O USO DA MICROCORRENTES ASSOCIADO AO LED COMO TRATAMENTO DA ACNE VULGAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202504301158


Hionara Beatriz Oliveira Da Silva; Taina Almeida Santos; Thaís Bandeira Dos Santos; Orientadora: Me. Débora De Fátima Mendonça Santos.


RESUMO

Introdução: A acne vulgar é uma patologia cutânea crônica, observada pelo surgimento de lesões inflamatórias no folículo pilossebáceo, que predominantemente atinge cerca de 80% da população adolescente entre os 14 e 19 anos, sendo caracterizada pela presença de hiperplasia sebácea, alterações no processo queratolitico, colonização da Propionibacterium acnes, e mediação dos processos inflamatório glandular. Dentre os recursos estéticos utilizados no manejo clinico da acne vulgar, podemos citar a microcorrentes e o diodo emissor de luz (LED). Objetivo: Descrever a eficácia da utilização da microcorrentes associado ao LED no tratamento da acne vulgar. Métodos: Uma busca de informações bibliográficas foi realizada nas plataformas científicos: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PubMed) e Google Acadêmico, e foram encontrados 7.422 artigos. Resultados: Após a detecção de dados científicos foram utilizados os critérios de inclusão e exclusão, em seguida foram realizados a leitura de títulos e resumos, e por fim requisitados 14 artigos. Em seguida realizou-se a leitura na integra das publicações préselecionadas, atentando para o tema proposto, contabilizou-se 5 artigos para análise e construção da revisão. Conclusão: Pode-se afirmar que o uso combinado de microcorrentes e LED é uma estratégia promissora e segura para o tratamento da acne vulgar, com potencial para ser amplamente utilizado na prática estética-clínica, desde que respaldado por conhecimento técnico, avaliação individualizada e protocolos baseados em evidências científicas. Contudo, ressalta-se a necessidade de novos estudos clínicos, com amostras maiores e protocolos padronizados, a fim de validar a eficácia dessa associação e estabelecer parâmetros ideais de aplicação.

Palavras-chave: Acne vulgar. Microcorrentes. Diodo emissor de luz.

ABSTRACT

Introduction: Acne vulgaris is a chronic skin condition characterized by the appearance of inflammatory lesions in the pilosebaceous follicle, which predominantly affects approximately 80% of the adolescent population between the ages of 14 and 19. It is characterized by the presence of sebaceous hyperplasia, changes in the keratolytic process, colonization of Propionibacterium acnes, and mediation of glandular inflammatory processes. Among the aesthetic resources used in the clinical management of acne vulgaris, we can mention microcurrents and light-emitting diode (LED). Objective: To describe the effectiveness of the use of microcurrents associated with LED in the treatment of acne vulgaris. Methods: A search for bibliographic information was carried out on the scientific platforms: Virtual Health Library (BVS), National Library of Medicine (PubMed) and Google Scholar, and 7,422 articles were found. Results: After detecting scientific data, the inclusion and exclusion criteria were used, then the titles and abstracts were read, and finally 14 articles were requested. Next, the pre-selected publications were read in full, paying attention to the proposed theme, resulting in 5 articles for analysis and construction of the review. Conclusion: It can be stated that the combined use of microcurrents and LED is a promising and safe strategy for the treatment of acne vulgaris, with the potential to be widely used in aesthetic-clinical practice, as long as it is supported by technical knowledge, individualized assessment and protocols based on scientific evidence. However, the need for new clinical studies with larger samples and standardized protocols is highlighted in order to validate the efficacy of this combination and establish ideal application parameters.

Keywords: Acne vulgaris. Microcurrents. Light emitting diodes.

1 INTRODUÇÃO

A acne vulgar é uma patologia cutânea crônica que apresenta lesões inflamatórias no folículo pilossebáceo, e afeta cerca de 80% da população mundial. Elas podem se apresentar de forma isolada ou em conjunto, sendo classificadas entre grau I a V. Essa condição dermatológica pode ser desencadeada por diversos fatores, dentre eles podemos citar, a hiperplasia sebácea, as alterações hormonais, o processo de hiperqueratinização folicular, e colonização e proliferação da Propionibacterium acnes (P.acnes) (De Bem et.al, 2017). 

A visão óptica visual da acne frequentemente provocam reações de preconceito, o que pode resultar na exclusão social, já que está dermatose crônica que acomete principalmente os jovens, mas também pode se apresentar em adultos. Seu surgimento é ordinariamente marcado pela entrada da puberdade, com o surgimento das alterações hormonais, afetando jovens entre os 14 e 19 anos, sendo observada mais gravemente no sexo masculino por questões androgênicas (De Barros et.al, 2020).

O processo de formação e surgimento da acne está intimamente ligada a atuação dos hormônios androgênicos, sobre as glândulas sebáceas, onde ocorre uma produção exacerbada de sebo, associada a queratinização dos folículos pilossebáceos, dando origem aos nódulos que fazem a obstrução do complexo pilossebáceo. Portanto, os três pontos chaves para a formação da acne são, a queratinização ao redor do folículo piloso, que leva ao aprisionamento do sebo; a atuação dos hormônios androgênicos sobre as glândulas sebáceas, levando a hiperplasia sebácea, e por fim a presença da P.acnes que se prolifera facilmente no sebo (Yamada et.al, 2017).

Dentre os tratamentos existentes para acne vulgar podemos citar o uso da Microcorrentes e Led, mostrando resultados positivos no tratamento. O LED (Diodo Emissor de Luz) é um recurso eletroterapêutico, onde seu modo de ação é através da emissão de ondas eletromagnéticas com diferentes comprimentos de ondas, em nanometros (nm), que varia de 405 nm (azul) a 940nm (infravermelho), e emissão de coloração. A luz emitida age diretamente nas porfirinas, que são fotossensíveis, existente na bactéria P. acnes, inativando a bactéria sem que ocorra a indução da resistência bacteriana (De Bem et.al, 2017). Os variados comprimentos de ondas que ele possui são captados por células particularizadas, em um processo chamado fotobiomodulação, agilizando a cicatrização de feridas, e oferecendo efeitos analgésicos e anti-inflamatórios (Vieira, 2020).

Os comprimentos de ondas e coloração dos LEDs são classificados em: Luz vermelho (630 – 700 nm) que estimula o fator de crescimento dos fibroblastos, aumentando a produção do colágeno tipo I, favorecendo a regeneração e firmeza da pele. A luz âmbar (570 – 590 nm), afeta a produção de ATP, a expressão gênica e a ação dos fibroblastos, sendo amplamente utilizada no tratamento do fotoenvelhecimento. A luz azul (400 – 470 nm) tem uma ação eficaz sobre o P.acnes e exerce efeitos anti-inflamatórios, aniquilando as bactérias pela geração de radicais livres. A luz infravermelha (700 – 1200nm), estimula a circulação sanguínea, induzindo a vasodilatação e estimulação de fatores de crescimento e angiogênese, acelerando assim o processo de cicatrização (Lourenço, 2022).

A Microcorrentes (MC) também chamada de Micro Electro Estimulation apresenta corrente pulsátil e elétrica de baixa intensidade em microamperes para estimular a regeneração e o crescimento celular, através da bioestimulação elétrica presente nas células. Essa técnica oferece dois principais efeitos: ação antibacteriana e aumento do processo de reepitelização tecidual, sendo realizados de forma sequencial pelos polos negativo e positivo. Ela gera uma corrente elétrica compatível com o campo eletromagnético do corpo humano, permitindo o tratamento de tecidos vivos sem causar desconforto, ou novas agressões, atuando nos tecidos infectados, desacelerando o crescimento bacteriano e melhorando a circulação local (Cunha, 2015).

A aplicação de MC em áreas danificadas faz o fluxo da corrente endógena expandir, ajudando a área lesionada a restaurar sua capacitância, diminuir a resistência do tecido lesado, facilitando a entrada de bioeletricidade para restabelecer a homeostase. Assim, a terapia com MC facilita no processo de cicatrização, estimulando a produção de ATP, promovendo a síntese de proteínas, melhorando a oxigenação, a troca de íons, a absorção de nutrientes e a eliminação de resíduos, além de estabilizar a polaridade irregular de células comprometidas (Soares, 2019).

Portanto, o objetivo desse estudo foi descrever a eficácia da utilização da microcorrentes associada ao LED no tratamento da acne vulgar, visando auxiliar na diminuição da atividade das glândulas sebáceas, consequentemente uma diminuição do processo inflamatório, acelerarando o processo de regeneração tecidual, e a cicatrização das lesões acneicas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS 

O presente estudo caracterizou-se como uma revisão integrativa da literatura de abordagem qualitativa e caráter exploratório com base na investigação sobre a eficácia do uso da microcorrentes associado ao LED como tratamento da acne vulgar. A pesquisa foi realizada em fevereiro e março de 2025, com a finalidade de agrupar o maior número de referências, assegurando uma melhor identificação dos trabalhos pertinentes para a temática proposta.

Para a realização dessa pesquisa, uma busca de informações foi realizada em ambiente virtual por meio das bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PubMed) e Google Acadêmico. Foram utilizados os seguintes descritores em inglês Acne vulgaris, Microcurrents, Light Emitting Diode e seus correspondentes em português, Acne Vulgar, Microcorrentes, Diodo Emissor de Luz, com a utilização de operadores boleanos (OR e AND), para completar a pesquisa.

Por não encontrarmos correspondências utilizando os três descritores juntos, partimos para uma pesquisa utilizando os descritores em pares, “Acne vulgaris and Light Emitting Diode” e depois “Acne vulgaris and Microcurrent“. 

Foram incluídos artigos integrais gratuitos, artigos nos idiomas inglês e português, publicados no período de 2015 a 2025. Foram excluídos artigos duplicados, artigos de revisão, os que não abordavam o tema, os que não abordavam diretamente o tratamento com uso do Led e/ou Microcorrentes, e os que aplicavam as duas eletroterapias em conjunto com outros tratamentos.

Nas pesquisas nas bases de dados foram encontrados 7.422 artigos. Após a detecção de dados científicos foram utilizados os critérios de inclusão e exclusão, em seguida foram realizados a leitura de títulos e resumos, e por fim requisitados 14 artigos. Em seguida realizou-se a leitura na integra das publicações pré-selecionadas, atentando para o tema proposto, contabilizou-se 5 artigos para análise e construção da revisão. A figura 1 demonstra o processo de seleção dos artigos.

Figura 1 – Fluxograma prisma da seleção de artigos para estudo.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2025.

3 RESULTADOS

A tabela 1 resume os artigos que foram utilizados na presente revisão de literatura, integrando informações relevantes sobre os mesmos, como os títulos, autores, ano de publicação, tipo de estudo e outros achados relevantes.

Tabela 1 – Caracterização dos estudos incluidos na revisão.

TítuloAutor/AnoTipo de EstudoObjetivo do EstudoMetodologiaConclusão
Comparação entre a fototerapia e as microcorrentes no tratamento da acne: estudo de casoCalisto et.al, 2018Estudo de CasoVerificar a eficácia de tratamentos não invasivos para a diminuição da hipersecreção sebácea e a colonização da bactéria P. acnes e auxiliar na cicatrização, estimulando a regeneração tecidual através da fototerapia comparado à ação da microcorrentes.Uma paciente de 15 anos, com acne vulgar grau II, foi submetida às aplicações de LED/Laser na hemiface esquerda com potência de 3J/cm², e Microcorrentes na hemiface direita com três amperagens de 10Hz, 100Hz, e 300Hz, durante sete sessões. Conclui-se que as terapias atuaram beneficamente no tratamento da paciente. A utilização da microcorrente na hemiface direita proporcionou na pele uma melhor cicatrização das lesões de acne, além de deixar a pele mais iluminada e viçosa quando comparada a fototerapia.
Os efeitos da micocorrentes para o tratamento de acne grau I e IIPires et.al, 2019Estudo de casoVerificar como a pele reage após o tratamento com a microcorrentes na pele com lesões de acne.Uma paciente de 19 anos, com acne grau I e II, foi submetida a um tratamento com microcorrentes duas vezes por semana durante 8 semanas. Nas duas primeiras sessões foi realizado limpeza de pele e nas outras somente aplicação de microcorrentes com frequência de 5Hz durante 32 minutos.Concluiu-se que o tratamento feito com a microcorrentes é eficaz no quadro acneíco, pois melhora o aspecto da pele e a hidratação cutânea.
O uso do LED para o tratamento da acneYamada et.al, 2017Ensaio clínico, randomizad o e cego.Comparar os efeitos do LED azul associado ao âmbar com os do LED azul isolado no tratamento da acne.10 voluntários com acne grau II, idades entre 15 e 40 anos, e ambos os sexos. Foram subdivididos em Grupo 1 (LED azul) e Grupo 2 (LED azul + âmbar), foram realizadas duas sessões semanais, durante três semanas, com aplicação de 16 minutos no grupo 1 e 32 minutos no grupo 2 (16 minutos led azul e 16 minutos Led âmbar). Com dosagem total de 1440J/cm² no grupo 1 e 2880J/cm² no grupo 2.Observou-se que o uso do LED se mostrou eficaz para ambos os grupos, tanto na auto avaliação da melhora, quanto na diminuição do número de lesões, podendo ser considerada uma terapêutica eficaz e segura para o manejo da acne
Blue light: Friend or foe ?Bonnans et.al, 2020Estudo ClinicoO objetivo deste estudo foi elucidar por que alguns efeitos potencialmente prejudiciais e benéficos foram obtidos após exposições à luz azul na pele.12 indivíduos, ambos sexos, com idade entre 15 e 44 anos com acne grave/media, foram expostos duas vezes por semana durante duas semanas a 10 minutos com Led azul e depois uma vez por semana durante 4 semanas a 6 minutos o mesmo Led.Os resultados clínicos confirmam os efeitos benéficos de uma exposição combinada de 415 + 470 nm em indivíduos com acne, pois microcistos, pústulas e nódulos inflamatórios quase desapareceram, com um efeito duradouro.
A Novel, Hand-Held, and LowLevel Light Therapy Device for the Treatment of Acne Vulgaris: A Single-Arm, Prospective Clinical StudyChung et.al, 2023Estudo Clínico Esse estudo avaliou a segurança e a eficácia de um novo dispositivo de terapia de luz de baixa intensidade portátil com um diodo laser vermelho de 680 nm e um diodo emissor de luz azul de 450 nm para o tratamento de acne leve a moderada.57 pacientes a partir de 15 anos, fototipo II-IV, com acne leve/moderada. Receberam dispositivo de luz portátil combinada azul e vermelha, com sistema de autogravação para avaliar a adesão do paciente e o tempo de uso. O tratamento foi autoadiministra do em casa duas vezes ao dia por 10 minutos, por 4 semanas.Este estudo mostrou que este dispositivo de terapia de luz de baixa intensidade combinada azul-vermelha portátil teve efeitos benéficos em lesões inflamatórias de acne com excelente adesão e satisfação do paciente.  
Fonte: Elaborado pelos autores, 2025.


4 DISCUSSÃO

Em relação à análise das datas de publicação, foram considerados estudos publicados entre os anos de 2018 a 2023. Dos 5 artigos analisados, 01 estudo comparou a ação da aplicação de microcorrentes e da fototerapia, 01 estudo verificou os efeitos da microcorrentes isolada, e 03 estudos abordaram efeitos, benefícios, segurança e eficácia da fototerapia no tratamento da acne vulgar. Essa distribuição evidencia como há uma escassez de estudos científicos de associações dos recursos e tratamentos estéticos, sendo evidenciado que a maioria dos estudos são de monoterapia no tratamento da acne vulgar.

O estudo clínico de Chung et.al (2023), conduzido com 57 pacientes, demonstrou que o uso doméstico de um dispositivo portátil de fototerapia de baixa intensidade, combinando luz azul (450 nm) e vermelha (680 nm), foi eficaz na redução significativa de lesões inflamatórias e não inflamatórias da acne vulgar. Além disso, foi observada uma boa adesão dos pacientes ao tratamento, o que reforça o potencial da fototerapia como um recurso terapêutico seguro e viável para uso domiciliar. Os autores também relataram efeito bactericida sobre o Cutibacterium acnes, agente patogênico principal envolvido na acne vulgar, o que corrobora a ação antimicrobiana da luz azul. O protocolo utilizado teve duração de quatro semanas com aplicações diárias em casa, utilizando frequências de 625 Hz em modo pulsado, um diferencial importante para maior segurança e conforto durante o uso. Essa abordagem demonstra um avanço na acessibilidade ao tratamento, uma vez que possibilita ao paciente manter a continuidade terapêutica no ambiente domiciliar, reduzindo custos e deslocamentos.

Complementando esses achados, o artigo de Yamada et.al (2017) mostrou que tanto o LED azul isolado quanto a combinação com LED âmbar resultaram em melhora clínica nas lesões de acne, especialmente no impacto psicossocial dos pacientes. O grupo que utilizou a combinação de luzes apresentou melhora levemente superior, reforçando a ideia de que diferentes comprimentos de onda podem atuar de forma associada no processo de melhora cutânea. A luz azul demonstrou ação antibacteriana, enquanto a luz âmbar estimulou o metabolismo celular, contribuindo para a revitalização da pele. Os autores ainda relataram uma redução de 1,7 ponto no escore de impacto psicossocial e de 2,1 pontos na percepção facial, além de melhora na contagem do número de lesões, com 60% dos participantes apresentando melhora leve e 10% melhora moderada. Ainda assim, os resultados sugerem que a combinação de LED azul e âmbar pode ser mais eficaz que o uso isolado.

Já no artigo de Bonnans et.al, 2020 trouxe uma discussão crítica sobre os efeitos da luz azul, mostrando que dependendo da dose e espectro utilizado, ela pode ser tanto benéfica quanto prejudicial. O estudo investigou a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), a expressão de opsinas e a interleucina-8 (IL-8), concluindo que exposições controladas podem aumentar a expressão do peptídeo antimicrobiano LL37 e modular a resposta inflamatória. Por outro lado, a exposição excessiva pode gerar estresse oxidativo e danos estruturais. Esse achado reforça a importância da aplicação correta e baseada em evidências dos parâmetros da luz azul. No estudo 12 indivíduos com acne grave/media foram expostos a luz azul duas vezes por semana por 10 minutos, e depois uma vez a 6 minutos. Uma limitação relevante apontada é a dificuldade de padronizar protocolos de exposição entre diferentes estudos, dada a grande variabilidade nos dispositivos, tempos de aplicação, irradiação, tipos de pele e resposta individual.

No tocante às microcorrentes, o estudo de Pires et.al (2019) indicou que essa corrente subsensorial promoveu melhora da oxigenação tecidual, regeneração e cicatrização de lesões acneicas, sobretudo de grau I e II. O mecanismo de ação se dá pela estimulação celular e microcirculatória, otimizando o ambiente para reparo tecidual. Os autores destacam que a corrente elétrica de baixa intensidade age estimulando os fibroblastos, promovendo a produção de colágeno e elastina, além de melhorar a hidratação cutânea e a textura da pele, fatores relevantes no tratamento de sequelas causadas pela acne. Também é apontada a ação anti-inflamatória e antibacteriana das microcorrentes, reduzindo sinais clínicos como vermelhidão, pústulas e papulas, assim colaborando para a remissão das lesões.

O estudo de Calisto et.al (2018), que comparou diretamente microcorrentes com LED, apontou que ambas as técnicas são eficazes, mas as microcorrentes se destacaram no aspecto de cicatrização e melhora na textura e hidratação da pele. O protocolo envolveu sete sessões, avaliando uma paciente com acne vulgar por meio de análise qualitativa de imagens. Foi observado que o LED atuou com ênfase na redução das inflamações e das colônias bacterianas, enquanto as microcorrentes promoveram uma reestruturação do tecido. Além disso, o estudo relatou que a terapia com microcorrente melhorou a viçosidade da pele, conferindo um aspecto mais uniforme e hidratado. Apesar de promissor, o estudo possui como limitação a amostra única, impossibilitando conclusões generalizáveis. Ainda assim, ele oferece indícios relevantes sobre a possibilidade de combinação terapêutica para resultados potencializados. 

A partir da comparação entre os estudos, nota-se que todos apontam melhorias clínicas significativas, embora variem nos protocolos utilizados, incluindo tempo, frequência, tipos de luz, intensidade e avaliação dos resultados. Enquanto estudos como os de Chung et.al, 2023 e Yamada et.al, 2017 apresentam dados quantitativos e qualitativos sobre a evolução clínica dos pacientes, outros, como Calisto et.al, 2018 e Pires et.al, 2019, trazem uma análise mais descritiva e exploratória, o que evidencia a diversidade metodológica presente nas pesquisas atuais sobre acne e eletroterapias.

Dessa forma, ao considerar os dados reunidos nesta revisão, é possível afirmar que a associação entre microcorrentes e LED potencializa os efeitos terapêuticos no tratamento da acne vulgar. Enquanto o LED atua predominantemente na ação antimicrobiana e anti-inflamatória, as microcorrentes favorecem a cicatrização e a reestruturação do tecido lesado. A sinergia entre ambas as técnicas configura uma alternativa eficaz, segura e não invasiva, especialmente para casos de acne de menor gravidade.

Assim, conclui-se que a associação de microcorrentes e LED no tratamento da acne vulgar apresenta resultados promissores, promovendo não apenas a remissão das lesões ativas, mas também contribuindo para a recuperação tecidual e melhora estética geral da pele, podendo ser considerada uma abordagem complementar e eficiente dentro da estética facial, desde que aplicada de forma criteriosa e embasada cientificamente.

5 CONCLUSÃO

Com base na análise dos estudos revisados, foi possível concluir que tanto as microcorrentes quanto a fototerapia com LED são recursos eficazes no tratamento da acne vulgar, especialmente nos casos classificados como grau I e II. As microcorrentes se mostraram eficazes na cicatrização das lesões, estimulação celular e melhora da textura da pele, enquanto a fototerapia com LED, principalmente em comprimentos de onda azul e vermelho, demonstrou ação anti-inflamatória e bactericida, reduzindo significativamente o número de lesões inflamadas.

Dessa forma, pode-se afirmar que o uso combinado de microcorrentes e LED é uma estratégia promissora e segura para o tratamento da acne vulgar, com potencial para ser amplamente utilizado na prática estética-clínica, desde que respaldado por conhecimento técnico, avaliação individualizada e protocolos baseados em evidências científicas.

Contudo, ressalta-se a necessidade de novos estudos clínicos, com amostras maiores e protocolos padronizados, a fim de validar a eficácia dessa associação e estabelecer parâmetros ideais de aplicação. A diversidade nos comprimentos de onda utilizados, frequências, tempo de aplicação e intensidade das microcorrentes evidencia a carência de padronização nas pesquisas existentes, o que dificulta a comparação direta entre os estudos.

REFERÊNCIAS

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