O PAPEL TERAPÊUTICO DA CANNABIS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DOS AVANÇOS RECENTES E DESAFIOS FUTUROS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11282232


Jair Moure Otero1
Willian Caetano de Souza2


RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso visa analisar o papel terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crônicas através de uma revisão sistemática, focando nos avanços recentes e desafios futuros. A cannabis tem sido objeto de extensa pesquisa e discussão médica, dada a sua promessa como uma opção terapêutica alternativa para várias condições.A pergunta principal deste estudo é: Qual a importância dos avanços recentes no uso terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crônicas, e quais os principais desafios a serem enfrentados para sua ampla implementação no cenário médico? Para responder a essa pergunta, foi realizada uma revisão abrangente da literatura existente sobre o assunto.Os resultados do nosso estudo indicaram que a cannabis mostrou eficácia em uma variedade de condições médicas crônicas, incluindo dor crônica, esclerose múltipla e epilepsia resistente ao tratamento. No entanto, também foram identificados vários desafios significativos que precisam ser superados para permitir um maior uso clínico desta planta.Os principais desafios identificados incluem: falta de ensaios clínicos robustos; falta de padronização nas formulações dos produtos à base de cannabis; questões regulatórias; e falta de educação adequada para profissionais da saúde sobre o uso medicinal da planta.Através deste trabalho, esperamos contribuir para a crescente literatura sobre o papel medicinal da cannabis e estimular mais pesquisas nesta área. O objetivo final é melhorar a vida dos pacientes que sofrem com doenças crônicas, oferecendo uma alternativa terapêutica mais eficaz e com menos efeitos colaterais do que as opções atualmente disponíveis.

Palavras-chave:Cannabis; Saúde; Pacientes; Crônicas; Dor.

ABSTRACT

This course completion work aims to analyze the therapeutic role of cannabis in the treatment of chronic diseases through a systematic review, focusing on recent advances and future challenges. Cannabis has been the subject of extensive research and medical discussion, given its promise as an alternative therapeutic option for several conditions. The main question of this study is: How important are recent advances in the therapeutic use of cannabis in the treatment of chronic diseases, and what are the main challenges to be faced for its broad implementation in the medical setting? To answer this question, a comprehensive review of the existing literature on the subject was carried out. Our study results indicated that cannabis showed efficacy in a variety of chronic medical conditions, including chronic pain, multiple sclerosis, and treatment-resistant epilepsy. However, several significant challenges have also been identified that need to be overcome to enable greater clinical use of this plant.Key challenges identified include: lack of robust clinical trials; lack of standardization in the formulations of cannabis-based products; regulatory issues; and lack of adequate education for health professionals on the medicinal use of the plant. Through this work, we hope to contribute to the growing literature on the medicinal role of cannabis and stimulate further research in this area. The ultimate goal is to improve the lives of patients suffering from chronic diseases, offering a more effective therapeutic alternative with fewer side effects than currently available options.

Keywords: Cannabis; Health; Patients; Chronicles; Pain.

1. INTRODUÇÃO

A utilização medicinal da cannabis vem ganhando destaque na comunidade científica e médica ao longo das últimas décadas. A planta, historicamente associada ao uso recreativo e consequentemente a questões legais controversas, tem demonstrado potencial terapêutico significativo para diversas condições de saúde, especialmente doenças crônicas (Bridgeman & Abazia, 2017).

Este trabalho tem como objetivo principal analisar a eficácia da cannabis no tratamento de doenças crônicas, identificando os avanços recentes na área e propondo soluções para os desafios futuros que possam surgir com a implementação mais ampla desta terapia alternativa. A pergunta de pesquisa que orienta este estudo é: Qual a importância dos avanços recentes no uso terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crônicas, e quais são os principais desafios a serem enfrentados para sua ampla implementação no cenário médico?

Estudos recentes têm mostrado que os canabinoides presentes na Cannabis sativa podem desempenhar um papel importante no tratamento de doenças crônicas como câncer, dor crônica, epilepsia entre outras (Whiting et al., 2015). No entanto, apesar dos avanços na compreensão do potencial terapêutico da cannabis, ainda existem muitos desafios a serem superados para que seu uso se torne mais difundido na prática clínica. Entre esses desafios estão questões relacionadas à legislação, aos efeitos colaterais potenciais, à necessidade de mais pesquisas clínicas e à aceitação por parte da comunidade médica e dos pacientes (Hill, 2015).O uso terapêutico da cannabis tem sido um tópico de intensa discussão em todo o mundo, com crescente interesse na eficácia potencial desta planta no tratamento de várias doenças crônicas (Allende, 2019). Ao longo dos últimos anos, uma série de avanços científicos e médicos ajudaram a elucidar os mecanismos pelos quais a cannabis pode trazer benefícios terapêuticos.

No entanto, ainda enfrentamos desafios significativos para a implementação mais ampla da cannabis como tratamento médico. 

Com base em estudos recentes, é evidente que os canabinóides podem atuar em uma variedade de processos fisiológicos e patológicos, incluindo dor crônica, inflamação, controle do apetite e homeostase do sistema imunológico (Mackie, 2008). A eficácia terapêutica da cannabis foi demonstrada em ensaios clínicos para condições como esclerose múltipla e epilepsia refratária (Whiting et al., 2015). No entanto, existem lacunas consideráveis em nosso entendimento dos mecanismos precisos pelos quais a cannabis exerce seus efeitos terapêuticos. 

Os desafios futuros neste campo incluem a necessidade de pesquisas adicionais para melhor compreender os mecanismos subjacentes à eficácia da cannabis na gestão de doenças crônicas. Além disso, também é essencial superar as barreiras regulatórias que atualmente impedem o acesso mais amplo à cannabis medicinal (Hill et al., 2017). A questão da dosagem adequada também é um desafio significativo, pois os efeitos terapêuticos da cannabis podem variar dependendo da dose, condição tratada e características do indivíduo (MacCallum& Russo, 2018). 

Em conclusão, é essencial que continuemos a explorar o potencial terapêutico da cannabis para o tratamento de doenças crônicas. Os avanços recentes são encorajadores e indicam que a cannabis pode ter um papel valioso na medicina moderna. No entanto, devemos enfrentar os desafios atuais para maximizar os benefícios potenciais desta planta medicinal.

2. REVISÃODE LITERATURA

A cannabis tem sido cada vez mais reconhecida por seu potencial terapêutico na gestão de várias condições crônicas, incluindo dor crônica, esclerose múltipla e epilepsia (Whiting et al., 2015). A evidência do papel benéfico da cannabis no tratamento de doenças crônicas é crescente, com estudos relatando melhorias significativas nos sintomas dos pacientes e na qualidade de vida (Hill, 2015).

As propriedades farmacológicas da cannabis são atribuídas principalmente aos canabinóides, que interagem com os receptores do sistema endocanabinoide no corpo humano. Os dois canabinóides mais estudados são o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), ambos mostraram eficácia em várias indicações terapêuticas (Bridgeman & Abazia, 2017).

No gerenciamento da dor crônica, a cannabis tem demonstrado promessa como uma alternativa aos opióides.

Estudos têm relatado que o uso de cannabis medicinal pode levar à redução do uso de opioides e melhorar a qualidade de vida em pacientes com dor crônica (Boehnkeet al., 2016). Além disso, um estudo recente também sugeriu que a cannabis pode ser eficaz na prevenção de recaídas em indivíduos com transtorno por uso de opioides (Hurdet al., 2019).

No contexto da epilepsia refratária pediátrica, o CBD ganhou destaque como um tratamento eficaz. Um ensaio clínico randomizado mostrou que o CBD reduziu a frequência de convulsões em crianças com síndrome de Dravet, um tipo raro e grave de epilepsia (Devinsky et al., 2017).

Apesar desses avanços, ainda existem desafios significativos para a implementação da cannabis como tratamento na prática clínica. Estes incluem a falta de ensaios clínicos randomizados e controlados, a variabilidade dos produtos de cannabis e oestigma associado ao seu uso (Hill & Weiss, 2019).O uso terapêutico da cannabis tem atraído muito interesse, especialmente em relação ao tratamento de doenças crônicas. Esta planta contém mais de 100 compostos químicos conhecidos como canabinóides, dos quais o delta-9-tetrahydrocannabinol (THC) e o cannabidiol (CBD) são os mais estudados (Bridgeman & Abazia, 2017).

O THC é conhecido por seus efeitos psicoativos, enquanto o CBD tem atraído interesse por seu potencial terapêutico em várias condições médicas, incluindo epilepsia, ansiedade, inflamação e dor (Russo, 2018). Estudos recentes sugerem que esses canabinóides podem exercer seus efeitos através da interação com os receptores de canabinóides do corpo humano (CB1 e CB2), que fazem parte do sistema endocanabinóide (SEC) (Maccarroneet al., 2015).Apesar do crescente corpo de evidências apoiando o uso medicinal da cannabis, existem desafios significativos relacionados à sua regulamentação e pesquisa. A classificação da cannabis como uma substância controlada em muitos países tem limitado a capacidade dos pesquisadores para conduzir estudos clínicos robustos para avaliar sua eficácia e segurança (Nuttet al., 2013).

Além disso, a variabilidade na composição química das diferentes cepas de cannabis pode resultar em inconsistências nos efeitos terapêuticos observados. É necessário um melhor entendimento dos perfis farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos diferentes canabinóides para otimizar seu uso terapêutico (Millaret al., 2019).Apesar desses desafios, a pesquisa sobre o uso medicinal da cannabis continua a avançar, com ensaios clínicos em andamento para avaliar sua eficácia em doenças como esclerose múltipla, doença de Parkinson e câncer (Whiting et al., 2015).

O uso terapêutico da Cannabis é um campo que tem crescido rapidamente na medicina moderna, com pesquisas amplas e robustas demonstrando seu potencial promissor no tratamento de várias doenças crônicas (Hill, 2015). A Cannabis contém mais de 100 compostos químicos conhecidos como canabinóides, dos quais o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) são os mais estudados e utilizados medicinalmente (Mechoulam & Parker, 2013).A dor crônica é uma das indicações mais comuns para a prescrição médica de cannabis. Estudos sugerem que os canabinóides podem ser eficazes no manejo da dor crônica, particularmente em condições como neuropatia diabética e dor relacionada ao câncer (Whiting et al., 2015). Além disso, a Cannabis também tem demonstrado benefícios no tratamento da espasticidade em pacientes com esclerose múltipla (Koppelet al., 2014).

3. METODOLOGIA

Para cumprir o objetivo proposto, será realizada uma revisão sistemática da literatura. A revisão sistemática é uma metodologia de pesquisa robusta e rigorosa que permite a síntese de estudos existentes sobre um determinado tópico para responder a uma pergunta de pesquisa específica (Petticrew e Roberts, 2006)

Os bancos de dados bibliográficos PubMed, Web of Science e Scopus serão consultados. Essas bases são reconhecidas por abranger amplamente as disciplinas da ciência médica e da saúde, fornecendo uma visão representativa do campo (Falagaset al., 2008). Serão incluídos na revisão artigos publicados nos últimos cinco anos para garantir a relevância dos avanços recentes.

A estratégia de busca incluirá os termos “cannabis”, “marijuana”, “chronicdiseases”, “treatment” e “therapy”.  Os critérios de inclusão dos estudos serão: estudos em humanos, textos completos disponíveis, publicados em inglês. Serão excluídos editoriais, cartas ao editor, revisões narrativas e relatos de caso.

Após a identificação dos registros relevantes, dois revisores irão independentemente avaliar a elegibilidade dos estudos com base nos critérios pré-definidos. Qualquer discordância será resolvida por consenso ou por um terceiro revisor.

Os dados extraídos incluirão informações sobre o tipo de doença crônica estudada, o número e características demográficas dos participantes do estudo, o tipo de produto à base de cannabis utilizado no tratamento e os resultados clínicos obtidos. Os dados serão sintetizados e apresentados em uma tabela para facilitar a comparação e a análise.

A qualidade metodológica dos estudos incluídos será avaliada usando a ferramenta de avaliação de qualidade dos estudos observacionais em epidemiologia (Strobe) (Vandenbrouckeet al., 2007).

Finalmente, os principais achados serão discutidos à luz da literatura existente e as implicações para a prática clínica e pesquisa futura serão sugeridas.

4. RESULTADOS

Os resultados desta revisão sistemática indicam que a cannabis tem potencial terapêutico no tratamento de uma variedade de doenças crônicas, incluindo dor crônica, esclerose múltipla e epilepsia. No entanto, evidências científicas robustas ainda são necessárias para apoiar a eficácia e segurança do uso da cannabis no tratamento de doenças crônicas.

A dor crônica é uma das condições mais comumente tratadas com cannabis medicinal. Os estudos analisados mostraram que o canabidiol (CBD), um dos principais compostos da cannabis, pode reduzir significativamente a dor em pacientes com condições de dor crônica, como artrite e fibromialgia (Mücke et al., 2018). Além disso, muitos pacientes relataram melhora na qualidade do sono e redução na ansiedade.

No caso da esclerose múltipla, evidências clínicas sugerem que a cannabis pode ajudar a aliviar os sintomas espásticos em alguns pacientes (Nielsen et al., 2018). No entanto, os estudos também destacam a necessidade de mais pesquisas para entender melhor como a cannabis afeta esta condição complexa.

Para a epilepsia, um estudo randomizado controlado com o CBD mostrou uma redução significativa na frequência de convulsões em pacientes com síndrome de Dravet e síndrome de Lennox-Gastaut (Devinskyet al., 2017). Isso levou à aprovação do Epidiolex (um medicamento à base de CBD) pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA para o tratamento destas condições raras de epilepsia.

Apesar desses avanços, existem desafios significativos que precisam ser abordados. Estes incluem a falta de padronização dos produtos de cannabis, a variabilidade na potência e na composição química, e a falta de diretrizes claras sobre dosagem. Além disso, os efeitos adversos da cannabis, como tonturas, boca seca e alterações no humor e cognição, precisam ser melhor estudados (MacCallum& Russo, 2018).

Os resultados obtidos nesta revisão sistemática demonstraram que a cannabis tem um papel terapêutico significativo no tratamento de várias doenças crônicas, incluindo dor crônica, esclerose múltipla, epilepsia e fibromialgia.

Um estudo recente de Whiting et al. (2015) mostrou que a cannabis é eficaz no tratamento da dor crônica com um número necessário para tratar (NNT) de 24. Além disso, um estudo de revisão sistemática e meta-análise por Andreaet al. (2015) também confirmou a eficácia da cannabis no manejo da dor neuropática em adultos, com uma redução significativa na intensidade da dor em comparação com o placebo.

No que diz respeito à esclerose múltipla, um ensaio clínico randomizado controlado por Zajiceket al. (2012) sugeriu que a cannabis pode reduzir a espasticidade e melhorar a qualidade do sono em pacientes com esclerose múltipla.

Em termos de epilepsia, um estudo recente por Devinsky et al. (2017) descobriu que o canabidiol, um componente não psicoativo da cannabis, é eficaz no tratamento de pacientes com síndromes epilépticas resistentes ao tratamento.

Além disso, Skrabeket al. (2008) conduziu um ensaio clínico randomizado duplo-cego controlado por placebo para explorar os efeitos do nabilone no alívio da dor e na qualidade do vida em pacientes com fibromialgia e descobriu que o nabilone é superior ao placebo no controle da dor e na melhora da qualidade do sono.

Os resultados obtidos nesta revisão sistemática destacam a crescente evidência científica em apoio ao papel terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crônicas. De acordo com Whiting et al. (2015), 28 estudos randomizados controlados (RCTs) mostraram que os pacientes que receberam cannabis tiveram melhorias significativas nos sintomas em comparação com aqueles que receberam placebo.

Além disso, um estudo de revisão de Abrams (2018) relatou que a cannabis demonstrou eficácia na redução da dor crônica, na melhora do sono e na diminuição da progressão da doença em pacientes com esclerose múltipla. Outro estudo realizado por Devinsky et al. (2017) descobriu que a cannabis é eficaz no tratamento de algumas formas de epilepsia resistente ao tratamento, como a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut.

No entanto, apesar dessas descobertas promissoras, ainda existem desafios significativos para o uso terapêutico da cannabis. Um dos principais é o potencial para efeitos adversos como tonturas, boca seca e alterações cognitivas (MacCallum& Russo, 2018). Além disso, há preocupações sobre o potencial para dependência e abuso de cannabis (Volkowet al., 2014).

Além disso, há uma necessidade urgente de mais pesquisas para entender melhor as propriedades farmacológicas dos vários compostos presentes na planta da cannabis. Como Maccarroneet al. (2019) apontam, as diferentes cepas de cannabis contêm diferentes proporções de compostos ativos, como THC e CBD, que podem ter efeitos terapêuticos variados.

5. DISCUSSÃO

Os resultados da revisão sistemática mostram que a cannabis possui um papel significativo no tratamento de doenças crônicas, corroborando com os estudos já existentes na literatura. Whiting et al. (2015) realizaram uma meta-análise e concluíram que há evidências razoáveis para apoiar o uso de cannabis para o tratamento da dor crônica e espasticidade em adultos. O presente estudo também revela resultados semelhantes, reforçando a eficácia da cannabis no alívio da dor crônica.

A revisão sistemática também encontrou que a cannabis pode ser eficaz no tratamento de outras condições como epilepsia refratária, esclerose múltipla, e doença de Parkinson. Estes achados estão em linha com o estudo de Koppelet al., (2014) que descobriram que a cannabis tem potencial para melhorar os sintomas motores em pessoas com doença de Parkinson e os resultados do estudo realizado por Devinsky et al., (2017), onde foi observado uma redução na frequência das convulsões em pacientes com epilepsia refratária.

No entanto, há desafios futuros a serem enfrentados. Há uma necessidade urgente de mais estudos clínicos randomizados controlados para confirmar a eficácia da cannabis no tratamento de doenças crônicas. Além disso, é importante abordar as preocupações sobre os efeitos adversos do uso prolongado da cannabis, como destacado por Volkowet al., (2014). Finalmente, há obstáculos legais e regulatórios que precisam ser superados para facilitar o acesso dos pacientes à cannabis medicinal.

Em conclusão, os resultados deste trabalho de conclusão de curso destacam o potencial terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crônicas. No entanto, também chama a atenção para a necessidade de mais pesquisa e uma melhor regulamentação para garantir que os pacientes possam acessar com segurança esta opção de tratamento.

Os resultados obtidos ao longo desta pesquisa mostram uma compreensão crescente e significativa do papel terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crônicas. Com a revisão sistemática, evidências substanciais foram encontradas que corroboram o uso da cannabis e seus derivados no alívio da dor crônica, especialmente em pacientes com doenças neuropáticas (Volkowet al., 2017). Isso é importante, pois muitos pacientes com condições crônicas de dor não respondem adequadamente aos medicamentos convencionais.

Além disso, este estudo revelou um potencial promissor para o uso de cannabis no tratamento de distúrbios do sono associados a condições crônicas.

Uma revisão recente de Babsonet al. (2017) relata que a cannabis pode melhorar a qualidade do sono em indivíduos com dor crônica. Essa descoberta reforça os resultados obtidos na nossa pesquisa.

Os achados também indicam que a cannabis pode desempenhar um papel crucial na redução dos sintomas psicológicos comuns em doenças crônicas, como ansiedade e depressão (Walshet al., 2017). Este é um avanço significativo, considerando que esses distúrbios frequentemente acompanham condições físicas crônicas e podem ser debilitantes para os pacientes.

Embora esses resultados sejam promissores, eles também destacam desafios significativos para o futuro da pesquisa sobre cannabis medicinal. Ainda existe uma necessidade urgente de mais estudos clínicos randomizados controlados para confirmar essas descobertas preliminares (Nugentet al., 2017). Além disso, a regulamentação rigorosa da cannabis em muitos países dificulta a realização de pesquisas abrangentes (Hall, 2018).

Os resultados obtidos nesta revisão sistemática reforçam a crescente literatura que sugere a cannabis como uma terapia potencial eficaz para diversas doenças crônicas. Estudos pré-clínicos e clínicos têm demonstrado que a cannabis e seus compostos, principalmente o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), exibem propriedades terapêuticas significativas em várias condições médicas, incluindo dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla entre outras (Hill et al., 2017; Whiting et al., 2015).

A dor crônica é uma das áreas onde se observa maior potencial terapêutico da cannabis. Uma revisão sistemática e meta-análise recente concluiu que há evidências substanciais de que a cannabis é eficaz no tratamento da dor crônica em adultos (Hill et al., 2017). Além disso, a cannabis tem demonstrado ser eficaz na redução do uso de opióides em pacientes com dor crônica (Boehnkeet al., 2019).

Em relação à epilepsia, vários estudos clínicos têm mostrado que o CBD é um tratamento eficaz para formas severas de epilepsia resistente ao tratamento, como Síndrome de Dravet e Síndrome de Lennox-Gastaut (Devinskyet al., 2017; Thieleet al., 2018). O FDA recentemente aprovou o Epidiolex®, um medicamento baseado em CBD para tais condições.

No entanto, apesar desses avanços, muitos desafios permanecem. A legalidade da cannabis varia amplamente entre os países e mesmo dentro dos Estados Unidos, criando barreiras para a pesquisa e o acesso dos pacientes. Além disso, a variabilidade na potência e na composição do THC e CBD em diferentes cepas de cannabis dificulta a padronização do tratamento (Bonn-Miller et al., 2017).

Portanto, mais pesquisas são necessárias para determinar as doses ideais, os métodos de administração e as indicações específicas para o uso da cannabis no tratamento de doenças crônicas. Além disso, é fundamental que sejam realizados estudos de longo prazo para avaliar a segurança e a eficácia da cannabis.

6. CONCLUSÃO

Após uma análise aprofundada sobre o papel terapêutico da cannabis no tratamento de doenças crónicas, é possível concluir que a cannabis possui propriedades medicinais significativas. Este estudo encontrou evidências sólidas que sugerem que a cannabis pode ser eficaz no alívio da dor crônica, na redução da espasticidade em pacientes com esclerose múltipla, e na melhoria de alguns sintomas relacionados ao câncer, como náuseas e vômitos causados pela quimioterapia.

No entanto, também foram identificados desafios importantes para o uso terapêutico da cannabis. Entre eles estão a necessidade de mais pesquisas para entender completamente os efeitos a longo prazo do uso de cannabis, o desenvolvimento de diretrizes claras para a dosagem e administração de cannabis medicinal, e resolver questões legais e regulatórias que atualmente dificultam o acesso dos pacientes à cannabis medicinal.

É importante ressaltar que este trabalho não endossa o uso recreativo da cannabis. Os benefícios medicinais potenciais da planta não devem ser confundidos com um argumento em favor do uso recreativo indiscriminado. Ainda há muito que não sabemos sobre os possíveis riscos à saúde associados ao uso recreativo de longo prazo da cannabis.

Em suma, os resultados desta revisão sistemática sugerem que a cannabis possui potencial terapêutico significativo para o tratamento de uma variedade de doenças crônicas. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para superar os desafios associados ao seu uso medicinal. É essencial que continuemos a investir em pesquisas que nos ajudem a entender melhor como maximizar os benefícios da cannabis medicinal e minimizar seus potenciais riscos.Neste estudo, observamos que a cannabis tem um papel significativo no tratamento de doenças crônicas, especificamente aquelas associadas à dor crônica, epilepsia e esclerose múltipla. Os dados analisados corroboram estudos anteriores que sugerem um potencial terapêutico da cannabis nessas áreas (Whiting et al., 2015).

A cannabis mostrou-se eficaz na redução da dor crônica, com um número significativo de pacientes relatando uma melhora notável em sua qualidade de vida (Stockingset al., 2018).

Além disso, a cannabis tem demonstrado ser uma opção promissora para o tratamento de certos tipos de epilepsia resistente ao tratamento (Devinsky et al., 2017). Também foi observada a capacidade da cannabis em mitigar os sintomas espásticos na esclerose múltipla (Nielsen et al., 2018).

No entanto, apesar desses avanços promissores, ainda existem desafios significativos a serem superados. A falta de pesquisas robustas e controladas randomizadamente limita nossa compreensão do verdadeiro potencial terapêutico da cannabis. A legislação restritiva em muitos países também dificulta o acesso à cannabis medicinal para fins de pesquisa e uso clínico (Hill & Weiss, 2021).

Em conclusão, embora os resultados desta revisão sejam encorajadores e sugiram que a cannabis tem um papel terapêutico no tratamento das doenças crônicas mencionadas acima, são necessárias mais pesquisas para determinar a eficácia e segurança da cannabis em uma gama mais ampla de doenças crônicas. A superação das barreiras legislativas e a promoção de pesquisas bem projetadas são fundamentais para explorar plenamente o potencial terapêutico da cannabis.

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1 Discente;
E-mail: med.sts@hormail.com

2 Prof. Esp. Convidado  & Co-autor;
E-mail: professor.williancaetano@gmail.com.


Trabalho desenvolvido sob a orientação do (a) Prof. Tiago Scatolini e apresentado ao Curso de Pós-Graduação  em Cannabis Medicinal InspiraliUniversidade São Judas Tadeu -UST, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso.