O ÚLTIMO CAPÍTULO DA OPERAÇÃO CONDOR : O CASO BERRÍOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7510759


 Dario Andrés da Silva Pouso


RESUMO

Este artigo propõe discutir o desfecho da Operação Condor, seus últimos eventos, circunscritos ao que ficou conhecido como o Caso Berríos. Busca-se analisar o contexto histórico da fuga do Chile empreendida pelo ex-agente do serviço de inteligência chileno, Eugenio Berríos, em 1991, os sujeitos históricos envolvidos em sua estadia em Montevidéu e no cativeiro em Canelones, entre 1991 e 1993 para assim verificar em que medida se pode precisar quando foram concluídas as últimas  atividades empreendidas em razão da Operação Condor. Foram examinados os relatos disponíveis acerca do desaparecimento do ex-agente da DINA Eugenio Berríos presentes em documentos oficiais do Estado uruguaio, na imprensa da época, no cinema e na literatura. Conclui-se que as últimas atividades em nome da Operação Condor foram  consumadas através da Cofradía entre fevereiro e junho de 1993, em plena atividade democrática na América do Sul, e contaram com a colaboração de elementos das forças armadas uruguaia e chilena na eliminação de Berríos.

Palavras-chave: Operação Condor, Ditadura Militar, serviço de inteligência.

ABSTRACT

This article proposes to discuss the outcome of Operation Condor, its latest events, limited to what became known as the Berríos Case. It aims to analyze the historical context of the escape from Chile undertaken by the former agent of the Chilean intelligence service, Eugenio Berríos, in 1991, the historic subjects involved in his stay in Montevideo and in captivity in Canelones, between 1991 and 1993, to verify to what extent can be specified when the last activities undertaken as a result of Operation Condor were completed. The available reports about the disappearance of former DINA agent Eugenio Berríos, present in official documents of the Uruguayan State, in the press of the time, in cinema, and literature were examined. It is concluded that the last activities in the name of Operation Condor were carried out through Cofradía between February and June 1993, in full democratic activity in South America, and they had the collaboration of elements of the Uruguayan and Chilean armed forces in the elimination of Berríos.

Keywords: Operation Condor, military dictatorship, intelligence service.

  • INTRODUÇÃO

Em março de 1990 caia a última ditadura militar do Cone Sul, o Chile entrava novamente nos caminhos da democracia como seus vizinhos na Região, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que lograram restaurar suas democracias respectivamente em 1983, 1985, 1989 e 1985. 

Em 1992 o juiz paraguaio José Augustín Fernández dirigiu-se à delegacia de Lambaré, próxima de Assunção (CALLONI, 2021). O juiz estava acompanhado do ativista político Martin Almada, e buscavam documentação relativa à prisão do ativista. Acabaram descobrindo outra documentação, bem mais vasta que a do ex-detento Almada, perseguido pela polícia secreta durante a ditadura de Strossner. Encontraram naquela delegacia documentação sobre aproximadamente 50.000 assassinatos, 30.000 desaparecidos e 400.000 presos, um achado que passou a ser conhecido como os arquivos do terror. Ali estavam muitos dos arquivos da Operação Condor, organização colaborativa de repressão, tortura, assassinato e perseguição política que unia as polícias e Forças Armadas da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, e ocasionalmente Bolívia e Peru. Essa organização, que passou a ser conhecida como Operação Condor, atuou entre 1975 e 1990, operando desde o início com o apoio e colaboração dos Estados Unidos.

Este artigo tem como recorte histórico a etapa final da Operação Condor, em seu momento de dissolução, quando os participantes das ditaduras que vieram a colaborar com torturas, assassinatos e outros crimes contra a humanidade, tiveram que pensar estratégias para escapar das investigações e reivindicações por justiça empreendidas por diversos movimentos da sociedade organizada. A metodologia adotada foi a análise documental de fontes secundárias e terciárias: notícias sobre o tema em jornais, artigos de revistas científicas, entrevistas publicadas em jornais televisivos, atas de sessões do parlamento uruguaio, filmes, livros de crônicas, memórias e poesias sobre o tema das ditaduras no Cone Sul. Os questionamentos norteadores desta investigação integram as seguintes indagações: É possível precisar historicamente o fim da Operação Condor? Quais são os derradeiros eventos diretamente relacionados à Operação Condor disponíveis para caracterizar o seu ocaso final?

A pesquisa será apresentada neste artigo em 5 partes. Primeiro busca-se apresentar o contexto histórico de constituição da Operação Condor. Em seguida apresentam-se algumas das principais ações dessa aliança continental, para assim, na terceira parte analisar o processo pelo qual a Operação Condor se transformou na Cofradía. Na quarta parte aborda-se a presença de Berríos no Uruguai, os agentes históricos envolvidos no cativeiro e queima de arquivo. A quinta parte é dedicada às estratégias de intimidação da Cofradía em território uruguaio.. 

  • OPERAÇÃO CONDOR: CONTEXTO HISTÓRICO DE CRIAÇÃO

A Operação Condor esteve inserida num contexto em que forças políticas conservadoras de orientação direitista tomaram o poder nas democracias sul-americanas do Cone Sul, ao mesmo tempo que tais forças, institucionalizadas em ditaduras militares, encontraram apoio estratégico na política externa dos Estados Unidos. 

Tal apoio possui pelo menos três raízes bem definidas: A Doutrina Truman, As incursões da CIA no continente americano e o processo de intercâmbio de informações entre polícias e forças armadas da América do Sul.

Com o término da Segunda Guerra Mundial, a aliança entre Estados Unidos e União Soviética contra o Eixo, liderado por Hitler, havia se transformado em temerárias animosidades e disputas por áreas de influência. A Grécia e a Turquia enfrentavam crises que poderiam favorecer os soviéticos. A Grécia vivenciava uma Guerra Civil onde havia a possibilidade do Partido Comunista Grego chegar ao poder. Assim, a Turquia solicitava apoio militar para fazer frente à presença da marinha soviética em seu litoral.  A Inglaterra, que àquela altura apoiava o governo local grego contra os comunistas da Frente Nacional de Libertação, solicitava das democracias ocidentais ajuda para conter o que entendiam ser uma ameaça soviética. 

O Presidente americano Harry Truman correspondeu ao apelo britânico, e assim pronunciou o discurso inaugural da Doutrina Truman no Congresso Americano no dia 12 de março de 1947. Nessa ocasião o caso grego é o caso turco serviram para a delineação da postura de apoio estratégico dos Estados Unidos 

Acredito que deve ser política dos Estados Unidos apoiar povos livres que resistem a tentativas de subjugação por minorias armadas ou por pressões externas. Acredito que devemos ajudar os povos livres a definir seus próprios destinos à sua maneira. Acredito que nossa ajuda deve ser principalmente por meio de ajuda econômica e financeira, que é essencial para a estabilidade econômica e processos políticos estáveis (WHITE HOUSE, 1947).

A receita para administrar as questões internas da Grécia e da Turquia inclui a recomendação precursora das ações de ingerências internas praticadas pelos americanos ao longo da Guerra Fria (PAREDES, 2004) .

Conhecer a gênese, uma data ou solenidade específica da fundação da Operação Condor não é tarefa tão clara, acessível e definida como o foi o nascimento da Doutrina Truman, no entanto, além de ter sido um dos tantos resultados geopolíticos da Casa Branca por meio da Doutrina Truman, é possível situar a implantação da Operação Condor no encontro e convergência de dois processos que vinham se desenvolvendo e aprofundando na América do Sul, o da cooperação das polícias e forças armadas dos países da região, e o das atividades operações da CIA .

Sobre este primeiro processo, pode-se resgatar: a Conferência Internacional Sul-Americana de Polícia em Buenos Aires durante o mês de fevereiro de 1920, quando participaram delegações das polícias da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai; a criação da Junta Interamericana de Defesa, 1942; a Criação do Colégio Interamericano de Defesa, 1962. As fontes permitem concluir que com pelo menos 6 décadas antes da criação da Operação Condor já vinha sendo consolidada uma cultura policial e militar de intercâmbio de informações caracterizada por pensar a defesa do continente e a questão da “subversão da ordemm”. Os esforços de Vucetich quando este divulgava seus estudos em datiloscopia ilustram essa aproximação

A proposta de criação de uma rede de cooperação policial partiu da Polícia da Província de Buenos Aires, mais precisamente no escritório antropométrico dirigido por Vucetich. O criador da “impressão digital” trabalhou de forma quixotesca na tarefa de divulgação mundial de sua invenção, principalmente em congressos científicos latinoamericanos. Vucetich e seus discípulos conseguiram estabelecer laços internacionais bastante sólidos com as polícias de Montevidéu e do Rio de Janeiro (Galeano, 2009).

 Os esforços e a atenção dos americanos para conter o avanço comunista na Turquia e na Grécia também foram aplicados em seu próprio continente quando a Casa Branca percebeu que no continente americano ações de esquerda apresentavam-se latentes. Já na década de 1950 se tem notícias de operações da CIA de sabotagem na América Latina:

A CIA promoveu uma operação secreta que levou à derrubada de Jacobo Arbenz na Guatemala em 1954. Alguns meses antes do golpe, o embaixador John Peurifoy evocava na Time Magazine a opinião pública estadunidense não para criticar, mas para justificar a ação contra o presidente eleito: “A opinião pública nos EUA pode nos forçar a adotar algumas medidas para evitar que a Guatemala caia no colo do comunismo. Não podemos permitir que uma república soviética se estabeleça entre o Texas e o canal do Panamá.”

 A entrada triunfal de guerrilheiros nacionalistas e esquerdistas em Havana no dia 01 de janeiro de 1959 aumentou a preocupação norte-americana com o risco da expansão do comunismo. 

Tanto o Che Guevara como a CIA e a Casa Branca trabalhavam com duas possibilidades para o destino político dos países da América Latina. Em entrevista dada ao jornalista Eduardo Galeano em 1964, o Che expressava que Cuba encarnava o papel de uma faísca numa América Latina representada metaforicamente como sendo um barril de pólvora, dadas as desigualdades sócio-econômicas no continente. Já os Estados Unidos eram representados como a água pronta a apagar o incêndio:

Nós definimos a relação entre Cuba e os Estados Unidos, na atual etapa, como um carro e um trem movendo-se mais ou menos na mesma velocidade, e o carro tem que cruzar a passagem em nível. Conforme você se aproxima da passagem em nível, a possibilidade de confronto e choque vai aumentando. Se o carro – que seria Cuba – cruzar antes do trem, isto é, se a revolução latino-americana adquirir  certo grau de aprofundamento, já teríamos atravessado o cruzamento e Cuba não teria mais significado que tem (Galeano, 2012).

Considerando a metáfora utilizada pelo Che na entrevista dada a Eduardo Galeano, já na metade da década de 1970 o “trem” havia passado antes do “carro” cubano. A inteligência chilena, DINA, representada por Manuel Contreras, e a diplomacia argentina representada por César Guzzetti obtiveram tolerância e apoio dos Estados Unidos. 

Os alicerces da Operação Condor podem ser encontrados entre o encontro de Manuel Contreras com integrantes da inteligência dos Estados Unidos, dentre eles Vernon Walters, em Washington no mês de março de 1974. Um segundo encontro referencial na fundamentação dessa cooperação militar continental ocorreu em outubro de 1976 no Hotel Waldorf Astoria em Nova Iorque quando se encontraram o Secretário de Estado nas gestões de Nixon e Ford, Henry Kissinger (CAMPBELL, 2003), e o Ministro das relações exteriores da Argentina, César Guzzatti. 

Esses encontros ocorreram respectivamente alguns meses após os golpes de Estado no Chile, setembro de 1973, e na Argentina, março de 1976. As representações chilena e argentina saíram satisfeitas desses encontros em que obtiveram sinalizações de apoio e concordância com as medidas de tortura e assassinatos das mencionadas ditaduras que se estabeleciam.

  • PRINCIPAIS AÇÕES DA OPERAÇÃO CONDOR

Dentre os milhares de mortos e desaparecidos, alguns casos costumam ser analisados pela literatura sobre a Operação Condor tendo em vista a notoriedade pública que ganharam quando ocorreram.

Em 1973 a então “Suiça Sulamericana”, o Uruguai, assistiu à sua democracia ser interrompida por uma ditadura militar. Setores da esquerda armada (tupamaros) e democratas progressistas dos partidos tradicionais Blanco e Colorado migraram para a Argentina. Na manhã do dia 21 de maio de 1976 quatro corpos de indivíduos assassinados foram encontrados em Buenos Aires, na esquina das ruas Richieri e Perito Moreno. Haviam sido executados Héctor Gutiérrez Ruiz, ex-deputado do Partido Blanco, Zelmar Michelini, militante histórico do Partido Colorado e integrante da Frente Ampla de esquerda uruguaia, Rosario del Carmen Barredo e William Whitelaw, ambos células revolucionárias do MLN-Tupamaros. As execuções ocorreram há menos de 2 meses após o golpe de Estado ter sido dado na Argentina.

Outro evento relacionado à Operação Condor realizado em território argentino foi o assassinato de Carlos Prats e da sua esposa Sofía Cuthbert. Prats havia sido Comandante do Exército Chileno nos governos de Eduardo Frei e Salvador Allende. Em decorrência do golpe de Estado liderado por seu anterior colega de Exército, Augusto Pinochet, Prats e sua esposa foram viver na Argentina. Na manhã do dia 30 de setembro de 1974 foram assassinados quando saíam de carro da residência onde viviam na rua Malabia. Um explosivo detonado por controle remoto pôs fim às vidas do casal.

A mesma tecnologia de explosivos remotos foi utilizada no assassinato de Orlando Letelier em 21 de setembro de 1976. Ambas as explosões com participação direta de Contreras, Chefe da DINA, e Michael Townley, agente da CIA (CUYAS, 1993). 

Letelier havia exercido as funções de embaixador do Chile nos Estados Unidos e Ministro das Relações Exteriores, Interior e Defesa durante o governo do socialista Salvador Allende. Aos olhos da ditadura de Pinochet, Letelier era uma incômoda oposição à ditadura chilena. Essa voz foi calada em plena Avenida Massachusetts em Washington. Com Letelier faleceu também a sua secretária Ronni Moffitt.

Em novembro de 1978 um comando do exército uruguaio saiu de Montevidéu, cruzou a fronteira do Chuí e desembarcou em Porto Alegre. Sequestraram o casal de militantes de esquerda, Universindo Díaz e Lilian, assim como seus filhos de 8 e 3 anos. Universindo e Linian conseguiram escapar da morte graças a um erro que permitiu que a informação da operação fosse vazada, assim uma ligação telefônica anônima feita aos jornalistas Cláudio Cunha e João Batista Scalco, que fez com que estes jornalistas fossem ao apartamento onde estavam os uruguaios. O casal já havia sido levado para Montevidéu, no entanto a publicidade parece ter intimidado a ditadura uruguaia, o casal e os filhos não desapareceram nem tampouco foram mortos.

Os casos acima demonstram a conivência dos governos de ditaduras sul-americanas e da democracia mais poderosa do mundo quando sequestros e assassinatos premeditados foram consumados em seus territórios, ilustrando portanto a ausência de limites geográficos para a execução de opositores políticos progressistas em geral.

  • LA COFRADÍA, UMA “ODESSA CHILENA”

No dia 11 de março de 1990 ocorreu a cerimônia da transmissão presidencial. Pinochet entregava a Presidência do Chile a Patrício Aylwin. Ao reconquistarem a democracia os chilenos puderam acionar as instituições legítimas para que se investigassem os crimes relacionados à torturas e assassinatos durante a ditadura de Pinochet. 

O ex-ditador gozava de foro privilegiado, como Comandante do Exército chileno e como ex-Presidente. A Constituição de 1980 conferia aos ex-Presidentes, que viessem a exercer o mandato por pelo menos 6 anos, o cargo de senador vitalício. Naquele momento Pinochet era inatingível porque estava protegido pelo foro privilegiado, mas seus colaboradores durante a ditadura não. A lei de anistia chilena que vigorava quando Pinochet deixou a presidência do país abrangia apenas os crimes cometidos entre 11 de setembro de 1973 e 10 de março de 1978. Após a intensa repercussal internacional do assassinato de Letelier em Washigton, em 1976, a DINA, Direção de Inteligência Nacional, foi substituída pela CNI, Central Nacional de Informações, em 1977. 

Os crimes praticados por colaboradores do governo após a instauração da lei de anistia eram reexaminados pelo olhar atento da população. Assim, casos que tiveram forte impacto na opinião pública no período não coberto pela lei de anistia acabavam levando a justiça chilena a encontrar pelo caminho a antigos colaboradores da ditadura de Pinochet, como o “caso dos degolados” e o assassinato do líder sindical Tucapel. Nomes como Miguel Estay Reyno, vulgo “Fanta”, Carlos Herrera Jimenez, também conhecido como “Boccaccio” e Osvaldo Romo Mena estavam na ordem do dia. Boccaccio foi encontrado na Argentina em 1992 e extraditado ao Chile. Nesse mesmo ano, Romo Mena foi encontrado em São Paulo e Reyna no Paraguai, ambos também extraditados ao Chile e condenados. Ainda em 1992, foram encontrados no Paraguai os arquivos do Terror, um dos nomes dados pela imprensa aos arquivos relacionados com a Operação Condor. 

A estratégia escolhida pela cúpula da ditadura de Pinochet foi similar à utilizada pelo alto escalão do nazismo no final da Segunda Guerra Mundial: migrar para outros países utilizando identidades falsas. Quando as investigações do juiz Milton Juica, que buscavam informações sobre o paradeiro do até então foragido “Fanta”, chegaram ao oitavo andar de um edifício próximo ao Palácio presidencial La Moneda, em Santiago, encontraram não apenas pistas do paradeiro do “Fanta”, acusado de participação no “caso dos degolados”, mas também elementos que permitiam constatar a existência de uma “confraria” para proteção de torturadores e assassinos do serviço secreto chileno durante a ditadura de Pinochet, a Cofradía.

A Cofradía que protegia o “Fanta” também protegia a outros torturadores e assassinos da ditadura. As investigações do “caso dos degolados” conduziram não apenas ao paradeiro do “Fanta” e ao conhecimento da Cofradía. Um dos principais desdobramentos do processo que levou “Fanta” à prisão perpétua foi o esclarecimento sobre outras atividades criminosas exercidas por colaboradores da DINA de Pinochet: o tráfico de drogas e o contrabando de armas.

Quando os achados da Confradía tornaram-se público, essa organização coordenadora de apoio a fuga de colaboradores da ditadura foi associada à ODESSA nazista, operação de fuga dos altos comandos nazistas após a Segunda Guerra Mundial. Existem controvérsias na historiografia sobre a existência da ODESSA tal como se apresenta nos relatos disponíveis, mas não há dúvidas sobre a fuga de muitos nazistas importantes do regime de Hitler para o Cone Sul.

Quando Estay Reyno foi descoberto no Paraguai, a Cofradía optou por escolher outro destino para guardar seus arquivos vivos mais problemáticos, aquelas testemunhas que poderiam ser requisitadas pela justiça. O destino escolhido foi o Uruguai (NAVARRO, 2014).

Assim que a democracia no Chile foi reconquistada, a família de Letelier insistiu na retomada das investigações sobre o assassinado do diplomata chileno. Tudo levava a Manuel Contreras, ex-chefe da DINA. O novo processo foi conduzido pelo juiz da Suprema Corte chilena Adolfo Bañados. A Defesa de Contreras insistia na tese de que a autoria do assassinato de Letelier pertencia ao agente da CIA Michael Townley. 

Uma das principais testemunhas das relações entre a DINA e a CIA, e entre Townley e Contreras, era o ex-agente da DINA Eugenio Berríos. Por precaução, a Cofradía retirou os Berríos do Chile em outubro de 1991, enviando-o primeiro à Argentina, onde teria se encontrado com Bocaccio em Buenos Aires, e nesse mesmo mês foi conduzido por Bocaccio até Montevidéu. 

A Cofradía se antecipou à intimação de Berríos feita pelo juiz Bañados (CAMUS, 1993). Assim que Berríos foi dado como desaparecido, o próprio juiz Bañados solicitou à interpol a ordem de captura do químico chileno. A intimação em si não era um problema se Berríos transmitisse estabilidade emocional e confiança aos seus ex-colegas da DINA. Se tem notícias de que Berríos frequentava ambientes caracterizados pelo consumo de drogas, álcool e atividades de prostituição, e ali costumava relembrar, possivelmente embriagado e sob efeito de cocaína, ações secretas do terrorismo de Estado chileno. 

Em que medida Berríos poderia comprometer Contreras, o principal braço de Pinochet na repressão, ao ponto da Cofradía julgar que retirar o químico do Chile era a decisão mais acertada? Berríos sabia dos principais detalhes do envolvimento de Contreras no assassinato de Letelier em Washington. Um ano antes do atentado que matou Letelier e também a sua secretária, Berríos conviveu diretamente com Townley e Contreras num endereço clandestino da logística da DINA em Santiago, no bairro Lo Curro, uma espécie de Quartel General do agente da CIA Townley em Santiago, numa zona afastada de Santiago, num bairro residencial alto e distante dos olhares que pudessem suspeitar de algo. 

Berrío estava entusiasmado com as possibilidades de uso do gás sarin. Desenvolveu técnicas que permitiam aos agentes de Pinochet utilizá-lo de forma portátil contra os seus opositores, como sprays letais que tinham ação neurológica paralisante. Em torno às possibilidades de uso do gás sarin, Contreras e Townley, contagiados pelo entusiasmo de Berríos e apoiando suas pesquisas e experimentos, encontravam-se com o químico para discutir o uso dessa arma letal contra os opositores. O gás sarin foi considerado por Contreras e Townley como meio para matar Letelier, mas no fim acabaram utilizando a explosão por controle remoto, a mesma técnica utilizada para matar Carlos Prats em 1974. Berrios passou a frequentar os demais círculos aos quais pertenciam Townley e Contreras, tendo portanto muito a declarar à justiça caso quisesse, não somente sobre o gás Sarin e Letelier, mas também sobre outros segredos e intimidades do ninho do Condor (CAMUS, 1993).

  • BERRÍOS NO URUGUAI: DE PROTEGIDO A PRISIONEIRO DA COFRADÍA

Existem relatos de que Berrío permaneceu em território uruguaio entre novembro de 1991, quando ingressou no país sob o nome falso de Túlio Orellana, e o primeiro trimestre de 1993.  Nesse tempo as fontes permitem conhecer quatro paradeiros: dois apartamentos no bairro nobre de Pocitos, um quarto no Hotel Hispano americano, no bairro El Buceo, e a casa do militar uruguaio Radaelli, no balneário Parque del Plata, distante 50 km de Montevidéu. 

A Cofradía ao não permitir que Berríos fosse ouvido no processo sobre o assassinato de Letelier estava protegendo não somente ao confrade Berríos, que mesmo sem ter utilizado o gás sarin no atentado em Washington participava do planejamento, a Cofradía protegia ao resto dos principais agentes da Operação Condor, e neste caso Manuel Contreras que se encontrava naquele final do ano de 1991 respondendo à justiça chilena. 

No Uruguai a Cofradía contou com o total apoio do então tenente coronel Tomás Casella. Casella havia sido aluno da Escola das Américas, instituição patrocinada pelos Estados Unidos para treinamento militar das polícias e Serviços Secretos do Continente Americano, e uma das peças chaves do aparato repressor uruguaio durante a ditadura militar. A solidariedade de Casella fez com que ele solicitasse ao seu subalterno, Radaelli, um capitão do exército uruguaio, apoio na organização logística para custodiar Berríos. 

Entre novembro de 1991 e fevereiro de 1992 Berríos tinha como protetores o coronel Tomás Casella e Boccaccio. Bocaccio e Berrío dividiam um apartamento alugado na Avenida Rambla do bairro de Pocitos, na casa 815 do trecho da Rambla República do Peru. Por descuido, Boccaccio foi preso na Argentina em uma das vezes que cruzou o Rio da Prata. Quando Casella soube da prisão de Boccaccio, em fevereiro de 1992, se encarregou de buscar outro lugar para esconder os Berríos. O endereço eleito foi um outro apartamento no número 1117 da rua Buxareo no trecho República do Peru da luxuosa Rambla.

Em seu primeiro ano no Uruguai, novembro de 1991 a novembro de 1992, Berríos pode ser considerado como protegido pela Cofradía numa etapa em que residiu na capital no bairro de Pocitos. Nesse primeiro momento, Berríos chegou a receber a vista da sua esposa, Gladys Schmeisser, no dia 24 de outubro de 1992, no apartamento 202 do Hotel Hispano Americano, localizado no número 1225 da rua Meliton González, no bairro Buceo. 

A vinda da sua esposa teria sido uma tentativa da Cofradía para animar um Berrío que se encontrava deprimido e demonstrava vontade de se entregar às autoridades judiciais do Chile. Após a visita da esposa, a sua situação mudou aos olhos da Cofradía quando demonstrou que estava disposto a se apresentar à justiça chilena para colaborar nas investigações sobre o atentado contra Letelier. No dia 09 de novembro de 1992 Berríos fez três ligações para a casa de Emilio Rojas, um jornalista chileno que trabalhava na embaixada do Chile em Montevidéu, alguém que era muito próximo de Berríos desde os tempos da ditadura de Pinochet. 

Como não obteve a ajuda que queria para retornar ao Chile, Berríos decidiu ligar diretamente à embaixada chilena, isso ocorreu no dia 11 de novembro de 1992. Na ocasião, o químico solicitou um salvo conduto para retornar ao Chile porque, segundo argumentou naquela ligação, tinha perdido os seus documentos. Mesmo tendo se identificado como Eugenio Berríos, os funcionários da embaixada guardaram silêncio sobre a ligação de uma das principais testemunhas do caso Letelier, de um chileno procurado pela Interpol. Àquela altura a Cofradía mudou sua postura em relação ao químico chileno, ele passou a ser prisioneiro. 

Casella solicitou a casa de praia do capitão Radaelli para custodiar Berríos. O prisioneiro foi conduzido ao balneário de Canelones no mesmo dia em que fez as ligações à embaixada do Chile. Quatro dias após chegar ao Parque del Plata, no dia 15 de novembro de 1992, Berríos conseguiu escapar pela janela do banheiro e pediu ajuda ao vizinho Hugo Cabrera. 

Segundo o jornalista uruguaio Samuel Blixen, uma das principais referências para o estudo do Caso Berrios, os vizinhos que presenciaram o escândalo do chileno eram um médico, uma enfermeira, um comerciante, um aposentado da marinha, um casal de idosos, um vendedor ambulante de comida e um técnico em geladeiras. 

O aposentado da marinha uruguaia, Hugo Cabrera, se ofereceu para acompanhar Berrío à delegacia local do Balneário. Após a declaração de Berríos denunciando que estava sequestrado e que desejava auxílio da embaixada chilena, caminhões de guerra e muitos soldados cercaram a delegacia do Parque del Plata. O Chefe de Operações de Contrainteligência Tomás Casella requisitou para si a custódia de Berríos argumentando que o chileno sofria de desequilibrio mental (GONZÁLEZ, 2003). Rodeado por militares armados, Berríos foi pedir desculpas aos vizinhos, outorgando à bebida o episódio do pedido de socorro. Esse episódio dos pedidos de desculpas serviu para iniciar as intimidações no Parque del Plata. As fontes indicam que nenhum dos vizinhos quis comentar sobre os eventos do cativeiro, o silêncio prevaleceu. Após os eventos da delegacia do Parque del Plata, o próximo evento documentado acerca da Cofradía e do Caso Berríos ocorreu em fevereiro de 1992. Nesse mês o ex-ditador Pinochet visitou o Uruguai e durante a estadia foi acompanhado por Tomás Casella. 

No mês de junho de 1993 uma carta anônima distribuída a parlamentares uruguaios denunciavam a estadia de Berríos no país (BLIXEN, 1997). O então presidente Luis Alberto La Calle, que se encontrava em visita diplomática na Inglaterra, antecipou o seu retorno para tentar controlar a situação que atingia a soberania uruguaia. 

O corpo de Berríos foi encontrado no dia 13 de abril de 1995 enterrado de cabeça para baixo nas dunas do balneário onde esteve sequestrado, com dois disparos de Magnun 357 alojados no crânio. A autópsia e a justiça forense sugerem que a morte de Berríos ocorreu no primeiro trimestre de 1993.

No ano 2006 as esquerdas já haviam logrado vitórias nas democracias da região, Presidentes da República eleitos no Brasil, Chile, Uruguai, Equador, Venezuela, Bolívia, assim como expressivas cadeiras nos parlamentos da região. Naquele contexto Michele Bachelet e Tabaré Vazquez gozavam de apoio político e jurídico para que os principais envolvidos no assassinato de Berríos fossem julgados. Os altos comandantes militares Tomás Casella, Eduardo Radaelli e Wellington Sarli foram extraditados ao Chile, processados e julgados.

  • AS ENTRELINHAS DA QUEIMA DE ARQUIVO

A veiculação desses dados na imprensa uruguaia, tanto do desaparecimento de Berríos quanto do corpo encontrado nas dunas do Balneário Parque del Plata, gerou elementos que permitem concluir que a Cofradía não fez de tudo para desaparecer com o corpo. A posição do corpo indica um elemento simbólico presente de modo a permitir leituras futuras do evento. O traidor, o martirizado, o herege, este outro incômodo a certas instituições tem a sua dignidade afetada, pelo menos no terreno simbólico, no momento em que o layout marcado pela disposição de seus restos mortais demonstra sua cabeça apontando para baixo. A Cofradía assinou o assassinato, a queima de arquivo numa clara demonstração de identidade interna, de coesão interna que legitima entre os seus membros as regras próprias e a previsão de punições e assinaturas simbólicas como o foi a eliminação de Berríos.

O terrorismo de Estado que marcou as ditaduras latino-americanas na segunda metade do século XX fez-se presente não apenas nos anos inicias das democracias da região como também neste século XXI como pode ser verificado nos eventos envolvendo a Cofradía e elementos dos aparatos armados estatais do Cone Sul. 

Testemunhos de indivíduos que vivenciaram os eventos promovidos pela Cofradía dão conta de uma sistemática estratégia de defesa dessa instituição clandestina apoiada em ameaças que ultrapassa o contexto do desaparecimento de Berríos, nos anos 1992 e 1993, e chega até a extradição dos militares uruguaios, ano 2006.

A Cofradía não apenas assinou a “obra”, a queima do arquivo vivo e inoportuno de um ex-colaborador cada vez mais difícil de controlar, como também encontrou meios para que chegassem suas ameaças aos indivíduos, agentes públicos ou não, que quisessem investigar o caso. 

Conforme demonstra reportagem investigativa feita pelo Teledoce, no ano de 1993, o marinheiro aposentado Hugo Cabrera, que acompanhou Berríos à delegacia do Parque del Plata, teve sua casa atingida por disparos de revólver. Nesse mesmo ano, o edifício do tribunal de Rolando Vomero, primeiro juiz a analisar o caso Berríos, também foi alvejado por disparos.

 O modelo de intimidação adotado pela Cofradía em relação aos políticos foi o das ameaças por telefone. As secretarias eletrônicas das casas de parlamentares interessados em esclarecer o caso Berríos registraram ameaças parecidas. A mencionada reportagem do Teledoce mostrou mensagens cuja promessa era a de eliminar os parlamentares que continuassem a investigar militares. Matilde Rodriguez, do Partido Nacional, e León Lev, do Partido Frente Ampla, foram os entrevistados pela reportagem cujos áudios das secretarias eletrônicas foram dados como exemplos das ameaças.

 Setores do parlamento uruguaio buscaram levar o caso Berríos para o parlamento uruguaio como esforços para investigar em que medida a soberania nacional fora afetada com o caso Berríos. Na sessão da Comissão Permanente do Senado uruguaio do dia 14 de fevereiro de 1996, em emio à discussão sobre o caso Berríos, o senador Gargano questionou

Quais são as pistas sobre a morte de uma estudante no Parque del Plata, ao que parece assassinada naqueles dias? Gostaria de saber o que diz a autópsia. Fui lembrado por meus companheiros de bancada. Quais relações essa jovem tinha com os envolvidos no caso Berríos? O que disseram os seus pais aos investigadores? Quais esforços foram feitos para que os vizinhos contribuam com novos elementos que ajudem a esclarecer os fatos ali ocorridos? Porque naquela oportunidade disseram que não declararam nada por medo. (URUGUAI, 1996, p.5, tradução nossa)

Em junho de 1993, uma estudante de odontologia, Claudia Alonso, fora encontrada morta, na porta da sua casa que ficava no Balneário Parque del Plata. A peculiaridade daquele “suicídio”, mencionado pela literatura relacionada ao caso Berríos, é que a casa da estudante ficava em frente à casa onde Radaelli e Tomás Casella mantiveram Berríos em cativeiro, e na mesma rua do marinheiro aposentado Hugo Cabrera, cuja casa foi marcada, possivelmente pela Cofradía, com disparos de bala.

Quando da autorização da extradição dos militares envolvidos no caso Berríos, em abril de 2006, disparos de arma foram efetuados contra o juiz Gustavo Mirabal, magistrado responsável pelos derradeiros e decisivos trâmites que autorizaram a extradição.

As ameaças contra parlamentares, magistrados, cidadãos comuns e ao próprio advogado da família Berríos, Thomas Erthenfeld, conseguiram manter a salvo os responsáveis pela queima de arquivo da Cofradía, neste caso específico os confrades uruguaios e chilenos, por pouco mais de uma década, entre 1992 e 2006. Uma década em que buscou-se retardar ao máximo qualquer possibilidade de julgamento e punição. 

  • CONCLUSÕES

Até o momento, as fontes permitem concluir que os últimos disparos de armas de fogo em nome da Operação Condor foram recebidos por Eugenio Berríos entre janeiro e março de 1993. Em termos cronológicos, a Operação poderia então ser localizada entre as reuniões de Contreras com agentes da CIA, em março de 1974 em Washington, e o primeiro trimestre de 1993. 

A grande influência da inteligência chilena no seio da Operação Condor e da própria Cofradía é presenciada tanto nas conversações iniciais de cooperação entre os aparelhos de repressão no continente quanto nas atividade finais da etapa da Cofradía, quando o exército  e a soberania uruguaia foram comprometidos na operação de esconder e assassinar o agente secreto chileno.

O assassinato de Berríos fornece pistas e sugestões para aprofundamento da temática do encerramento da Operação Condor em pesquisa específica que possa auxiliar no entendimento acerca de eventual modus operandi padronizado da Cofradía ao lidar com confrades problemáticos, se outros confrades também terminaram como Berríos.

Apenas quando os governos de esquerda chegaram ao poder no Cone Sul foi possível dar prosseguimento aos trâmites legais para processar e punir militares que integraram a Cofradía. No Uruguai, os governos civis tanto do Partido Nacional como do Partido Colorado, que governaram o país durante a ditadura e nos primeiros governos democráticos após a ditadura, não empreenderam esforços que resultaram em apurações e trâmites efetivamente direcionados para a investigação, processo e punição dos envolvidos. 

O caso Berríos demonstrou a colaboração de setores das forças armadas de distintos países do Cone Sul em atividades ilegais envolvendo a destruição de provas contra seus agentes e a queima de arquivos. Também existem elementos para outros trabalhos historiográficos que se atenham às atividades econômicas paralelas da Cofradía, tema pouco explorado ainda pela literatura sobre o tema. 

E, por ter sido a Cofradía uma instituição informal baseada na cooperação entre dos país do Cone Sul, o devido processo legal dos envolvidos no caso Berríos passava necessariamente em algum momento por pedidos de extradição, e a consideração da extradição poderia ser dada apenas no caso da cooperação e dos esforços dos respectivos chefes de Estado, algo não logrado até que Bachelet e Tabaré Vazquez se tornassem representantes de outros anseios de suas populações, anseios que incluíam em seu âmago a busca por retomar as investigações sobre os crimes cometidos nas ditaduras da região ou em nome destas.

O envolvimento de políticos uruguaios na operação de eliminação de Berríos não ficou claro. As fontes e as investigações binacionais posteriores indicaram apenas certos elementos militares chilenos e uruguaios, cúmplices até o fim no desaparecimento de adversários e “traidores” da Cofradía.

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