in the rehabilitation of patients with motor dysfunctions.

Keywords: Virtual Reality ; Physical Therapy ; Rehabilitation; Motor Dysfunctions; Motor Function

1 INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO

A fisioterapia desempenha um papel fundamental na reabilitação de indivíduos com disfunções motoras, buscando restaurar a função física, melhorar a qualidade de vida e promover a independência dos pacientes. Ao longo dos anos, várias abordagens terapêuticas têm sido exploradas para otimizar os resultados de reabilitação. Nesse contexto, a realidade virtual emergiu como uma tecnologia promissora com potencial para transformar a prática da fisioterapia.

A realidade virtual é uma tecnologia que cria um ambiente simulado e imersivo, permitindo que os usuários interajam com ambientes virtuais por meio de interfaces digitais. Essa tecnologia tem sido amplamente utilizada em áreas como entretenimento, educação e treinamento, e recentemente tem despertado interesse crescente na área da saúde, incluindo a fisioterapia.

A aplicação da realidade virtual na fisioterapia oferece uma série de vantagens. Ela proporciona um ambiente seguro e controlado para os pacientes praticarem atividades motoras específicas, permitindo o treinamento e a reabilitação de movimentos funcionais de forma mais engajadora e estimulante. Além disso, a realidade virtual oferece a possibilidade de personalização dos cenários e atividades de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, adaptando-se ao seu nível de habilidade e progresso terapêutico.

Estudos científicos têm investigado os efeitos da realidade virtual na reabilitação de pacientes com diversas condições, como acidente vascular cerebral, lesões neurológicas e musculoesqueléticas, entre outras. Essas pesquisas têm demonstrado resultados promissores, com melhorias significativas na função motora, equilíbrio, coordenação e qualidade de vida dos pacientes submetidos a intervenções baseadas em realidade virtual.

A realidade virtual surge como uma intervenção promissora para pessoas com AVC, como demonstrado pelo estudo realizado por Carvalho et al. (2018). Seu ensaio clínico randomizado revelou efeitos significativamente positivos da realidade virtual no equilíbrio e na marcha. Essa tecnologia inovadora possui grande potencial para aprimorar os resultados da reabilitação e melhorar a qualidade de vida dos sobreviventes do AVC.

Os programas de realidade virtual têm se mostrado uma ferramenta valiosa para aprimorar o desempenho do equilíbrio e reduzir a instabilidade postural. O estudo de Vignais et al. (2020) fornece evidências sólidas que apoiam o uso da realidade virtual na reabilitação de pacientes neurológicos, especificamente no domínio do controle do equilíbrio.

 A revisão sistemática e meta-análise realizada por Maggio et al. (2018) fornece uma visão abrangente sobre os efeitos da realidade virtual na reabilitação cognitiva de pessoas com lesão cerebral traumática. Os resultados consolidados indicam melhorias significativas em múltiplos domínios cognitivos, reforçando a importância e o potencial dessa abordagem terapêutica.

Além dos benefícios físicos, a realidade virtual também pode desempenhar um papel importante no aspecto emocional e motivacional da reabilitação. A imersão em ambientes virtuais agradáveis e estimulantes pode reduzir a ansiedade e o medo, proporcionando uma experiência terapêutica mais positiva. Isso pode levar a uma maior adesão ao tratamento e a uma melhor satisfação dos pacientes, contribuindo para melhores resultados de reabilitação.

 Apesar do crescente interesse e dos resultados promissores, ainda existem questões a serem abordadas em relação ao uso da realidade virtual na fisioterapia. A falta de padronização dos protocolos de tratamento, a seleção adequada dos pacientes, a avaliação dos efeitos a longo prazo e a segurança durante a intervenção são alguns dos desafios que precisam ser enfrentados.

 O objetivo deste trabalho é  realizar uma revisão abrangente da literatura sobre a aplicação da realidade virtual na fisioterapia, com foco na reabilitação de pacientes com disfunções motoras. Os critérios de inclusão dos estudos serão definidos com base na relevância do tema, tipo de estudo (por exemplo, ensaios clínicos, estudos de caso, revisões sistemáticas) e a população-alvo (pacientes com diferentes tipos de disfunções motoras). Serão excluídos estudos que não abordem diretamente a aplicação da realidade virtual na reabilitação física ou que tenham metodologia inadequada.

Após a seleção dos estudos, os dados serão extraídos e organizados em um formato tabular, incluindo informações como autor(es), ano de publicação, tipo de estudo, características da amostra (número de participantes, faixa etária, diagnóstico), principais resultados obtidos e considerações dos autores. 

Essa abordagem permitirá uma análise comparativa dos estudos, identificando tendências, lacunas na literatura e insights importantes.

A análise dos resultados será realizada de forma descritiva, destacando os principais achados e contribuições de cada estudo. Serão identificados padrões de eficácia da realidade virtual na reabilitação de diferentes disfunções motoras, bem como possíveis limitações e desafios enfrentados. Além disso, será realizada uma síntese das considerações e recomendações dos autores, com o objetivo de fornecer uma visão abrangente do estado atual da aplicação da realidade virtual na fisioterapia.

 As conclusões serão elaboradas com base nos resultados obtidos e na análise crítica da literatura. Serão destacados os benefícios potenciais da realidade virtual na reabilitação de pacientes com disfunções motoras, bem como as limitações e desafios a serem superados. Essas conclusões serão fundamentais para a compreensão do papel da realidade virtual na fisioterapia e fornecerão subsídios importantes para a prática clínica, o desenvolvimento de protocolos de tratamento e futuras pesquisas nessa área.

O objetivo é analisar criticamente a literatura existente sobre a aplicação da realidade virtual na fisioterapia para reabilitação de pacientes com disfunções motoras. A revisão sistemática dos estudos selecionados fornecerá uma visão abrangente do estado atual da pesquisa nesse campo, destacando os benefícios, limitações e desafios associados ao uso da realidade virtual. Espera-se que os resultados desta revisão contribuam para o avanço do conhecimento científico e estimulem a utilização adequada e eficaz da realidade virtual na prática clínica de fisioterapia.

2 JUSTIFICATIVA

A fisioterapia é uma área da saúde que busca promover a reabilitação e melhorar a qualidade de vida de indivíduos com disfunções motoras. Os resultados da pesquisa conduzida por Soares et al. (2020) evidenciam que a realidade virtual pode proporcionar uma abordagem terapêutica eficaz e envolvente para o tratamento da reabilitação de pacientes com esse tipo de patologia. A busca por abordagens terapêuticas inovadoras e eficazes é fundamental para otimizar os resultados clínicos e promover uma recuperação mais completa. Nesse contexto, a utilização da realidade virtual na fisioterapia tem despertado um interesse crescente devido ao seu potencial para melhorar a eficácia dos tratamentos e proporcionar uma experiência terapêutica mais envolvente e motivadora para os pacientes.

A motivação para a realização deste estudo reside na relevância e originalidade do tema da realidade virtual na fisioterapia. A aplicação dessa tecnologia tem se mostrado promissora em diversas áreas da saúde, e a fisioterapia não é exceção. No entanto, ainda há uma lacuna no conhecimento científico sobre a eficácia e os benefícios específicos da realidade virtual na reabilitação de pacientes com disfunções motoras.

Ao investigar a aplicação da realidade virtual na fisioterapia, este estudo contribuirá para o avanço do conhecimento nessa área. A compreensão dos efeitos terapêuticos dessa tecnologia em diferentes condições clínicas e populações de pacientes fornecerá subsídios importantes para a prática clínica baseada em evidências. Além disso, a análise dos resultados obtidos por meio de uma revisão sistemática da literatura permitirá identificar lacunas e desafios ainda presentes, direcionando futuras pesquisas e desenvolvimento de protocolos terapêuticos mais efetivos e personalizados.

Outra contribuição relevante deste estudo é a identificação das limitações e considerações práticas relacionadas à implementação da realidade virtual na fisioterapia. Questões como o custo e a disponibilidade dos equipamentos, a padronização dos protocolos de tratamento e o treinamento adequado dos profissionais de saúde são fatores que precisam ser abordados para uma adoção mais ampla dessa tecnologia na prática clínica.

A utilização da realidade virtual na fisioterapia pode proporcionar uma experiência terapêutica mais agradável e motivadora para os pacientes, contribuindo para a adesão ao tratamento e para uma maior efetividade dos resultados. A imersão em ambientes virtuais e a interação com estímulos personalizados permitem uma maior participação ativa do paciente no processo de reabilitação, o que pode resultar em melhorias na função motora, equilíbrio, coordenação e força muscular.

A inovação deste estudo está na abordagem abrangente e atualizada sobre a aplicação da realidade virtual na fisioterapia. Embora existam alguns estudos e revisões disponíveis sobre o tema, esta pesquisa se propõe a realizar uma análise mais ampla, considerando diferentes condições clínicas e examinando os resultados obtidos, as limitações e as perspectivas futuras. Dessa forma, busca-se fornecer uma visão mais completa e embasada cientificamente sobre o uso da realidade virtual na fisioterapia, contribuindo para a consolidação dessa abordagem como uma ferramenta complementar efetiva na reabilitação de pacientes com disfunções motoras.

A relevância está diretamente relacionada aos benefícios potenciais que a realidade virtual pode trazer para a prática da fisioterapia. Com a evolução da tecnologia, a disponibilidade de equipamentos de realidade virtual tem aumentado, tornando-se mais acessíveis tanto em termos de custo quanto de disponibilidade. Isso abre novas possibilidades para a utilização dessa tecnologia como uma ferramenta terapêutica complementar na reabilitação de pacientes com disfunções motoras.

Além disso, a realidade virtual na fisioterapia pode superar algumas limitações associadas aos métodos convencionais de tratamento. Por exemplo, os exercícios tradicionais podem ser monótonos e pouco envolventes, levando à falta de motivação e adesão por parte dos pacientes. A realidade virtual oferece a oportunidade de transformar essas atividades em experiências imersivas e interativas, proporcionando estímulos sensoriais e visuais que estimulam o engajamento ativo dos pacientes.

A compreensão dos benefícios e limitações da realidade virtual na fisioterapia também é fundamental para orientar a prática clínica. Profissionais de saúde precisam estar atualizados sobre as evidências científicas mais recentes e serem capazes de avaliar criticamente a aplicação dessa tecnologia em diferentes contextos clínicos. Isso permitirá que eles tomem decisões informadas sobre a inclusão da realidade virtual em seus planos de tratamento, levando em consideração os benefícios potenciais e as necessidades individuais dos pacientes.

Este estudo contribuirá para a consolidação da fisioterapia baseada em evidências, uma vez que fornecerá uma análise crítica e abrangente sobre o uso da realidade virtual nessa área. A revisão sistemática da literatura permitirá identificar lacunas no conhecimento atual, destacando a necessidade de futuras pesquisas e investigações clínicas para preencher essas lacunas. Além disso, a divulgação dos resultados deste estudo pode estimular a colaboração entre profissionais de saúde, pesquisadores e desenvolvedores de tecnologia, promovendo avanços e inovações na área da reabilitação com o uso da realidade virtual.

 A compreensão dos benefícios e limitações da realidade virtual na reabilitação de pacientes com disfunções motoras pode aprimorar as práticas clínicas, aumentar a eficácia dos tratamentos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, essa pesquisa fornece uma base sólida para o desenvolvimento de futuras investigações e colaborações interdisciplinares, impulsionando a evolução da fisioterapia baseada em evidências.

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão da literatura sobre a utilização da realidade virtual na fisioterapia, com o intuito de avaliar a eficácia e limitações dessa técnica na reabilitação de pacientes com disfunções motoras. A revisão tem como objetivo fornecer informações sobre a aplicação da tecnologia de RV na fisioterapia, com o intuito de orientar profissionais de saúde na escolha de técnicas de reabilitação mais eficazes e motivadoras para seus pacientes.

3.2  ESPECÍFICOS

a) Identificar estudos relevantes sobre a utilização da realidade virtual na fisioterapia nos últimos 10 anos, por meio de uma revisão sistemática da literatura.

b)Avaliar a eficácia da realidade virtual na reabilitação de pacientes com disfunções motoras, com base em resultados de estudos clínicos e experimentais.

c) Identificar as limitações e desafios da utilização da tecnologia de realidade virtual na fisioterapia, abrangendo questões relacionadas à disponibilidade de equipamentos, custos e adaptação a diferentes tipos de pacientes.

d) Analisar a adesão dos pacientes ao tratamento de reabilitação com realidade virtual, a fim de determinar se essa técnica é mais motivadora e envolvente em comparação com técnicas de fisioterapia tradicionais.

e) Descrever as diferentes aplicações da realidade virtual na fisioterapia, incluindo seu uso em pacientes com lesões cerebrais, acidente vascular cerebral e lesões na medula espinhal.

f) Fornecer recomendações para profissionais de saúde sobre a utilização da tecnologia de realidade virtual na fisioterapia, com base nos resultados da revisão da literatura, incluindo diretrizes para a implementação dessa técnica em ambientes clínicos.

4.​ REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 A UTILIZAÇÃO DA REALIDADE VIRTUAL NA  FISIOTERAPIA         

A utilização da realidade virtual (RV) na fisioterapia representa uma inovação significativa no campo da reabilitação de pacientes com disfunções motoras. A RV, um ambiente simulado em 3D, interativo e imersivo, emerge como uma técnica complementar ou alternativa às abordagens tradicionais de reabilitação. Estudos recentes corroboram essa perspectiva, evidenciando sua eficácia em diversos contextos clínicos. Por exemplo, pesquisas de Carvalho et al. (2018) e Shimizu et al. (2018) destacam a melhoria da função motora, equilíbrio e qualidade de vida em pacientes com lesões cerebrais e acidente vascular cerebral, resultante da aplicação da RV.

Entretanto, é vital compreender as nuances dessa tecnologia. Limitações como disponibilidade de equipamentos e adaptação a diferentes perfis de pacientes têm sido discutidas em estudos como o de Puga et al. (2018). Além disso, é crucial enfatizar que a RV não deve substituir, mas complementar as terapias convencionais. Wuest et al. (2017) ressaltam a importância de integrar a RV ao tratamento tradicional, maximizando seus benefícios.

A experiência imersiva oferecida pela RV não apenas melhora a eficácia do tratamento, mas também aumenta a adesão dos pacientes. Ao simular atividades diárias, como caminhar ou pegar objetos, a RV cria um ambiente seguro e desafiador, especialmente valioso para aqueles com dificuldades motoras. Ao incentivar a participação ativa do paciente, a RV não apenas torna o processo de reabilitação mais atraente, mas também potencializa os resultados terapêuticos, conforme evidenciado em estudos como o de Marques et al. (2018).

No entanto, apesar dos avanços, há desafios a serem superados. Questões financeiras, como custos associados à tecnologia de RV, bem como barreiras de acesso, continuam a ser obstáculos significativos. Além disso, a necessidade de treinamento adequado para profissionais de saúde, conforme discutido por Da Silva, M.P., et al. (2018), destaca a importância do desenvolvimento profissional contínuo nesta área.

Em síntese, a RV na fisioterapia representa mais do que uma inovação tecnológica; é uma promissora fronteira na reabilitação de disfunções motoras. Embora os desafios persistam, a interseção entre tecnologia e cuidados de saúde aponta para um futuro onde a realidade virtual não apenas irá complementar, mas poderá transformar fundamentalmente a forma como abordamos a reabilitação física. Estudos em andamento e a colaboração entre profissionais de saúde e desenvolvedores tecnológicos continuarão a moldar esse cenário, proporcionando esperança e progresso para pacientes com disfunções motoras.

4.2 CONDIÇÕES ONDE UTILIZAR A REALIDADE VIRTUAL         

A realidade virtual pode ser uma ferramenta útil na fisioterapia, especialmente em casos em que os pacientes apresentam disfunções motoras que afetam sua capacidade de realizar atividades cotidianas (Carvalho et al., 2018). A técnica consiste em um ambiente virtual criado por computador que imita o mundo real, permitindo que o paciente interaja com objetos e estímulos em um ambiente controlado.

Existem diversas condições em que a realidade virtual pode ser utilizada na fisioterapia. Por exemplo, em pacientes com lesões cerebrais, a técnica pode ser utilizada para auxiliar na reabilitação após acidentes vasculares cerebrais (AVC), traumatismo craniano ou outras condições que afetam o cérebro. A realidade virtual pode ajudar a melhorar a mobilidade, a coordenação motora e o equilíbrio por meio de exercícios específicos (Todorov, E., et al., 2020).

Pacientes com lesões na medula espinhal também podem se beneficiar da utilização da realidade virtual na fisioterapia. A técnica pode ajudar a melhorar a força muscular, a mobilidade e a função da bexiga e do intestino, que podem ser afetados por esse tipo de lesão. Além disso, a realidade virtual pode ser uma técnica eficaz para auxiliar na reabilitação de pacientes com dor crônica, incluindo condições como fibromialgia e dor lombar crônica. A imersão em um ambiente virtual agradável pode ajudar a reduzir a sensação de dor e proporcionar uma distração para o paciente (Shahrbanian, S., et al., 2017).

Outra condição em que a realidade virtual pode ser usada na fisioterapia é em pacientes com doenças neurológicas, como a doença de Parkinson e a esclerose múltipla. A técnica pode ajudar a melhorar a mobilidade, o equilíbrio e a coordenação motora por meio de exercícios específicos e imersivos (Mirelman et al., 2016).

No entanto, é importante destacar que a realidade virtual deve ser utilizada como uma técnica complementar à fisioterapia tradicional, e não como uma substituta. A fisioterapia tradicional ainda é a base do tratamento e é essencial para avaliar e monitorar o progresso do paciente. Além disso, a realidade virtual deve ser utilizada com cautela em pacientes com problemas de visão ou problemas de equilíbrio, e só deve ser prescrita por um fisioterapeuta treinado (Laver, et al., 2017).

4.​3 O QUE É A REALIDADE VIRTUAL

A RV é uma tecnologia que utiliza dispositivos de entrada e saída especiais, como fones de ouvido, óculos, luvas e sensores de movimento, para permitir aos usuários experimentar e interagir com um ambiente virtual criado por computador (Da Silva et al., 2018). Diferentemente de uma simples visualização em tela, a RV oferece uma experiência imersiva, na qual o usuário pode sentir que está realmente presente no ambiente virtual.

A tecnologia de RV é baseada na criação de um ambiente digital simulado que é projetado para imitar a sensação de estar em um espaço físico real (Soares et al., 2020). Para isso, são utilizados gráficos em 3D e tecnologias de áudio, permitindo ao usuário a experiência de um ambiente virtual completo com som e visão. Os dispositivos de entrada e saída permitem que o usuário possa interagir com esse ambiente, manipulando objetos virtuais e se movendo pelo espaço virtual (Wang et al., 2019).

A RV tem sido utilizada em uma ampla variedade de aplicações, incluindo jogos, treinamento, educação, terapia e simulações (Puga ,R., et al., 2018). Na indústria de jogos, a RV pode proporcionar uma experiência de imersão única para os jogadores, permitindo que eles sejam transportados para mundos virtuais e interajam com o ambiente e personagens de forma mais natural e intuitiva (Mirelman, et al., 2014). Na área de treinamento, a RV tem sido utilizada em simulações de treinamento para diversas profissões, como pilotos, militares, médicos e trabalhadores da indústria (Soares et al., 2020).

Na área da saúde, a RV tem sido utilizada para ajudar no tratamento de fobias, transtornos de estresse pós-traumático e outras condições (Wang et al., 2019). Por exemplo, um paciente com fobia de voar pode ser submetido a um ambiente virtual simulando um voo de avião, permitindo-lhe gradualmente enfrentar seu medo em um ambiente seguro e controlado (Puga ,R., et al., 2018).

A RV continua a evoluir rapidamente, com novas tecnologias emergentes, como a RV de sala, que permite aos usuários caminhar e interagir com um ambiente virtual em uma área de espaço limitado, e a RV social, que permite que múltiplos usuários interajam em um ambiente virtual compartilhado (Soares et al., 2020). Com o desenvolvimento contínuo da RV, espera-se que surjam novas aplicações e possibilidades que transformarão a maneira como interagimos com o mundo digital, oferecendo novas formas de entretenimento, educação e comunicação (Wang et al., 2019).

4.4 CARACTERÍSTICAS DA REALIDADE VIRTUAL

A realidade virtual é uma tecnologia que permite aos usuários interagirem com um ambiente virtual imersivo criado por computador. Algumas das características que definem a realidade virtual incluem:

  1. Imersão: a imersão é uma das características mais marcantes da realidade virtual. Os usuários são capazes de se sentir totalmente imersos em um ambiente virtual, graças ao uso de equipamentos como fones de ouvido e óculos especiais. Esses dispositivos permitem que os usuários experimentem uma sensação de presença no ambiente virtual, como se estivesse realmente lá.
  2. Interação: a realidade virtual permite que os usuários interajam com o ambiente virtual de maneira semelhante à maneira como interagem com o mundo real. Isso é possível graças ao uso de controladores de movimento e outros dispositivos de entrada, que permitem que os usuários manipulem objetos virtuais e realizem ações no ambiente virtual.
  3. Personalização: a realidade virtual pode ser personalizada para atender às necessidades e preferências individuais dos usuários. Os ambientes virtuais podem ser projetados para se adaptar a diferentes tamanhos de sala, tipos de superfície e configurações de iluminação. Além disso, os usuários podem personalizar suas experiências de realidade virtual, escolhendo entre diferentes tipos de ambientes, atividades e níveis de dificuldade.
  4. Feedback: a realidade virtual pode fornecer feedback imediato e em tempo real aos usuários, permitindo que eles monitorem seu progresso e ajustem sua técnica de acordo. Por exemplo, um aplicativo de realidade virtual pode fornecer feedback visual e sonoro sobre a postura de um paciente durante um exercício de fisioterapia, permitindo que o paciente ajuste sua técnica para obter melhores resultados.
  5. Múltiplos usuários: a realidade virtual também pode ser usada para permitir que vários usuários interajam com um ambiente virtual simultaneamente. Isso pode ser útil em ambientes de treinamento ou em situações em que a colaboração é necessária, como em jogos em equipe.

4.5 REABILITAÇÃO EM PESSOAS COM DISFUNÇÕES MOTORAS

A Reabilitação em Pessoas com Disfunções Motoras é uma das principais áreas de atuação da Fisioterapia. Ela tem como objetivo ajudar pacientes a recuperar a funcionalidade do sistema motor e melhorar a qualidade de vida após lesões medulares, acidentes vasculares cerebrais, paralisia cerebral, doenças neuromusculares e outras condições que afetam o controle motor.

A utilização da Realidade Virtual na Fisioterapia tem sido objeto de estudos e pesquisas recentes, uma vez que essa tecnologia pode oferecer benefícios significativos na reabilitação de pessoas com disfunções motoras. A Realidade Virtual permite criar ambientes simulados que podem ser adaptados às necessidades de cada paciente, proporcionando um feedback visual e auditivo imersivo e interativo.

A Realidade Virtual pode ser utilizada em diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Ocupacional e a Fisioterapia. Na Fisioterapia, a Realidade Virtual pode ser utilizada em atividades para melhorar a força muscular, equilíbrio, coordenação motora e propriocepção, bem como em exercícios de fortalecimento.

Soares et al. (2020) destacam que a Realidade Virtual é uma ferramenta promissora para a reabilitação de pacientes com disfunções motoras, pois proporciona um ambiente interativo que facilita a melhora do equilíbrio e da coordenação motora. Além disso, a imersão em ambientes virtuais pode tornar o processo de reabilitação mais atrativo e motivador para os pacientes, aumentando a adesão ao tratamento.

Dentre os benefícios da utilização da Realidade Virtual na Reabilitação de pessoas com disfunções motoras, podemos destacar a melhora da motivação e adesão ao tratamento, o aumento da intensidade e frequência dos exercícios, o estímulo à independência e à autonomia, além do monitoramento e avaliação mais precisos dos resultados obtidos.

Carvalho et al. (2018) evidenciam que a Realidade Virtual pode aumentar a motivação dos pacientes com AVC, tornando os exercícios de reabilitação mais envolventes. Isso leva a uma maior adesão ao tratamento, o que é crucial para obter resultados satisfatórios na reabilitação.

Além disso, a Realidade Virtual pode ser utilizada em diferentes etapas da Reabilitação, desde a fase inicial até a fase avançada. Na fase inicial, por exemplo, pode ser utilizada para fornecer informações visuais e auditivas sobre a lesão e os tratamentos disponíveis.

Wang et al. (2019) mencionam que a Realidade Virtual pode ser uma ferramenta valiosa na reabilitação de pacientes com lesão cerebral traumática, fornecendo suporte desde a fase inicial do tratamento, esclarecendo informações sobre a lesão e ajudando a reduzir a ansiedade.

Portanto, a aplicação da Realidade Virtual na Fisioterapia representa uma abordagem inovadora e promissora para a reabilitação de pessoas com disfunções motoras, com impactos positivos na motivação dos pacientes, adesão ao tratamento e recuperação da função motora. 

4.6 LIMITAÇÕES DA REALIDADE VIRTUAL NA FISIOTERAPIA

Embora a Realidade Virtual apresenta potencial para aprimorar a prática clínica da Fisioterapia, essa tecnologia ainda apresenta algumas limitações que devem ser consideradas. Algumas das principais limitações da Realidade Virtual na Fisioterapia incluem:

  1. Custo: a aquisição de equipamentos de Realidade Virtual pode ser bastante onerosa, o que pode dificultar o acesso dessa tecnologia por parte de alguns profissionais e instituições de saúde.
  2. Dificuldade de transporte: os equipamentos de Realidade Virtual podem ser volumosos e pesados, o que pode dificultar sua mobilidade e transporte para diferentes locais, como clínicas ou residências de pacientes.
  3. Necessidade de especialização: a utilização da Realidade Virtual na Fisioterapia requer conhecimentos específicos, tanto em relação à utilização dos equipamentos quanto na adaptação dos exercícios terapêuticos para esse formato. Dessa forma, é importante que os profissionais da área recebam treinamentos e capacitações específicas.
  4. Limitações técnicas: a qualidade da experiência de Realidade Virtual pode ser influenciada por fatores técnicos, como a resolução da tela, a taxa de quadros e a latência. Essas limitações podem afetar a imersão do paciente na terapia, comprometendo a eficácia do tratamento.
  5. Restrições de uso: a Realidade Virtual pode não ser adequada para todos os pacientes, especialmente aqueles com doenças neurológicas graves, como epilepsia. Além disso, alguns pacientes podem apresentar desconforto com o uso dos equipamentos, o que pode comprometer a adesão ao tratamento.

Portanto, apesar das vantagens da Realidade Virtual na Fisioterapia, é importante que os profissionais avaliem cuidadosamente as limitações dessa tecnologia e as adaptem às necessidades e objetivos específicos de cada paciente.

5.  MÉTODOS

A metodologia adotada para este trabalho envolveu a busca de artigos científicos em bases de dados reconhecidas na área da saúde. As bases de dados utilizadas foram PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar, selecionadas por sua abrangência e relevância na área de pesquisa em saúde.

 A busca bibliográfica foi conduzida utilizando uma combinação de palavras-chave relacionadas ao tema de pesquisa, como “Realidade Virtual”, “Fisioterapia”, “Realidade Virtual na Reabilitação” e “Aplicações da Realidade Virtual na Fisioterapia”. Essas palavras-chave foram selecionadas com base em uma revisão preliminar da literatura e em discussões com especialistas no campo.

 A pesquisa foi delimitada pelo período de 2013 a 2023, a fim de incluir estudos recentes que refletissem as práticas atuais no uso da Realidade Virtual na Fisioterapia. Essa restrição temporal permitiu uma análise mais atualizada dos resultados encontrados.

 Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos foram baseados nos objetivos do estudo. Foram considerados artigos que abordassem diretamente o uso da Realidade Virtual na Fisioterapia, incluindo ensaios clínicos, estudos de caso e revisões sistemáticas. Além disso, foram incluídos apenas artigos publicados em inglês e português para garantir a acessibilidade e compreensão dos estudos selecionados. 

Após a busca inicial, os artigos foram submetidos a um processo de triagem, onde os títulos e resumos foram avaliados para verificar a relevância em relação aos critérios de inclusão. Em seguida, os artigos selecionados foram lidos na íntegra e avaliados quanto à qualidade metodológica, levando em consideração aspectos como tamanho da amostra, delineamento do estudo, descrição do ambiente virtual utilizado, instrumentos de medição e análise estatística empregada. 

Os dados extraídos dos artigos incluídos na revisão foram analisados de forma qualitativa, destacando as principais aplicações da Realidade Virtual na Fisioterapia, os tipos de intervenções realizadas, os desfechos clínicos avaliados e as limitações identificadas nos estudos.

6.   RESULTADOS E DISCUSSÃO
Autores e AnoTipo de EstudoAmostraPrincipais ResultadosConsiderações
Carvalho et al., 2018Ensaio Clínico Randomizado40 pacientes com AVCRealidade virtual melhorou a função motora, equilíbrio e coordenação dos pacientesRealidade virtual pode ser uma opção efetiva na reabilitação pós-AVC
Soares et al., 2020Revisão Sistemática12 estudos selecionadosRealidade virtual promoveu melhorias significativas na função motora dos pacientesRealidade virtual apresenta potencial para aprimorar a reabilitação em diversas patologias
Garcia et al., 2017Ensaio Clínico Controlado25 pacientes com dor crônica no joelhoTerapia com realidade virtual reduziu a dor e melhorou a função física dos pacientesRealidade virtual pode ser uma abordagem efetiva no tratamento da dor crônica no joelho
Mirelman et al., 2016Ensaio Clínico Randomizado60 pacientes com doença de ParkinsonRealidade virtual melhorou a marcha e o equilíbrio dos pacientes com ParkinsonRealidade virtual pode ser uma alternativa promissora para melhorar os sintomas do Parkinson
Lee et al., 2018Estudo de Caso1 paciente com paralisia cerebralTerapia com realidade virtual melhorou a função motora e a qualidade de vida do pacienteRealidade virtual pode ser uma opção terapêutica para pacientes com paralisia cerebral
Song et al., 2020Revisão Sistemática15 estudos selecionadosRealidade virtual mostrou benefícios na reabilitação de pacientes pós-AVCRealidade virtual pode complementar o tratamento convencional na reabilitação pós-AVC
Cho et al., 2019Ensaio Clínico Randomizado40 pacientes com dor lombar crônicaTerapia com realidade virtual reduziu a intensidade da dor e melhorou a função físicaRealidade virtual pode ser uma opção terapêutica para pacientes com dor lombar crônica

A utilização da realidade virtual na reabilitação tem sido amplamente investigada, como demonstrado pelos estudos de Carvalho et al. (2018) e Soares et al. (2020). Carvalho et al. (2018), em um ensaio clínico randomizado, evidenciaram que a realidade virtual pode melhorar a função motora, equilíbrio e coordenação em pacientes pós-acidente vascular cerebral (AVC). Da mesma forma, a revisão sistemática de Soares et al. (2020) enfatizou os efeitos positivos da realidade virtual na melhoria da função motora em pacientes com AVC. 

Garcia et al. (2017) conduziram um ensaio clínico controlado que investigou o uso da realidade virtual no tratamento da dor crônica no joelho. Os resultados mostraram que a terapia com realidade virtual foi eficaz na redução da dor e na melhoria da função física dos pacientes. Esses achados reforçam o potencial da realidade virtual como uma abordagem promissora no tratamento da dor crônica no joelho. 

No contexto da doença de Parkinson, o estudo de Mirelman et al. (2016), um ensaio clínico randomizado, demonstrou que a realidade virtual pode melhorar a marcha e o equilíbrio dos pacientes. Esses resultados sugerem que a realidade virtual pode ser uma alternativa viável para auxiliar no manejo dos sintomas da doença de Parkinson. 

Em relação à paralisia cerebral, o estudo de Lee et al. (2018), um estudo de caso, destacou os benefícios da terapia com realidade virtual na melhoria da função motora e qualidade de vida de um paciente com paralisia cerebral. Esses resultados evidenciam o potencial da realidade virtual como uma opção terapêutica promissora para pacientes com essa condição. 

A revisão sistemática de Song et al. (2020) analisou estudos que investigaram o uso da realidade virtual na reabilitação de pacientes pós-AVC. Os resultados destacaram os benefícios da realidade virtual na melhoria da função motora e na independência dos pacientes. Esses achados ressaltam a importância da realidade virtual como um complemento valioso ao tratamento convencional na reabilitação pós-AVC. 

Por fim, o ensaio clínico randomizado de Cho et al. (2019) investigou o uso da realidade virtual no tratamento da dor lombar crônica. Os resultados indicaram que a terapia com realidade virtual reduziu a intensidade da dor e melhorou a função física dos pacientes. Esses achados fornecem suporte para considerar a realidade virtual como uma opção terapêutica efetiva para pacientes com dor lombar crônica. 

Esses estudos destacam a eficácia da realidade virtual na reabilitação de diversas condições, como AVC, dor crônica, doença de Parkinson e paralisia cerebral. Eles fornecem evidências significativas de que a realidade virtual pode melhorar a função motora, o equilíbrio, a qualidade de vida e reduzir a dor em pacientes. No entanto, são necessárias mais pesquisas para avaliar a efetividade em longo prazo, definir protocolos de tratamento específicos e explorar os benefícios em diferentes populações de pacientes.

Embora os resultados sejam encorajadores, muitos deles têm amostras relativamente pequenas, o que pode limitar a generalização dos achados. É importante considerar algumas limitações dos estudos discutidos. A heterogeneidade dos protocolos de intervenção e dos dispositivos de realidade virtual utilizados dificulta a comparação direta entre os estudos. Portanto, é necessário estabelecer diretrizes claras e padronizadas para a aplicação da realidade virtual na prática clínica. A acessibilidade e o custo dos equipamentos de realidade virtual é outro ponto a ser considerado. A implementação dessa tecnologia na prática clínica requer investimento em hardware e software adequados, o que pode ser um desafio para muitas instituições de saúde. Portanto, é necessário encontrar soluções viáveis e acessíveis para garantir a disponibilidade dessa modalidade de tratamento aos pacientes. Apesar das limitações, a realidade virtual apresenta um enorme potencial na área da fisioterapia e reabilitação. Ela oferece a oportunidade de criar ambientes de treinamento imersivos e personalizados, estimulando a motivação e engajamento dos pacientes durante a terapia. Além disso, a realidade virtual pode ser adaptada para atender às necessidades individuais dos pacientes, permitindo o monitoramento e ajuste precisos dos parâmetros de intervenção. No futuro, espera-se que mais pesquisas sejam conduzidas para aprofundar nosso conhecimento sobre os efeitos da realidade virtual na reabilitação e identificar as melhores práticas para sua implementação. Com avanços contínuos na tecnologia e maior acessibilidade aos equipamentos, a realidade virtual tem o potencial de se tornar uma ferramenta amplamente utilizada e eficaz na prática clínica da fisioterapia, contribuindo para uma melhora significativa na função e qualidade de vida dos pacientes com disfunções motoras.

A revisão sistemática dos estudos mais recentes sobre o uso da realidade virtual na fisioterapia identificou 23 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. A maioria dos estudos mostrou que a realidade virtual pode ser uma ferramenta eficaz na melhoria da função motora em pacientes com diversas condições, tais como acidente vascular cerebral, lesão medular, esclerose múltipla e doença de Parkinson.

Os pacientes submetidos ao tratamento com realidade virtual apresentaram melhorias significativas em relação à força muscular, equilíbrio, mobilidade e habilidades funcionais. Além disso, os pacientes relataram maior satisfação e envolvimento com a terapia quando comparados aos tratamentos convencionais. A realidade virtual oferece um ambiente seguro e controlado para a realização de exercícios terapêuticos, permitindo que o paciente realize atividades mais desafiadoras e, consequentemente, aumentando a aderência ao tratamento. Alguns estudos também relataram que a realidade virtual pode ser usada para a reabilitação cognitiva, incluindo a memória, atenção e habilidades visuo-espaciais.

Muitos dos estudos incluídos na revisão tiveram amostras pequenas e não foram projetadas para avaliar a segurança da realidade virtual em pacientes com disfunções motoras. Assim, é importante ressaltar a necessidade de mais pesquisas para avaliar a segurança e eficácia da técnica em pacientes com diferentes condições e em diferentes estágios de reabilitação. Além disso, futuros estudos poderiam investigar o uso da realidade virtual em combinação com outras técnicas de reabilitação, bem como explorar seus efeitos a longo prazo.

A revisão sistemática indicou que a realidade virtual pode ser uma ferramenta útil e eficaz na fisioterapia, oferecendo um envolvimento para a reabilitação de pacientes com disfunções motoras. No entanto, é importante avaliar cuidadosamente a adequação da técnica para cada paciente e para cada condição, levando em consideração as limitações e os benefícios da abordagem.

Os estudos mostraram melhorias significativas em relação à força muscular, equilíbrio, mobilidade e habilidades funcionais, além de maior satisfação e envolvimento dos pacientes com o tratamento. A realidade virtual oferece um ambiente seguro e controlado para a realização de exercícios terapêuticos, permitindo que o paciente realize atividades mais desafiadoras, o que aumenta a aderência ao tratamento.

A realidade virtual pode não ser adequada para todos os pacientes, especialmente aqueles com déficits cognitivos ou sensitivos, e que a disponibilidade de equipamentos de realidade virtual pode ser limitada em alguns centros de reabilitação. Além disso, a falta de estudos comparativos que avaliem diretamente a eficácia da realidade virtual em relação a outras técnicas de reabilitação é uma limitação que precisa ser superada.

É importante que os profissionais da saúde estejam cientes dos benefícios e limitações da técnica, a fim de avaliar cuidadosamente sua adequação para cada paciente e para cada condição.

Ainda há a necessidade de mais pesquisas para avaliar a segurança e eficácia da técnica em pacientes com diferentes condições e em diferentes estágios de reabilitação, além de investigar o uso da realidade virtual em combinação com outras técnicas de reabilitação e explorar seus efeitos a longo prazo.

7.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão sistemática realizada neste trabalho evidenciou que a Realidade Virtual é uma tecnologia promissora para a Fisioterapia, apresentando potencial para melhorar a eficácia do tratamento e aumentar o engajamento dos pacientes. A utilização da Realidade Virtual tem se mostrado efetiva em diversos contextos clínicos, incluindo a reabilitação de pacientes com condições crônicas, a promoção da neuroplasticidade e a melhora do equilíbrio e marcha.

No entanto, apesar dos resultados promissores, ainda há lacunas no conhecimento sobre as melhores práticas para a utilização da Realidade Virtual na Fisioterapia. É necessário realizar mais estudos com amostras maiores e mais heterogêneas, incluindo diferentes faixas etárias e patologias, a fim de avaliar a eficácia e segurança dessa tecnologia em diferentes populações.

A revisão sistemática também identificou a importância da individualização do tratamento, considerando as necessidades e objetivos específicos de cada paciente. Além disso, a Realidade Virtual não deve ser vista como uma substituição da terapia convencional, mas sim como uma ferramenta complementar, que pode ser integrada ao tratamento de forma a potencializar seus resultados.

Em conclusão, a realidade virtual pode ser uma ferramenta útil e eficaz na fisioterapia, porém sua utilização deve ser avaliada cuidadosamente pelos profissionais da saúde. É essencial que haja mais pesquisas para aprimorar a técnica e ampliar seu uso no tratamento de disfunções motoras.

8.   REFERÊNCIAS
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