REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412230957
Natasha Victória Chaves Marques
INTRODUÇÃO
As mudanças climáticas configuram-se como um dos principais desafios globais da atualidade, com impactos severos sobre os ecossistemas, a economia e a sociedade. No contexto amazônico, esse fenômeno ganha contornos ainda mais complexos e urgentes. A Amazônia, reconhecida mundialmente por sua biodiversidade e seu papel crucial na regulação do clima global, enfrenta crescentes ameaças devido ao desmatamento, queimadas, avanço da fronteira agrícola e outras formas de exploração predatória de seus recursos naturais. Os efeitos das mudanças climáticas, somados à degradação ambiental, têm impacto direto na qualidade de vida das populações locais, especialmente nas capitais da região, onde a concentração populacional e as pressões urbanas agravam ainda mais a vulnerabilidade social e ambiental (Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, 2016).
Diante dessa realidade, a juventude amazônida emerge como um importante ator no enfrentamento dos desafios climáticos e na luta pela justiça climática. Este conceito, que associa a equidade social às questões ambientais, defende que os impactos das mudanças climáticas devem ser enfrentados de maneira justa, reconhecendo que as populações mais vulneráveis, como aquelas que habitam as cidades amazônicas, são as mais afetadas por esses fenômenos. Ao mesmo tempo, essas populações têm acesso limitado aos recursos e às políticas públicas necessárias para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e se adaptar a eles.
Nas capitais da Amazônia, como Manaus e Belém, onde a urbanização acelerada e desordenada intensifica problemas como enchentes, ilhas de calor, poluição e insegurança alimentar, as demandas por políticas públicas que garantam a justiça climática são cada vez mais evidentes. E é justamente nesse contexto que a juventude da região assume um papel de protagonismo, articulando movimentos sociais, criando iniciativas inovadoras e reivindicando ações mais efetivas por parte dos governos.
Ademais, mostra-se vital o protagonismo juvenil na Amazônia, que já é visível em outros campos como a cultura e a educação, também se expressa fortemente nas questões ambientais. Jovens líderes, coletivos e movimentos sociais têm se destacado na mobilização para a defesa do meio ambiente, denunciando as práticas que contribuem para a degradação da floresta e das áreas urbanas, ao mesmo tempo em que propõem soluções baseadas em sustentabilidade e justiça social. Inspirados por movimentos globais, como o “Fridays for Future”, liderado por Greta Thunberg, esses jovens amazônidas vêm adaptando essas mobilizações às especificidades da realidade local, conectando as questões climáticas globais com os problemas enfrentados no cotidiano das cidades amazônicas.
Esse protagonismo, entretanto, ainda enfrenta barreiras significativas. As capitais amazônicas, muitas vezes vistas como periferia dentro do contexto nacional, ainda não recebem a atenção devida por parte das políticas públicas climáticas do governo federal e, em muitos casos, também sofrem com a ineficácia das gestões locais. A falta de políticas públicas robustas que articulem o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental e a justiça climática reforça as desigualdades existentes, penalizando as populações mais pobres e marginalizadas, que vivem em áreas de risco e dependem diretamente dos recursos naturais para sobreviver. Dessa forma, a juventude se vê não apenas como defensora de um futuro sustentável, mas como agente essencial de mudança no presente, pressionando por políticas que garantam a equidade ambiental nas cidades onde vivem.
Assim, para compreender o protagonismo da juventude amazônida na luta por justiça climática nas capitais da região, é necessário analisar os movimentos e as estratégias adotadas por esses jovens, além de compreender o papel das políticas públicas na criação de um ambiente propício para sua atuação. Políticas públicas eficazes são essenciais para capacitar essa juventude, garantindo-lhes acesso a educação ambiental, tecnologias sustentáveis e espaços de participação ativa nas decisões políticas que afetam suas cidades e seu futuro.
É igualmente importante reconhecer o papel das organizações não governamentais (ONGs), coletivos locais e redes de ativismo que têm colaborado com esses jovens em suas iniciativas. Exemplos como o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace Brasil, entre outras organizações, tem atuado em conjunto com a juventude amazônica na construção de uma agenda ambiental e climática mais inclusiva e eficiente, com foco nas especificidades da região.
Portanto, este artigo busca discutir a importância do protagonismo da juventude amazônida na luta por políticas públicas que garantam a justiça climática nas capitais da região. Analisaremos como os jovens têm se organizado e mobilizado em prol dessas causas, quais os principais desafios que enfrentam e de que maneira as políticas públicas podem ser aprimoradas para assegurar uma maior participação e inclusão desse grupo nas tomadas de decisão. Em um contexto de crise climática global, a juventude amazônica não apenas reivindica seu direito a um futuro sustentável, mas também age de maneira ativa e transformadora no presente, desempenhando um papel fundamental na construção de cidades mais justas e resilientes.
JUSTIÇA CLIMÁTICA: UM OLHAR INTERSECCIONAL SOBRE AS DESIGUALDADES E O MEIO AMBIENTE
A crise climática, uma das maiores ameaças enfrentadas pela humanidade, não se distribui de maneira equitativa em termos de suas causas e impactos. As populações mais vulneráveis, como as comunidades indígenas, pessoas de baixa renda, mulheres e habitantes de países em desenvolvimento, são desproporcionalmente afetadas pelas consequências das mudanças climáticas, embora contribuam muito menos para o problema. É nesse contexto que surge o conceito de “justiça climática”, que busca alinhar os princípios de equidade, direitos humanos e responsabilidade ambiental para garantir que os impactos e soluções para a crise climática sejam distribuídos de maneira justa e inclusiva (Robinson, 2021).
O conceito de justiça climática ganhou relevância a partir dos debates sobre mudanças climáticas no final do século XX, impulsionado por movimentos sociais e organizações que começaram a perceber como as desigualdades estruturais influenciavam a vulnerabilidade das populações em relação aos desastres ambientais. O termo emergiu da confluência entre o movimento por justiça ambiental e as discussões sobre equidade social, ao reconhecer que os maiores emissores de gases de efeito estufa, como as nações industrializadas, são os menos impactados pelos efeitos adversos do aquecimento global. Ao contrário, são os países menos desenvolvidos e as populações mais empobrecidas que sofrem diretamente com secas, inundações, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos.
Segundo dados da Oxfam Brasil (2023), se consideradas apenas as emissões dos mais ricos do planeta, as mesmas, sozinhas, serão suficientes para causar 1,3 milhões de mortes relacionadas ao calor, entre 2020 e 2100. E, com isso, teria cerca de 1500 anos para uma pessoa que se encontra entre os 99% da população produzir tanto CO2 quanto os bilionários produzem em um ano. O relatório relata ainda que o 1% mais ricos do planeta poluíram na mesma proporção que aproximadamente 5 bilhões de pessoas, ou seja, 2/3 da humanidade, e foi responsável por 16% das emissões globais.
Em concordância com esses dados, Naomi Klein (2015), defende que o capitalismo global desempenha um papel central na crise climática, uma vez que o sistema econômico atual é baseado na exploração ilimitada dos recursos naturais e na busca incessante por lucros. Klein argumenta que os impactos das mudanças climáticas não podem ser tratados como um problema técnico ou de mercado, pois envolvem questões de poder e injustiça social. Seu trabalho destaca a importância de abordagens interseccionais, que levam em consideração como as dinâmicas de gênero, raça e classe influenciam a vulnerabilidade climática.
Além de Klein, outro nome de destaque no campo da justiça climática é Vandana Shiva, uma ecofeminista e ativista ambiental que defende a importância de se considerar os direitos das populações tradicionais e indígenas na formulação de políticas climáticas. Em seu livro “Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace” (2005), Shiva discute como a luta por justiça climática está intrinsicamente ligada à luta por democracia e direitos comunitários, criticando a apropriação corporativa dos recursos naturais e chamando atenção para o papel das comunidades locais como guardiãs do meio ambiente.
Outrossim, um dos aspectos centrais da justiça climática é a compreensão de que os impactos das mudanças climáticas não afetam todas as pessoas da mesma forma. De acordo com a ONG Climate Justice Alliance (CJA), comunidades negras, indígenas e outros grupos marginalizados estão na linha de frente dos impactos climáticos, enfrentando desde a destruição de habitats até o deslocamento forçado. No Brasil, por exemplo, as comunidades indígenas e quilombolas são frequentemente as mais prejudicadas por desmatamentos e grandes projetos de infraestrutura, que muitas vezes ocorrem sem consulta prévia e sem o devido respeito aos direitos territoriais desses povos.
Essas populações, além de sofrerem com os impactos diretos da degradação ambiental, enfrentam também um acesso limitado a recursos e serviços que poderiam ajudá-las a mitigar e se adaptar às mudanças climáticas. Isso é especialmente evidente em países do Sul Global, onde a falta de infraestrutura, sistemas de saúde inadequados e políticas públicas ineficientes agravam os impactos climáticos. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2020 (UNDP, 2020), há uma correlação clara entre pobreza e vulnerabilidade climática, demonstrando que a desigualdade socioeconômica exacerba a vulnerabilidade aos efeitos adversos do clima.
Do mesmo modo, a justiça climática também está intimamente ligada aos direitos humanos. O impacto das mudanças climáticas afeta diretamente o direito à vida, à saúde, à moradia e à alimentação, conforme reconhecido por organizações internacionais como a Human Rights Watch (2021) e a Amnesty International (2023). A elevação do nível do mar, por exemplo, ameaça a existência de pequenas nações insulares, cujos habitantes podem perder suas terras e identidades culturais. Já em regiões mais áridas da África e da Ásia, o aumento das temperaturas e a intensificação das secas colocam em risco a segurança alimentar e a subsistência de milhões de pessoas.
Outro aspecto vital da justiça climática é o papel dos movimentos de base, que têm sido fundamentais na luta contra as injustiças ambientais. Organizações como a 350.org, fundada por Bill McKibben, e a Greenpeace, têm pressionado governos e corporações a reduzir as emissões de carbono e a adotar políticas mais sustentáveis. A 350.org, em particular, é conhecida por suas campanhas globais contra a exploração de combustíveis fósseis e a favor de energias renováveis. A ONG também colabora com movimentos de justiça climática em comunidades locais, elevando as vozes de quem está na linha de frente da crise climática.
Desse modo, concorda-se que a luta por justiça climática exige uma transformação sistêmica que vá além de soluções técnicas e de mercado, englobando questões de equidade, poder e direitos humanos. Como foi discutido, os impactos das mudanças climáticas recaem de forma desproporcional sobre as populações mais vulneráveis, que têm pouca ou nenhuma responsabilidade pela crise. Nesse contexto, é fundamental que governos, empresas e a sociedade civil reconheçam essas desigualdades e trabalhem juntos para construir um futuro mais justo e sustentável. Vale ressaltar que os movimentos sociais, já estão mostrando o caminho ao enfatizar a importância de soluções inclusivas e lideradas pelas comunidades mais afetadas. A justiça climática não é apenas uma questão ambiental, mas também uma questão de justiça social.
DESASTRES CLIMÁTICOS NO BRASIL: UM OLHAR SOBRE A REGIÃO NORTE
Os desastres climáticos têm se tornado cada vez mais frequentes e intensos no Brasil, sendo amplamente impulsionados pelas mudanças climáticas globais. Esses eventos, que incluem enchentes, secas extremas, deslizamentos de terra e tempestades severas, afetam principalmente as populações mais vulneráveis. Na região Norte do país, caracterizada por sua vasta extensão de floresta amazônica, rica biodiversidade e comunidades tradicionais, os impactos dos desastres climáticos são amplificados devido a questões socioeconômicas e ambientais específicas.
A combinação de desmatamento, mudanças no uso da terra e alterações nos padrões climáticos contribui para a intensificação de fenômenos extremos na região. Além disso, a infraestrutura precária das cidades da Amazônia e o aumento da urbanização sem planejamento adequado tornam essas áreas ainda mais suscetíveis a danos graves. Neste tópico, serão abordados os principais desastres climáticos que afetam a região Norte do Brasil, com ênfase nas cidades amazônicas, destacando seus impactos e as respostas políticas e sociais.
O desmatamento é um dos principais fatores que agravam os desastres climáticos na Amazônia. A floresta amazônica desempenha um papel crucial na regulação do clima regional e global, especialmente por meio do ciclo da água. A vegetação amazônica evapotranspira grandes volumes de água, que se transformam em vapor e formam nuvens que influenciam as chuvas não apenas na região, mas em outras partes do Brasil e da América do Sul.
No entanto, com a crescente devastação da floresta para expansão agrícola, exploração de madeira e mineração, esse ciclo é perturbado, resultando em mudanças no regime de chuvas e aumento da temperatura. Em cidades como Manaus (AM) e Belém (PA), essas mudanças contribuem para extremos climáticos, como secas severas e enchentes. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em dados de 2022, a Amazônia tem enfrentado uma tendência de aumento das secas nos últimos anos, diretamente ligada ao desmatamento e à degradação florestal.
Vandana Shiva, em seu livro “Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace” (2005), argumenta que a destruição de ecossistemas complexos, como a Amazônia, não apenas altera o clima local, mas também gera impactos globais, afetando o equilíbrio planetário. Ela ressalta que, ao destruir as florestas, estamos colocando em risco as próprias condições de vida de milhões de pessoas, especialmente as comunidades tradicionais que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.
Do mesmo modo, um dos principais desastres climáticos que afeta as cidades da região Norte são as enchentes. Com a combinação de chuvas intensas, aumento do nível dos rios e sistemas de drenagem inadequados, as cidades amazônicas, muitas das quais situadas às margens de grandes rios, sofrem frequentemente com inundações. Manaus, por exemplo, está localizada nas proximidades do Rio Negro, cuja cheia pode atingir níveis alarmantes, resultando em sérios danos à infraestrutura e deslocamento populacional.
Em 2021, Manaus enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, com o Rio Negro atingindo 30 metros acima do nível normal. As cheias afetaram mais de 455 mil pessoas na cidade e nas áreas circunvizinhas, destruindo moradias, interrompendo serviços essenciais e causando prejuízos econômicos significativos. Esse evento extremo foi classificado como uma das maiores tragédias climáticas da região (WWF, 2021). Segundo o relatório da Greenpeace Brasil (2023), o aumento das enchentes na Amazônia está intimamente ligado às alterações no ciclo das chuvas devido ao desmatamento. A organização alerta que, se medidas urgentes não forem tomadas para conter a devastação da floresta, esses eventos extremos se tornarão cada vez mais frequentes.
Em Belém, outra cidade frequentemente atingida por enchentes, o problema é agravado pela falta de planejamento urbano e ocupação desordenada de áreas de risco. A precariedade dos sistemas de drenagem urbana e a impermeabilização do solo devido à expansão descontrolada da cidade aumentam a vulnerabilidade da população, especialmente nas áreas periféricas, onde residem as populações mais pobres. Antes da edição mais recente, o município já teve outros dois planos de saneamento: o Plano Belém 2000, elaborado na década de 80, e o Plano Diretor, de 2004. Mas, evidentemente, o Plano é apenas um dos passos para poder ter um instrumento de controle por parte da população, do Legislativo, mas por si só não é suficiente. Para se entender como está a implementação dessas ações, dados do acesso ao saneamento em Belém desde a reedição do Plano em 2020, referentes a 2020 e 2021, a cidade saiu de 17,1% para 17,12% da cobertura total de esgoto, ou seja, nenhuma mudança significativa foi vista neste período (Trata Brasil, 2023).
Posto isto, se por um lado a região Norte é conhecida por suas chuvas intensas e enchentes sazonais, por outro, o fenômeno da seca também tem se tornado cada vez mais comum. O ciclo hidrológico na floresta depende da grande quantidade de vegetação para a evaporação e transpiração da água, que alimenta o ciclo das chuvas. Entretanto, com o desmatamento descontrolado, a diminuição da vegetação causa longos períodos de estiagem, afetando a agricultura, a pesca e o abastecimento de água.
O cenário no ano de 2024 é bem diferente na maior parte da Amazônia Legal, apresentando 69% dos municípios em seca. Uma análise da InfoAmazonia (2024) destacou que houve intensificação do problema na região em comparação ao ano anterior, com uma alta de 56% na quantidade de municípios em seca severa. Diante disso, comunidades vulneráveis pedem a implementação de planos de adaptação climática das prefeituras e do governo.
A exemplo dessa situação calamitosa, tem-se o município de Beruri, a 173 km de distância de Manaus, o qual passou da seca moderada no primeiro semestre do ano passado, para severa no mesmo período deste ano (InfoAmazonia, 2024). Para a comunidade, resta perceptível que o nível dos rios está descendo mais rápido e antes do tempo. Ademais, no município, existem casas localizadas em regiões vulneráveis, como a Vila Arumã, a qual foi totalmente sugada pela terra, uma consequência da seca que começou no final do primeiro semestre de 2023. Esse fenômeno é chamado de “terra caída”, em que há erosão do solo provocada pelos rios.
Portanto, concorda-se que os desastres climáticos na região Norte afetam não apenas o meio ambiente, mas também as comunidades tradicionais e urbanas. No caso das populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas, as mesmas são particularmente vulneráveis, pois suas formas de subsistência dependem diretamente dos recursos naturais. Restando evidente a perda de biodiversidade, a destruição de florestas e a poluição dos rios afetam a pesca, a coleta de frutos e a agricultura de subsistência, ameaçando a segurança alimentar e a sobrevivência dessas comunidades.
No que tange as áreas urbanas, os impactos são igualmente devastadores. Enchentes e secas resultam na perda de moradias, danos à infraestrutura e paralisação de serviços públicos essenciais, como transporte e saúde. Além disso, o aumento de doenças transmitidas pela água, como a leptospirose e a malária, é uma preocupação crescente, especialmente em áreas com saneamento básico inadequado.
As implicações econômicas desses desastres também são profundas. O custo de reparo de infraestruturas danificadas, perda de produção agrícola e diminuição da atividade turística impactam diretamente o PIB dos estados da região Norte. O Banco Mundial (2022) estima que os desastres climáticos no Brasil custem ao país bilhões de reais anualmente, sendo que a região Norte é uma das mais afetadas em termos de perdas econômicas e de vidas.
A resposta aos desastres climáticos na região Norte requer ações coordenadas entre governos, organizações não governamentais e comunidades locais. Iniciativas como o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (2016), lançado pelo governo brasileiro, buscam fortalecer a capacidade de adaptação das cidades e comunidades mais vulneráveis. Entretanto, a implementação dessas políticas ainda enfrenta desafios, como falta de recursos, falhas na governança ambiental e pressões do agronegócio e da mineração.
Resta evidente que os desastres climáticos na região Norte do Brasil são uma realidade cada vez mais presente e grave. A combinação de desmatamento, falta de planejamento urbano e alterações climáticas globais resulta em eventos extremos que afetam profundamente as populações da Amazônia. Para enfrentar esses desafios, é essencial que se invista em políticas públicas de adaptação e mitigação, com um enfoque especial nas comunidades mais vulneráveis. Além disso, a proteção da floresta amazônica é uma questão central para garantir a resiliência climática da região e do planeta como um todo.
A necessidade de uma eficiente gestão de risco e desastres naturais e a formulação de planos de adaptação climática pelos governos estaduais e municipais da região Norte do Brasil é um tema de grande relevância, dada a vulnerabilidade ambiental da Amazônia e os impactos significativos das mudanças climáticas nessa área. A região Norte é caracterizada por uma vasta diversidade ecológica, com florestas tropicais, rios caudalosos e um clima predominantemente equatorial. No entanto, essa riqueza natural está ameaçada por uma série de desafios, como o desmatamento, a degradação ambiental e a intensificação dos eventos climáticos extremos. A gestão de riscos e desastres naturais, aliada a um plano robusto de adaptação climática, é essencial para mitigar os impactos desses fenômenos sobre as populações locais e o meio ambiente.
Outro ponto importante a ser observado está ligado a localização geográfica da Amazônia, localizada em grande parte na região Norte, desempenha um papel crucial no equilíbrio climático global e na regulação dos ciclos hidrológicos. Entretanto, a região enfrenta pressões ambientais significativas que exacerbam os riscos de desastres naturais. Entre essas pressões, o desmatamento, principalmente para a expansão da agropecuária e da mineração, destaca-se como um dos principais problemas. O aumento das queimadas, a erosão do solo e a perda de biodiversidade são consequências diretas dessas atividades.
Nesse contexto, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (2021) aponta que a Amazônia está particularmente vulnerável às alterações no regime de chuvas e ao aumento das temperaturas globais. As secas mais frequentes e intensas, as inundações extremas e a maior incidência de incêndios florestais são exemplos de desastres naturais que já estão ocorrendo com maior intensidade. Esses fenômenos afetam não só o meio ambiente, mas também a vida das comunidades locais, muitas das quais dependem diretamente dos recursos naturais para subsistência.
Segundo a plataforma Terra Brasilis (2024), e a partir de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, entre 2019 e 2024, o desmatamento na Amazônia caiu significativamente, especialmente devido maior atenção as políticas ambientais. Essa mudança está associada a um aumento de eventos extremos, como queimadas, que contribuem para o aquecimento local e, consequentemente, para a maior vulnerabilidade da região às mudanças climáticas, o que demonstrou a necessidade de rigor na fiscalização e aplicação das normas ambientais.
Um dos grandes desafios da região é a falta de infraestrutura adequada para enfrentar desastres naturais. Muitos municípios do Norte têm capacidades limitadas em termos de sistemas de alerta precoce, infraestrutura de resposta emergencial e políticas de mitigação dos impactos. Segundo o Greenpeace Brasil (2020), grande parte das áreas afetadas por desastres naturais na Amazônia não conta com planejamento preventivo eficaz, o que agrava as perdas humanas e materiais durante enchentes, secas e incêndios.
Além disso, dados levantados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional com ajuda da Defesa Civil, no documento “A P&DC e os 30 anos de desastres no Brasil (1990-2020)” (2022), sobre redução de riscos de desastres, destaca a importância de políticas públicas voltadas à prevenção, que devem ser articuladas entre os diferentes níveis de governo. No contexto da Amazônia, é essencial que os governos estaduais e municipais trabalhem em conjunto para fortalecer a capacidade de resposta e de resiliência das comunidades frente aos riscos.
Diante das mudanças climáticas globais, demonstra-se a necessidade de planos de adaptação, os mesmos tornaram-se uma ferramenta estratégica para minimizar os impactos negativos sobre a sociedade e o meio ambiente. A adaptação climática implica na implementação de políticas e medidas que permitam às populações locais e aos ecossistemas se ajustarem às novas condições climáticas. No caso da região Norte do Brasil, os planos de adaptação climática precisam ser elaborados com base em estudos científicos que levem em consideração as previsões climáticas para os próximos anos.
A gestão de risco e desastres naturais tem grande importância no que tange os desastres naturais, pois envolve a identificação, avaliação e mitigação dos riscos ambientais e climáticos. Para a região Norte, essa gestão precisa estar profundamente integrada à realidade local, considerando tanto as particularidades ambientais quanto as sociais. Populações ribeirinhas, indígenas e comunidades tradicionais são diretamente afetadas pelos desastres naturais e frequentemente têm menos recursos para lidar com esses eventos.
Entre as estratégias de adaptação climática para a região Norte, destaca-se o manejo sustentável dos recursos naturais, o fortalecimento das capacidades institucionais e a criação de mecanismos de proteção social para as comunidades vulneráveis. Paula Dobrowolski, em seu livro “Políticas Climáticas para o Brasil”, salienta que a criação de políticas de adaptação precisa ser articulada com as políticas de desenvolvimento econômico e social, de modo a garantir que o crescimento econômico não seja obtido às custas da degradação ambiental e do agravamento dos problemas climáticos.
Importante ressaltar que as comunidades indígenas da Amazônia, por exemplo, têm conhecimentos tradicionais que podem ser integrados aos planos de adaptação. As técnicas de manejo florestal utilizadas por essas comunidades ao longo de séculos mostram-se eficientes em promover a resiliência ambiental. A inclusão dessas populações no processo de formulação e implementação das políticas de adaptação é fundamental para que as medidas adotadas sejam eficazes e socialmente justas.
Logo, resumidamente, conforme o Caderno Técnico de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (2021), a melhor maneira de enfrentar os desafios impostos pelos eventos extremos consistes em: a) identificar os perigos; b) delimitar as áreas que podem ser mais impactadas; c) entender as fragilidades do meio físico e a vulnerabilidade social; d) antecipar os impactos (prevenção). Ressalta-se que essa construção precisa ser contínua e realizada com o poder público e a sociedade.
Assim, diante dos riscos crescentes de desastres naturais e das mudanças climáticas, é urgente que os governos estaduais e municipais da região Norte do Brasil implementem uma gestão de risco eficiente e elaborem planos de adaptação climática. Esses planos devem ser baseados em evidências científicas, integrando os conhecimentos tradicionais das populações locais e promovendo a sustentabilidade ambiental. Além disso, é fundamental que haja cooperação intergovernamental e a participação da sociedade civil no processo, garantindo que as políticas públicas sejam inclusivas, eficazes e justas. O futuro da Amazônia e de seus habitantes depende de uma resposta coordenada e estratégica aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA E O PAPEL DA JUVENTUDE NA PROTEÇÃO AMBIENTAL
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios ambientais, sociais e econômicos do século XXI. Os efeitos são sentidos de maneira desigual em todo o mundo, e a região amazônica é um dos territórios mais vulneráveis a esses impactos. A Amazônia, considerada o “pulmão do mundo”, é um ecossistema vital para o equilíbrio climático global. A degradação desse bioma não só afeta a biodiversidade local, mas também contribui para o aquecimento global, uma vez que a floresta desempenha um papel crucial no sequestro de carbono. Portanto, a conscientização das populações amazônicas sobre a importância da preservação ambiental e os impactos das mudanças climáticas é fundamental. Políticas públicas que incentivem essa conscientização, com a inclusão da juventude como agentes transformadores, são urgentes e necessárias para garantir a sustentabilidade da Amazônia e a qualidade de vida das futuras gerações.
O impacto das mudanças climáticas na Amazônia é devastador. O aumento das temperaturas globais, a intensificação das secas e a aceleração do desmatamento são alguns dos fatores que contribuem para a transformação negativa desse ecossistema. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o aumento da temperatura média global pode ultrapassar os 1,5°C nas próximas décadas se as emissões de gases de efeito estufa não forem drasticamente reduzidas (IPCC, 2023). Isso teria efeitos profundos sobre a Amazônia, que já enfrenta incêndios florestais, perda de biodiversidade e mudanças no regime de chuvas.
As comunidades amazônicas, muitas das quais dependem diretamente dos recursos naturais para sua sobrevivência, são particularmente vulneráveis. O aumento da incidência de secas prolongadas tem afetado a agricultura local e a disponibilidade de água potável, colocando em risco a segurança alimentar e hídrica dessas populações. Além disso, o desmatamento, causado principalmente pela expansão da agropecuária e atividades ilegais de extração, como o garimpo e a exploração madeireira, acelera ainda mais os efeitos das mudanças climáticas, uma vez que reduz a capacidade da floresta de absorver dióxido de carbono.
Nesse contexto, a conscientização da população local sobre o impacto das mudanças climáticas e a importância da preservação ambiental torna-se essencial para mitigar os danos causados por essas práticas. Políticas públicas voltadas para esse objetivo podem transformar a maneira como as comunidades amazônicas percebem e interagem com o meio ambiente.
Nessa perspectiva de Políticas Públicas, é válido salientar que, segundo o Caderno Técnico de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (2021), a Gestão de Riscos e Desastres (GRD) apresenta-se como uma solução promissora para a garantia da adaptação climática. Evidencia-se ainda que essas medidas variam de acordo com as necessidades de cada lugar e devem ser pensadas com a população mais impactada pelos eventos extremos. De maneira geral, os principais exemplos de medidas de adaptação são: a) desenvolvimento de sistemas de alerta preventivo; b) assistência técnica para construção e reconstrução de casas populares adaptadas e resistentes; c) recuperação de ecossistemas e criação de áreas verdes para otimizar a drenagem das chuvas; d) investimento governamental em energia limpa e eficiência energética.
No caso da Amazônia, a implementação de políticas que promovam a conscientização ambiental é uma ferramenta crucial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Essas políticas, para que sejam eficazes, devem abranger desde campanhas educativas até programas de incentivo à participação comunitária na gestão dos recursos naturais.
A exemplo de política pública com potencial transformador, tem-se a implementação de programas educacionais que incorporem a temática ambiental e climática nos currículos escolares, como estabelece o recém-sancionado Projeto de Lei (PL) nº 6.230/2023 (Brasil, 2024). Segundo Paulo Freire (1970), a educação é um processo de conscientização, e somente por meio de uma educação crítica, pautada na realidade vivida pelos indivíduos, é possível gerar uma mudança de comportamento. Ao integrar a educação ambiental nas escolas, especialmente nas regiões amazônicas, cria-se uma base sólida para a formação de cidadãos conscientes da importância da preservação do meio ambiente e preparados para enfrentar os desafios climáticos do futuro.
Vale destacar que, além da educação formal, é necessário fomentar políticas de conscientização através de campanhas e ações comunitárias que mobilizem a sociedade como um todo. Organizações não governamentais (ONGs) como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Greenpeace Brasil já desempenham um papel fundamental nesse processo, promovendo projetos de conscientização e proteção do meio ambiente na região amazônica. As ONGs atuam em parceria com comunidades locais, oferecendo suporte técnico e informativo sobre as consequências do desmatamento e a importância da floresta para o equilíbrio climático global. Assim, é essencial que as políticas públicas se alinhem a essas iniciativas e proporcionem recursos e apoio para que essas ações alcancem uma parcela ainda maior da população.
Diante disso, observa-se que a juventude possui um papel crucial no processo de conscientização e na promoção de práticas sustentáveis. A justiça climática vai além da mitigação das mudanças climáticas, ela engloba uma abordagem que busca solucionar as desigualdades sociais, econômicas e raciais exacerbadas pelos impactos ambientais. Jovens ativistas, como Greta Thunberg e Vanessa Nakate, têm utilizado suas plataformas para expor a injustiça climática, ressaltando como as populações mais vulneráveis, especialmente no Sul Global, são desproporcionalmente afetadas, mesmo sendo as menos responsáveis pela crise.
Um exemplo prático de movimento juvenil, em âmbito, nesse sentido foi idealizado pelo Greenpeace Brasil, em conjunto com o Instituto Clima de Eleição, lançando o “Adaptajuv: advocacy, adaptação e juventudes pelo clima”, um programa de formação direcionado a jovens ativistas atuantes em algumas capitais brasileiras, incluindo territórios periféricos da região metropolitana de Manaus (AM), ligados a iniciativas, coletivos ou organizações não governamentais que se conectam com a luta por justiça climática, contra o racismo ambiental e desejam incidir sobre políticas públicas capazes de enfrentar os impactos da crise climática de seus municípios. O objetivo do programa é aprofundar a compreensão dos participantes sobre a agenda de adaptação climática e fornecer as ferramentas necessárias para que se engajem e gerem efeitos positivos e políticos a nível local (Greenpeace Brasil, 2023).
Conforme Newell et al. (2021), o conceito de justiça climática reflete a interseção entre direitos humanos, desigualdade socioeconômica e os impactos das mudanças climáticas, e os jovens são fundamentais para pressionar por ações políticas que abordem essas questões de forma integrada. A juventude tem sido uma liderança em campanhas como o Fridays for Future, movimento que começou na Suécia em 2018 e se espalhou por mais de 150 países, com estudantes fazendo greves escolares para exigir políticas climáticas mais ambiciosas (UNEP, s.d).
Porém, a atuação da juventude não se limita a protestos e mobilizações de massa. Os jovens têm pressionado governos e corporações através de ações judiciais e participação em conferências internacionais. Um exemplo notável é o processo movido por jovens norte-americanos contra o governo dos Estados Unidos em Juliana v. United States, onde argumentam que a inação governamental em relação às mudanças climáticas viola seus direitos constitucionais à vida e à liberdade.
Essa estratégia de combinar mobilizações de massa com mecanismos jurídicos reflete uma nova dinâmica do ativismo juvenil. De acordo Chawla (2020), os jovens não apenas trazem uma nova perspectiva para a política climática, mas também desafiam as estruturas tradicionais de poder ao reivindicar espaços de tomada de decisão nos níveis locais, nacionais e internacionais. Eles veem as mudanças climáticas não como um problema distante, mas como uma ameaça imediata ao seu bem-estar, e estão preparados para enfrentar esse desafio de forma colaborativa e inclusiva.
Outro aspecto importante do protagonismo juvenil é sua capacidade de impulsionar a inovação. Jovens empreendedores e cientistas têm se destacado na criação de soluções tecnológicas e sociais que promovem um futuro mais sustentável. Concorda-se então que Políticas Públicas de incentivo as inovações e tecnologias limpas, quando bem formuladas e postas em prática, auxiliam na liderança de iniciativas comunitárias que promovem agricultura regenerativa e economias circulares.
Conforme Hickman et al., (2021), essa geração está mais conectada globalmente e mais disposta a adotar práticas sustentáveis em suas vidas diárias, desde o consumo responsável até o ativismo digital. Além disso, muitos jovens veem na crise climática uma oportunidade de repensar as bases do desenvolvimento econômico, propondo modelos que integram justiça social, descarbonização e resiliência climática.
Desse modo, ressalta-se que Programas de voluntariado ambiental, fóruns de discussão, e a criação de centros de inovação social e ambiental são formas eficazes de incluir os jovens nesse processo. A juventude amazônica, por estar diretamente ligada à terra e à cultura local, pode trazer novas perspectivas e soluções inovadoras para os problemas ambientais. Para isso, é necessário que os jovens tenham acesso a recursos, educação e ferramentas que lhes permitam agir de forma eficaz.
Ademais, as escolas e universidades podem desempenhar um papel essencial ao criar espaços para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e inovação voltados para a sustentabilidade ambiental. Por exemplo, projetos de reflorestamento comunitário, agricultura sustentável e o uso de novas tecnologias para monitoramento ambiental são áreas nas quais a juventude pode atuar ativamente. Políticas públicas que incentivem a criação desses espaços são fundamentais para capacitar a nova geração de líderes ambientais.
Segundo Sato (2002), as indicações estabelecidas pela Conferência de Tbilisi (1977) para a Educação Ambiental, enfatizando que “as universidades são vistas como centros de pesquisa, ensino e formação de recursos humanos para as nações, devendo implementar programas de Educação Ambiental, não apenas nas ciências ecológicas, mas em todas as áreas sociais, naturais e educativas”. Isso se deve ao fato de que as interações entre natureza, tecnologia e sociedade são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer civilização.
A Educação Ambiental é uma modalidade ampla de educação, com o objetivo de alcançar todos os cidadãos por meio de um processo participativo envolvendo alunos e professores, não restrito às escolas, mas aplicável em qualquer contexto da sociedade atual. A intenção é promover uma conscientização crítica acerca das questões ambientais em uma sociedade em constante mudança e transformação (Gould, 2004). Com o aumento do envolvimento da população com novas tecnologias e a expansão dos cenários urbanos, a conexão natural que as pessoas tinham com a terra e suas culturas tem sido gradativamente perdida.
Portanto, observa-se que crise climática é uma realidade que exige ações urgentes e coordenadas. A Amazônia, um dos ecossistemas mais importantes do planeta, está sob ameaça direta das mudanças climáticas e da ação humana. Políticas públicas que visem à conscientização da sociedade amazônica sobre a importância da preservação ambiental e o impacto das mudanças climáticas são fundamentais para mitigar os danos e promover um futuro sustentável.
Em termos de perspectivas futuras, o envolvimento crescente da juventude em fóruns internacionais, como a Conferência das Partes da ONU, demonstra que o movimento juvenil por justiça climática está longe de ser passageiro. A pressão contínua que exercem sobre líderes globais e empresas cria um ambiente no qual políticas climáticas progressistas têm mais chances de serem implementadas. E, com essa Conferência sendo sediada em Belém no ano de 2025, a COP 30, tem-se a chance de demonstrar, in loco, a importância da região para a sobrevivência do planeta.
Desse modo, resta-se evidente então que a juventude tem um papel central a desempenhar como agentes de transformação. Por meio de políticas que incentivem a educação ambiental, o engajamento comunitário e a inovação social, é possível capacitar a nova geração para enfrentar os desafios ambientais de forma eficaz. A colaboração entre governos, ONGs, instituições de ensino e as comunidades acadêmicas e locais é essencial para garantir que a Amazônia continue sendo um recurso vital para o equilíbrio climático global.
Assim, demonstra-se que o protagonismo juvenil na garantia da justiça climática é fundamental, tanto em termos de pressão política quanto de inovação e visão de futuro. Jovens de todo o mundo, por meio de suas ações e movimentos, estão redefinindo o conceito de justiça climática e exigindo que a equidade e os direitos humanos estejam no centro das discussões sobre o clima. Reconhecer e apoiar esse protagonismo é essencial para garantir uma transição justa e sustentável para todas as gerações.
CONCLUSÃO
O protagonismo da juventude amazônida surge como uma força vital na luta por justiça climática em um contexto em que os desafios ambientais se sobrepõem às questões sociais, econômicas e culturais. A Amazônia, sendo um dos biomas mais importantes e ameaçados do planeta, está em uma encruzilhada, enfrentando desmatamento acelerado, degradação dos ecossistemas e os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Nesse cenário, a juventude das capitais amazônicas tem se mobilizado de maneira cada vez mais intensa e organizada, reconhecendo que o futuro da região e, em última instância, o equilíbrio climático global, depende de ações urgentes e coordenadas. No entanto, o fortalecimento desse protagonismo juvenil requer a implementação de políticas públicas que não só incentivem a participação dos jovens, mas que também garantam estruturas sólidas para que suas vozes sejam ouvidas e seus esforços sejam amplificados.
A justiça climática é um conceito que vai além da preservação ambiental, conectando as questões ecológicas com a equidade social. Nas capitais amazônicas, onde a população convive diretamente com os efeitos da degradação ambiental, como poluição, insegurança alimentar e desastres naturais cada vez mais frequentes, a necessidade de políticas públicas que promovam a justiça climática é inegável. Essas políticas devem ser inclusivas, levando em consideração as especificidades regionais e culturais, e devem promover uma distribuição mais justa dos impactos e benefícios das ações climáticas.
Ao longo deste estudo, ficou evidente que a juventude amazônida está não apenas ciente da gravidade da crise ambiental, mas também profundamente engajada em buscar soluções para os problemas que afetam suas comunidades. Movimentos e organizações juvenis têm ganhado força, especialmente nas capitais da região, onde jovens lideram campanhas de conscientização, protestos, projetos de reflorestamento e iniciativas educacionais. No entanto, apesar dessa mobilização, a falta de apoio institucional e de políticas públicas efetivas muitas vezes limita o alcance e a eficácia dessas ações.
Para que o protagonismo juvenil seja verdadeiramente transformador, é essencial que os governos locais e nacionais criem e implementem políticas públicas voltadas para o empoderamento da juventude em sua luta por justiça climática. Essas políticas devem incluir programas educacionais que promovam a conscientização sobre as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável, a criação de espaços de participação política para os jovens e o apoio financeiro e técnico para iniciativas juvenis voltadas à preservação ambiental. Além disso, é necessário que os jovens sejam inseridos nos processos de tomada de decisão em nível local, regional e nacional, de modo que suas preocupações e propostas possam ser incorporadas às políticas climáticas de maneira significativa.
Outra dimensão crucial para a efetividade das políticas públicas é o fortalecimento das parcerias entre o governo, a sociedade civil e as organizações não governamentais (ONGs). Instituições como o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace e outras organizações que atuam na região amazônica já possuem experiência em trabalhar com as comunidades locais e podem servir como pontes entre os jovens e o poder público. Essas parcerias têm o potencial de gerar programas mais coesos e eficazes, capazes de responder às demandas específicas da juventude amazônida.
Além disso, é fundamental que as políticas públicas para justiça climática considerem o papel da cultura e do conhecimento tradicional das populações indígenas e ribeirinhas da Amazônia. Muitos jovens amazônidas têm raízes profundas nessas comunidades e estão em uma posição única para promover a integração entre o conhecimento tradicional e as inovações tecnológicas e científicas. A valorização dessas práticas pode oferecer soluções sustentáveis e respeitosas para a preservação ambiental, fortalecendo ainda mais a atuação dos jovens na região.
Ademais, a justiça climática nas capitais amazônicas requer um compromisso claro com a redução das desigualdades sociais e econômicas que agravam os impactos ambientais. O desmatamento e a poluição afetam de maneira desproporcional as populações mais vulneráveis, muitas das quais são formadas por jovens. Portanto, políticas públicas que incentivem o acesso à educação de qualidade, a promoção de tecnologias limpas e, uma gestão integrada de risco e desastres (GRD) eficiente, são essenciais para garantir que a população amazônida possa construir um futuro mais justo e sustentável para si e para suas comunidades.
Outrosim, os jovens da Amazônia não podem ser vistos apenas como um grupo que demanda mudanças, mas como grupo capaz de liderar a transformação necessária para enfrentar a crise climática. Seu envolvimento ativo nas discussões sobre o futuro da Amazônia e sua participação nas decisões políticas que afetam a região são fundamentais para que se alcance uma verdadeira justiça climática. O futuro dessa região, e por extensão, o equilíbrio climático do planeta, depende da capacidade de capacitar e apoiar essa juventude, garantindo que suas ideias e esforços sejam traduzidos em políticas públicas eficazes e duradouras.
Por fim, ao reconhecer esse grupo como agente de grande potencial transformador, e de promover a criação de políticas públicas voltadas para a justiça climática, o Brasil não só estará respondendo às demandas locais e regionais, mas também assumindo um papel de liderança global na luta contra as mudanças climáticas. O desafio que se coloca é imenso, mas a mobilização dos jovens e o compromisso com a implementação de políticas inclusivas e sustentáveis são o caminho para garantir que a Amazônia e suas capitais permaneçam resilientes e prosperem diante dos desafios climáticos deste século.
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As mudanças climáticas configuram-se como um dos principais desafios globais da atualidade, com impactos severos sobre os ecossistemas, a economia e a sociedade. No contexto amazônico, esse fenômeno ganha contornos ainda mais complexos e urgentes. A Amazônia, reconhecida mundialmente por sua biodiversidade e seu papel crucial na regulação do clima global, enfrenta crescentes ameaças devido ao desmatamento, queimadas, avanço da fronteira agrícola e outras formas de exploração predatória de seus recursos naturais. Os efeitos das mudanças climáticas, somados à degradação ambiental, têm impacto direto na qualidade de vida das populações locais, especialmente nas capitais da região, onde a concentração populacional e as pressões urbanas agravam ainda mais a vulnerabilidade social e ambiental (Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, 2016).
Diante dessa realidade, a juventude amazônida emerge como um importante ator no enfrentamento dos desafios climáticos e na luta pela justiça climática. Este conceito, que associa a equidade social às questões ambientais, defende que os impactos das mudanças climáticas devem ser enfrentados de maneira justa, reconhecendo que as populações mais vulneráveis, como aquelas que habitam as cidades amazônicas, são as mais afetadas por esses fenômenos. Ao mesmo tempo, essas populações têm acesso limitado aos recursos e às políticas públicas necessárias para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e se adaptar a eles.
Nas capitais da Amazônia, como Manaus e Belém, onde a urbanização acelerada e desordenada intensifica problemas como enchentes, ilhas de calor, poluição e insegurança alimentar, as demandas por políticas públicas que garantam a justiça climática são cada vez mais evidentes. E é justamente nesse contexto que a juventude da região assume um papel de protagonismo, articulando movimentos sociais, criando iniciativas inovadoras e reivindicando ações mais efetivas por parte dos governos.
Ademais, mostra-se vital o protagonismo juvenil na Amazônia, que já é visível em outros campos como a cultura e a educação, também se expressa fortemente nas questões ambientais. Jovens líderes, coletivos e movimentos sociais têm se destacado na mobilização para a defesa do meio ambiente, denunciando as práticas que contribuem para a degradação da floresta e das áreas urbanas, ao mesmo tempo em que propõem soluções baseadas em sustentabilidade e justiça social. Inspirados por movimentos globais, como o “Fridays for Future”, liderado por Greta Thunberg, esses jovens amazônidas vêm adaptando essas mobilizações às especificidades da realidade local, conectando as questões climáticas globais com os problemas enfrentados no cotidiano das cidades amazônicas.
Esse protagonismo, entretanto, ainda enfrenta barreiras significativas. As capitais amazônicas, muitas vezes vistas como periferia dentro do contexto nacional, ainda não recebem a atenção devida por parte das políticas públicas climáticas do governo federal e, em muitos casos, também sofrem com a ineficácia das gestões locais. A falta de políticas públicas robustas que articulem o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental e a justiça climática reforça as desigualdades existentes, penalizando as populações mais pobres e marginalizadas, que vivem em áreas de risco e dependem diretamente dos recursos naturais para sobreviver. Dessa forma, a juventude se vê não apenas como defensora de um futuro sustentável, mas como agente essencial de mudança no presente, pressionando por políticas que garantam a equidade ambiental nas cidades onde vivem.
Assim, para compreender o protagonismo da juventude amazônida na luta por justiça climática nas capitais da região, é necessário analisar os movimentos e as estratégias adotadas por esses jovens, além de compreender o papel das políticas públicas na criação de um ambiente propício para sua atuação. Políticas públicas eficazes são essenciais para capacitar essa juventude, garantindo-lhes acesso a educação ambiental, tecnologias sustentáveis e espaços de participação ativa nas decisões políticas que afetam suas cidades e seu futuro.
É igualmente importante reconhecer o papel das organizações não governamentais (ONGs), coletivos locais e redes de ativismo que têm colaborado com esses jovens em suas iniciativas. Exemplos como o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace Brasil, entre outras organizações, tem atuado em conjunto com a juventude amazônica na construção de uma agenda ambiental e climática mais inclusiva e eficiente, com foco nas especificidades da região.
Portanto, este artigo busca discutir a importância do protagonismo da juventude amazônida na luta por políticas públicas que garantam a justiça climática nas capitais da região. Analisaremos como os jovens têm se organizado e mobilizado em prol dessas causas, quais os principais desafios que enfrentam e de que maneira as políticas públicas podem ser aprimoradas para assegurar uma maior participação e inclusão desse grupo nas tomadas de decisão. Em um contexto de crise climática global, a juventude amazônica não apenas reivindica seu direito a um futuro sustentável, mas também age de maneira ativa e transformadora no presente, desempenhando um papel fundamental na construção de cidades mais justas e resilientes.
JUSTIÇA CLIMÁTICA: UM OLHAR INTERSECCIONAL SOBRE AS DESIGUALDADES E O MEIO AMBIENTE
A crise climática, uma das maiores ameaças enfrentadas pela humanidade, não se distribui de maneira equitativa em termos de suas causas e impactos. As populações mais vulneráveis, como as comunidades indígenas, pessoas de baixa renda, mulheres e habitantes de países em desenvolvimento, são desproporcionalmente afetadas pelas consequências das mudanças climáticas, embora contribuam muito menos para o problema. É nesse contexto que surge o conceito de “justiça climática”, que busca alinhar os princípios de equidade, direitos humanos e responsabilidade ambiental para garantir que os impactos e soluções para a crise climática sejam distribuídos de maneira justa e inclusiva (Robinson, 2021).
O conceito de justiça climática ganhou relevância a partir dos debates sobre mudanças climáticas no final do século XX, impulsionado por movimentos sociais e organizações que começaram a perceber como as desigualdades estruturais influenciavam a vulnerabilidade das populações em relação aos desastres ambientais. O termo emergiu da confluência entre o movimento por justiça ambiental e as discussões sobre equidade social, ao reconhecer que os maiores emissores de gases de efeito estufa, como as nações industrializadas, são os menos impactados pelos efeitos adversos do aquecimento global. Ao contrário, são os países menos desenvolvidos e as populações mais empobrecidas que sofrem diretamente com secas, inundações, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos.
Segundo dados da Oxfam Brasil (2023), se consideradas apenas as emissões dos mais ricos do planeta, as mesmas, sozinhas, serão suficientes para causar 1,3 milhões de mortes relacionadas ao calor, entre 2020 e 2100. E, com isso, teria cerca de 1500 anos para uma pessoa que se encontra entre os 99% da população produzir tanto CO2 quanto os bilionários produzem em um ano. O relatório relata ainda que o 1% mais ricos do planeta poluíram na mesma proporção que aproximadamente 5 bilhões de pessoas, ou seja, 2/3 da humanidade, e foi responsável por 16% das emissões globais.
Em concordância com esses dados, Naomi Klein (2015), defende que o capitalismo global desempenha um papel central na crise climática, uma vez que o sistema econômico atual é baseado na exploração ilimitada dos recursos naturais e na busca incessante por lucros. Klein argumenta que os impactos das mudanças climáticas não podem ser tratados como um problema técnico ou de mercado, pois envolvem questões de poder e injustiça social. Seu trabalho destaca a importância de abordagens interseccionais, que levam em consideração como as dinâmicas de gênero, raça e classe influenciam a vulnerabilidade climática.
Além de Klein, outro nome de destaque no campo da justiça climática é Vandana Shiva, uma ecofeminista e ativista ambiental que defende a importância de se considerar os direitos das populações tradicionais e indígenas na formulação de políticas climáticas. Em seu livro “Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace” (2005), Shiva discute como a luta por justiça climática está intrinsicamente ligada à luta por democracia e direitos comunitários, criticando a apropriação corporativa dos recursos naturais e chamando atenção para o papel das comunidades locais como guardiãs do meio ambiente.
Outrossim, um dos aspectos centrais da justiça climática é a compreensão de que os impactos das mudanças climáticas não afetam todas as pessoas da mesma forma. De acordo com a ONG Climate Justice Alliance (CJA), comunidades negras, indígenas e outros grupos marginalizados estão na linha de frente dos impactos climáticos, enfrentando desde a destruição de habitats até o deslocamento forçado. No Brasil, por exemplo, as comunidades indígenas e quilombolas são frequentemente as mais prejudicadas por desmatamentos e grandes projetos de infraestrutura, que muitas vezes ocorrem sem consulta prévia e sem o devido respeito aos direitos territoriais desses povos.
Essas populações, além de sofrerem com os impactos diretos da degradação ambiental, enfrentam também um acesso limitado a recursos e serviços que poderiam ajudá-las a mitigar e se adaptar às mudanças climáticas. Isso é especialmente evidente em países do Sul Global, onde a falta de infraestrutura, sistemas de saúde inadequados e políticas públicas ineficientes agravam os impactos climáticos. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2020 (UNDP, 2020), há uma correlação clara entre pobreza e vulnerabilidade climática, demonstrando que a desigualdade socioeconômica exacerba a vulnerabilidade aos efeitos adversos do clima.
Do mesmo modo, a justiça climática também está intimamente ligada aos direitos humanos. O impacto das mudanças climáticas afeta diretamente o direito à vida, à saúde, à moradia e à alimentação, conforme reconhecido por organizações internacionais como a Human Rights Watch (2021) e a Amnesty International (2023). A elevação do nível do mar, por exemplo, ameaça a existência de pequenas nações insulares, cujos habitantes podem perder suas terras e identidades culturais. Já em regiões mais áridas da África e da Ásia, o aumento das temperaturas e a intensificação das secas colocam em risco a segurança alimentar e a subsistência de milhões de pessoas.
Outro aspecto vital da justiça climática é o papel dos movimentos de base, que têm sido fundamentais na luta contra as injustiças ambientais. Organizações como a 350.org, fundada por Bill McKibben, e a Greenpeace, têm pressionado governos e corporações a reduzir as emissões de carbono e a adotar políticas mais sustentáveis. A 350.org, em particular, é conhecida por suas campanhas globais contra a exploração de combustíveis fósseis e a favor de energias renováveis. A ONG também colabora com movimentos de justiça climática em comunidades locais, elevando as vozes de quem está na linha de frente da crise climática.
Desse modo, concorda-se que a luta por justiça climática exige uma transformação sistêmica que vá além de soluções técnicas e de mercado, englobando questões de equidade, poder e direitos humanos. Como foi discutido, os impactos das mudanças climáticas recaem de forma desproporcional sobre as populações mais vulneráveis, que têm pouca ou nenhuma responsabilidade pela crise. Nesse contexto, é fundamental que governos, empresas e a sociedade civil reconheçam essas desigualdades e trabalhem juntos para construir um futuro mais justo e sustentável. Vale ressaltar que os movimentos sociais, já estão mostrando o caminho ao enfatizar a importância de soluções inclusivas e lideradas pelas comunidades mais afetadas. A justiça climática não é apenas uma questão ambiental, mas também uma questão de justiça social.
DESASTRES CLIMÁTICOS NO BRASIL: UM OLHAR SOBRE A REGIÃO NORTE
Os desastres climáticos têm se tornado cada vez mais frequentes e intensos no Brasil, sendo amplamente impulsionados pelas mudanças climáticas globais. Esses eventos, que incluem enchentes, secas extremas, deslizamentos de terra e tempestades severas, afetam principalmente as populações mais vulneráveis. Na região Norte do país, caracterizada por sua vasta extensão de floresta amazônica, rica biodiversidade e comunidades tradicionais, os impactos dos desastres climáticos são amplificados devido a questões socioeconômicas e ambientais específicas.
A combinação de desmatamento, mudanças no uso da terra e alterações nos padrões climáticos contribui para a intensificação de fenômenos extremos na região. Além disso, a infraestrutura precária das cidades da Amazônia e o aumento da urbanização sem planejamento adequado tornam essas áreas ainda mais suscetíveis a danos graves. Neste tópico, serão abordados os principais desastres climáticos que afetam a região Norte do Brasil, com ênfase nas cidades amazônicas, destacando seus impactos e as respostas políticas e sociais.
O desmatamento é um dos principais fatores que agravam os desastres climáticos na Amazônia. A floresta amazônica desempenha um papel crucial na regulação do clima regional e global, especialmente por meio do ciclo da água. A vegetação amazônica evapotranspira grandes volumes de água, que se transformam em vapor e formam nuvens que influenciam as chuvas não apenas na região, mas em outras partes do Brasil e da América do Sul.
No entanto, com a crescente devastação da floresta para expansão agrícola, exploração de madeira e mineração, esse ciclo é perturbado, resultando em mudanças no regime de chuvas e aumento da temperatura. Em cidades como Manaus (AM) e Belém (PA), essas mudanças contribuem para extremos climáticos, como secas severas e enchentes. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em dados de 2022, a Amazônia tem enfrentado uma tendência de aumento das secas nos últimos anos, diretamente ligada ao desmatamento e à degradação florestal.
Vandana Shiva, em seu livro “Earth Democracy: Justice, Sustainability, and Peace” (2005), argumenta que a destruição de ecossistemas complexos, como a Amazônia, não apenas altera o clima local, mas também gera impactos globais, afetando o equilíbrio planetário. Ela ressalta que, ao destruir as florestas, estamos colocando em risco as próprias condições de vida de milhões de pessoas, especialmente as comunidades tradicionais que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.
Do mesmo modo, um dos principais desastres climáticos que afeta as cidades da região Norte são as enchentes. Com a combinação de chuvas intensas, aumento do nível dos rios e sistemas de drenagem inadequados, as cidades amazônicas, muitas das quais situadas às margens de grandes rios, sofrem frequentemente com inundações. Manaus, por exemplo, está localizada nas proximidades do Rio Negro, cuja cheia pode atingir níveis alarmantes, resultando em sérios danos à infraestrutura e deslocamento populacional.
Em 2021, Manaus enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, com o Rio Negro atingindo 30 metros acima do nível normal. As cheias afetaram mais de 455 mil pessoas na cidade e nas áreas circunvizinhas, destruindo moradias, interrompendo serviços essenciais e causando prejuízos econômicos significativos. Esse evento extremo foi classificado como uma das maiores tragédias climáticas da região (WWF, 2021). Segundo o relatório da Greenpeace Brasil (2023), o aumento das enchentes na Amazônia está intimamente ligado às alterações no ciclo das chuvas devido ao desmatamento. A organização alerta que, se medidas urgentes não forem tomadas para conter a devastação da floresta, esses eventos extremos se tornarão cada vez mais frequentes.
Em Belém, outra cidade frequentemente atingida por enchentes, o problema é agravado pela falta de planejamento urbano e ocupação desordenada de áreas de risco. A precariedade dos sistemas de drenagem urbana e a impermeabilização do solo devido à expansão descontrolada da cidade aumentam a vulnerabilidade da população, especialmente nas áreas periféricas, onde residem as populações mais pobres. Antes da edição mais recente, o município já teve outros dois planos de saneamento: o Plano Belém 2000, elaborado na década de 80, e o Plano Diretor, de 2004. Mas, evidentemente, o Plano é apenas um dos passos para poder ter um instrumento de controle por parte da população, do Legislativo, mas por si só não é suficiente. Para se entender como está a implementação dessas ações, dados do acesso ao saneamento em Belém desde a reedição do Plano em 2020, referentes a 2020 e 2021, a cidade saiu de 17,1% para 17,12% da cobertura total de esgoto, ou seja, nenhuma mudança significativa foi vista neste período (Trata Brasil, 2023).
Posto isto, se por um lado a região Norte é conhecida por suas chuvas intensas e enchentes sazonais, por outro, o fenômeno da seca também tem se tornado cada vez mais comum. O ciclo hidrológico na floresta depende da grande quantidade de vegetação para a evaporação e transpiração da água, que alimenta o ciclo das chuvas. Entretanto, com o desmatamento descontrolado, a diminuição da vegetação causa longos períodos de estiagem, afetando a agricultura, a pesca e o abastecimento de água.
O cenário no ano de 2024 é bem diferente na maior parte da Amazônia Legal, apresentando 69% dos municípios em seca. Uma análise da InfoAmazonia (2024) destacou que houve intensificação do problema na região em comparação ao ano anterior, com uma alta de 56% na quantidade de municípios em seca severa. Diante disso, comunidades vulneráveis pedem a implementação de planos de adaptação climática das prefeituras e do governo.
A exemplo dessa situação calamitosa, tem-se o município de Beruri, a 173 km de distância de Manaus, o qual passou da seca moderada no primeiro semestre do ano passado, para severa no mesmo período deste ano (InfoAmazonia, 2024). Para a comunidade, resta perceptível que o nível dos rios está descendo mais rápido e antes do tempo. Ademais, no município, existem casas localizadas em regiões vulneráveis, como a Vila Arumã, a qual foi totalmente sugada pela terra, uma consequência da seca que começou no final do primeiro semestre de 2023. Esse fenômeno é chamado de “terra caída”, em que há erosão do solo provocada pelos rios.
Portanto, concorda-se que os desastres climáticos na região Norte afetam não apenas o meio ambiente, mas também as comunidades tradicionais e urbanas. No caso das populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas, as mesmas são particularmente vulneráveis, pois suas formas de subsistência dependem diretamente dos recursos naturais. Restando evidente a perda de biodiversidade, a destruição de florestas e a poluição dos rios afetam a pesca, a coleta de frutos e a agricultura de subsistência, ameaçando a segurança alimentar e a sobrevivência dessas comunidades.
No que tange as áreas urbanas, os impactos são igualmente devastadores. Enchentes e secas resultam na perda de moradias, danos à infraestrutura e paralisação de serviços públicos essenciais, como transporte e saúde. Além disso, o aumento de doenças transmitidas pela água, como a leptospirose e a malária, é uma preocupação crescente, especialmente em áreas com saneamento básico inadequado.
As implicações econômicas desses desastres também são profundas. O custo de reparo de infraestruturas danificadas, perda de produção agrícola e diminuição da atividade turística impactam diretamente o PIB dos estados da região Norte. O Banco Mundial (2022) estima que os desastres climáticos no Brasil custem ao país bilhões de reais anualmente, sendo que a região Norte é uma das mais afetadas em termos de perdas econômicas e de vidas.
A resposta aos desastres climáticos na região Norte requer ações coordenadas entre governos, organizações não governamentais e comunidades locais. Iniciativas como o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (2016), lançado pelo governo brasileiro, buscam fortalecer a capacidade de adaptação das cidades e comunidades mais vulneráveis. Entretanto, a implementação dessas políticas ainda enfrenta desafios, como falta de recursos, falhas na governança ambiental e pressões do agronegócio e da mineração.
Resta evidente que os desastres climáticos na região Norte do Brasil são uma realidade cada vez mais presente e grave. A combinação de desmatamento, falta de planejamento urbano e alterações climáticas globais resulta em eventos extremos que afetam profundamente as populações da Amazônia. Para enfrentar esses desafios, é essencial que se invista em políticas públicas de adaptação e mitigação, com um enfoque especial nas comunidades mais vulneráveis. Além disso, a proteção da floresta amazônica é uma questão central para garantir a resiliência climática da região e do planeta como um todo.
A necessidade de uma eficiente gestão de risco e desastres naturais e a formulação de planos de adaptação climática pelos governos estaduais e municipais da região Norte do Brasil é um tema de grande relevância, dada a vulnerabilidade ambiental da Amazônia e os impactos significativos das mudanças climáticas nessa área. A região Norte é caracterizada por uma vasta diversidade ecológica, com florestas tropicais, rios caudalosos e um clima predominantemente equatorial. No entanto, essa riqueza natural está ameaçada por uma série de desafios, como o desmatamento, a degradação ambiental e a intensificação dos eventos climáticos extremos. A gestão de riscos e desastres naturais, aliada a um plano robusto de adaptação climática, é essencial para mitigar os impactos desses fenômenos sobre as populações locais e o meio ambiente.
Outro ponto importante a ser observado está ligado a localização geográfica da Amazônia, localizada em grande parte na região Norte, desempenha um papel crucial no equilíbrio climático global e na regulação dos ciclos hidrológicos. Entretanto, a região enfrenta pressões ambientais significativas que exacerbam os riscos de desastres naturais. Entre essas pressões, o desmatamento, principalmente para a expansão da agropecuária e da mineração, destaca-se como um dos principais problemas. O aumento das queimadas, a erosão do solo e a perda de biodiversidade são consequências diretas dessas atividades.
Nesse contexto, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (2021) aponta que a Amazônia está particularmente vulnerável às alterações no regime de chuvas e ao aumento das temperaturas globais. As secas mais frequentes e intensas, as inundações extremas e a maior incidência de incêndios florestais são exemplos de desastres naturais que já estão ocorrendo com maior intensidade. Esses fenômenos afetam não só o meio ambiente, mas também a vida das comunidades locais, muitas das quais dependem diretamente dos recursos naturais para subsistência.
Segundo a plataforma Terra Brasilis (2024), e a partir de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, entre 2019 e 2024, o desmatamento na Amazônia caiu significativamente, especialmente devido maior atenção as políticas ambientais. Essa mudança está associada a um aumento de eventos extremos, como queimadas, que contribuem para o aquecimento local e, consequentemente, para a maior vulnerabilidade da região às mudanças climáticas, o que demonstrou a necessidade de rigor na fiscalização e aplicação das normas ambientais.
Um dos grandes desafios da região é a falta de infraestrutura adequada para enfrentar desastres naturais. Muitos municípios do Norte têm capacidades limitadas em termos de sistemas de alerta precoce, infraestrutura de resposta emergencial e políticas de mitigação dos impactos. Segundo o Greenpeace Brasil (2020), grande parte das áreas afetadas por desastres naturais na Amazônia não conta com planejamento preventivo eficaz, o que agrava as perdas humanas e materiais durante enchentes, secas e incêndios.
Além disso, dados levantados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional com ajuda da Defesa Civil, no documento “A P&DC e os 30 anos de desastres no Brasil (1990-2020)” (2022), sobre redução de riscos de desastres, destaca a importância de políticas públicas voltadas à prevenção, que devem ser articuladas entre os diferentes níveis de governo. No contexto da Amazônia, é essencial que os governos estaduais e municipais trabalhem em conjunto para fortalecer a capacidade de resposta e de resiliência das comunidades frente aos riscos.
Diante das mudanças climáticas globais, demonstra-se a necessidade de planos de adaptação, os mesmos tornaram-se uma ferramenta estratégica para minimizar os impactos negativos sobre a sociedade e o meio ambiente. A adaptação climática implica na implementação de políticas e medidas que permitam às populações locais e aos ecossistemas se ajustarem às novas condições climáticas. No caso da região Norte do Brasil, os planos de adaptação climática precisam ser elaborados com base em estudos científicos que levem em consideração as previsões climáticas para os próximos anos.
A gestão de risco e desastres naturais tem grande importância no que tange os desastres naturais, pois envolve a identificação, avaliação e mitigação dos riscos ambientais e climáticos. Para a região Norte, essa gestão precisa estar profundamente integrada à realidade local, considerando tanto as particularidades ambientais quanto as sociais. Populações ribeirinhas, indígenas e comunidades tradicionais são diretamente afetadas pelos desastres naturais e frequentemente têm menos recursos para lidar com esses eventos.
Entre as estratégias de adaptação climática para a região Norte, destaca-se o manejo sustentável dos recursos naturais, o fortalecimento das capacidades institucionais e a criação de mecanismos de proteção social para as comunidades vulneráveis. Paula Dobrowolski, em seu livro “Políticas Climáticas para o Brasil”, salienta que a criação de políticas de adaptação precisa ser articulada com as políticas de desenvolvimento econômico e social, de modo a garantir que o crescimento econômico não seja obtido às custas da degradação ambiental e do agravamento dos problemas climáticos.
Importante ressaltar que as comunidades indígenas da Amazônia, por exemplo, têm conhecimentos tradicionais que podem ser integrados aos planos de adaptação. As técnicas de manejo florestal utilizadas por essas comunidades ao longo de séculos mostram-se eficientes em promover a resiliência ambiental. A inclusão dessas populações no processo de formulação e implementação das políticas de adaptação é fundamental para que as medidas adotadas sejam eficazes e socialmente justas.
Logo, resumidamente, conforme o Caderno Técnico de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (2021), a melhor maneira de enfrentar os desafios impostos pelos eventos extremos consistes em: a) identificar os perigos; b) delimitar as áreas que podem ser mais impactadas; c) entender as fragilidades do meio físico e a vulnerabilidade social; d) antecipar os impactos (prevenção). Ressalta-se que essa construção precisa ser contínua e realizada com o poder público e a sociedade.
Assim, diante dos riscos crescentes de desastres naturais e das mudanças climáticas, é urgente que os governos estaduais e municipais da região Norte do Brasil implementem uma gestão de risco eficiente e elaborem planos de adaptação climática. Esses planos devem ser baseados em evidências científicas, integrando os conhecimentos tradicionais das populações locais e promovendo a sustentabilidade ambiental. Além disso, é fundamental que haja cooperação intergovernamental e a participação da sociedade civil no processo, garantindo que as políticas públicas sejam inclusivas, eficazes e justas. O futuro da Amazônia e de seus habitantes depende de uma resposta coordenada e estratégica aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA E O PAPEL DA JUVENTUDE NA PROTEÇÃO AMBIENTAL
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios ambientais, sociais e econômicos do século XXI. Os efeitos são sentidos de maneira desigual em todo o mundo, e a região amazônica é um dos territórios mais vulneráveis a esses impactos. A Amazônia, considerada o “pulmão do mundo”, é um ecossistema vital para o equilíbrio climático global. A degradação desse bioma não só afeta a biodiversidade local, mas também contribui para o aquecimento global, uma vez que a floresta desempenha um papel crucial no sequestro de carbono. Portanto, a conscientização das populações amazônicas sobre a importância da preservação ambiental e os impactos das mudanças climáticas é fundamental. Políticas públicas que incentivem essa conscientização, com a inclusão da juventude como agentes transformadores, são urgentes e necessárias para garantir a sustentabilidade da Amazônia e a qualidade de vida das futuras gerações.
O impacto das mudanças climáticas na Amazônia é devastador. O aumento das temperaturas globais, a intensificação das secas e a aceleração do desmatamento são alguns dos fatores que contribuem para a transformação negativa desse ecossistema. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o aumento da temperatura média global pode ultrapassar os 1,5°C nas próximas décadas se as emissões de gases de efeito estufa não forem drasticamente reduzidas (IPCC, 2023). Isso teria efeitos profundos sobre a Amazônia, que já enfrenta incêndios florestais, perda de biodiversidade e mudanças no regime de chuvas.
As comunidades amazônicas, muitas das quais dependem diretamente dos recursos naturais para sua sobrevivência, são particularmente vulneráveis. O aumento da incidência de secas prolongadas tem afetado a agricultura local e a disponibilidade de água potável, colocando em risco a segurança alimentar e hídrica dessas populações. Além disso, o desmatamento, causado principalmente pela expansão da agropecuária e atividades ilegais de extração, como o garimpo e a exploração madeireira, acelera ainda mais os efeitos das mudanças climáticas, uma vez que reduz a capacidade da floresta de absorver dióxido de carbono.
Nesse contexto, a conscientização da população local sobre o impacto das mudanças climáticas e a importância da preservação ambiental torna-se essencial para mitigar os danos causados por essas práticas. Políticas públicas voltadas para esse objetivo podem transformar a maneira como as comunidades amazônicas percebem e interagem com o meio ambiente.
Nessa perspectiva de Políticas Públicas, é válido salientar que, segundo o Caderno Técnico de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (2021), a Gestão de Riscos e Desastres (GRD) apresenta-se como uma solução promissora para a garantia da adaptação climática. Evidencia-se ainda que essas medidas variam de acordo com as necessidades de cada lugar e devem ser pensadas com a população mais impactada pelos eventos extremos. De maneira geral, os principais exemplos de medidas de adaptação são: a) desenvolvimento de sistemas de alerta preventivo; b) assistência técnica para construção e reconstrução de casas populares adaptadas e resistentes; c) recuperação de ecossistemas e criação de áreas verdes para otimizar a drenagem das chuvas; d) investimento governamental em energia limpa e eficiência energética.
No caso da Amazônia, a implementação de políticas que promovam a conscientização ambiental é uma ferramenta crucial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Essas políticas, para que sejam eficazes, devem abranger desde campanhas educativas até programas de incentivo à participação comunitária na gestão dos recursos naturais.
A exemplo de política pública com potencial transformador, tem-se a implementação de programas educacionais que incorporem a temática ambiental e climática nos currículos escolares, como estabelece o recém-sancionado Projeto de Lei (PL) nº 6.230/2023 (Brasil, 2024). Segundo Paulo Freire (1970), a educação é um processo de conscientização, e somente por meio de uma educação crítica, pautada na realidade vivida pelos indivíduos, é possível gerar uma mudança de comportamento. Ao integrar a educação ambiental nas escolas, especialmente nas regiões amazônicas, cria-se uma base sólida para a formação de cidadãos conscientes da importância da preservação do meio ambiente e preparados para enfrentar os desafios climáticos do futuro.
Vale destacar que, além da educação formal, é necessário fomentar políticas de conscientização através de campanhas e ações comunitárias que mobilizem a sociedade como um todo. Organizações não governamentais (ONGs) como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Greenpeace Brasil já desempenham um papel fundamental nesse processo, promovendo projetos de conscientização e proteção do meio ambiente na região amazônica. As ONGs atuam em parceria com comunidades locais, oferecendo suporte técnico e informativo sobre as consequências do desmatamento e a importância da floresta para o equilíbrio climático global. Assim, é essencial que as políticas públicas se alinhem a essas iniciativas e proporcionem recursos e apoio para que essas ações alcancem uma parcela ainda maior da população.
Diante disso, observa-se que a juventude possui um papel crucial no processo de conscientização e na promoção de práticas sustentáveis. A justiça climática vai além da mitigação das mudanças climáticas, ela engloba uma abordagem que busca solucionar as desigualdades sociais, econômicas e raciais exacerbadas pelos impactos ambientais. Jovens ativistas, como Greta Thunberg e Vanessa Nakate, têm utilizado suas plataformas para expor a injustiça climática, ressaltando como as populações mais vulneráveis, especialmente no Sul Global, são desproporcionalmente afetadas, mesmo sendo as menos responsáveis pela crise.
Um exemplo prático de movimento juvenil, em âmbito, nesse sentido foi idealizado pelo Greenpeace Brasil, em conjunto com o Instituto Clima de Eleição, lançando o “Adaptajuv: advocacy, adaptação e juventudes pelo clima”, um programa de formação direcionado a jovens ativistas atuantes em algumas capitais brasileiras, incluindo territórios periféricos da região metropolitana de Manaus (AM), ligados a iniciativas, coletivos ou organizações não governamentais que se conectam com a luta por justiça climática, contra o racismo ambiental e desejam incidir sobre políticas públicas capazes de enfrentar os impactos da crise climática de seus municípios. O objetivo do programa é aprofundar a compreensão dos participantes sobre a agenda de adaptação climática e fornecer as ferramentas necessárias para que se engajem e gerem efeitos positivos e políticos a nível local (Greenpeace Brasil, 2023).
Conforme Newell et al. (2021), o conceito de justiça climática reflete a interseção entre direitos humanos, desigualdade socioeconômica e os impactos das mudanças climáticas, e os jovens são fundamentais para pressionar por ações políticas que abordem essas questões de forma integrada. A juventude tem sido uma liderança em campanhas como o Fridays for Future, movimento que começou na Suécia em 2018 e se espalhou por mais de 150 países, com estudantes fazendo greves escolares para exigir políticas climáticas mais ambiciosas (UNEP, s.d).
Porém, a atuação da juventude não se limita a protestos e mobilizações de massa. Os jovens têm pressionado governos e corporações através de ações judiciais e participação em conferências internacionais. Um exemplo notável é o processo movido por jovens norte-americanos contra o governo dos Estados Unidos em Juliana v. United States, onde argumentam que a inação governamental em relação às mudanças climáticas viola seus direitos constitucionais à vida e à liberdade.
Essa estratégia de combinar mobilizações de massa com mecanismos jurídicos reflete uma nova dinâmica do ativismo juvenil. De acordo Chawla (2020), os jovens não apenas trazem uma nova perspectiva para a política climática, mas também desafiam as estruturas tradicionais de poder ao reivindicar espaços de tomada de decisão nos níveis locais, nacionais e internacionais. Eles veem as mudanças climáticas não como um problema distante, mas como uma ameaça imediata ao seu bem-estar, e estão preparados para enfrentar esse desafio de forma colaborativa e inclusiva.
Outro aspecto importante do protagonismo juvenil é sua capacidade de impulsionar a inovação. Jovens empreendedores e cientistas têm se destacado na criação de soluções tecnológicas e sociais que promovem um futuro mais sustentável. Concorda-se então que Políticas Públicas de incentivo as inovações e tecnologias limpas, quando bem formuladas e postas em prática, auxiliam na liderança de iniciativas comunitárias que promovem agricultura regenerativa e economias circulares.
Conforme Hickman et al., (2021), essa geração está mais conectada globalmente e mais disposta a adotar práticas sustentáveis em suas vidas diárias, desde o consumo responsável até o ativismo digital. Além disso, muitos jovens veem na crise climática uma oportunidade de repensar as bases do desenvolvimento econômico, propondo modelos que integram justiça social, descarbonização e resiliência climática.
Desse modo, ressalta-se que Programas de voluntariado ambiental, fóruns de discussão, e a criação de centros de inovação social e ambiental são formas eficazes de incluir os jovens nesse processo. A juventude amazônica, por estar diretamente ligada à terra e à cultura local, pode trazer novas perspectivas e soluções inovadoras para os problemas ambientais. Para isso, é necessário que os jovens tenham acesso a recursos, educação e ferramentas que lhes permitam agir de forma eficaz.
Ademais, as escolas e universidades podem desempenhar um papel essencial ao criar espaços para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e inovação voltados para a sustentabilidade ambiental. Por exemplo, projetos de reflorestamento comunitário, agricultura sustentável e o uso de novas tecnologias para monitoramento ambiental são áreas nas quais a juventude pode atuar ativamente. Políticas públicas que incentivem a criação desses espaços são fundamentais para capacitar a nova geração de líderes ambientais.
Segundo Sato (2002), as indicações estabelecidas pela Conferência de Tbilisi (1977) para a Educação Ambiental, enfatizando que “as universidades são vistas como centros de pesquisa, ensino e formação de recursos humanos para as nações, devendo implementar programas de Educação Ambiental, não apenas nas ciências ecológicas, mas em todas as áreas sociais, naturais e educativas”. Isso se deve ao fato de que as interações entre natureza, tecnologia e sociedade são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer civilização.
A Educação Ambiental é uma modalidade ampla de educação, com o objetivo de alcançar todos os cidadãos por meio de um processo participativo envolvendo alunos e professores, não restrito às escolas, mas aplicável em qualquer contexto da sociedade atual. A intenção é promover uma conscientização crítica acerca das questões ambientais em uma sociedade em constante mudança e transformação (Gould, 2004). Com o aumento do envolvimento da população com novas tecnologias e a expansão dos cenários urbanos, a conexão natural que as pessoas tinham com a terra e suas culturas tem sido gradativamente perdida.
Portanto, observa-se que crise climática é uma realidade que exige ações urgentes e coordenadas. A Amazônia, um dos ecossistemas mais importantes do planeta, está sob ameaça direta das mudanças climáticas e da ação humana. Políticas públicas que visem à conscientização da sociedade amazônica sobre a importância da preservação ambiental e o impacto das mudanças climáticas são fundamentais para mitigar os danos e promover um futuro sustentável.
Em termos de perspectivas futuras, o envolvimento crescente da juventude em fóruns internacionais, como a Conferência das Partes da ONU, demonstra que o movimento juvenil por justiça climática está longe de ser passageiro. A pressão contínua que exercem sobre líderes globais e empresas cria um ambiente no qual políticas climáticas progressistas têm mais chances de serem implementadas. E, com essa Conferência sendo sediada em Belém no ano de 2025, a COP 30, tem-se a chance de demonstrar, in loco, a importância da região para a sobrevivência do planeta.
Desse modo, resta-se evidente então que a juventude tem um papel central a desempenhar como agentes de transformação. Por meio de políticas que incentivem a educação ambiental, o engajamento comunitário e a inovação social, é possível capacitar a nova geração para enfrentar os desafios ambientais de forma eficaz. A colaboração entre governos, ONGs, instituições de ensino e as comunidades acadêmicas e locais é essencial para garantir que a Amazônia continue sendo um recurso vital para o equilíbrio climático global.
Assim, demonstra-se que o protagonismo juvenil na garantia da justiça climática é fundamental, tanto em termos de pressão política quanto de inovação e visão de futuro. Jovens de todo o mundo, por meio de suas ações e movimentos, estão redefinindo o conceito de justiça climática e exigindo que a equidade e os direitos humanos estejam no centro das discussões sobre o clima. Reconhecer e apoiar esse protagonismo é essencial para garantir uma transição justa e sustentável para todas as gerações.
CONCLUSÃO
O protagonismo da juventude amazônida surge como uma força vital na luta por justiça climática em um contexto em que os desafios ambientais se sobrepõem às questões sociais, econômicas e culturais. A Amazônia, sendo um dos biomas mais importantes e ameaçados do planeta, está em uma encruzilhada, enfrentando desmatamento acelerado, degradação dos ecossistemas e os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Nesse cenário, a juventude das capitais amazônicas tem se mobilizado de maneira cada vez mais intensa e organizada, reconhecendo que o futuro da região e, em última instância, o equilíbrio climático global, depende de ações urgentes e coordenadas. No entanto, o fortalecimento desse protagonismo juvenil requer a implementação de políticas públicas que não só incentivem a participação dos jovens, mas que também garantam estruturas sólidas para que suas vozes sejam ouvidas e seus esforços sejam amplificados.
A justiça climática é um conceito que vai além da preservação ambiental, conectando as questões ecológicas com a equidade social. Nas capitais amazônicas, onde a população convive diretamente com os efeitos da degradação ambiental, como poluição, insegurança alimentar e desastres naturais cada vez mais frequentes, a necessidade de políticas públicas que promovam a justiça climática é inegável. Essas políticas devem ser inclusivas, levando em consideração as especificidades regionais e culturais, e devem promover uma distribuição mais justa dos impactos e benefícios das ações climáticas.
Ao longo deste estudo, ficou evidente que a juventude amazônida está não apenas ciente da gravidade da crise ambiental, mas também profundamente engajada em buscar soluções para os problemas que afetam suas comunidades. Movimentos e organizações juvenis têm ganhado força, especialmente nas capitais da região, onde jovens lideram campanhas de conscientização, protestos, projetos de reflorestamento e iniciativas educacionais. No entanto, apesar dessa mobilização, a falta de apoio institucional e de políticas públicas efetivas muitas vezes limita o alcance e a eficácia dessas ações.
Para que o protagonismo juvenil seja verdadeiramente transformador, é essencial que os governos locais e nacionais criem e implementem políticas públicas voltadas para o empoderamento da juventude em sua luta por justiça climática. Essas políticas devem incluir programas educacionais que promovam a conscientização sobre as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável, a criação de espaços de participação política para os jovens e o apoio financeiro e técnico para iniciativas juvenis voltadas à preservação ambiental. Além disso, é necessário que os jovens sejam inseridos nos processos de tomada de decisão em nível local, regional e nacional, de modo que suas preocupações e propostas possam ser incorporadas às políticas climáticas de maneira significativa.
Outra dimensão crucial para a efetividade das políticas públicas é o fortalecimento das parcerias entre o governo, a sociedade civil e as organizações não governamentais (ONGs). Instituições como o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace e outras organizações que atuam na região amazônica já possuem experiência em trabalhar com as comunidades locais e podem servir como pontes entre os jovens e o poder público. Essas parcerias têm o potencial de gerar programas mais coesos e eficazes, capazes de responder às demandas específicas da juventude amazônida.
Além disso, é fundamental que as políticas públicas para justiça climática considerem o papel da cultura e do conhecimento tradicional das populações indígenas e ribeirinhas da Amazônia. Muitos jovens amazônidas têm raízes profundas nessas comunidades e estão em uma posição única para promover a integração entre o conhecimento tradicional e as inovações tecnológicas e científicas. A valorização dessas práticas pode oferecer soluções sustentáveis e respeitosas para a preservação ambiental, fortalecendo ainda mais a atuação dos jovens na região.
Ademais, a justiça climática nas capitais amazônicas requer um compromisso claro com a redução das desigualdades sociais e econômicas que agravam os impactos ambientais. O desmatamento e a poluição afetam de maneira desproporcional as populações mais vulneráveis, muitas das quais são formadas por jovens. Portanto, políticas públicas que incentivem o acesso à educação de qualidade, a promoção de tecnologias limpas e, uma gestão integrada de risco e desastres (GRD) eficiente, são essenciais para garantir que a população amazônida possa construir um futuro mais justo e sustentável para si e para suas comunidades.
Outrosim, os jovens da Amazônia não podem ser vistos apenas como um grupo que demanda mudanças, mas como grupo capaz de liderar a transformação necessária para enfrentar a crise climática. Seu envolvimento ativo nas discussões sobre o futuro da Amazônia e sua participação nas decisões políticas que afetam a região são fundamentais para que se alcance uma verdadeira justiça climática. O futuro dessa região, e por extensão, o equilíbrio climático do planeta, depende da capacidade de capacitar e apoiar essa juventude, garantindo que suas ideias e esforços sejam traduzidos em políticas públicas eficazes e duradouras.
Por fim, ao reconhecer esse grupo como agente de grande potencial transformador, e de promover a criação de políticas públicas voltadas para a justiça climática, o Brasil não só estará respondendo às demandas locais e regionais, mas também assumindo um papel de liderança global na luta contra as mudanças climáticas. O desafio que se coloca é imenso, mas a mobilização dos jovens e o compromisso com a implementação de políticas inclusivas e sustentáveis são o caminho para garantir que a Amazônia e suas capitais permaneçam resilientes e prosperem diante dos desafios climáticos deste século.
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