REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10427987
Priscilla da Silva Rodrigues1
Suely Nobre de Sousa2
Resumo:
Este trabalho tem o objetivo de relatar a contribuição de um projeto de pesquisa fomentado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Ensino Médio para a formação dos discentes participantes. O projeto em questão foi intitulado como “O papel da filosofia no ensino médio integrado dos institutos federais” e desenvolvido no Instituto Federal de Mato Grosso, Campus Cáceres. Apresentamos nesse relato de experiências o ponto de vista dos/as estudantes bolsistas, no que refere a sua participação e a compreensão da própria formação por meio das atividades realizadas no projeto. Para isso, procuramos nele relatar os detalhes da realização da pesquisa selecionada. O método predominante deste trabalho foi o indutivo. Por ser escrito como relato de experiência, a metodologia é narrativa. Defendemos a tese de que o Programa de fomento mencionado não só proporciona recursos e auxílio dos estudantes ao professor pesquisador, mas (e principalmente) viabiliza valiosa formação de iniciação científica ao estudante do ensino médio, uma vez que os resultados indicados revelam significativa melhora na compreensão e expressão dos/as estudantes sobre o ensino de filosofia no ensino médio integrado, o reconhecimento da filosofia como da vida e o reconhecimento de suas capacidades de refletir e dialogar sobre a formação intelectual dos jovens.
Palavras-chave: PIBIC-EM; ensino médio integrado; participação; formação; autonomia.
Introdução
As experiências expressas neste texto, emergem das narrativas dos/as estudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Ensino Médio (PIBIC-EM), em atividades de discussões reflexivas por meio do Projeto de Pesquisa “O papel da filosofia no ensino médio integrado dos institutos federais”, aprovado em edital PIBIC-EM em 2020 e desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – IFMT, Campus Cáceres.
Na perspectiva de reconhecer e compreender as mudanças propostas para o novo ensino médio (NEM) na Base Comum Curricular da Educação Nacional (BNCC) e os desafios futuros para a oferta da filosofia na educação básica brasileira, emergiu-se a necessidade da realização da pesquisa aqui narrada. Buscamos encontrar nas atividades da pesquisa em questão o que a legislação referente a educação básica brasileira espera da disciplina, por deduzir que sua importância na oferta do currículo automaticamente viria à tona. Diante dessa premissa, propôs-se para a pesquisa estudos e diálogos com os estudantes, que contassem com discussões, provocações e críticas tecidas a partir dos documentos da educação básica como a LDB, Lei nº 9394/96; os PCN’s; a parte da BNCC referente ao Ensino Médio.
A pesquisa contou ainda com atividades de aprendizagem de metodologia científica, focadas no estudo de técnicas e ferramentas de estudo e de desenvolvimento de pesquisa e no exercício de leitura filosófica, através da leitura de parte do clássico Meditações de René Descartes.
Em uma análise mais abrangente, buscou-se compreender o conhecimento que os/as estudantes apresentavam sobre sua formação. Nesse sentido, foi salutar registrar os elementos expressos por eles nas suas narrativas como referência de tomada de consciência quanto ao que representam as políticas públicas da educação, como se dão na prática e o significado estas têm para suas vidas cotidiana e futuras.
Desenvolvendo diálogos, conhecimento e autonomia
De iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o PIBIC-EM visa inserir e fomentar a atuação dos jovens do ensino médio ao mundo da pesquisa e ao mundo científico. São objetivos do PIBIC-EM (Brasil, 2012); “(1) Fortalecer o processo de disseminação das informações e conhecimentos científicos e tecnológicos básicos e (2) Desenvolver atitudes, habilidades e valores necessários à educação científica e tecnológica dos/as estudantes” (ibidem).
Os editais do PIBIC-EM são lançados ao menos uma vez ao ano pelas escolas parceiras, com oferta de bolsas de iniciação científica aos projetos selecionados. Em geral, essas bolsas, de valor simbólico, são destinadas apenas aos discentes participantes, mas há exceções. Em alguns editais, é possível haver a oferta de taxa de bancada para aquisição de materiais e custeio de despesas para a realização dos projetos.
Foi nesse contexto que se deu a execução do Projeto de Pesquisa “O papel da filosofia no ensino médio integrado dos institutos federais”, que oportunizou aos/as estudantes bolsistas a desenvolver estudos, técnicas, ferramentas e métodos de pesquisa. Essa ação favorece ao estudante participante adquirir na sua trajetória acadêmica, todo um aparato investigativo que o capacita a desenvolver pesquisas no futuro. Pois, são essas ferramentas e as habilidades desenvolvidas que ampliam a visão de mundo dos/as jovens estudantes e contribuem para o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo acerca do seu cotidiano e de sociedade.
Com objetivo de colocar os/as estudantes bolsistas diante de um aporte teórico-metodológico que lhes permitisse conhecer e questionar a importância a filosofia no ensino médio integrado, elegeu-se como objeto de estudo e reflexão a legislação que organiza e regulamenta a educação básica brasileira.
O envolvimento dos/as jovens estudantes em pesquisa de iniciação científica teve um propósito maior do que justificar a bolsa. Como evidenciou nos objetivos do Programa PIBIC-EM, para além dos recursos e auxílio dos/as estudantes e ao professor pesquisador. O Programa, oportuniza o envolvimento em atividade de iniciação científica, a estudar além dos conteúdos curriculares e a desenvolver a autonomia dos jovens por meio da participação em atividades diversificadas que exigem sua atenção.
De acordo com Dayrell (2003), muito tem se discutido na última década sobre juventude e participação na perspectiva do jovem como sujeito social. Segundo esse autor, analisando os jovens como seres de uma nova cultura que vive momentos de crises e dominados por conflitos, o autor defende que não há crise somente para os jovens, que toda a sociedade passa por mudanças significativas. E, adverte que; “alguns autores vêm ressaltando que a família, junto com o trabalho e a escola, estaria perdendo o seu papel central de orientação e de valores para as gerações mais novas”, como representa “Morcellini, 1997; Zaluar, 1997; Abromavay et al.,1999” (Dayrell, 2003, p.41). À vista disso, trata-se de uma mudança social e não apenas dos jovens.
O autor defende que os jovens são “sujeitos sociais, constroem um determinado modo de ser jovem, baseados em seu cotidiano” (Dayrell, 2003, p 41). Portanto, são sujeitos ativos, capazes de construir sua vida. O autor defende que os jovens passam por “um momento no qual se vive de forma mais intensa um conjunto de transformações que vão estar presentes, de algum modo, ao longo da vida” (Dayrell, 2003, p. 42).
Nesse universo, as relações sociais são determinadas pelas trocas culturais que fazem, pela qualidade dessas trocas e pelas experiências vividas. Nesse sentido a educação desempenha um papel fundamental na formação dos jovens, dotando-os de um conjunto de valores significativos, sendo “necessário articular a noção de juventude à noção de sujeito social” (Dayrell, 2003, p. 42). Eis o caminho para a participação e para a formação cidadã.
Portanto, a participação dos jovens em ações de fomento ao ensino, a pesquisa, a extensão e aos movimentos sociais, capacita-os para a vida em sociedade como sujeito social ativo e atuante. É importante ressaltar que a participação, essencialmente dos jovens não se dá aleatoriamente, o contexto educativo, dinâmico e criativo, favorece o envolvimento dos jovens. Nesse sentido, Dayrell afirma, com base em Charlot (2000), que “a essência humana é antes de tudo social, é o mesmo que afirmar que o homem se constitui na relação com o outro” (Dayrell, 2003, p. 43); o jovem é, dessa maneira, um ser de relações sociais.
A pesquisa realizada por Dayrell, evidenciou “que ver e lidar com o jovem como sujeito, capaz de refletir, de ter suas próprias posições e ações, é uma aprendizagem que exige um esforço de autorreflexão, distanciamento e autocrítica” (Dayrell, 2003, p.44).
Na mesma perspectiva da pesquisa pelo PIBIC-EM, Dayrell fala do envolvimento dos jovens na pesquisa e sua relação com o pesquisador. De igual modo como se dão as relações, os jovens não como objetos, mas sujeitos na pesquisa que busca ampliar a consciência crítica por meio do debate com consciência, respeitando “a distância que separa a interpretação da realidade” (Dayrell, 2003, p. 45).
Na perspectiva da formação de autonomia dos sujeitos, buscou-se valorizar a participação dos/as estudantes a pesquisa como sujeitos ativos e críticos em um processo dialógico que marcaram os encontros e as discussões. De forma autônoma, os/as estudantes bolsistas PIBIC-EM participaram, contribuíram e relataram suas experiencias enquanto estudantes que antes refletiam pouco sobre o seu processo pedagógico, para estudantes reflexivos/as que se entenderam como sujeitos ativos que devem sempre buscar saber mais sobre sua formação, seus direitos de estudantes e participar das decisões que couber ao cidadão.
Toma-se como base para esse relato de experiencia a definição de Grollmus & Tarré como a recorrência do uso diverso que las narrativas presentan en las ciencias sociales (2015, p.21). Os autores ressaltam o quão a investigação narrativa pode ser proveitosa ao mundo acadêmico, especialmente nas ciências sociais, por possuir a capacidade de trazer eventos e experimentos pertencentes a outra esfera que não a do laboratório científico para o mundo acadêmico:
A pesquisa narrativa, como o processo de produção de conhecimento derivado de uma perspectiva narrativa, permite construir ferramentas que oferecem uma saída para a tensão da dicotomia coletada a partir da análise de dados que persistem nas formas tradicionais de pesquisa social. Esta dicotomia […] reproduz o binarismo entre o público e o privado […] e, por sua vez, este binarismo é problemático na medida em que permite a colonização do pesquisador exercido em outras narrativas (Grollmus e Tarré, 2015, p. 22. Tradução Nossa)[1].
Investigações narrativas dessa natureza permitem, portanto, que uma experiência subjetiva seja contemplada no mundo acadêmico, ao mesmo tempo em que o/a (s) protagonista (s) do relato seja (m) também autor/es/as dele.
A pesquisa narrada
Entre os temas de estudos na pesquisa “O papel da filosofia no ensino médio dos institutos federais”, pelo Programa PIBIC-EM, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), foi a que mais exigiu atenção pelas mudanças impulsionam atualização nos projetos pedagógicos, uma vez que as mudanças impostas por ela podem comprometer o modo de oferta, ou até mesmo, a oferta em das disciplinas de formação geral básica do ensino médio. No contexto dos IF’s, os componentes da área de ciências humanas, podem ser os mais prejudicados nos novos projetos pedagógicos, devido à tendência de redução de carga horária causado pela necessidade de adequações dos cursos segundo as exigências da Reforma do Ensino Médio. Partindo da ameaça de perda de espaço na educação básica, propomo-nos a refletir sobre a importância do ensino de filosofia no ensino médio integrado dos IF’s.
Compreendendo o ensino de filosofia como um fenômeno latente que carece de investigação, análise e respostas, se tornou imprescindível saber mais sobre sua importância ou não na formação dos/as estudantes do Instituto Federal de Mato Grosso.
A pesquisa mencionada, que constitui como corpus desse trabalho, teve como objetivo investigar o papel do ensino de filosofia no Ensino Médio Integrado, ofertado pelos IF’s. O grupo de pesquisadores fora composto por uma docente de filosofia, uma pedagoga e 5 estudantes do ensino médio integrado do IFMT/Campus Cáceres – Prof. Olegário Baldo, que compartilharam as leituras e discussões por via de um grupo de WhatsApp® e encontros virtuais pelo Google Meet®, com intervalos quinzenais. Com apoio do IFMT, a pesquisa foi desenvolvida através do PIBIC-EM.
De acordo com Lakatos e Marconi (2017), a metodologia nasce da concepção sobre o que pode ser realizado e a partir da “tomada de decisão fundamenta-se naquilo que se afigura como lógico, racional, eficiente e eficaz” (Lakatos e Marconi, 2017, p. 17). Assim, as ações foram planejadas e executadas numa ordem de seleção de materiais, cronograma, uso de tecnologias para reuniões online, orientações e articulações das discussões ajudando os/as estudantes pesquisadores, na leitura e compreensão do que é ciência e dos temas em estudos, expressando suas opiniões. Nessa direção, a pesquisa qualitativa, bibliográfica, documental e uso de narrativas nas discussões, favoreceram a busca pela compreensão do caráter formativo da filosofia em documentos, normativas e legislações.
A abordagem qualitativa de acordo com Gil (2008, p. 49), ajusta a postura do pesquisador frente ao fenômeno, considerando as causas naturais e as necessidades sociais, a interação ou intervenção ocorre sob o caráter teórico, empírico científico. De acordo com o autor, “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais amplo do que aquele que poderia pesquisar diretamente” (Gil, 2008, p. 45).
De forma complementar, sustenta-se em Lakatos e Marconi (2017, p. 174), a pesquisa documental como uma técnica de análise com finalidade básica que permite identificar modelos teóricos que relacione com as hipóteses e favorece ampliar a visão do tema e do problema.
Para o delinear da pesquisa, foram disponibilizados textos, leis, considerados como documentos ideiais para se compreender o que desejávamos. Esses documentos são produzidos, geralmente, por educadores e autores experientes, observando a realidade da sociedade brasileira e o currículo para cada faixa etária. São aprovados em Conselhos, portanto, são documentos confiáveis, pela coerência e legalidade.
Para esse desafio de identificar, analisar e evidenciar as vinculações do conhecimento intelectual esperado do ensino de filosofia pela legislação educacional brasileira, a pesquisa realizou, junto com os discentes participantes, a releitura de documentos que regulamentam o ensino médio, como a LDB, a BNCC e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).
O objetivo dessa releitura foi a análise documental, com vistas a obtenção de um panorama acerca do que a legislação educacional brasileira, bem como os documentos oficiais, esperam da disciplina ou mesmo da área de ciências humanas. Entretanto, por se tratar de um projeto PIBIC–EM, em que os discentes possuem pouca ou nenhuma experiência no campo da pesquisa, e sendo esse o primeiro contato dos discentes com atividades de pesquisa, o projeto teve o foco de sua primeira etapa voltado ao aprendizado de ferramentas de estudo e pesquisa.
Pelo edital da pesquisa, foi ofertado bolsas CNPq aos discentes, pelo período de 12 meses, mais taxa de bancada de custeio no valor de R$ 800,00 que foi utilizado para aquisição de materiais de apoio aos discentes bolsistas para realização das atividades de pesquisa. Assim, foram disponibilizados: fichas para fichamentos, canetas marca texto, lápis de cores, post it,etc. Os kits de materiais que serviram para motivar a participação ativa dos/as estudantes.
Nessa etapa do aprendizado de ferramentas de estudo e pesquisa, foram realizados estudos de técnicas de leitura e interpretação de textos, de como realizar fichamentos, mapas conceituais, resumos, resenha crítica e como de elaborar um relatório. Para esses estudos, utilizou-se em Folscheid; Wunemburger (2006), Gil (2008), e Lakatos; Marconi (2017).
Os/As estudantes realizaram ainda cursos no Portal de Periódicos da CAPES sobre como manusear o portal de periódicos, como pesquisar periódicos para publicação e artigos para estudo. O curso auxiliou no aprendizado para realizar pesquisas. Como exercício, realizam pesquisas temáticas no Portal de Periódicos CAPES.
A definição por nomear a importância da filosofia como, o papel formativo desta no ensino médio integrado, se deu em Argolo, que define “papel” no sentido conotativo como um conjunto de atividades e de responsabilidades concedidas, até múltiplos papéis definidos nos processos (Argolo, 2017).
Ademais, buscou-se evidenciar aos/as estudantes, o potencial formativo da filosofia, que é de estimular capacidades nos jovens por meio do estudo histórico reflexivo, provocativo do pensamento crítico, essencial ao exercício de cidadania dos/as jovens estudantes. Para demonstrar na prática o quanto a filosofia pode estimular tais capacidades, foi estudado as 3 primeiras Meditações de Descartes (1973), um clássico texto filosófico que ainda hoje é capaz de estimular o pensamento crítico dos leitores.
Resultados e Discussões
Marcada por orientações, leituras objetivas e discussões temáticas, a pesquisa, favoreceu os/as estudantes a exporem suas ideias; se posicionarem sobre o que aprendem em filosofia e a refletir os efeitos do ensino e da ausência desse conteúdo a longo prazo.
A oportunidade de leitura e discussão dos textos sobre método de pesquisa; das Meditações de Descartes; da LDB, Lei nº 9394/96; dos PCN’s; BNCC Ensino Médio, proporcionou aos/as estudantes momentos ricos de debates e conhecimento da estrutura e amparo legal para o desenvolvimento do processo pedagógico do Ensino Médio.
Observamos o desenvolvimento do pensamento crítico dos/as estudantes, como também a maior capacidade de interpretação. Nos diálogos, expressaram que a filosofia leva o estudante a perceber o que os cerca de forma mais crítica e reflexiva e, por isso, estimula a criação de pontos de vista com embasamento racional. O pensamento filosófico, portanto, estimula o pensamento crítico; ajuda a ter uma boa formação e visão de sociedade, como também da nossa existência, e estimula o respeito a alteridade.
Na etapa final da pesquisa, ao discutir a questão quanto ao papel da filosofia e das ciências humanas na formação dos/as estudantes do Ensino Médio Profissionalizante ofertado pelos IF’s, com esforço por representar os/as demais estudantes do ensino médio, com ética e fidelidade às suas aprendizagens, foram unânimes em considerar a filosofia como disciplina importante para que os/as estudantes tenham oportunidade de conhecer o pensamento filosófico, que trata de aprender a pensar, questionar, não conhecer as coisas apenas pela aparência, mas pelo seu valor histórico e moral que deve permear as atitudes do homem. Reconheceram a filosofia como um exercício racional de busca da sabedoria, que através das leituras, do estudo dos filósofos e das teorias, estimula a pensar na vida, nos outros e nas próprias atitudes, e que esse conhecimento é importante para saber relacionar e conviver com os outros em qualquer ambiente.
Relatos dos estudantes
Como forma de corroborar com os resultados elencados pelas pesquisadoras docentes, traremos abaixo trechos de parecer elaborado por 4 dos/as 5 estudantes bolsistas participantes do projeto. O 5º estudante não participou da confecção do parecer por já estar afastado por motivos pessoais a época de sua confecção.
Estudante bolsista 1:
O projeto de […] foi imprescindível e vital não só para o meu crescimento como estudante do Ensino Médio, bem como para o fortalecimento das ideias como um ser humano capaz e independente. Através das orientações da coordenadora do projeto, pude conhecer o Portal de Periódicos da CAPES que me abriu um leque de possibilidades e que me ajudará e facilitará futuramente quando estiver inserida em uma universidade. A filosofia é muito mais do que “apenas” teorias e hipóteses, é dela que precisamos para que os estudantes façam: pesquisa, porque filosofia é uma ciência da vida que merece ser mais difundida entre alunos do Ensino Médio. Além disso, este projeto me fez ter aprendizados que não sabia, como o fichamento bem produzido, o que deve conter, os resumos.
Estudante bolsista 2:
Participar deste projeto foi de grande importância. Eu já me interessava muito pela filosofia e pude entender o quão importante é o ensino de filosofia em nossas vidas. Através dessa pesquisa consegui melhorar alguns pontos importantes na minha vida acadêmica, como fazer fichamentos; resumos; meu senso crítico foi aprimorado. Ler leis, que era algo monótono se tornou mais interessante. Eu acredito que a filosofia é o pontapé inicial para tudo o que formos fazer na vida, só temos que conseguir interpretar e observar o que está na nossa frente.
Estudante bolsista 3:
Participar da pesquisa, promoveu novos conhecimentos, algo que será proveitoso para minha vida acadêmica. É o primeiro projeto de pesquisa em que participo e obtive diversos conhecimentos básicos que um pesquisador deve ter. Sobre o conhecimento do conteúdo, tive grandes avanços em meu senso crítico, conhecimentos sobre legislação da educação e sobre como prosseguir com um projeto de pesquisa. Tivemos conhecimentos filosóficos, e compreendo melhor a importância da filosofia tudo que a permeia, como a ética e o pensar. Tendo assim, agora o primeiro passo na minha vida aberto e mais preparado para novos projetos.
Estudante bolsista 4:
Esse projeto me trouxe ferramentas e ajustes para minha vida acadêmica, como a melhora nos resumos; o conhecimento sobre fichamento; melhora a compreensão e organização de textos complexos. Agora, tenho um olhar mais criterioso sobre alguns assuntos, leis e direitos que eu sequer sabia que existia. Por meio da leitura da BNCC, dos PCN`s e ABNT, aguçou a minha sede por pesquisa e a importância da mesma. Nesse projeto descobrimos a importância a filosofia no ensino médio, por ser uma ciência que não se retém em seu campo, ela vai além e leva a pensar e melhorar.
O crescimento intelectual dos/as estudantes bolsistas participantes da pesquisa “O papel da filosofia no ensino médio dos institutos federais”, foi observado em uma escala crescente desde os primeiros encontros, com melhoria na capacidade de leitura e interpretação, bem como de opinar sobre a temática de cada encontro. Todavia, o mais importante nesse processo se deu sobre como eles/as perceberam seu próprio desenvolvimento. Isso está presente nas falas deles/as quando expressam sobre participação, aprendizagem e entendimento quanto ao papel da filosofia no ensino médio integrado.
Quanto a participação – afirmam que participar da pesquisa fomentou novos conhecimentos que vão levar para a vida; assumem a pesquisa como vital não só para o desenvolvimento como estudante do ensino médio, mas também para fortalecer as próprias ideias como pessoa capaz e independente. E, entende-se que a participação e aquisição de conhecimentos formam a base para a autonomia do cidadão.
Quanto aos conhecimentos – revelam aprendizagem com influência na vida acadêmica, como: melhor fluência na leitura e interpretação; melhora do senso crítico; como organizar arquivo um arquivo; o que deveria conter em resumos e textos; melhor compreensão de organização de textos complexos, e que a leitura de leis, antes considerada monótonas, tornou-se interessante.
Quanto ao papel da filosofia no ensino médio integrado – acreditam e concordam que a filosofia é o ponto de partida para tudo o que fazemos na vida; que necessitamos apenas ser capazes de interpretar e observar o que está à nossa frente. Admitem que possuíam alguns conhecimentos filosóficos, mas a partir da pesquisa conseguem compreender melhor a importância da filosofia e de aspectos à sua volta, como a ética e o pensamento crítico. Por fim, assinalam a filosofia como uma ciência da vida que merece maior divulgação entre os/as estudantes do ensino médio.
Considerações
Os/As estudantes destacam a atividade de leitura das Meditações em Descartes (1973) como meiopelo qual perceberam que as habilidades de investigação podem ser desenvolvidas através dos textos filosóficos, por meio do exercício da leitura do tipo filosófica. O exercício de leitura, conforme a técnica estudada em Folshieid e Wunnenburger (2006), estimula o pensar, não necessariamente a partir de textos filosóficos, mas de temas que os levem a refletir sobre o assunto tratado e incentive o ato de pensar por si mesmo, fora do padrão esperado.
O ensino de filosofia foi compreendido como essencial aos/as estudantes do Ensino Médio Integrado ofertado pelos IF’s, no sentido que atende a uma demanda necessária de estimular o pensamento crítico nos jovens, como requisito básico à preparação para a atuação ética cidadã no mundo do trabalho, que hoje, está voltado à inovação e a proatividade tão esperada dos jovens no desempenho de suas funções na vida e no trabalho. Foi concluso que a filosofia responde a necessidade de prepará-los para as relações sociais dialógicas, éticas e para ter atitudes pensadas, como forma de evitar conflitos indesejáveis. O contato com a filosofia, portanto, contribui para que os/as estudantes não corram o risco de serem ríspidos, insensatos e até antiéticos. Considerando que o conhecimento ofertado na escola não é aleatório, reside no ensino de filosofia o conteúdo básico para a formação cidadã, capaz de provocar os jovens a pensar, questionar e buscar soluções para problemas cotidianos com coerência, ética e justiça social.
Além da percepção acerca da importância do contato com a filosofia nessa etapa da educação, ficou como principal legado aos/as estudantes participantes como pesquisadores no projeto de pesquisa em questão, a aprendizagem de várias ferramentas de estudo, de técnicas e metodologias de pesquisa e da aptidão de estudarem e pesquisarem por conta própria. Como os/as próprios/as estudantes relatam nos pareceres transcritos, as novas aptidões conquistadas ampliaram as suas visões de mundo e os trouxeram uma postura mais crítica diante do que os cerca. A obtenção dessas capacidades comprova nossa tese de que o fomento à iniciação científica na etapa do ensino médio não só contribui para angariar auxílio aos docentes pesquisadores, mas proporciona relevante impacto na formação dos jovens participantes.
Agradecimentos:
Ao Instituto Federal de educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
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[1] Nota em espanhol. la investigación narrativa, como el proceso de producción de conocimiento que se desprende de una perspectiva narrativa, permite construir herramientas que ofrezcan una salida a la tensión de la dicotomía recogida análisis de datos que persevera en las formas tradicionales de investigación social. Esta dicotomía […] reproduce el binarismo entre lo público y lo privado […] y a su vez este binarismo es problemático en la medida que permite la colonización de la persona investigadora ejercida sobre otras narrativas. (Grollmus e Tarré, 2015, p. 22).
Priscilla da Silva RODRIGUES Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Professora da Educação Básica e Tecnológica da área de Filosofia Doutoranda em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo Contato: priscilla.rodrigues@ifmt.edu.br1
Suely Nobre de SOUSA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Pedagoga. Mestre em Educação Doutoranda em Educação pela Universidade de Uberaba Bolsista CAPES/PROSUP Contato: suely.nobre.ac@gmail.com2