REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202511081438
Renatha Malena Tavares Passos1; Carolina Angélica Magalhães De Souza2; Marcilene Resplande de Paula2; Vanusa Oliveira Jardim2; Rosilene Carrijo dos Santos Campos; Juliana Sousa Ribeiro Freitas2; Edna Cardoso de Andrade Abreu2; Evaldete Batista Rege2; Maria Madalena Ramos2; Marrietti Oliveira de Sousa2
RESUMO
Esta pesquisa foi realizada com objetivo de analisar as possibilidades de intervenção do psicopedagogo em relação às dificuldades de aprendizagem apresentadas por crianças que possuem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Como metodologia foi utilizada a pesquisa bibliográfica que permeia todo o conteúdo. Foi analisado o direito que toda criança tem de aprender, o que é o TDAH, qual é a função do psicopedagogo na escola e as suas possíveis intervenções nas dificuldades de aprendizagem desenvolvidas por crianças que possuem o TDAH. Diante do exposto conclui-se que o psicopedagogo é de suma importância no acompanhamento de estudantes com TDAH e que as melhores formas de intervir nas dificuldades escolares desses educandos é ensinar brincando, ou seja, usar a criatividade de maneira lúdica com jogos, músicas, tecnologia e brinquedos educativos.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. TDAH. Intervenções. Psicopedagogia.
INTRODUÇÃO
Desde o nascimento do ser humano, a cada dia a criança passa por uma nova experiência de aprendizagem que contribui para o seu desenvolvimento, tornando-se mais independente dos cuidados maternos. Verifica-se que a aprendizagem faz parte da história da humanidade e é passada de geração a geração e se concretiza principalmente na instituição escolar, onde acontece a socialização de saberes.
Essa pesquisa tem como tema “O psicopedagogo e suas intervenções nas dificuldades de aprendizagem apresentadas por crianças que possuem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)”, destacando-se que esse profissional é responsável por estudar os processos de aprendizagem e suas dificuldades no âmbito escolar.
Dessa forma, a pesquisa busca responder a seguinte indagação: qual é a melhor abordagem de intervenção do psicopedagogo no acompanhamento de crianças com dificuldades de aprendizagem que apresentam transtorno de déficit de atenção e hiperatividade?
Sendo assim, diante do problema instigado, o psicopedagogo vai intervir nas dificuldades de aprendizagem desses educandos que possuem TDAH de forma lúdica, ou seja, ensinar brincando com jogos, alfabeto móvel, quebra-cabeças, entre outros materiais que contém na caixa lúdica, sendo esta uma das melhores metodologias para ensinar e prender a atenção desses estudantes. Por conseguinte, o profissional avalia e propõe soluções concretas para estimular o desejo pelo aprendizado.
Tendo em vista o tema apresentado, a pesquisa é de natureza básica com intuito de se buscar um entendimento acerca das intervenções do psicopedagogo nas dificuldades de aprendizagem desenvolvidas por crianças que possuem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Será realizada por um processo de abordagem qualitativa que busca aprofundar o tema, descrevê-lo e analisá-lo. Quanto ao objetivo da pesquisa é explicativa com o propósito de explicar a relevância do tema desenvolvido.
A pesquisa é de fontes bibliográficas, a partir de teóricos que estudam e discutem a temática, recolhida por meio de leituras, pesquisa em artigos científicos, livros, internet e revistas especializadas com conteúdos confiáveis que abordam o tema.
O método de abordagem utilizado neste trabalho é o dedutivo, que terá como ponto de partida uma ideia geral, para analisar conteúdos mais específicos sobre o assunto estudado.
Com relação ao método de procedimento mais adequado para esse artigo, utilizou-se o monográfico, que investiga o estudo em todos seus aspectos sociais de um grupo específico.
Assim, a proposta da abordagem teórica aqui tratada teve seu referencial teórico em autores como Vercelli (2012), Schekiera (2017) e Bossa (2019), com intuito de demonstrar os principais conceitos e fundamentos desenvolvidos ao longo do artigo científico.
Para o desenvolvimento do artigo foi abordada a importância da educação escolar para todas as crianças, o que é o TDAH e as dificuldades de aprendizagem dos indivíduos acometidas com esse transtorno, ressaltando a importância do acompanhamento do psicopedagogo e suas intervenções para prevenir as dificuldades de aprendizagem na instituição escolar, possibilitando meios dentro da escola para que o aluno supere seus desafios e se desenvolva funcionalmente.
O objetivo geral deste artigo é analisar as possibilidades de intervenção do psicopedagogo em relação às dificuldades de aprendizagem apresentadas por crianças que possuem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Portanto, esse estudo justifica-se para oportunizar uma reflexão sobre o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar, bem como suas intervenções nas relações de ensino- aprendizagem, e trazer à tona novas discussões sobre o tema, principalmente entre a direção da escola, professores, alunos e os pais em um processo multidisciplinar.
1. A EDUCAÇÃO É PARA TODOS
A educação é um direito do ser humano, e a escola tem um papel fundamental para que os indivíduos possam desenvolver habilidades, interagir socialmente, aprender conteúdos como português, matemática, história entre outros, ou seja, desenvolver-se em todos os aspectos, físico, psicológicos, motores e emocionais. De acordo com a Carta Magna no seu artigo 205, retrata:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)
Em relação a isso, percebe que a escola tem que ser um ambiente organizado, inclusivo, harmonioso e cumprir seu papel histórico de constituidora de saberes. Por isso, é necessário que todas as crianças tenham a oportunidade de frequentar a escola.
As crianças especiais, com transtornos globais e altas habilidades, deficiências ou superdotadas, devem frequentar as aulas, ter estímulos precocemente necessários ao seu desenvolvimento educacional de forma lúdica e igualitária. Perante o exposto, a legislação garante o acesso ao aprendizado desses estudantes de forma efetiva na educação, assegurando a equidade e não discriminação. Portanto, a Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, no seu artigo 59, afirma:
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: ( Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013)
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados. (BRASIL, 1996)
O professor é o mediador no processo ensino-aprendizagem e deve ter especialização adequada para o atendimento aos educandos, bem como a sensibilidade para perceber o desenvolvimento escolar.
Cada aluno é único em sala de aula, alguns podem desenvolver dificuldades de aprendizagem, que podem ser relacionadas com condições físicas, emocionais, sociais, intelectuais ou sensoriais. Schekiera (2017) afirma que essas dificuldades de aprendizado, desordem ou transtorno afetam o cérebro dificultando o processo da informação e o indivíduo torna-se mais lento para desenvolver o aprendizado do que os demais que não apresentam esses problemas.
Uma educação voltada para os aprendizes deve despertar o interesse, o desejo e a curiosidade para o conhecimento múltiplo, e os que possuem dificuldades em aprender devem ser instigados a querer aprender, isso leva o educador a buscar parcerias com os pais, a direção da escola, psicopedagogos, psicólogos, ou seja, a educação, a família e a saúde devem caminhar juntas para um bom desempenho escolar.
Conforme Barbosa, (2006, p.53 apud LEAL, NOGUEIRA, 2012. P.54) utiliza-se mais de um termo em suas teorias para definir as dificuldades de aprendizagem, sendo assim retrata que estar com dificuldade para aprender significa estar diante de um obstáculo que pode ter caráter cultural, cognitivo, afetivo ou funcional e não conseguir dar prosseguimento à aprendizagem por não possuir ferramentas, ou não poder utilizá-las, para transpô-lo.
Conforme exposto, muitas vezes as dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas com a maneira de o professor ensinar. Sendo assim, o professor pode formular novas estratégias, analisando individualmente cada aluno como único na sua forma de assimilar os conteúdos ministrados, adequando as aulas conforme as necessidades de cada um.
O professor muitas vezes necessita de orientação para mudar a forma como está ensinando a turma na sala de aula, sendo assim, o psicopedagogo vai analisar e orientar o professor sobre outras formas de desenvolver suas aulas para que todos os alunos alcancem o aprendizado.
Em conformidade com Bossa (2019), o psicopedagogo vai se ocupar de investigar os motivos das dificuldades de aprendizagem e os fracassos escolares dos educandos e propor soluções adequadas para o sucesso na assimilação do conhecimento.
Portanto, o professor pode fazer uma análise crítica reflexiva junto ao psicopedagogo sobre seu próprio trabalho e identificar a melhor maneira de atuar com crianças que apresentam dificuldades de adquirir conhecimentos.
2. O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
É necessário entender como é construído o conhecimento e o aprendizado das crianças com TDAH, para permitir que esses alunos possam absorver os conteúdos da melhor forma possível. Com isso, o psicopedagogo vai decifrar a origem das dificuldades apresentadas na escola de maneira preventiva, para agir no processo contínuo do conhecimento.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (2013, p. 1),
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
Crianças que apresentam transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) poderão ter dificuldades na aprendizagem, porém isso não significa que é padrão dos que possuem o transtorno, embora eles precisem de maior tempo para realizar suas tarefas e de acompanhamento profissional e medicamentos.
Cumpre destacar, conforme Nascimento et al (2014), que define o TDAH como um padrão persistente de desatenção ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, todos com seis sintomas ou mais, os quais persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais, acadêmicas e profissionais.
Dessa maneira, é preciso ter gentileza com os estudantes com TDAH pelo fato de que eles não conseguem manter a atenção por muito tempo e nem ficar quieto, necessitando de aulas lúdicas e interessantes.
Percebe-se com isso, que para diagnosticar a criança com TDAH, os sintomas devem persistir por mais de seis meses, observada antes dos sete anos de idade, com seis ou mais sintomas, sendo ao menos três associados: desatenção, hiperatividade e impulsividade. De acordo com Nascimento et al (2014), o paciente apresenta desatenção quando não presta atenção em detalhes e comete erros e descuidos, não consegue manter a atenção em algo por muito tempo, parece não escutar quando alguém fala consigo, não segue instruções até o fim, tem dificuldade de organizar e manter em ordem materiais, brinquedos ou trabalhos escolares, evita esforços mentais prolongados, perde coisas com facilidade e é distraído por qualquer estímulo externo. Os sintomas da hiperatividade e da impulsividade são: inquietação, se remexe ou batuca as mãos, pés ou se retorce na cadeira, tem dificuldade em permanecer sentado, corre e sobe em locais inapropriados, responde antes da pergunta ser concluída, não tem paciência de esperar sua vez em algo, é incapaz de brincar calmamente e geralmente fala muito.
Sabe-se que a criança com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade como foi citado acima, necessita de acompanhamento especializado do psicopedagogo, pelo fato de demandar mais atenção para levar a cabo as tarefas que lhe são impostas. Pois este aluno costuma frustrar-se ou desistir facilmente, pular de uma tarefa para outra sem finalizar nenhuma e tem uma inquietação generalizada, por isso, necessita de supervisão para conseguir o devido aprendizado.
Conforme Nascimento et al (2014), os sintomas variam de grau: formaliza-se como leve quando o educando apresenta poucos sintomas, que resultam de alguns sintomas presentes, mas que não resultam em grandes prejuízos na vida social e profissional; moderado, quando os sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão associados; e grave, quando muitos sintomas estão presentes, ou seja, vários sintomas graves estão presentes e os sintomas podem resultar em prejuízo no funcionamento social e profissional.
Muitas vezes a criança é ridicularizada como malcriada, mas esses comportamentos são sintomas do transtorno que se não tratados podem piorar ao longo do tempo. Por isso, um olhar atento dos professores que passam grande parte do dia com essas crianças podem alertar os pais a buscar tratamentos para a melhoria na vida de seus filhos.
Em conformidade com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (2013), estudos científicos mostram que indivíduos que têm TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais robustas no ser humano em comparação com outras espécies animais, e essa área é responsável pela inibição do comportamento, ou seja, controlar as atitudes mostrando o que é ou não adequado ao comportamento em certos ambientes sociais, alterando a capacidade de memória, autodomínio, organização, atenção ou de planejar algo.
Percebe-se com isso, que a criança com esse transtorno fica mais lenta para raciocinar e não consegue controlar os pensamentos que passam por sua cabeça e tem uma grande dificuldade de focar a atenção, porém, quando gosta muito de determinado assunto foca nisso, estuda e se desenvolve, mais se não gosta e não chama a atenção dela, tem muita dificuldade para se desenvolver.
As causas do TDAH, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (2013), podem estar associadas com a hereditariedade, que é mais frequente em crianças que já tem entre os parentes alguém com o transtorno, do que nas famílias que não tinham casos de parentes com TDAH; substâncias químicas ingeridas na gravidez pela mãe, como álcool e nicotina, que podem causar deformações em partes do cérebro do bebê; sofrimento fetal, problemas no parto que causam sofrimento a criança, mas a relação dessa causa não é bem clara, sendo mais relacionada quando a mãe já apresenta TDAH; e, exposição a chumbo, crianças que sofrem intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas de TDAH.
Com isso, percebe-se que são investigadas várias formas para descobrir os motivos de crianças apresentarem os transtornos do TDAH, sendo assim, a mulher grávida pode se prevenir cuidando da saúde para o bebê nascer saudável e com menos probabilidade de desenvolver algum tipo de transtorno.
No geral, de acordo com Nascimento et al (2014), o TDAH começa na infância e pode persistir na vida adulta, e contribui para a baixa autoestima, problemas em relacionamentos, depressões, ansiedades, isolamento social, transtorno de conduta, espectro autista, bipolaridade entre outros transtornos. É mais frequente no sexo masculino do que no feminino e as evidências se apresentam mais constantes durante os anos iniciais do ensino fundamental, ou seja, até os 12 dose anos de idade. Com isso, é evidente buscar o acompanhamento de especialistas para o diagnóstico e tratamento.
Portanto, o paciente que tem os sintomas de TDAH vai precisar de médicos especialistas como os psiquiatras, neurologistas, psicólogos e psicopedagogos conforme o quadro do desenvolvimento do transtorno.
3. O PSICOPEDAGOGO E SUAS INTERVENÇÕES
Diante do aluno que tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, é necessário reforço para além da sala de aula, sendo útil o acompanhamento na sala de recurso, que fornece suporte a educação especializada e inclusiva, conforme a resolução CNE/CEB nº 02/2001, artigo 8º, inciso V (BRASIL, 2001, p.02), que afirma: “Serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recursos, nas quais o professor especializado em educação especial realize a complementação ou suplementação curricular, utilizando procedimentos, equipamentos e materiais específicos.”
Nesse sentido, por meio do acompanhamento psicopedagógico no ambiente da sala de recursos multifuncional, espera-se uma melhora na situação dos sintomas apresentados por essas crianças no contexto escolar, já que o psicopedagogo tem o compromisso de provocar uma reorganização, mediação e intervenção para identificar problemas que estão interferindo no processo de ensino-aprendizagem, de modo a estimular a aprendizagem do educando na construção do conhecimento.
A Psicopedagogia é um campo do conhecimento que faz interlocução com as áreas da educação e da saúde e possui como objeto de estudo a aprendizagem humana. Tem por finalidade compreender os padrões evolutivos normais e patológicos do processo de aprendizagem, considerando a influência da família, da escola e da sociedade no desenvolvimento. A Psicopedagogia realiza seu trabalho por meio de processos e estratégias que levam em conta a individualidade do aprendente, portanto é uma práxis comprometida com a melhoria das condições de aprendizagem. (VERCELLI, 2012, P. 72).
É verificável que as crianças que têm transtorno de déficit de atenção e hiperatividade têm sintomas que dificultam sua interação social, com comportamento exageradamente agitado e inquieto. Com isso, o professor, junto ao coordenador e o psicopedagogo da escola, precisam formular estratégias que motivem e chamem a atenção, com didáticas diferenciadas para auxiliar o aluno a construir suas habilidades, para que se sinta acolhido, seguro e consiga aprender.
Nesse sentido, não somente as crianças com algum transtorno podem apresentar dificuldades de aprender, as outras também, às vezes o problema pode estar na maneira do adulto ensinar, por isso, não pode culpar a criança que não aprende, mas sim, usar outras metodologias para avaliar qual é a mais adequada, ou seja, a que o aluno assimila com mais facilidade.
No entanto, é preciso aprofundar a base teórica da psicopedagogia na sua multidisciplinaridade, sendo que para decifrar os motivos da criança não estar aprendendo deve recorrer a vários estudos e métodos da pedagogia, da psicologia e das neurociências, buscando compreender os mecanismos do cérebro e o processo histórico do educando.
A Psicopedagogia é interdisciplinar, como afirma Bossa (2019) busca conhecimentos em outros campos, e cria seu próprio objeto de estudo. Por isso, a psicopedagogia nasceu da fronteira da pedagogia com a psicologia, juntando educação e saúde, sendo ela preventiva, assistencial, clínica e institucional. A preventiva se ocupa de orientações educacionais em grupo ou individual; a assistencial acontece quando participa de equipes responsáveis por elaboração de planos, programas e projetos educacionais; a clínica manifesta-se em consultórios hospitalares; e a institucional, no âmbito escolar ou empresarial, sendo que a escolar analisa as dificuldades de aprendizagem educacionais e a empresarial se ocupa em favorecer a aprendizagem para uma nova função trabalhista.
A psicopedagogia na instituição escolar apresenta formas para a melhoria do aprendizado de todas as crianças de maneira preventiva quando orienta o professor a prevenir as possíveis dificuldades educacionais, que podem aparecer quando o aluno sofre discriminações, preconceitos, ansiedades, etc.
Os problemas de aprendizagem sempre existiram, mas eram muitas vezes negligenciados. No Brasil, segundo Grass (2013), a preocupação em buscar alternativas para resoluções sobre os fracassos escolares e sobre o processo ensino-aprendizagem surgiu por interesse dos educadores, médicos e psicólogos que precederam o nascimento de um profissional que atuasse nessa questão. Sendo assim, a psicopedagogia manifestou-se de maneira mais organizada no Brasil somente a partir dos anos 70.
Em resumo, teve um período em nossa história da educação que o aluno era obrigado a decorar as tarefas, nem que fosse somente ao momento que o professor perguntasse sobre o assunto. Logo, ele não aprendia, decorava, não era um aprendizado crítico reflexivo e analítico. Hoje existe um pensamento crítico da assimilação do que se estuda, por isso, nasceu um profissional que analisa as dificuldades de aprendizagem e as formas para superar esse problema.
Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia (2019), no código de ética do psicopedagogo, no artigo 3º, que trata dos objetivos da atividade psicopedagógica, esse profissional propõe ações frente aos processos de aprendizagem, bem como suas dificuldades, facilita a inclusão social e escolar, realiza pesquisas na área de psicopedagogia e faz mediações nas relações interpessoais, nos processos de ensino-aprendizagem, prevenindo e intervindo nas dificuldades de conflitos que poderá existir na escola.
No entanto, o psicopedagogo vai mediar junto ao professor a melhor maneira de ensinar a criança com TDAH, com uma aprendizagem significativa e afetiva para que ela desenvolva suas habilidades e atenção em sala de aula e consiga aprender normalmente com os colegas de classe.
Por fim, o trabalho do psicopedagogo é de suma importância na instituição escolar, como relata Bossa (2019), já que busca compreender a aprendizagem do aluno, individualmente ou em grupo, no seu próprio meio, de modo que isso requer uma análise particular para cada situação em estudo, não sendo cabível procedimentos predeterminados.
Portanto, cada caso requer sua particularidade, sua metodologia, sua atuação profissional única, pois entende-se que cada educando tem sua forma de aprender e sua historicidade de vida particular.
3.1 PROPOSTAS EDUCATIVAS PSICOPEDAGÓGICAS PARA CRIANÇAS COM TDAH
Para intervir nas dificuldades desenvolvidas na aprendizagem do educando com TDAH é preciso conhecê-lo em seu meio social, falar com os pais, professores e fazer um diagnóstico da situação, além de considerar que essa criança está em fase de desenvolvimento e necessita de acompanhamento de um adulto.
Nesse sentido, relata Bossa (2019) que o diagnóstico envolve um processo complexo, de análise e leituras de uma série de manifestações sobre o consciente e o inconsciente do indivíduo, envolvendo aspectos pessoais, familiares, relativos ao passado, socioculturais, educacionais e seu aprendizado. Isso leva o psicopedagogo a decifrar os motivos das dificuldades de aprendizagem em um compromisso promotor de decisões acerca de soluções efetivas para o caso, ou seja, para o tratamento.
Diante do exposto, o psicopedagogo vai buscar a atenção do aluno com TDAH para si, olhando nos olhos para falar e iniciar o processo de intervenção que mais chame sua atenção. A criança gosta de brincar, com isso, vai ensinar com brincadeiras, usando materiais lúdicos, como livros de historinhas, músicas, desenhos feitos em madeiras, passeios na natureza, pinturas ao ar livre, jogos, ou seja, usar tudo que gera engajamento e prazer de aprender.
Em resumo, a escola toda deve estar preparada e interessada em acolher estes alunos acometidos desse transtorno, e junto com o psicopedagogo seguir um processo de atividades para garantir o sucesso intelectual do estudante.
De acordo com os sintomas apresentados pelo TDAH, é importante que o professor coloque o aluno nas primeiras fileiras de carteira, longe das janelas e da porta para que ele não se distraia com facilidade, optar por tarefas audiovisuais e de curta duração, e quando mudar a rotina de alguma coisa avisar com antecedência, para melhor adaptação do educando, que não gosta de mudanças repentinas.
Com isso, a criança vai aprender e desenvolver suas habilidades, pois foi acolhida e incluída nas atividades escolares com afetividade dos professores e colegas de classe. Por isso, é tão importante todos na escola conhecerem o que é TDAH para juntos facilitarem o aprendizado e a vida desses educandos. Esses temas são abordados nas formações continuadas e capacitações de professores nas escolas.
Logo, verifica-se que as intervenções psicopedagógicas mais adequadas para ensinar crianças com esse transtorno são as atividades lúdicas, conforme citado por Rocha et al (2013). O psicopedagogo deve agir nas dificuldades presente nesse aluno, como a falta de concentração, impulsividade e a hiperatividade e nas questões emocionais como pouca tolerância, ansiedade, frustração, problema de autoestima, entre outros, por meio de jogos, trabalhos de leituras e escritas, trabalhos manuais, arteterapia e atividades lúdicas. Tudo isso, de forma a corrigir as posturas e hábitos associados à organização da rotina, à persistência nas tarefas, ao desenvolvimento da linguagem, à interação com os colegas e ao comportamento, além de outros fatores que o profissional considera relevantes.
Enfim, através de uma aula recreativa que trabalhe as emoções, os movimentos do corpo, a linguagem, a motricidade e a percepção de si mesmo, desenvolvem habilidades na criança para aperfeiçoar a leitura, a escrita, as ciências, as artes, etc.
Para um melhor desenvolvimento da criança com TDAH, o psicopedagogo orientará os pais nas tarefas domésticas. Com isso, o aluno terá maiores chances de não abandonar a escola.
Portanto, as atividades lúdicas devem fazer parte das aulas dos professores, sendo assim, todos os alunos vão aprender de uma forma mais prazerosa, animada e inclusiva.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos referenciais teóricos consultados, chegou-se à conclusão que as dificuldades de aprendizagem apresentadas por alunos com TDAH devem ser analisadas e acompanhadas pelos profissionais da área da educação e da saúde, sendo também de suma importância produzir um ambiente inclusivo, democrático e harmonioso, sem preconceitos, para que todos possam aprender.
Sendo assim, para as crianças com TDAH assimilarem melhor os conteúdos ministrados nas disciplinas é preciso ensinar de forma lúdica e criativa, com brincadeiras, interação social e afetividade, seja em grupo ou individual.
Diante da pesquisa, ficou esclarecida também a importância do psicopedagogo institucional como agente responsável por estudar as dificuldades de aprendizagem e intervir solucionando esses problemas, com o apoio da escola e da família.
Portanto, conclui-se que a partir das práticas pedagógicas lúdicas, as crianças têm a oportunidade de aprender com maior facilidade, além de melhorar seu relacionamento interpessoal e intrapessoal, preparando-se para a vida independente.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO. O que é TDAH. Disponível em: https://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/. Acesso em: 23 out. 2025.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Código de ética do psicopedagogo. Triênio 2017-2019. São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html. Acesso em: 23 out. 2025.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 205. Brasília: Senado Federal, 1988.
___________ . Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional. Art. 59. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 out. 2025.
___________ . Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf. Acesso em: 25 mai. 2020.
BOSSA, Nadia Aparecida. A psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. 5. ed. Rio de Janeiro: Wark, 2019.
GRASSI, Tânia Mara. Psicopedagogia: Um olhar, uma escuta. 1. ed. Curitiba: intersaberes, 2013. Acesso em: 23 out. 2025.
LEAL, Daniela; NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes. Dificuldades de aprendizagem: Um olhar Psicopedagógico. Curitiba: Intersaberes, 2012. 174p. Acesso em: 23 out. 2025.
NASCIMENTO, Maria Inês Corrêia et al. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Recurso eletrônico: DSM. 5 ed. American Psichiatric Association. Porto Alegre: Artimed, 2014. Disponível em: http://www.clinicajorgejaber.com.br/2015/estudo_supervisionado/dsm.pdf. Acesso em: 23 out. 2025.
ROCHA, Rita de Cássia Pinto et al. Intervenções psicopedagógica em crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. C&D Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v. 6, p. 40-52, jul./dez. 2013. Disponível em: file:///C:/Users/Norte/Downloads/233-1208-1-PB%20(2).pdf Acesso em: 23 out. 2025.
SCHEKIERA, Acacio. Déficit e transtorno na aprendizagem: Psicopedagogia clínica e institucional, orientação, sintomas, tratamento, estudos de casos, treinamento de memoria crianças, jovens e adultos. 1º ed. 2017. E-book. Disponível em: file:///C:/Users/Norte/Desktop/psicopedagogia/Ebook%20DEFICIT%20E%20TRANSTORN OS%20na%20Aprendizagem.pdf. Acesso em: 23 out. 2025.
VERCELLI, Ligia de Carvalho Abões. O trabalho do psicopedagogo institucional. Revista Espaço Acadêmico, ISSN 1519-6186, Maringá, n. 139, p.71-76, dez, 2012. Disponível em: file:///C:/Users/Norte/Desktop/psicopedagogia/trabalho%20do%20psicopedagogo.pdf. Acesso em: 01 jun. 2020.
1Graduada em Recursos Humanos – Faculdade Sensu. Especializada em Gestão em Segurança Pública e Privada – Faculdade Sensu. Licenciada em Pedagogia – FACULDADE SENSU. Acadêmica em Direito– UNIVAR. Email-renathamalena16@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia – UNIFAN. Especializada em Psicopedagogia – UNIVAR. Email – caou2529@hotmail.com.
2Licenciada em Pedagogia -UNICATHEDRAL. Especializada em Psicopedagogia UNICATHEDRAL. Email – resplandedepaula@gmail.com
2Licenciada em Pedagogia – UNICATHEDRAL. Especializada em Psicopedagogia– FAVENI. Email – vanusaoliveirajardim@gmail.com.
²Licenciada em Pedagogia – LUTERANA DO BRASIL. Especializada em Educação Inclusiva, Especial e Política De Inclusão -CÂNDIDO MENDES. Email – rosecarrijo2010@hotmail.com
2Licenciada em Pedagogia e Educação Profissional e Tecnológica – IFGO. Especializada em Educação Infantil Anos iniciais e Psicopedagogia – FAVENI. Email – jufreitassousa1@gamil.com.
2Licenciada em Normal Superior– UNICATHEDRAL. Especializada em Educação Infantil – UNIVAR. Email ednacardoso15@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia– CATHEDRAL. Especializada em Psicopedagogia Educacional – RIO SONO. Email- deterege74@gmail.com
2Licenciada em Pedagogia – UNOPAR. . Especializada em Psicopedagogia em Educação Infantil- FAVED. Email –madalena23bg@hotmail.com
2Licenciada em Pedagogia – CRUZEIRO DO SUL.. Especializada em Psicopedagogia – FACIPAN. Email – marriettioliveiradesousa@gmail.com
