ATTENTION DEFICIT HYPERACTIVITY DISORDER (ADHD) IN THE SCHOOL ENVIRONMENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8118537
Francisca Thanísia de Freitas Falcão1
Eliza Marcia Oliveira Lippe2
RESUMO
O objetivo deste artigo consiste em analisar a correlação entre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o ambiente escolar, através do método de revisão de literatura a partir de buscas nas bases de dados LILACS, Google Scholar, MedLine/Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Brasil Scientific Electronic Library (SciELO) no período de 2017 a 2023. Os resultados mostram que o TDAH impacta significativamente o desempenho acadêmico e comportamento das crianças. É essencial evitar a medicalização excessiva e adotar abordagens educacionais e psicossociais adequadas. A comunicação entre família, escola e profissionais da saúde é crucial para um apoio integrado. Na discussão, enfatiza-se a importância de compreender o transtorno e implementar estratégias colaborativas que promovam o desenvolvimento e bem-estar das crianças com TDAH no ambiente escolar, respeitando suas singularidades e adotando um olhar inclusivo para enfrentar estereótipos e preconceitos. Em conclusão, destaca-se a relevância de abordagens integradas e sensíveis para lidar com o TDAH no contexto escolar, evitando excessos na medicalização. A colaboração entre os envolvidos e o respeito às diferenças são fundamentais para proporcionar um ambiente educacional mais inclusivo e acolhedor para todas as crianças com TDAH.
Palavras-chave: TDAH. Criança. Escola. Família. Medicalização.
ABSTRACT
The objective of this article is to analyze the correlation between Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) and the school environment through a literature review method based on searches in databases such as LILACS, Google Scholar, MedLine/Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), and Brasil Scientific Electronic Library (SciELO) covering the period from 2017 to 2023. The results demonstrate that ADHD significantly impacts children’s academic performance and behavior. It is essential to avoid excessive medicalization and adopt appropriate educational and psychosocial approaches. Effective communication among families, schools, and healthcare professionals is crucial to providing integrated support. The discussion emphasizes the importance of understanding the disorder and implementing collaborative strategies to promote the development and well-being of children with ADHD in the school environment, respecting their individualities, and adopting an inclusive perspective to confront stereotypes and prejudices. In conclusion, the relevance of integrated and sensitive approaches to address ADHD in the school context is highlighted, with the aim of avoiding excessive medicalization. Collaboration among stakeholders and respect for differences are fundamental to creating a more inclusive and nurturing educational environment for all children with ADHD.
Keywords: ADHD. Child. School. Family. Medicalization.
1. Introdução
De acordo com o American Psychiatric Association-APA (2014), o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica comum na infância e adolescência, que afeta a capacidade de atenção, impulsividade e hiperatividade. O TDAH foi inicialmente classificado junto aos transtornos do neurodesenvolvimento, mas também apresentava características semelhantes aos transtornos disruptivos.
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por níveis elevados de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. A desatenção e desorganização se manifestam como dificuldade em se concentrar em uma tarefa, parecer não ouvir e perder objetos em um grau incompatível com a idade ou nível de desenvolvimento. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p.32)
Ainda conforme a APA (2014) a hiperatividade-impulsividade envolve atividade excessiva, inquietação, dificuldade em ficar sentado, interromper as atividades dos outros e impaciência, também em um grau desproporcional à idade ou nível de desenvolvimento. Na infância, o TDAH geralmente ocorre em conjunto com outros transtornos “externalizantes”, como o transtorno de oposição desafiante e de conduta. Assim, tende a persistir na vida adulta, afetando negativamente o desempenho social, acadêmico e profissional.
De acordo com Costa e Porto (2022) “O TDAH é uma patologia de caráter crônico, sendo a doença neuropsiquiátrica mais comum no mundo, afetando cerca de 2-7% da população. ” (COSTA e PORTO, 2022, p.297)
A compreensão do TDAH tem evoluído ao longo dos anos. Inicialmente, ele foi agrupado com os transtornos do neurodesenvolvimento, devido às suas características comuns. No entanto, também apresentava semelhanças com os transtornos disruptivos:
Dessa forma, por exemplo, com base em padrões de sintomas, comorbidade e fatores de risco compartilhados, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) foi colocado junto aos transtornos do neurodesenvolvimento, mas os mesmos dados também ofereciam forte respaldo para colocá-lo junto aos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e de conduta. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p.12)
A classificação atual reconhece que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por sintomas de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Esses sintomas podem se manifestar de diferentes maneiras em crianças e adultos afetados.
De acordo com o Ministério da Saúde (2014) são sintomas de TDAH identificados em crianças e adolescentes:
Agitação, inquietação, movimentação pelo ambiente, mexem mãos e pés, mexem em vários objetos, não conseguem ficar quietas (sentadas numa cadeira, por exemplo), falam muito, têm dificuldade de permanecer atentos em atividades longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes, são facilmente distraídas por estímulos do ambiente ou se distraem com seus próprios pensamentos. O esquecimento é uma das principais queixas dos pais, pois as crianças “esquecem” o material escolar, os recados, o que estudaram para a prova. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2014)
Além disso, o TDAH tende a persistir na vida adulta, o que pode acarretar consequências negativas no funcionamento social, acadêmico e profissional. Os indivíduos com TDAH podem enfrentar dificuldades em estabelecer relacionamentos interpessoais, cumprir tarefas no ambiente de trabalho e alcançar seu potencial acadêmico. (APA,2014, CASTRO, 2018)
Diante desse quadro, é fundamental adotar uma abordagem abrangente para o diagnóstico e tratamento do TDAH. As diretrizes mais recentes enfatizam a importância de uma avaliação clínica completa, que leve em consideração informações de várias fontes, como pais, escola e profissionais de saúde. Além disso, existem opções de tratamento disponíveis, incluindo abordagens farmacológicas e não farmacológicas, como terapia comportamental e intervenções educacionais.
Nesse sentido, é importante ressaltar que o debate em torno da medicalização do TDAH não deve ser encarado como uma oposição a essas abordagens. Em vez disso, é fundamental adotar uma abordagem integrada, em que o uso de medicamentos seja considerado como uma ferramenta a mais no campo terapêutico, em conjunto com outras intervenções, como terapias comportamentais, apoio psicossocial, adaptações educacionais e suporte familiar.
2. Metodologia
Uma das bases fundamentais deste estudo é a abordagem bibliográfica. Segundo as perspectivas de Gil (2019), essa metodologia se mostra apropriada quando o pesquisador consulta materiais que já tratam das temáticas relevantes para a construção textual ou investigação científica.
O método de pesquisa adotado neste estudo foi uma revisão de literatura. A revisão foi realizada com o objetivo de analisar estudos relevantes publicados entre os anos de 2017 e 2023 sobre o TDAH no ambiente escolar. Foram realizadas buscas eletrônicas em diversas bases de dados, como LILACS, Google Scholar, MedLine/Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Brasil Scientific Electronic Library (SciELO). Essa revisão da literatura permitiu identificar e analisar estudos relevantes sobre o tema do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no ambiente escolar. A análise dos estudos consistiu em uma avaliação criteriosa do conteúdo, identificando os principais pontos discutidos em relação ao TDAH na escola.
3. Resultados e Discussão
Os resultados obtidos revelaram que o TDAH é considerado um transtorno legítimo, afetando tanto o desempenho acadêmico quanto o comportamento das crianças. Os estudos revisados mostraram que o TDAH pode ter um impacto significativo no ambiente educacional, demandando atenção e intervenções específicas
A revisão da literatura confirmou a legitimidade do TDAH como um transtorno significativo que afeta o desempenho acadêmico e comportamental das crianças. O TDAH impacta negativamente o aprendizado, organização e concentração, além de influenciar o comportamento, apresentando características como hiperatividade e impulsividade.
Nesse estudo, a preocupação com a medicalização excessiva foi destacada, enfatizando a importância de abordagens educacionais e psicossociais. Adaptações curriculares e estratégias de ensino diferenciadas foram apontadas como necessárias para atender às necessidades específicas dos alunos com TDAH.
Outro aspecto importante é que a comunicação e parceria entre família, escola e profissionais de saúde foram consideradas essenciais para fornecer o suporte adequado às crianças com TDAH. Em síntese, o estudo ressaltou a necessidade de uma abordagem integrada para promover um ambiente educacional inclusivo e o bem-estar das crianças com TDAH, valorizando a colaboração entre todas as partes envolvidas.
Portanto, a valorização de uma abordagem inclusiva e colaborativa para lidar com o TDAH também implica na superação de estereótipos e preconceitos relacionados a esse transtorno. Ao adotar uma perspectiva inclusiva, a escola pode desempenhar um papel essencial na conscientização e na quebra de paradigmas, criando um ambiente acolhedor e respeitoso para as crianças, sem distinção de suas características individuais.
4. O TDAH no contexto escolar
4.1 A medicalização e a combinação de estratégias educacionais
A medicalização do TDAH é uma questão complexa e controversa. Embora seja reconhecido como um transtorno real, o uso indiscriminado de medicamentos como solução única tem gerado preocupações. Embora seja amplamente reconhecido como um transtorno genuíno, a preocupação surge devido ao uso indiscriminado de medicamentos como uma solução única para o problema.
Jesus et al. (2022) reconhece a disponibilidade de outras abordagens terapêuticas, mas pontua que a utilização de medicamentos se mostra fundamental para reduzir os potenciais prejuízos comportamentais e sociais que crianças e adolescentes poderiam enfrentar na vida adulta, decorrentes da incapacidade de desenvolver suas capacidades, habilidades e competências durante as etapas apropriadas de formação.
Conforme mencionado por Costa e Porto (2022) a medicalização por si só não é suficiente, é preciso considerar a importância da abordagem terapêutica multimodal, é essencial garantir uma aplicação adequada dessas estratégias, a fim de promover efetivamente a melhora na qualidade de vida dos indivíduos afetados:
Na sociedade atual, o TDAH vem se mostrando uma patologia que interfere diretamente na vida dos indivíduos acometidos, possuindo elevada taxa de morbidade, ele gera diversos prejuízos ao desenvolvimento pessoal e profissional. A abordagem terapêutica é multimodal, unindo treinamentos para melhores relacionamentos interpessoais e a farmacoterapia com estimulantes. Estas, quando realizadas de forma inadequada, não causam o efeito esperado para a melhora da qualidade de vida dessas pessoas. (COSTA e PORTO, 2022, p. 291)
A combinação de estratégias educacionais, psicossociais e o uso criterioso de medicamentos, quando necessário, pode proporcionar um ambiente inclusivo que atenda às necessidades individuais das crianças com TDAH.
É fundamental oferecer amparo, reconhecendo que o bem-estar está diretamente relacionado ao desempenho acadêmico. A abordagem multidisciplinar é um elemento chave na compreensão abrangente do TDAH e na intervenção efetiva.
Dessa forma, é possível desenvolver estratégias de intervenção que levem em consideração as perspectivas e experiências de todos os envolvidos. É importante ressaltar que a medicalização excessiva não deve ser a única abordagem no manejo do TDAH. Os medicamentos podem ser uma ferramenta valiosa, mas devem ser utilizados de forma criteriosa, levando em consideração os benefícios e possíveis efeitos colaterais.
A combinação de abordagens educacionais e psicossociais, aliada ao uso adequado de medicamentos quando necessário, pode proporcionar um ambiente educacional inclusivo e que atenda às necessidades individuais das crianças com TDAH.
Um estudo realizado por Carvalho et al. (2022) enfatiza a importância de uma abordagem integrada e colaborativa no manejo do TDAH. Reconhecer a legitimidade do transtorno e os desafios que ele impõe às crianças é fundamental, mas é igualmente importante considerar as estratégias educacionais, adaptações curriculares e suporte emocional.
É importante ressaltar que a medicalização não deve ser vista como a única resposta para o TDAH. Os medicamentos podem ser uma opção válida e eficaz em certos casos, mas devem ser considerados como parte de uma abordagem integrada, aliados a estratégias educacionais e psicossociais. Cada criança é única, e é necessário avaliar cuidadosamente os benefícios e os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, levando em consideração o contexto individual.
4.2 O TDAH na escola
De acordo Silva et al. (2023) a presença de alunos na educação especial está sendo efetivada em todas as fases, níveis e formas de ensino, demonstrando um aumento real e contínuo de sua inclusão nas escolas regulares.
Salgueiro (2021) explora a relação entre educação e saúde mental, questionando se é a educação que deve se adequar à saúde mental dos estudantes ou se é a saúde mental que deve ser trabalhada dentro do ambiente educacional. Ele destaca a importância de promover um ambiente escolar que contribua para o desenvolvimento integral dos estudantes, considerando suas necessidades de saúde mental.
A pesquisa realizada por Araújo et al. (2019) ressalta que os entendimentos acerca do TDAH não podem ser generalizados, uma vez que cada vivência é única e moldada pelo conjunto de significados que abarca cada situação. Os sintomas do TDAH são percebidos de forma integral, não suscetíveis de serem fragmentados, e suscitam indagações a respeito da vivência do transtorno.
Uma vez identificado o TDAH, é importante que a escola adote estratégias de apoio e adaptações para atender às necessidades desses alunos. Isso pode envolver a implementação de um ambiente estruturado e organizado, o estabelecimento de rotinas claras, o uso de recursos visuais, a redução de estímulos distrativos e a oferta de pausas regulares durante as atividades.
Além disso, a colaboração entre professores, família e profissionais de saúde é essencial para o manejo adequado do TDAH na escola. É importante que haja uma comunicação constante e troca de informações sobre o aluno, suas dificuldades e estratégias que têm se mostrado eficazes. Dessa forma, é possível criar um ambiente de apoio e compreensão, contribuindo para o desenvolvimento acadêmico e emocional do aluno com TDAH.
Uma das principais questões enfrentadas na escola em relação ao TDAH é a identificação e o diagnóstico preciso. Muitas vezes, os sintomas do TDAH podem ser confundidos indisciplina, ou com simples desatenção ou agitação comuns na infância. No entanto, é fundamental que os educadores estejam atentos a comportamentos persistentes e significativos que interfiram no aprendizado e no convívio social do aluno.
Silva e Lima (2021) compartilham preocupações em relação à medicalização da educação. Ambos destacam a tendência de atribuir problemas de aprendizagem a condições médicas, como o TDAH, sem considerar o contexto social e educacional dos alunos. Eles enfatizam a importância de uma abordagem crítica, questionando o uso excessivo de medicamentos no tratamento do TDAH e defendendo uma compreensão mais ampla dos comportamentos dos alunos para além de meras patologias.
No entanto, é importante lembrar que cada aluno com TDAH é único e pode apresentar diferentes necessidades. Nem todos os alunos com TDAH requerem medicamentos ou suporte especializado, mas é fundamental garantir que eles recebam o suporte necessário para alcançar seu potencial máximo na escola.
Portanto, o TDAH na escola atual demanda uma abordagem multidisciplinar e sensível às necessidades individuais dos alunos. Com a identificação precoce, estratégias de apoio adequadas, é possível criar um ambiente inclusivo e acolhedor que promova o desenvolvimento acadêmico e emocional dos alunos com TDAH, auxiliando-os a alcançar seu pleno potencial.
Ainda, conforme Silva e Lima (2021) é essencial considerar a experiência subjetiva e singular dos indivíduos em relação à sua saúde mental, indo além de uma perspectiva meramente patologizante. Isso implica em compreender o significado que o TDAH e outros transtornos têm para cada pessoa, levando em conta suas vivências e particularidades.
Na abordagem fenomenológica, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser compreendido de uma maneira mais ampla, considerando não apenas os aspectos sintomáticos e comportamentais, mas também as vivências e experiências subjetivas dos alunos.
Uma abordagem fenomenológica no ambiente escolar implica em olhar para além dos comportamentos observáveis, buscando compreender a perspectiva do aluno, suas motivações, frustrações e dificuldades. Isso implica em estabelecer uma relação de empatia e acolhimento, que permite ao aluno se sentir compreendido e valorizado, promovendo sua autoestima e senso de pertencimento.
De acordo com Silva (2022) almeja-se que todas as pessoas que enfrentam limitações possam ser integradas ao sistema comum de educação e que ocorra a inclusão não apenas no contexto educativo, mas em toda a sociedade:
O que se espera é que todos que possuem alguma deficiência possam ser incluídos na rede regular de ensino e que haja uma progressiva inclusão não somente no âmbito educacional como em toda a sociedade e a escola apresenta-se como meio que propicia o desenvolvimento e integração de todos que buscam uma afirmação no meio social (SILVA, 2022, p. 402).
Portanto, a escola pode buscar estratégias que considerem as vivências individuais dos alunos com TDAH. Isso inclui a criação de um ambiente inclusivo, que valorize a diversidade de formas de aprendizagem e ofereça apoio socioemocional e educacional. Além disso, é importante envolver a família nesse processo, reconhecendo seu papel como parceiros na compreensão e no desenvolvimento dos alunos.
Ademais, é necessário considerar a importância da autenticidade e do diálogo na relação entre educadores e alunos. É essencial que os professores estejam abertos a ouvir e compreender as experiências individuais dos alunos, reconhecendo que cada um tem sua própria forma de lidar com o TDAH. Isso implica em estabelecer um ambiente de confiança, no qual os alunos se sintam à vontade para expressar suas dificuldades e necessidades.
Dessa forma, pensar no contexto do TDAH na escola atual vai além da simples gestão de sintomas, antes de tudo, deve-se buscar compreender a complexidade da vivência do aluno com TDAH. Ela valoriza a subjetividade, a singularidade e a construção de significados individuais, contribuindo para uma abordagem mais humanizada e inclusiva no ambiente escolar.
4.3 O TDAH e o papel dos professores
Segundo, Carvalho et al. (2022) os professores desempenham um papel de grande importância no diagnóstico, bem como no manejo das relações com alunos com TDAH: ” O professor exerce papel fundamental no controle do comportamento de crianças TDAH, assim como no desenvolvimento de suas habilidades como ser humano. ”
Como ressalta Araújo et al. (2019) é crucial estabelecer com precisão o limite diagnóstico entre o que é tido como padrão e o que é identificado como TDAH, visando aperfeiçoar o processo diagnóstico e prover orientações de cuidado adequadas para os afetados. Verifica-se que a elaboração de uma compreensão acerca do TDAH e a ampliação do entendimento da própria vivência são de suma importância, pois possibilitam uma transformação de perspectiva que transcende a abordagem meramente patológica, abarcando as singularidades e potencialidades individuais.
No contexto escolar, ressaltam a importância dos professores na observação e identificação dos sinais do TDAH nos alunos. Eles descrevem estratégias que os educadores podem adotar para lidar com os desafios apresentados por esses alunos, como a adaptação de atividades, o estabelecimento de rotinas estruturadas, o fornecimento de suporte individualizado e a parceria com profissionais de saúde.
Uma questão relevante trazida por Paz e Wish (2022), é a conscientização e o combate ao estigma. É fundamental que a sociedade em geral, inclusive os próprios pais e familiares das crianças com o transtorno, compreendam que o TDAH não é resultado de má educação ou falta de disciplina. Trata-se de uma condição neurológica que requer acolhimento, compreensão e apoio no processo de inclusão:
Quando nos referimos a processos inclusivos, falamos de diversificação das práticas. É fundamental superar a ideia de que um único modelo de atividade e um único modelo de avaliação é capaz de contemplar todos os estudantes. Desse modo, falar sobre o fazer do professor passa pela compreensão de que seus alunos aprenderão de distintas maneiras e em diferentes ritmos. Assim, um professor inclusivo busca respeitar essas diferenças, bem como a trabalhar com elas. (PAZ; WISH, 2022, p. 15).
Em vista disso, é essencial o envolvimento dos professores no manejo do TDAH. Estratégias educacionais adaptadas e ajustes curriculares podem ser implementados para auxiliar no desempenho acadêmico e no combate aos estigmas e no bem-estar das crianças afetadas. O apoio contínuo e a conscientização sobre o TDAH são cruciais para oferecer um maior apoio e promover melhores resultados.
Segundo a American Psychiatric Association- APA (2014) é comum que ocorra mais de um transtorno do neurodesenvolvimento em um indivíduo. Por exemplo, pessoas com transtorno do espectro autista frequentemente também têm deficiência intelectual, e muitas crianças com TDAH também apresentam um transtorno específico da aprendizagem.
Nesse contexto, destaca-se a importância da conscientização dos professores sobre o TDAH, a fim de evitar estigmas e preconceitos em relação aos alunos diagnosticados. Vale ressaltar a necessidade de promover uma educação inclusiva, que valorize a diversidade e forneça o suporte adequado para o desenvolvimento acadêmico e socioemocional dos estudantes com TDAH, quebrando barreiras e estigmas:
A abordagem sobre educação inclusiva consiste em se deparar com o paradoxo entre o que as legislações preconizam e o que a prática revela: escolas despreparadas, professores sem formação adequada e o preconceito dos colegas em sala de aula, culminando em situações lamentáveis de bullying. Entende-se que a educação inclusiva não pode ser vista como um problema, mas sim como uma oportunidade para que as escolas, desde a educação básica até maiores graus de ensino, consigam buscar meios de acolher adequadamente seus alunos especiais. (GUIMARÃES JUNIOR et al., 2022, p. 8).
A parceria entre profissionais de saúde e educadores é crucial no diagnóstico e manejo do TDAH em crianças. Os professores desempenham um papel fundamental ao identificar precocemente os sintomas e oferecer suporte adequado aos alunos com TDAH, contribuindo para seu sucesso acadêmico e bem-estar geral. Eles têm uma visão privilegiada do comportamento dos alunos em sala de aula, permitindo o reconhecimento precoce dos sinais do TDAH. Ao encaminhar os alunos para avaliação profissional, podem contribuir para um diagnóstico correto e um plano de tratamento adequado. Adotar abordagens inclusivas, fornecer suporte individualizado, adaptar o currículo e oferecer estratégias de organização e gerenciamento do tempo são algumas medidas que os professores podem implementar para minimizar as dificuldades enfrentadas pelos alunos com TDAH.
Essas ações contribuem para um ambiente de aprendizado mais acolhedor e favorável, com intervenções planejadas para atender às necessidades específicas dos alunos com TDAH. A conscientização, a formação e o trabalho conjunto entre profissionais de saúde e educadores são essenciais para criar um ambiente de aprendizado que beneficie todos os estudantes.
De acordo com Alves (2022, p.71):
Lidar com a criança com diagnóstico de TDAH na escola é um desafio, pois nas instituições de ensino tem-se uma organização hierárquica com horários fixos, lugares determinados e padrões de comportamento do aluno. No entanto, o TDAH deve ser considerado como uma dificuldade real que está presente no meio social e que requer compreensão e intervenções pensadas e planejadas por professores. (ALVES, 2022)
A conscientização sobre o TDAH é fundamental para que os professores compreendam melhor as características e os desafios enfrentados pelos alunos com esse transtorno. A formação contínua e o acesso a informações atualizadas sobre o TDAH permitem que os educadores estejam preparados para lidar de forma eficaz com os desafios específicos que esses alunos podem enfrentar.
Segundo Alves (2022) ao criar um ambiente de aprendizado inclusivo, os professores ajudam a reduzir o estigma associado ao TDAH e promovem a aceitação e o respeito entre os colegas de classe. Isso contribui para o bem-estar psicológico e social dos alunos com TDAH, além de promover uma atmosfera positiva de aprendizado.
Isto posto, a cooperação entre profissionais de saúde e educadores é crucial para o diagnóstico e manejo adequados do TDAH em crianças. Os professores têm um papel essencial na identificação precoce dos sintomas, na implementação de estratégias pedagógicas inclusivas e no suporte individualizado aos alunos com TDAH. A conscientização, a formação e a adoção de abordagens inclusivas são fundamentais para criar um ambiente de aprendizado favorável e acolhedor para todos os estudantes, independentemente de terem ou não o TDAH.
4.4 O TDAH e a relação família escola
A relação entre a família e a escola desempenha um papel fundamental no contexto do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ambos os ambientes têm influência significativa no desenvolvimento e no bem-estar do aluno com TDAH, e uma colaboração efetiva entre eles é essencial para promover o sucesso acadêmico e socioemocional da criança. É importante reconhecer que o TDAH não afeta apenas o ambiente escolar, mas também tem impacto na dinâmica familiar.
Como mencionado por Menezes et al. (2017) a relação família escola traz benefícios para o próprio tratamento do aluno. “No entanto, para que haja êxito no tratamento é preciso que exista uma interação escola família, pois, estas serão as instituições onde o portador encontrará subsídio para o tratamento. ” MENEZES et al. (2017, p. 14).
Os pais muitas vezes enfrentam desafios na compreensão e no manejo dos sintomas do TDAH de seus filhos, o que pode gerar estresse, frustração e preocupação. Nesse contexto, a parceria entre a família e a escola se torna crucial para apoiar o aluno de forma abrangente. Uma comunicação aberta e constante entre os pais e os profissionais da escola é essencial.
Na busca por uma educação inclusiva e respeitosa, torna-se imprescindível que tanto os pais quanto os educadores abracem uma perspectiva empática diante das crianças que apresentam traços comportamentais “agitados” e “distraídos”. Isso permitirá que não passem despercebidos possíveis indicativos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), assegurando que o suporte adequado e o tratamento sejam oferecidos para o desenvolvimento pleno desses jovens talentos.
Como citado por Braga et al. (2O22):
De acordo com a literatura utilizada para guiar o presente artigo, a associação entre pais, escola e terapias medicamentosas e psicológicas, costuma apresentar bons resultados na melhoria da qualidade de vida e rendimento escolar do indivíduo diagnosticado. É primordial que tanto a família quanto os professores apresentem um olhar mais empático sobre as crianças vistas como inquietas e desatentas, a fim de não negligenciar um possível diagnóstico de TDAH e lhes trazer futuros prejuízos na vida adulta, como a pré-disposição ao vício em substâncias psicoativas e o maior risco de evasão escolar (BRAGA et al. 2022, p. 9,10).
É importante compartilhar informações relevantes sobre o diagnóstico, as necessidades e as estratégias que são eficazes para auxiliar o aluno com TDAH. Essa troca de informações contribui para um entendimento mútuo e para a criação de um plano de apoio consistente, que possa ser implementado tanto em casa quanto na escola.
De acordo com a pesquisa realizada por Guimarães Junior et al. (2022) ainda existem várias lacunas a serem preenchidas para oferecer um atendimento mais eficiente e preciso aos alunos com TDAH. O estudo respalda a ideia apresentada em seu conteúdo sobre o envolvimento da família no processo de inclusão dos estudantes com TDAH, especialmente na educação básica. Esse apoio é fundamental para que as escolas possam conhecer melhor seus alunos com déficit de atenção e desenvolver estratégias de ensino mais adequadas.
Desse modo, a família e a escola podem trabalhar juntas para estabelecer rotinas consistentes e estruturadas, que auxiliem o aluno com TDAH a lidar com os desafios de atenção e organização. Além disso, é importante promover uma abordagem positiva e encorajadora, valorizando os pontos fortes e os progressos do aluno, ao invés de focar apenas nas dificuldades.
A família pode fornecer apoio afetivo e incentivo, enquanto a escola pode oferecer estratégias pedagógicas adequadas, como adaptações curriculares, uso de recursos visuais, modificações no ambiente de sala de aula e a disponibilidade de profissionais especializados. É essencial que a escola esteja preparada para acolher e incluir o aluno com TDAH, promovendo um ambiente de aprendizado inclusivo e sem estigmas.
A parceria entre a família e a escola é essencial para o aluno com TDAH, proporcionando um ambiente de apoio consistente e enriquecedor. Comunicação aberta, compartilhamento de informações e estratégias conjuntas fortalecem essa parceria, permitindo que ambientes estejam alinhados e ofereçam o suporte necessário ao aluno.
Além disso, a família desempenha um papel ativo ao criar rotinas estruturadas em casa, além de promover o apoio emocional e participar de grupos de apoio. A implementação de estratégias e adaptações no currículo escolar também é importante para atender às necessidades individuais do aluno.
A parceria deve ser contínua, flexível e aberta a ajustes, visando sempre o desenvolvimento acadêmico e socioemocional do aluno. A relação entre família e escola é crucial para que o aluno com TDAH alcance seu potencial, supere desafios e tenha sucesso em sua jornada acadêmica e pessoal.
5. Considerações Finais
Conclui-se, portanto, que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é inegavelmente uma condição legítima que exerce impacto significativo no rendimento escolar e no comportamento das crianças. A abordagem sensível e integrada por parte de educadores, profissionais de saúde e familiares é imprescindível para enfrentar esse desafio.
A preocupação com a medicalização excessiva deve ser levada a sério, destacando que os medicamentos não devem ser encarados como a única ou principal solução. É necessário priorizar intervenções educacionais e psicossociais, tais como adaptações curriculares e estratégias de ensino diferenciadas.
Ademais, a comunicação efetiva entre família, escola e profissionais de saúde são fundamentais para uma compreensão ampla do TDAH e para o desenvolvimento de estratégias eficientes. Valorizar as perspectivas da família e professores é crucial, pois esses atores têm informações valiosas sobre as necessidades e desafios das crianças com TDAH.
A pesquisa sobre o TDAH no ambiente escolar oferece reflexões essenciais para uma educação mais inclusiva e acolhedora. É preciso que a escola se empenhe em incluir e respeitar as diferenças desses alunos, proporcionando um ambiente que ofereça segurança, afeto e apoio adequado, considerando os aspectos psicossociais.
A promoção de abordagens integradas, que considerem aspectos educacionais e psicossociais, é essencial para o desenvolvimento e bem-estar das crianças com TDAH. Através do diálogo, da colaboração e do comprometimento de todos os envolvidos, será possível criar um ambiente educacional mais inclusivo e igualitário para todas as crianças.
Por fim, é imperativo que políticas públicas sejam implementadas para garantir o acesso adequado ao diagnóstico e tratamento das crianças com TDAH. A rede pública de saúde e educação deve estar preparada para oferecer o suporte e assistência necessários, assegurando que nenhum aluno seja deixado para trás em virtude de suas dificuldades. Dessa forma, estaremos construindo uma sociedade mais justa e acolhedora para todos, independentemente de suas particularidades.
REFERÊNCIAS
ALVES, P. A. S. O TDAH no contexto escolar. Revista Primeira Evolução, São Paulo, Brasil, v. 1, n. 27, p. 69–73, 2022. Disponível em: http://primeiraevolucao.com.br/index.php/R1E/article/view/241. Acesso em: 30 jun. 2023.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2014.
ARAÚJO, J. L.; MELO, A. K.; MOREIRA, V. Comprensión fenomenológica del trastorno déficit de atención con hiperactividad (TDAH) en adolescentes. Revista de Psicologia (Santiago), v. 28, n. 2, p. 110-123, 2019. DOI: 10.5354/0719-0581.2019.55659. Disponível em: https://dx.doi.org/10.5354/0719-0581.2019.55659.
Braga, A. T., Loiola, A. V. B., Napoleão, L. D., Araújo, B. C. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade em crianças: uma revisão bibliográfica. Research, Society and Development, v. 11, n. 16, p. e407111638321-e407111638321, 2022.
CARVALHO, A. S. M.; ALBUQUERQUE, L. F. S..; SOUZA, K. L. A..; PEREIRA, I. dos S..; PEREIRA, E. dos S..; SOUTO, P. F..; ANCHIETA, G. O. S..; CABOCLO, I.; SILVA, E. R. A. ADHD – diagnosis and teacher’s role. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 2, p. e17711225724, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i2.25724. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/25724. Acesso em: 25 abr. 2023.
CASTRO, C. X. L.; LIMA, R. F. Consequências do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na idade adulta. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 35, n. 106, p. 61-72, 2018. Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v35n106/08. Acesso em: 27 mar. 2021.
COSTA, G.S.; PORTO, R.M. Tratamento medicamentoso do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade na infância: uma revisão integrativa. Revista Contemporânea, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 286–303, 2022. Disponível em: https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/view/142. Acesso em: 3 jul. 2023.
GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 7. ed. Atlas, 2019.
GUIMARAES JUNIOR, J. C..; SANTOS, H. A..; BRAGA, F. C..; MARQUES, J. A..; TRICHES, J. C..; SILVA, M. P. The challenges of school inclusion of students with ADHD: perspectives from a multi-case study. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 8, p. e31311831179, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i8.31179. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/31179. Acesso em: 10 mai. 2023.
JESUS, R.C; ANJOS, S.N.S.; NERI, F.S.M. O tratamento farmacológico para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Revista Contemporânea , [S. l.] , v. 2, n. 6, pág. 1474–1488, 2022. DOI: 10.56083/RCV2N6-026. Disponível em: https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/view/345. Acesso em: 4 mai. 2023.
MENEZES, M. M.S.; SOUZA, T. P.; SILVEIRA COSTA, F. P. Relação família-escola frente ao TDAH. A Importância Da Psicopedagogia, p. 9, 2017.
Ministério da Saúde. Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-do-deficit-de-atencao-com-hiperatividade-tdah/. Acesso em: 10 jun. 2023.
PAZ, C. T. N.; WISH, T.F. Ser professor na perspectiva inclusiva: saberes, fazeres e compromissos em uma tríade formativa. Contexto & Educação, v. 37, n. 116, p. 9-22, 2022.
SALGUEIRO, E. (2021). Educação e Saúde Mental ou Saúde Mental e Educação?. Revista Interacções, 17(59), 72–77. https://doi.org/10.25755/int.25103
SILVA C. F., LIMA, N. C. (2021). Psicopatologia e desmedicalização da existência: Possibilidades fenomenológicas para a compreensão da saúde na contemporaneidade. Perspectivas Em Psicologia, 24(2), 104–128. https://doi.org/10.14393/PPv24n2a2020-58341
SILVA, L.F.; DAMASCENO, A.R.; GOMES, Y.S. Inclusão de alunos com deficiência nas escolas do campo no município de Conceição do Araguaia/PA: breve análise do censo escolar. Revista Contemporânea, [S. l.] , v. 3, n. 2, pág. 691–707, 2023. DOI: 10.56083/RCV3N2-006. Disponível em: https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/view/406. Acesso em: 13 jun. 2023.
SILVA, M.S. Educação inclusiva na escola pública: Desafios e possibilidades. Revista Contemporânea, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 397–413, 2022. Disponível em: https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/view/90. Acesso em: 21 jan. 2023.
1Pós-graduanda em Docência com Ênfase na Educação Inclusiva – Instituto Federal de Minas Gerais-Arcos MG, Brasil. https://orcid.org/0009-0002-8728-8758. http://lattes.cnpq.br/1229775576749706psithanisiafalcao@gmail.com
2Orientadora – Instituto Federal de Minas Gerais-Arcos/ MG, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-8832-2893. http://lattes.cnpq.br/7763503400813948eliza.lippe@ifmg.edu.br