O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E O EMPREGO DE TERMINOLOGIAS NO CONTEXTO DA CRIANÇA

THE PROCESS OF LANGUAGE ACQUISITION AND THE USE OF TERMINOLOGIES IN THE CHILD’S CONTEXT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10529751


Frank de Sousa Santos 1
Ana Claudia Castiglioni 2
Maria José de Pinho 3


Resumo: Este Artigo, intitulado “O processo de aquisição da linguagem e o emprego de terminologias no contexto da criança” tem por objetivo analisar o emprego de termos especializados em uma cartilha produzida por adultos às crianças inseridas no processo de aquisição da linguagem. Sobre esta aquisição posicionamos os fundamentos da Neurociência Cognitiva e da Psicopedagogia e da abordagem sociointeracionista da linguagem. Para a discussão sobre terminologia, apresentamos definições e características sob a ótica da Teoria Comunicativa da Terminologia que estabelece a relação entre o emprego do termo e a prática social. Na secção posterior, desdobramos as discussões analíticas do uso de palavras especializadas na cartilha “A internet segura do Menino Maluquinho” (2010), produzida pela F-Secure Brasil. E, nas Considerações Finais, desenvolvemos uma síntese dos estudos realizados. Destacam-se, no aporte teórico, os autores: BAGNO (2017), BOSSA (2011), COSTA, CABRÉ, ZAVAGLIA (2018), FAULSTICH, (2013), GODOY, SENNA (2011), GÓMEZ, TERÁN (2009), GOULART (2015), VYGOTSKY (2001).

Unitermos: Aquisição da Linguagem. Criança. Interação Sociocomunicativa e Linguística. Terminologia.

ABSTRACT: This article, entitled “The process of language acquisition and the use of terminologies in the child’s context” aims to analyze the use of specialized terms in a booklet produced by adults for children inserted in the language acquisition process. On this acquisition we place the foundations of Cognitive Neuroscience and Psychopedagogy and the socio-interactionist approach to language. For the discussion on terminology, we present definitions and characteristics from the perspective of the Communicative Theory of Terminology, which establishes the relationship between the use of the term and social practice. In the subsequent section, we unfold the analytical discussions of the use of specialized words in the booklet “A internet Segura do Menino Maluquinho” (2010), produced by F-Secure Brasil. And, in the Final Considerations, we develop a synthesis of the studies carried out. The following authors stand out in terms of theoretical support: BAGNO (2017), BOSSA (2011), COSTA, CABRÉ, ZAVAGLIA (2018), FAULSTICH, (2013), GODOY, SENNA (2011), GÓMEZ, TERÁN (2009), GOULART (2015), VYGOTSKY (2001).

Keywords: Language Acquisition. Child. Sociocommunicative and Linguistic Interaction. Terminology.

1. Introdução

Há anos pesquisas são elaboradas e reelaboradas sobre o processo de aquisição da linguagem, a fim de explicarem os fenômenos que influenciam essa aquisição, desde teorias que exprimem o condicionamento operante até as que expressam as relações entre cognição e prática social.

A criança, em plena condição bio-psicognitiva e relacionada com o contexto sociocultural, gradativamente se desenvolve, passando a dominar as múltiplas linguagens. O uso de terminologias são frequentes no cotidiano infantil que colaboram para a construção de seu repertório linguístico.

Este Artigo toma como objetivo analisar o emprego de termos especializados em uma cartilha produzida por adultos às crianças inseridas no processo de aquisição da linguagem.

A referida cartilha, “A internet segura do Menino Maluquinho” (2010), produzida pela F-Secure Brasil, foi utilizada como um dos materiais no Projeto Social Mirim Digital, desenvolvido na/pela Comunidade Católica Sagrada Família, em Parauapebas/PA, no ano de 2019 (março a junho). Este Projeto objetivou a inclusão social e digital de crianças e adolescentes vulneráveis socialmente, oportunizando o curso básico de informática e utilização de mídia, sob a perspectiva de uma educação inclusiva, sendo atendidos 25 cidadãos entre 9 e 13 anos de idade.

Para efeitos de uma análise consistente, faz-se pertinente, primeiramente, postular sobre os pressupostos teóricos que cercam a aquisição da linguagem, numa concepção mais crítica e que apresenta o aspecto social como marco para o desenvolvimento humano. Posterior, discutiremos sobre definições e caraterísticas de terminologia sob a perspectiva de uma ciência aberta e comprometida com a prática social. Na secção 4, promoveremos uma análise, à luz de estudos neurocogntivos, psicopedagógicos e sociointeracionistas, do emprego de termos especializados numa narrativa infantil, produzida por adultos. Na última secção, discutiremos a respeito das considerações formuladas deste estudo.

Quando e como adquirimos a linguagem? É muito provável que esta questão já passou, pelo menos uma vez, por sua visão, assim como de muitos cientistas. Talvez, este questionamento tenha até um caráter (pré)histórico que atravessou o tempo e as sociedades e nos deparamos a perguntar de novo: como ocorre o desenvolvimento da aquisição da linguagem?

2. Processo de aquisição da linguagem

O bebê, ainda no ventre materno, por volta da 22ª semana de gestão, começa a reconhecer sons externos, especialmente a voz da mãe, que, em processo progressivo, passa a sentir, ouvir e reagir aos estímulos sonoro e táctil. Seria, aqui, a gêneses da aquisição da linguagem?

Ao nascer, espontaneamente o bebê chora para abrir os pulmões e expulsar o líquido que estava dentro deles, trocando-o por oxigênio; se não for espontâneo, a indução médica é necessária. Depois, chora ao sentir fome, sede, dor, frio, calor etc. Seria, então, a aquisição da linguagem a partir do nascimento?

Em meio a emaranhado construto científico, as pesquisas têm-se concebidas e, continuamente, desenvolvidas em caminhos convergentes e divergentes acerca do processo de aquisição da linguagem: quando, como e por que adquirimos a linguagem? Estudos caminham para um processo natural, uma vez que biologicamente é especificado no genoma humano. Outros, entendem como um processo cultural, já que é aprendida socialmente com os pares, embora esteja embasada na capacidade elevada de inteligência do ser humano (GODOY, SENNA, 2011, 39).

O processo de aquisição da linguagem emerge antes ou após o nascimento? E, afinal, o que é linguagem?

Primeiramente, conceituamos o termo linguagem para, só, então, respondermos à questão anterior. Literalmente, segundo o Dicionário Contemporâneo de Língua Portuguesa (2011), linguagem é:

1. Sistema de sinais usados pelo homem para expressar seu pensamento tanto na fala como na escrita; […] qualquer sistema de sinais, ou signos, através dos quais dois seres se comunicam entre si para transmitir e receber informações, avisos, expressões de emoção ou sentimento etc. […] (AULETE, 2011, p. 859).

Levando em consideração a acepção de Bagno (2017), a linguagem é compreendida sob dois aspectos interdependentes: faculdade cognitiva e sistema de signos. Respectivamente, assim, pontua:

[…] faculdade cognitiva da espécie humana que permite a cada indivíduo representar/expressar simbolicamente sua experiência de vida, assim como adquirir, processar, produzir e transmitir conhecimento. […] todo e qualquer sistema de signos empregados pelos seres humanos na produção de sentido, isto é, para expressar sua faculdade de representação da experiência/conhecimento (p. 230).

Em relação dialógica, ponderamos que a linguagem é um sistema processual de construção/desconstrução/reconstrução de sentidos, significados, sinais e códigos que permite estabelecer um elo de interação comunicacional entre os seres humanos, possibilitando-os a compreensão e expressividade de informações e sentimentos e a aquisição e a produção do conhecimento, dentro de um determinado contexto histórico-sociocultural.

Neste sentido, o bebê ao mexer-se dentro do ventre quando ouve a voz materna ou quando sente o toque da mão paterna na barriga da mãe, é uma relação comunicacional, num dado contexto com significados próprios e pertinentes ao processamento da linguagem humana. A aquisição, portanto, da linguagem tem sua gênese mesmo antes do nascimento.

Os estudos que se debruçam sobre este processo, como já dito, convergem e divergem, mas também se apresentam com pontos basilares desde os estudos do Behaviorismo de John Watson, seguido por Burrhus Skinner[1], passando pelo linguista Noam Chomsky[2] até os postulados de Jean Piaget[3] e Lev Vygotsky, observamos coerentemente ponderações que, de certa forma, estabelecem um horizonte para as pesquisas linguísticas e educacionais.

Em Vygotsky (1995), a linguagem é concebida como um organismo ativo, cujo pensamento é construído gradativamente num meio social, cultural e histórico; não descarta os aspectos biológicos para o desenvolvimento, porém, não são decisivos. Afirma que ao passo que a criança se apropria da linguagem na interação com o outro, torna-se capaz de controlar o ambiente, relacionando-se diferentemente com este e organizando seu comportamento intelectualmente. Assim,

A linguagem surge inicialmente como um meio de comunicação entre a criança e as pessoas em seu ambiente. Somente depois, quando da conversão em fala interior, ela vem a organizar o pensamento da criança, ou seja, torna-se uma função mental interna (VYGOTSKY, 1995, p. 177).

Isto é, o desenvolvimento cognitivo e o processo de socialização infantil estão interligados à aquisição da linguagem, ao passo que a criança, gradativamente, vai se apropriando dos instrumentos mentais construídos historicamente pelo ser humano, a partir da interação social com o adulto e de sua vivência na sociedade. Sob a perspectiva histórico-cultural, essa aquisição perpassa por três importantes etapas: Linguagem Social, Linguagem Egocêntrica e Linguagem Interior.

A Linguagem Social consiste no ato de comunicação e no processo de interação social, sendo, pois, um recurso naturalmente social, conforme aponta Vygotsky (2001): “A função primária da linguagem é comunicar, relacionar socialmente, influenciar os circundantes tanto do lado dos adultos quanto do lado da criança. Assim, a linguagem primordial da criança é puramente social” (p. 63).

Em segundo momento, na fase da Linguagem Egocêntrica a criança raciocina consigo, desempenhando em sua atividade uma função própria. Esta operação linguística parte do externo para o interno em contextos sociais diversos, ampliando seu repertório em situações de conflito/perturbações[4]. Vygotsky (2001, p. 63 – 64) declara que a “linguagem egocêntrica surge com base na linguagem social, com a criança transferindo for­mas sociais de pensamento e formas de colaboração coletiva para o campo das funções psicológicas pessoais”.

Por conseguinte, da Linguagem Egocêntrica, a criança passa a externalizar verbalmente o que reflete, pensa e indaga; das suas atividades internas para as externas, relacionadas estreitamente ao pensamento. Aqui, temos a etapa denominada de Linguagem Interior.

Atualmente, presenciamos várias correntes teóricas fundamentadas nos estudados citados e que dão uma continuidade nas pesquisas, uma vez que este processo é complexo. Entre essas correntes, apontamos as pesquisas da Neurociência Cognitiva, cujos estudos estão voltados às capacidades mentais mais complexas como aprendizagem, linguagem, memória e planejamento. Esta área tem fomentado grandes avanços teóricos e práticos em ouras áreas do conhecimento como a Psicologia, a Linguística, a Pedagogia, a Filosofia, a Medicina, a Psicopedagogia, entra tantas.

No campo da Psicopedagogia, sendo esta uma ciência interdisciplinar que estuda o processo de aprendizagem humana em todas as suas condições (BOSSA, 2011, 34), a Neurociência Cognitiva ajuda a entender como os sujeitos adquirem a linguagem, sendo esta considerada pela Psicopedagogia como um processo de aprendizagem, no qual fatores biológicos, psíquicos, cognitivos, linguísticos, socioculturais e pedagógicos estão envolvidos.

A aquisição da linguagem exige o alinhamento de diversas funções e aptidões, como também a intervenção de diferentes órgãos. Este processo relaciona-se com o desenvolvimento neural e psicomotor e com a evolução cognitiva e as funções superiores, dentro de um contexto social, marcado pela afetividade, pelos sentimentos e pelo pensamento, conforme apontam Gómez e Terán (2009):

[…] Por um lado está ligada à evolução e maturação cerebral e ocorre com base na coordenação de órgãos bucofonatórios. Por outro lado, esta aquisição não ocorre como um fato isolado: ocorre intimamente relacionada com os progressos no desenvolvimento psicomotor e na evolução cognitiva. Intervêm, além disso, as funções nervosas superiores, a interação com o entorno, fatores sociais e culturais, afetivos e emocionais e o pensamento (p. 61).

Os autores supracitados, ainda, afirmam que é necessário observar as Janelas de Oportunidade de acordo com a maturação do cérebro da criança, ou seja, são mais sensíveis ao aprendizado por consequência da agilidade e da facilidade de aprendizagem. Essas Janelas são

são períodos importantes nos quais o cérebro responde a certos tipos de estímulos para criar ou consolidar conexões nervosas. As janelas são períodos de desenvolvimento sensíveis onde a estimulação ambiental é mais eficiente para obter mudanças […] (GÓMEZ, TERÁN, 2009, p. 42).

A criança, à medida de suas relações sociointeracionais e o amadurecimento do seu sistema bio-neuropsíquico, gradativamente passa a se desenvolver, construindo um repertório de linguagens sólido e significativo. Segundo as Janelas de Oportunidade, o período de 0 a 10 anos de idade é propício ao desenvolvimento da linguagem e, de 0 a 6 anos, ideal para a aquisição do vocabulário.

Na evolução da linguagem, citando Gómez e Terán (2009, p. 64-66), duas etapas são evidenciadas: a pré-linguística e a linguística (ou semiótica). A Pré-linguística corresponde às primeiras manifestações verbais até por volta dos 12 meses de idade – choro, gritos, arrulho ou balbucio, reconhecimentos sonoros familiares, repetição de sons e de monossílabos, linguagem gestual e os sinais de compreensão verbal; na etapa Linguística, a criança tende a duplicar o som monossilábico, melhoramento das articulações fonéticas, produz a palavra-frase (usa uma palavra geral para expressar sentimentos, pedidos, desejos etc.), nomeia as coisas, elabora frases curtas e, depois, longas, as linguagens vão fazendo sentido, aumento da quantidade de palavras, aperfeiçoamento da construção léxico-semântica etc.

O próximo quadro síntese ajuda-nos a visualizar este desenvolvimento:

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM INFANTIL
  De 0 a 1 anoReconhecimento do adulto como interlocutor privilegiado. Estabelecimento de um circuito de comunicação rudimentar. Exercícios fonéticos – arrulho.
    De 1 a 2 anosAs primeiras palavras produzidas seguem à distância as primeiras compreendias. Aumento quantitativo e qualitativo do léxico. Desenvolvimento fonológico. As palavras-frases: expressões das primeiras expressões semânticas.
  Dos 2 a 3 anosOs enunciados de várias palavras. A ontogênese da frase: desenvolvimento do sintagma nominal e do sintagma verbal. Progresso na marcação formal dos diferentes tipos de frases.
    Dos 3 a 4 anosDesenvolvimento fonológico: domínio progressivo de sons mais complexos. Aspecto e tempo. Quantificação e qualificação. Artigos e pronomes. Advérbios e preposições.
  Dos 5 a 6 anosDesenvolvimento de frases mais complexas, narrações e conversações. Aperfeiçoamento na construção gramatical.
  Dos 6 a 7 anosCapacidade de imitar qualquer som do idioma. Expressa claramente o essencial dos acontecimentos. Realiza adequadamente a concordância entre sujeito e verbo, concordância de tempos entre orações.
  Dos 7 a 8 anosProduz as primeiras orações passivas. Começa a compreender que um mesmo fato pode ser descrito de pontos de vista diferentes.
Dos 8 anos …Aprimoramento gradativo do sistema linguístico: verbal e escrito.

FONTE: adaptado de Gómez e Terán, 2009, p. 66-67.

Importante pontuar que a linguagem, ao mesmo que é individual, também é de domínio coletivo e que sua aquisição é um processo contínuo, exigindo fatores internos e externos à criança. É por meio da linguagem que aprendemos e nos desenvolvemos, tornando-nos capazes de intervir na própria realidade, sendo a linguagem, pois o meio viável pelo qual “[…] nos é possível tomar consciência de nós mesmos e de exercer o controle voluntário de nossas ações” (GÓMEZ, TERÁN, 2009, 68).

Como vimos, a criança, ao longo de sua história, mesmo protagonizando o seu próprio desenvolvimento, percorre um longo caminho para a efetivação da linguagem, passando pelos aspectos biofisiológicos e maturação neuro-psicognitiva, pelo contexto social e cultural que ela faz parte e pelas próprias relações de interação comunicacional e linguística.

E, nesse longo caminho, a criança tem contato com as mais variadas linguagens, entre elas a linguagem especializada que, cotidianamente, insere-se no seu repertório linguístico e torna-se uma prática social do uso de termos específicos ao seu grupo social. De qual linguagem especializada falamos? De qual termos específicos tratamos?

3. Terminologia: definição e características

Numa visão reducionista e, logo de início, já podemos afirmar que terminologia é a área do conhecimento que estuda os termos. Num conceito descrito no Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, encontramos:

1. O conjunto de termos de uma arte, ciência, profissão etc.; […] 3. Uso de termos peculiares a um autor; 4. Estudo que identifica e delimita os conceitos peculiares de qualquer ciência, arte, profissão etc. e a designação de cada um deles por um determinado termo. (AULETE, 2011,1328).

Nestas conceituações, percebemos que os estudos terminológicos estão relacionados aos usos específicos de termos em determinadas áreas como profissão, arte, ciência, literatura/autor, grupo social entre outras. Também nos remota a uma linguagem tão específica que chega a fomentar, cada vez mais, o abismo entre o grupo “letrado” e o “iletrado”, como preconiza a tradicionalidade da “língua padrão”. 

Nesta vertente, os termos são usados para as nomeações específicas, de forma a fundamentar literalmente sua aplicabilidade em situações especializadas de comunicação, sem flexibilidade e sem relação aos fenômenos linguísticos ali existentes, como discorrem Costa, Cabré e Zavaglia (2018):

De acordo com essa concepção, os termos deveriam ser considerados como unidades estanques e dissociadas de seu contexto de produção, além de uniformes e relacionados biunivocamente, correspondendo somente a uma denominação e vice e versa (p. 163).

Visitando a literatura específica, notamos que a definição para terminologia recebe um tratamento mais crítico e significativo, inter-relacionado com os aspectos históricos, sociais e culturais das mais variadas áreas da sociedade, deixando o paradigma reducionista para uma visão reflexiva, profunda e aberta às demandas linguístico-comunicativas dos usuários da língua. 

Nos estudos de Enilde Faulstich (1998), renomada cientista linguista da Universidade de Brasília/Brasil, já afirmava que a utilização de termos faz parte da vida diária de todos os sujeitos, cuja efetiva participação encontra-se nos contextos de interação sociocomunicativa. Sendo assim, não se pode afirmar que o uso dos termos se dá somente em uma comunicação especializada, realizada por poucos ou mesmo por “falantes especializados”, mas sim, afirmamos que tal uso se efetiva em um construto linguístico e comunicativo segundo os contextos dos falantes.

Nesta constituição do inventário terminológico em situações conversacionais, “[…] cerca de 80% do vocabulário é constituído de termos específicos de acordo com o contexto em que se desenvolve a comunicação […]” (FAULSTICH, 1998, in FAULSTICH, 2013, p. 66) e, por isso, não há como simplificar a sua funcionalidade somente a grupo específicos, uma vez que as terminologias estão presentes no vocabulário prático do cotidiano de todos.

Faulstich (2013. p. 66), portanto, explica que terminologia é:

1. Conjunto de palavras técnicas pertencentes a uma ciência, atividade profissional, pessoa ou grupo social. 2. Disciplina linguística dedicada ao estudo científico dos conceitos e dos termos usados nas linguagens de especialidade. 3. Disciplina que estuda a forma e o conteúdo dos termos com base nos significados que adquirem no uso, em linguagens de especialidade […] descreve os fenômenos das linguagens de especialidade.

Constatamos, dessa forma, que a terminologia tem mais a ver com os reais usos, valorados e significativos à comunidade de fala[5], do que, simplesmente a termos técnicos. As linguagens de especialidades se fazem presentes, natural e socialmente, no decorrer da formação e do desenvolvimento do sujeito enquanto um ser biológico, histórico, cultural e linguístico, dentro de contextos conversacionais especializados àquela comunidade.

Articulando-se aos pressupostos estabelecidos, verificamos que Maria Tereza Cabré, conceituada cientista linguista da Universidade Pompeu Fabra/Espanha, em sua Teoria Comunicativa da Terminologia, os termos são analisados a partir de seus verdadeiros usos, considerando toda a sua riqueza e complexidade, passando a ser compreendidos como “[…] unidades dinâmicas e passíveis de mudança e evolução, inseridas em um contexto de discurso especializado (COSTA, CABRÉ, ZAVAGLIA, 2018, p. 163).

Em entrevista à Revista Fórum Linguístico (2020), ao ser questionada sobre a importância da compreensão de que a terminologia está presente diariamente em nossas vidas, Cabré (2020) esclarece o seguinte:

Simplemente debemos ser conscientes que siempre que tratamos de información especializada, ya sea para clasificarla, reseñarla, enseñarla, etc., los términos son omnipresentes. Si vamos a un establecimiento comercial aquello que pedimos, la unidad léxica que utilizamos para pedir un producto es un término si está colocada en una parrilla de conocimiento preciso. Cuando buscamos un libro sobre una materia, los descriptores que utilizamos para localizar la obra desde el punto de vista de su contenido, también es un término (p. 5169).

Nas palavras dela, os termos estão onipresentes em todas as situações, lugares, diálogos, contextos, nos quais seres humanos lidam com informações especializadas, desde a compra de um produto no comércio até o assunto procurado num livro, por exemplo. Nessas e outras situações, a interação sociocomunicativa e linguística exige de seus atores o conhecimento preciso daquilo que se discursa e eis aí a onipresença dos termos. Portanto, nós, sujeitos da fala, devemos, sim, ter a consciência da prática social das terminologias.

A autora supracitada discorre, ainda, que trata de terminologia com uma visão holística da especificidade que envolve o processo de utilização dos termos e não com uma visão fechada, rígida e monolítica que relaciona terminologia com padronização.

A concepção defendida, aqui, é aquela que compreende a terminologia como diversa, plural e multifuncional, adequando-se ao meio social, conforme os propósitos específicos estabelecidos nos seios das comunidades e de suas relações. Dessa forma, Cabré (1995, p. 02) reafirma que:

[…] para mi, la terminología, aunque pueda parecer extraño a quienes sólo la relacionan con la estandarización o la normalización, es por encima de todo representativa de la diversidade […] Lejos estoy pues de esa concepción monolítica y rígida de la terminología tan difundida por los países centroeuropeos, y cerca de los que abogan por una terminología diversa, adaptada al médio en que se trata y concebida de acuerdo con finalidades específicas; por cuanto creo que en el transfondo de la terminología no existe más que pluralidad, diversidad y multifuncionalidade […].

Convergentemente, a terminologia é uma ciência interdisciplinar que traz em sua investigação a sensibilidade, a reflexão e a criticidade aos fenômenos históricos, sociais, culturais, linguísticos e comunicacionais que se interseccionam com a prática social das linguagens de especialidade desenvolvidas nos seios das comunidades de fala, cujos termos presentes estão.

Retomando a aquisição da linguagem, acrescido da utilização de terminologias no dia a dia, a criança se constitui enquanto um sujeito aprendente[6] que, de forma ativa, está locada num dado momento histórico, num determinado contexto social e cultural e numa específica relação de interação comunicativo-linguística com seus pares, já que “Na conversa com crianças e na conversa de crianças entre si, o emprego de terminologias é frequente […]” (FAULSTICH, 2013. p. 67).

Por isso, a importância de práticas interventivas adequadas à realidade da criança: diálogos entre adultos e crianças, processo de escolarização, material didático escolar, mídias sociais, artes, literatura etc. A relação semântica entre o termo e aquilo que se expressa precisa ser significativo à criança para que o processo de aquisição da linguagem seja perturbado. Sendo assim, propusemos a análise de um material literário e informativo produzido por adultos, destinado às crianças, com foco no uso (in)adequado de termos especializados ao universo infantil.

4. Potencialidades ou limitações à aquisição da linguagem

Após essa revisão literária, chegamos ao ponto-chave desses escritos: analisar os termos empregados num material literário e informativo destinado às crianças, cuja empregabilidade é (in)adequada ao processo de aquisição da linguagem.

O material de estudo é uma cartilha denominada “Internet Segura do Menino Maluquinho” (2010), produzida e distribuída pela F-Secure Brasil, com ilustrações do grande artista Ziraldo A. Pinto, cujo objetivo é informar às crianças o perigo de utilizar a internet sem segurança. A F-Secure Brasil, sendo uma empresa de segurança cibernética, propôs uma narrativa que conta a história de uma criança – o famoso Menino Maluquinho – que, ao conectar o computador à internet, passa a jogar e navegar pela web, sem a devida preocupação com a segurança.

Para efeito de discussão, observamos o seguinte aspecto: o texto produzido pelos adultos está adequado à realidade da criança. Por questões metodológicas, apresentaremos os termos especializados da área da ciência da computação empregados no texto, no qual, seus significados literais estarão em nota de rodapé. Em seguida, os comentários serão expostos.

As terminologias encontradas foram:

  • banda larga[7] à “– Oba! Já instalaram a banda larga no computador!” (p. 03);
  • ciberespaço[8] à “– Para navegar no ciberespaço não basta ter velocidade” (p. 04);
  • cibernética[9] à “– Eu sou da Patrulha Cibernética” (p. 05);
  • vírus[10] à “– Ele protege contra os novos vírus que surgem a cada dia” (p. 08);
  • link[11], e-mail[12] à “– Nem clicar nos links desses e-mails estranhos” (p. 13);

Os aparatos tecnológicos/digitais, sem dúvidas, fazem parte do universo infantil, compondo o seu construto social e linguístico. Outros termos como virtuais, 3D, games, internet, entre outros, comumente falado e divulgado, devem fazer mais sentido para as crianças, uma vez que são corriqueiros nas comunidades de fala.

Por outro lado, quando observamos as palavras especializadas – banda larga, ciberespaço, cibernética, vírus, link e e-mail – e seus respectivos significados, já nos deparamos com uma linguagem especializada bem acentuada, no sentido de ser escrita para adultos que lidam com o conhecimento técnico da ciência da computação e não para crianças que estão em processo de aquisição da linguagem.

Esses termos provocam efeito contrário ao que defendemos até o momento. Fugindo da realidade que cerca a criança e de suas relações, uma das definições tradicionais sobre terminologia vem à tona: “[…] pode denominar o conjunto das unidades terminológicas de um âmbito especializado, tais como Botânica, Medicina, Química, entre outros” (COSTA, CABRÉ, ZAVAGLIA, 2018, 165).

Neste sentido, a criança não consegue relacionar o termo com o sentido nem perceber a ideia implícita ou explicita dentro daquela narrativa. A habilidade de compreensão e interpretação textuais ficam prejudicadas, criando um abismo entre abstrato/concreto, codificação/decodificação e significante/significado.

A perspectiva sociointeracionista de aquisição da linguagem requer que a criança tenha relação direta com o contexto de fala, cujo desenvolvimento linguístico se dará nesta interação. Considera, ainda, que toda criança alcançará a linguagem completamente a partir de sua maturação biofisiológica, conforme disseram Godoy e Senna (2011, 67):

[…] a criança e seu ambiente de fala representam um sistema dinâmico: a criança se beneficia do ambiente e, ao mesmo tempo, exige dele mais dados necessários para se desenvolver linguisticamente. […] Os sociointeracionistas reconhecem que os seres humanos são fisiologicamente especializados para o uso da linguagem e que a criança só pode adquirir a linguagem quando atinge um certo nível do desenvolvimento cognitivo.

Dessa forma, afirmamos que o propósito do texto “Internet Segura do Menino Maluquinho” não fora alcançado ou, pelo menos em partes, já que a interação entre a criança (leitora ou ouvinte) e o texto foi problematizada pelo emprego dos termos já destacados, além de serem de uma complexidade conceitual e que necessita de um conhecimento técnico na área, o autor da narrativa não elaborou nenhuma explicação para as palavras especializadas.

Se, por exemplo, o termo vírus tivesse sido explicado coerentemente à linguagem da criança, certamente ela refletiria sobre a pluralidade semântica do termo, fazendo analogia a outro tipo de vírus, e, consequentemente, haveria o desenvolvimento do seu repertório linguístico, como bem tratamos na secção 2 sobre as Janelas de Oportunidade.

A própria utilização de palavras especializadas inadequadas à linguagem infantil e a ausência de exposições conceituais dessas palavras, estabelecem um distanciamento entre o leitor (a criança) e o texto (a narrativa), gerando dificuldades no processo de aquisição da linguagem.

Entendemos que o emprego de terminologias em situação de aquisição e formação do sistema linguístico (e em outras situações) permite além do que a simples codificação, é o processo de decodificação, compreensão e interpretação das palavras especializadas e dos contextos em que estão inseridas (COSTA, CABRÉ, ZAVAGLIA, 2018, 165).

De certo, não podemos julgar que a literatura analisada nada contribuiu com a aquisição da linguagem por parte da criança. Pelo contrário, há pontos relevantes para esta aquisição. O texto escrito e o texto imagético se relacionam nas tramas da narrativa, potencializando os processos neurocognitivos e psicopedagógicos do ato de aprendizagem. A construção lógico-semântica também provoca um certo grau de desenvolvimento social, intelectual e linguístico na criança. As marcas discursivas e do próprio gênero textual subsidiam a produção escrita que mais à frente estará como vértice das múltiplas linguagens. O referencial apresentado provoca, sim, uma reflexão crítica sobre a segurança no ciberespaço.

Assim, afirmamos, com ressalva, que a cartilha “Internet Segura do Menino Maluquinho” aguça as funções neurais e cognitivas, estabelecendo um elo entre a realidade sociocultural da criança e a ficção e que, nesta interação, progressivamente desenvolve a linguagem. Logo, “[…] uma integridade neurológica também é de vital importância para o desenvolvimento da linguagem. Por sua vez, as habilidades cognitivas desenvolvem-se em intima relação com as competências linguísticas […]” (GÓMEZ, TERÁN, 2009, 63).

No que compete à ressalva, reafirmamos que o emprego dos termos banda larga, ciberespaço, cibernética, vírus, link e e-mail, permitiram lacunas no processo de aquisição da linguagem. Sob o olhar atento da Teoria Comunicativa da Terminologia, tais termos não colaboraram para uma relação estreita da empregabilidade do termo e sua interface social; no prisma da Neurociência Cognitiva e da Psicopedagogia, a aprendizagem sofreu uma defasagem no momento que não houve conexão das palavras especializadas com o significado concreto ao entendimento da criança e; na abordagem sociointeracionista, a falha ocorreu quando os elementos terminológicos não fizeram sentido no inventario linguístico da criança.

6. Considerações finais

Não há dúvidas que a aquisição da linguagem é processual e dinâmica, individual e coletiva, biológica e social, psíquica e cognitiva.

Fatores internos – organismo, pensamento, emoções, memorização, atenção, formas e estilos de aprendizagem etc. – e externos – interação comunicacional e linguística, contexto sociocultural, interlocutores, sentido real, concreto etc. – à criança são indissociáveis, embora, distintas. Neste sentido, abordamos um referencial teórico que percebe a criança como protagonista no fenômeno da linguagem, capaz de criar e recriar o seu repertório linguístico em conformidade com a situação de interação sociocomunicativa.

Trouxemos à baila pressupostos da Neurociência Cognitiva e suas contribuições na Psicopedagogia por acreditarmos num conjunto de saberes interdisciplinares que reforçam a concepção de linguagem como um sistema aberto, construído cotidianamente nos seios das comunidades de fala, num determinado momento histórico e numa relação dialógica entre os sujeitos de fala, afastando, então, a ideia tradicional de que a aquisição da linguagem é totalmente biológica ou é aprendida por condicionamento.

Numa natureza eclética, a abordagem sociointeracionista percebe a criança como um sujeito social, cujas relações são intimamente mediadas pelas linguagens e sua apropriação parte também do desenvolvimento biofisiológico. Neste ponto, a aquisição da linguagem apresenta-se, metaforicamente, como uma via de mão-única – lado a lado, interação social e aspectos biofisiológicos percorrem a via para o aparecimento, formação e desenvolvimento do sistema linguístico da criança.

A terminologia como ciência que estuda os termos em interface sociocultural, percebendo-os não como elementos unilaterais, mas como fenômenos linguísticos e sociais que se adaptam conforme as circunstâncias de comunicação. Longe daquela tradicionalidade do emprego de palavras especializadas que não condizem com a questão social que a criança está inserida.

Quer seja pela leitura de uma cartilha, quer seja pelas redes midiáticas; ou pelas intervenções pedagógicas/escolares ou, ainda, pelas conversas diárias da criança com criança ou dela com adultos, a utilização de termos perfaz a linguagem de especialidade, compondo o itinerário e o inventário linguístico da criança, contribuindo de tal maneira para o desenvolvimento pleno da linguagem.

O cuidado que se requer, como vimos na literatura analisada, é o emprego de palavras especializadas alinhadas às necessidades da criança que se encontra em um dado contexto social e numa direta relação comunicacional e linguística com seus pares.

Portanto, o construto linguístico se dará a partir do momento que a criança se vê dentro do processo de aquisição da linguagem, fazendo parte dele, de forma ativa, reflexiva e crítica e não como um objeto à parte do processo, cuja passividade é eloquente.

REFERÊNCIAS

AULETE, Caldas. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2011.

BAGNO, Marcos. Dicionário Crítico de Sociolinguística. São Paulo: Parábola, 2017.

BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011.

COSTA, Lucimara Alves. CABRÉ, Maria Teresa. Claudia ZAVAGLIA.  A variação terminológica denominativa na Lexicografia no Brasil: pressupostos para se estabelecer as bases teórico-metodológicas para o Dicionário de Lexicografia Brasileira. PONTES, Antônio Luciano. ARAÚJO, Edna Maria Vasconcelos Martins. MOREIRA, Glauber Lima. SANTOS, Hugo Leonardo Gomes dos. FECHINE, Lorena Américo Ribeiro (Orgs.). Perspectivas em Lexicografia e Terminologia. Fortaleza: EdUECE, 2018. Disponível em: http://www.agenciag1.com.br/suporte/glosario.html, acesso às 22h, 28/fev.2021.

FAULSTICH, Enilde. A Terminologia da Criança na Conversa do dia a dia. IN: MURAKAWA, Clotilde de Almeida Azevedo. NADIN, Odair Luiz (orgs.). Terminologia: uma ciência interdisciplinar. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013.

GODOY, Elena. SENNA, Luiz Antonio G. Psicolinguística e Letramento. Curitiba: Ibpex, 2011.

GÓMEZ, Ana Maria Salgado. TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de Aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. São Paulo: Grupo Cultural, 2009.

GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos e aplicações à prática pedagógica. 21. ed. Petropólis/RJ: Vozes, 2015.

La Terminología Y Su Aplicabilidad: Una Entrevista Con La Investigadora Maria Teresa Cabré. Entrevistaconcedida a Glauber Lima Moreira e Lucimara Alves Costa. Fórum Linguístico. Florianópolis, v. 17, n. 3, jul./set. 2020.

La terminología hoy: concepciones, tendências y aplicaciones. Maria Teresa Cabré. Ciência da Informação, Vol. 24, número 3, 1995.

PINTO, Ziraldo A. A Internet Segura do Menino Maluquinho. São Paulo: F-Secure Brasil. 2010.

VYGOTSKY, L.S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1994.


[1] Concebeu a linguagem como um conjunto de respostas verbais ligadas às situações condicionadoras, de acordo com o esquema Estímulo-Resposta. Assim, o processo de aquisição se daria diretamente por condicionamento operante. Cf. GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos e aplicações à prática pedagógica. 21. ed. Petropólis/RJ: Vozes, 2015.

[2] Apoiou-se na ideia de que o homem tem uma capacidade inata para a linguagem, acreditando que a criança era equipada geneticamente de um “dispositivo de aquisição da linguagem” (language acquisition device), dando-lhe acesso às categorias e estruturas gramaticais e às estruturas de base. Cf. GODOY, Elena. SENNA, Luiz Antonio Gomes. Psicolinguística e Letramento. Curitiba: Ibpex, 2011.

[3] O desenvolvimento humano ocorre por 4 estágios, biologicamente definidos – Sensório-motor, Pré-operacional, Operacional Concreto e Operacional Concreto. Não descarta a ação do meio no desenvolvimento, mas não é predominante. Para ele, a linguagem tem papel de acessório na construção do conhecimento, já que as bases do pensamento estão na ação e nos mecanismos sensório-motores, mais do que no campo linguístico. Cf. GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos e aplicações à prática pedagógica. 21. ed. Petropólis/RJ: Vozes, 2015.

[4] Na pesquisa vygotskyana, percebeu-se o crescimento acentuado da linguagem egocêntrica da criança em situações de conflitos: “As nossas crianças revelaram um aumento da linguagem egocêntrica naqueles casos em que esbarravam em complicações. Diante da complicação, a criança procurava assimilar a situação: ‘Onde está o lápis, agora eu preciso de um lápis azul: tudo bem, em vez dis­so eu desenho com um lápis vermelho e molho com água, isso vai escurecer e ficar como azul.’ A criança raciocinava de si para si” (VYGOTSKY, 2001, p. 53).

[5]“Uma comunidade de fala (ou, às vezes, comunidade linguística) inclui as pessoas que estão em contato habitual umas com as outras por meio da língua, seja por uma língua comum ou por modos compartilhados de interpretar o comportamento linguístico onde línguas diferentes são usadas numa mesma área […]” (BAGNO, 2017, p. 53, grifo do autor).

[6] Termo específico da Psicopedagogia correspondente ao indivíduo que aprende sempre, continua e progressivamente. Esta área compreende o ser humano como um eterno aprendiz, cujo desenvolvimento está presente nas aprendizagens significativas. Cf. BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011. 

[7] “Sistema de transmissão que multiplexa vários sinais independentes em um cabo. Na terminologia de telecomunicações, todo canal que tem uma largura de banda maior do que um canal de voz (4 kHz). Na terminologia de LAN, um cabo coaxial em que é usada a sinalização analógica. Também chamado wideband” (Glossário de Termos Técnicos da Internet, Agência G1).

[8] “Espaço das comunicações por redes de computação” ((Glossário de Termos Técnicos da Internet, Agência G1).

[9] “Ciência que tem por objeto o estudo comparativo dos sistemas e mecanismos de controle automático, regulação e comunicação nos seres vivos e nas máquinas” (Glossário de Termos Técnicos da Internet, Agência G1).

[10] “É um software malicioso que é desenvolvido por programadores geralmente inescrupulosos” (Glossário de Termos Técnicos da Internet, Agência G1).

[11] “Canal de comunicação de rede que consiste em um caminho de circuito ou transmissão e em todos os equipamentos relacionados entre o emissor e o receptor. Mais frequentemente usado se referir a uma conexão WAN. Às vezes chamado de linha ou tlink de transmissão” (Glossário de Termos Técnicos da Internet, Agência G1).

[12] “Sistema de transmissão de mensagens escritas de um computador para outro computador, via internet ou através de outras redes de computadores” (Glossário de Termos Técnicos da Internet, Agência G1).


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