O PAPEL DO ENFERMEIRO NA SESSÃO DE HEMODIÁLISE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


THE ROLE OF THE NURSE IN THE HEMODIALYSIS SESSION – A BIBLIOGRAPHIC REVIEW

EL PAPEL DE LA ENFERMERA EN LA SESIÓN DE HEMODIÁLISIS – UNA REVISIÓN BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11323188


Alessandra Dos Santos1, Ana Paula Moreira Ferreira2, Andréia Da Silva Nonato3, Gleicyane Gomes Barbosa Sousa4, Iraneide Cardoso Dos Passos5, Keila Bezerra Da Silva6


RESUMO

O número de pessoas acometidas por doença renal vem alcançando índices alarmantes no mundo inteiro, tornando-se um problema importante de saúde pública. A hemodiálise (HD) é o processo de filtragem e depuração do sangue de substâncias indesejáveis como a creatinina e a ureia que necessitam ser eliminadas da corrente sanguínea humana devido à deficiência no mecanismo de filtragem nos pacientes portadores de IRC. Portanto esta pesquisa apresenta a seguinte pergunta norteadora: Quais as atribuições do enfermeiro no cuidado a pacientes em tratamento de hemodiálise? Objetivo geral: identificar por meio da literatura cientifica a atuação do enfermeiro na hemodiálise. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura de delineamento qualitativo a partir do levantamento bibliográfico eletrônico de artigos publicados entre o período de 2018 a 2023. Resultados: Diante da pertinência dessa pesquisa 12 artigos foram escolhidos, pois se encontravam em conformidade à temática em análise. Considerações finais: Ao longo da sessão de hemodiálise, o enfermeiro desempenha várias funções essenciais, desde a preparação do paciente e equipamentos até a monitorização contínua durante o procedimento. O enfermeiro é responsável por avaliar o estado do paciente antes, durante e após a hemodiálise, identificando qualquer sinal de complicações ou reações adversas. Além disso, ele administra os medicamentos prescritos, realiza intervenções de enfermagem conforme necessário e oferece suporte emocional aos pacientes, que muitas vezes enfrentam desafios físicos e emocionais significativos durante o tratamento.

Palavras chaves: Hemodiálise, Fatores de Risco, Assistência de Enfermagem.

ABSTRACT

The number of people affected by kidney disease has reached alarming rates worldwide, becoming an important public health problem. Hemodialysis (HD) is the process of filtering and purifying the blood of undesirable substances such as creatinine and urea that need to be eliminated from the human bloodstream due to a deficiency in the filtering mechanism in patients with CRF. Therefore, this research presents the following guiding question: What are the nurses’ responsibilities in caring for patients undergoing hemodialysis treatment? General objective: to identify, through scientific literature, the role of nurses in hemodialysis. Methodology: This is a bibliographic review of the literature with a qualitative design based on an electronic bibliographic survey of articles published between 2018 and 2023. Results: Given the relevance of this research, 12 articles were chosen, as they were in accordance with the theme under analysis. Final considerations: Throughout the hemodialysis session, the nurse performs several essential functions, from preparing the patient and equipment to continuous monitoring during the procedure. The nurse is responsible for assessing the patient’s condition before, during and after hemodialysis, identifying any signs of complications or adverse reactions. Additionally, he administers prescribed medications, performs nursing interventions as needed, and provides emotional support to patients, who often face significant physical and emotional challenges during treatment.

Keywords: Hemodialysis, Risk Factors, Nursing Care.

RESUMEN

El número de personas afectadas por enfermedades renales ha alcanzado tasas alarmantes en todo el mundo, convirtiéndose en un importante problema de salud pública. La hemodiálisis (HD) es el proceso de filtrar y purificar la sangre de sustancias indeseables como la creatinina y la urea que deben eliminarse del torrente sanguíneo humano debido a una deficiencia en el mecanismo de filtrado en pacientes con IRC. Por tanto, esta investigación presenta la siguiente pregunta orientadora: ¿Cuáles son las responsabilidades del enfermero en el cuidado de los pacientes en tratamiento de hemodiálisis? Objetivo general: identificar, a través de la literatura científica, el papel del enfermero en hemodiálisis. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura de delineamento qualitativo a partir do levantamento bibliográfico eletrônico de artigos publicados entre o período de 2018 a 2023. Resultados: Diante da pertinência dessa pesquisa 12 artigos foram escolhidos, pois se encontravam em conformidade à temática en análisis. Consideraciones finales: A lo largo de la sesión de hemodiálisis, la enfermera realiza varias funciones esenciales, desde la preparación del paciente y del equipo hasta el seguimiento continuo durante el procedimiento. La enfermera es responsable de evaluar el estado del paciente antes, durante y después de la hemodiálisis, identificando cualquier signo de complicaciones o reacciones adversas. Además, administra medicamentos recetados, realiza intervenciones de enfermería según sea necesario y brinda apoyo emocional a los pacientes, quienes a menudo enfrentan importantes desafíos físicos y emocionales durante el tratamiento.

Palabras clave: Hemodiálisis, Factores de Riesgo, Cuidados de Enfermería.

1 INTRODUÇÃO

Define-se, Insuficiência Renal (IR) como o decréscimo das funções renais que podem ser classificadas, de acordo com os padrões de evolução, em Insuficiência Renal Aguda (IRA), quando há perda reversível e súbita em horas ou dias da função renal, ou em Insuficiência Renal Crônica (IRC), quando há perda irreversível, lenta e progressiva, quadro esse que conduz, muitas vezes, o paciente ao óbito mais precocemente (Crews, Bello &Saadi, 2019).

O número de pessoas acometidas por doença renal vem alcançando índices alarmantes no mundo inteiro, tornando-se um problema importante de saúde pública. Estima-se que haja, atualmente no mundo, 850 milhões de pessoas com doença renal, decorrente de várias causas, sendo a Doença Renal Crônica (DRC) causadora de pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano, com uma taxa crescente de mortalidade. No Brasil, a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença, sendo que 90 mil estão em diálise, alcançando a taxa de morbimortalidade a 12,77% (Brasil, 2021).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia-SBN (2017), o número de clientes em programa de diálise aumenta progressivamente, no entanto, o Brasil ainda é um dos países com menores taxas mundiais de mortalidade (17%) em pacientes submetidos à hemodiálise. O número de pacientes com IRC, em tratamento dialítico, vem aumentando de maneira expressiva nas duas últimas décadas, acredita-se que seja consequência do envelhecimento populacional e da elevada prevalência de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica.

No Brasil, de acordo com o censo brasileiro de nefrologia realizado em julho de 2016, aproximadamente 122.825 pessoas se encontram em tratamento dialítico em decorrência da insuficiência renal. Estas apresentam-se distribuídas disformemente pelo país, encontram-se 747 unidades de diálise ativas (4% na região Norte, 18% na região Nordeste, 7% no Centro-oeste, 49% no Sudeste e 22% situadas na região Sul), responsáveis por disponibilizar esse tratamento para a população (Sesso et al., 2017).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (2020), estimativas sugerem que em torno de 20% a 30% dos óbitos de pacientes com IRC, em estágio dialítico, decorrem de renúncia à diálise, da interrupção do tratamento dialítico ou da incapacidade de oferecer tratamento dialítico em função das condições locais. É considerado como principais fatores de risco para o desenvolvimento da IR na população brasileira: idade avançada, Diabetes Mellitus (DM) -nefropatia diabética, doenças cardiovasculares (insuficiência cardíaca, doença coronariana, doença vascular periférica) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).

A hemodiálise (HD) é o processo de filtragem e depuração do sangue de substâncias indesejáveis como a creatinina e a ureia que necessitam ser eliminadas da corrente sanguínea humana devido à deficiência no mecanismo de filtragem nos pacientes portadores de IRC. Na hemodiálise, a transferência de solutos ocorre entre o sangue e a solução de diálise através de uma membrana semipermeável artificial (filtro de hemodiálise ou capilar) por três mecanismos: a difusão, que é o fluxo de soluto de acordo com o gradiente de concentração, sendo transferida massa de um local de maior concentração para um de menor concentração, isso depende do peso molecular e características da membrana (Brasil, 2021).

Sendo assim, é esperado que o enfermeiro seja capaz de organizar a assistência ofertada de acordo com as necessidades de cada pessoa submetida à diálise, visto que o cuidado de enfermagem personalizado proporciona inúmeros benefícios ao cliente, inclusive qualidade e segurança. Com isso, a equipe de enfermagem, ao ofertar o cuidado científico, seguro e de qualidade, tem a potencialidade de proporcionar condições que geram melhoria na vida do paciente, tanto pela melhor adequação e adesão ao tratamento quanto pelo impacto na qualidade de vida do indivíduo em TRS (Guimarães et al., 2017).

O tratamento de hemodiálise ambulatorial tem duração média de quatro horas, três vezes por semana, conforme estado clínico do paciente. Essa terapêutica é acompanhada por diversas limitações e restrições, ocasionando mudanças significativas no cotidiano dos pacientes.  As modificações que o tratamento na vida dos usuários, influenciam na vida emocional destes de maneira negativa. O conviver diário com a doença e o tratamento envolve repetição de ações, com presença de sofrimento contínuo e aflição (Alvez, Guedes &Costa, 2016).

Diante do exposto, evidencia-se a importância da equipe de enfermagem no cuidado às pessoas em tratamento de hemodiálise, visto que é preciso oferecer suporte de alta tecnologia e complexidade em conjunto com a interpretação do cotidiano do paciente, como seus costumes e crenças para que se estabeleça melhor vínculo entre profissional e paciente, promovendo o cuidado holístico, seguro e de qualidade (Campos et al., 2015).

Esta pesquisa se justifica pela necessidade de incorporação de conhecimentos científicos dentro das necessidades das cobranças determinadas pelo tratamento, pois o conhecimento mais profundo sobre sua doença, tratamento e possibilidades de reabilitação pode auxiliá-los no enfrentamento de situações que causam estresse vivenciado no cotidiano hemodialítico. Nota-se que o enfermeiro no exercício do seu papel profissional, deve constituir ações educativas para propiciar um tratamento de qualidade e eficaz em benefício ao paciente, realizando um trabalho de prevenção e tratando as complicações.

Em resumo este trabalho é justificado devido à crescente prevalência da DRC, à necessidade de cuidados especializados e seguros, ao impacto na qualidade de vida dos pacientes e à importância de preparar enfermeiros competentes para atender a essa crescente demanda. Além disso, a pesquisa e a inovação nesse campo são essenciais para melhorar as práticas de cuidados e os resultados dos pacientes. Dentro desta perspectiva destaca-se o enfermeiro como protagonista fundamental na gestão e prestação de cuidados de hemodiálise. Portanto esta pesquisa apresenta a seguinte pergunta norteadora: Quais as atribuições do enfermeiro no cuidado a pacientes em tratamento de hemodiálise?

Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar por meio da literatura cientifica a atuação do enfermeiro na hemodiálise. Bem como abordar aspectos conceituais; identificar os principais fatores de risco no tratamento da hemodiálise e evidenciar os principais cuidados de enfermagem ao cliente em uso de hemodiálise;

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura de delineamento qualitativo a partir do levantamento bibliográfico eletrônico de artigos publicados entre o período de 2018 a 2023. A pesquisa qualitativa considera uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. (Lakatos &Marconi, 2010, p. 269). A pesquisa qualitativa, tem como intuito avaliar evidências baseadas em dados verbais e visuais, para que seja compreendido, o tema, em profundidade. Portanto, seus resultados surgem de dados empíricos, coletados de forma sistemática (Machado, 2021).

A coleta de dados ocorreu nas seguintes bases de dados: Latino-Americano e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Base de dados de Enfermagem (BDENF) e Google Acadêmico (GOOGLE SCHOLAR), no período de 2018 a 2023, utilizando como descritores as palavras: Hemodiálise; Fatores de Risco; Assistência de Enfermagem (Hemodialysis; Risk factors; Nursing Assistance). Os descritores serão selecionados dos DECS (Descritores em ciências da saúde). Para fazer o cruzamento das palavras chaves, utilizou-se o operador booleano AND. Os mesmos foram utilizados de forma simples e associadas a fim de identificar um maior quantitativo de estudos possíveis, para desta forma compor a amostra do estudo e responder à pergunta norteadora da pesquisa: Quais as atribuições do enfermeiro no cuidado a pacientes em tratamento de hemodiálise?

Quadro 01: Estratégia de busca nas bases de dados

BASES DE DADOSESTRATÉGIA DE BUSCA
LILACS“Hemodialise” AND “Fatores de Risco” AND “Assistência de Enfermagem”
BDENFHemodialise” AND “Fatores de Risco” AND “Assistência de Enfermagem”
GOOGLE SCHOLARHemodialise” AND “Fatores de Risco” AND “Assistência de Enfermagem”
Fonte: Autoras, 2024.

Os criterios de inclusão dessa amostra são todos os artigos completos, indexados nas bases de dados selecionados para esta pesquisa e publicados no período de 2018 a 2023 e escritos na língua vernácula. Como critérios de exclusão fizeram parte monografias, dissertações, teses, documentos não oficiais e publicados no exterior e que não atendem o período especificado desta pesquisa e que não se encontram nas bases de dados desta pesquisa. 

Para a análise dos dados, os artigos foram selecionados e analisados quanto à pertinência ao tema de pesquisa, os aspectos conceituais sobre a hemodiálise, os principais fatores e complicações do tratamento e os cuidados de enfermagem dentro da temática selecionado. Tratou-se de uma análise estatística descritiva simples para descrever os achados referentes aos seguintes dados: tema principal, anos de publicação, tipo de estudo, revista e autores. A tabulação dos dados foi realizada com o auxílio do Microsoft Excel versão 2016, portanto, a elaboração de tabelas e de dashboards foi utilizada para a exposição dos dados dos resultados e discussões.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As informações foram organizadas em um fluxograma simples com síntese dos artigos encontrados para compor a amostra desta pesquisa, a partir da interpretação dos artigos pertinentes a esta temática, facilitando a comparação dos resultados.

Considerando as variáveis selecionadas para apresentação dos artigos, a Tabela 1 apresenta de forma sintética os aspectos estudados: título, autores, ano de publicação, tipo de estudo, base de dados e níveis de evidências. As informações foram organizadas em uma tabela síntese (tabela 1) a partir da interpretação e resumo dos achados, facilitando a comparação entre eles. A análise dos resultados foi realizada de forma qualitativa, a partir dos dados extraídos dos artigos selecionados.

Tabela 1 – Descrição dos artigos selecionados quanto aos níveis de evidências, título, autores, ano, tipo de estudo e base de dados. Marabá, Pará, 2024.

NETÍTULO DOS ARTIGOSAUTOR/ANOTIPO DE ESTUDOBASES DE DADOS
    01    6Intervenção educativa dos pacientes com doença renal crônica terminal: fatores de risco e complicações associadas    Corgozinho et al., 2022    Estudo de intervenção      LILACS    
    02    6Relação entre perfil profissional de enfermeiros intensivistas e cuidados Omissos na terapia por hemodiálise  Melo et al., 2019    Estudo observacional    LILACS  
    03    6Análise de indicadores de qualidade e características clínicas em Uma unidade de terapia renal substitutiva  Marques et al., 2019  Estudo quantitativo e descritivo    BDENF
    04    6Fatores de Risco para Pacientes com Falência Recorrente de Fístula Arteriovenosa  Carvalho et al., 2020  Estudo descritivo  BDENF
    05    6Identificação de diagnósticos de enfermagem em nefropatas em     Hemodiálise à luz da teoria das necessidades humanas básicas  Jacon et al., 2020Estudo descritivo e transversal  BDENF  
    06    5Segurança do paciente em hemodiálise    Rocha e Pinho 2018  Estudo bibliográfico, descritivo, tipo revisão integrativa da literatura    BDENF  
    07    5Assistência de enfermagem ao portador de Insuficiência Renal Crônica em estágio terminal: revisão integrativa  Simão et al 2022     Revisão integrativa da literatura    GOOGLE ACADÊMICO  
      08      5Atuação do(a) enfermeiro(a) aos usuários renais crônicos na atenção básica: uma revisão narrativa      Barrêto e Couto 2021Pesquisa de natureza qualitativa de revisão Bibliográfica narrativa      GOOGLE ACADÊMICO  
  09  5Fatores que influenciam a segurança do paciente em hemodiálise: revisão integrativa  Santos et al., 2020  Revisão integrativa da literatura    GOOGLE ACADÊMICO  
    10    5O papel da enfermagem frente ao paciente com insuficiência renal em tratamento de hemodiálise: Uma breve revisão integrativa da literatura    Medonça e Oliveira 2023   Revisão integrativa da literatura com abordagem qualitativa    GOOGLE ACADÊMICO  
       11    5  Qualidade de vida de pacientes renais crônicos submetidos á hemodiálise: Uma revisão integrativa  Silva et al., 2020  Revisão integrativa da literatura  GOOGLE ACADÊMICO  
    12    5Sistematização da assistência de enfermagem na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com doença renal crônica: uma revisão integrativa  Oliveira et al., 2022  Revisão integrativa da literatura  GOOGLE ACADÊMICO  
Fonte: Autoras, 2024

A qualidade das evidências que fazem parte desta revisão foram classificadas em sete níveis, no nível 1, as evidências são provenientes de revisão sistemática ou metanálise de todos relevantes ensaios clínicos randomizados controlados ou oriundas de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados; nível 2, evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; nível 3, evidências obtidas de ensaios clínicos bem delineados sem randomização; nível 4, evidências provenientes de estudos de coorte e de caso-controle bem delineados; nível 5, evidências originárias de revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; nível 6, evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo; nível 7, evidências oriundas de opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas (Melnyk et al., 2005).

Ao analisar os níveis de evidências (NE) desta pesquisa encontra-se a seguinte classificação: 5 (56%) estudos foram classificados com nível 6 e os outros 7 (36%) estudos classificados como nível 5. Em relação ao tipo de estudo dos artigos selecionados, 06 (50%) artigos são de pesquisa de revisão integrativa da literatura; 01 (8,3%) de estudo observacional; 01 (8,3%) de estudo de intervenção; 01 (8,3%) de pesquisa descritiva; 01 (8,3%) de estudo descritivo quantitativo; 01 (8,3%) de estudo descritivo transversal e 01 (8,3%) do tipo revisão bibliográfica narrativa.

A DRC afeta diretamente a funcionalidades dos rins, gera comprometimento dos processos metabólicos do organismo e a perda da homeostase corporal. Possui evolução lenta, geralmente avançando para a fase terminal após anos e na obrigatoriedade de tratamentos substitutivos artificiais como: diálise peritoneal e hemodiálise, assim como a possibilidade de o paciente necessitar da lista de espera para transplante de rim. Em contrapartida, é uma comorbidade geralmente assintomática nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico preco¬ce (Barreto  &Couto, 2021).

Silva e colaboradores (2020), citam que a adesão ao tratamento por parte do portador de DRC em terapia hemodialítico não é um processo simples. Existem vários fatores envolvidos que agem de forma interrelacionada. Cada indivíduo segue o tratamento de uma forma única e característica, influenciado pelos inúmeros fatores adquiridos ao longo da vida, pelo apoio familiar e pelos relacionamentos com outras pessoas.

Rocha & Pinho (2018), afirmam que a hemodiálise é um setor que requer o uso de tecnologias e depende de uma equipe altamente treinada e capacitada. Informa-se que a ocorrência de eventos adversos é frequente, não só os relacionados ao tratamento hemodialítico, mas também à própria condição clínica do paciente, que o predispõe à ocorrência desses eventos.

Corgozinho e colaboradores (2022), identificam em suas pesquisas os fatores de risco como comorbidades, excesso de peso Inter dialítico, ausência de cuidados com o acesso vascular e das complicações associadas como hipotensão, tremores, calafrios e febre contribuiu para a diminuição da incidência desses eventos no setor de hemodiálise.

A qualidade de vida é um aspecto importante em pessoas com doenças crônicas graves e limitantes que se submetem a tratamentos prolongados e dolorosos e apresentam maior vulnerabilidade, como é o caso dos pacientes em tratamento por hemodiálise. Nos últimos anos, como consequência do avanço técnico cientifico e da utilização de equipamentos sofisticados no tratamento hemodialítico ainda causa enorme desgaste emocional aos pacientes (Silva et al., 2020).

Portanto, a adequada interpretação e utilização de indicadores de qualidade proporcionam uma revelação da qualidade do processo e da segurança do paciente, subsidiando desta maneira a tomada de decisões pela equipe multidisciplinar de modo a reduzir os impactos negativos na qualidade de vida de usuários, tornando o tratamento mais individualizado (Marques et al., 2019).

Compreende-se, portanto, que o viver com a condição crônica passa a ser, além dos agravos físicos, é uma condição que altera o processo de ser saudável de indivíduos ou grupos. Sendo assim, deve-se dar importância à percepção de que cada paciente tem de sua vida, saúde e doença, considerando suas sugestões para soluções de seus problemas, desenvolvendo então, um trabalho voltado ao doente e não à doença (Silva et al., 2020).

Torna-se imprescindível que a equipe da hemodiálise aprofunde os seus conhecimentos acerca da segurança do paciente para atuar, de forma proativa, na prevenção da ocorrência de eventos adversos garantindo, assim, a segurança do paciente e uma melhor qualidade de vida ao paciente com doença renal crônica em tratamento hemodialítico (Rocha; Pinho, 2018).

Oliveira e colaboradores (2022) citam a enfermagem como os principais envolvidos na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com DRC. Ainda identificam em suas pesquisas algumas intervenções de enfermagem que visem a redução da dor, pressão arterial e sintomas depressivos, assim como melhora do autocuidado, da qualidade do sono, da autopercepção, da disposição e do bem-estar, para corroborar, contradizer ou acrescentar evidências citadas neste estudo.

Importa ressaltar, ainda, fatores positivos como atitudes de autocuidado, considerando o apoio e ajuda dos familiares, amigos, colegas de trabalho e outras pessoas do seu convívio social, no sentido de conviver com a DRC, almeja o bem-estar e a qualidade de vida (Silva et al., 2020). Carvalho e colaboradores (2020) citam que a comunicação se torna grande diferencial na relação entre a enfermagem e o cliente, visando orientações em prol do cuidado e conservação dos acessos definitivos.

Por isso Jacon e colaboradores (2020), destacam-se em suas pesquisas a importância da aplicação do Processo de Enfermagem e a Teoria das Necessidades Humanas Básicas como atividade peculiar ao enfermeiro, haja vista, facilitar a identificação dos problemas dos pacientes, bem como levar à compreensão dos aspectos clínicos e psicobiológicos que impactam na qualidade de vida dos pacientes. Elaborar um plano terapêutico guiado por teorias e processos científicos para pessoas com DCR contempla os cuidados preventivos e de reabilitação, destaca a enfermagem enquanto ciência no processo do cuidado, aproxima o enfermeiro do paciente, além de promover uma assistência pautada em evidências clínicas. 

Santos e colaboradores (2020), afirmam que as unidades de hemodiálise apresentam um grande potencial de risco para a ocorrência de eventos adversos, sendo necessário o incentivo à cultura de segurança do paciente nesses setores. Ainda se ressalta a importância da sistematização da assistência de enfermagem, proporcionando o cuidado contínuo a estes indivíduos, com organização e planejamento de voltadas à prevenção e tratamento de complicações associadas ao procedimento.

Nas pesquisas de Barretos & Couto (2021), citam que os(as) enfermeiros(as), devem ter conhecimento da solicitação dos exames adequados para os diagnósticos, detecção dos fa-tores de riscos da população adstrita, prevenção da DRC nos pacientes que já possuem comorbidades pré-existentes, retardamento da progressão dos que já foram diagnosticados com lesões renais, educação em saúde em grupos e individuais no estímulo para a melhoria da qualidade de vida.

Nas pesquisas de Simão e colaboradores (2022), não só o paciente é abatido durante a trajetória, mas também a família e os profissionais, sendo necessárias medidas que visem apoiar esse trinômio. Além disso, o estudo ressalva a importância da educação em saúde, logo, se mostrou bastante efetiva na continuidade da assistência e melhor qualidade de vida dos pacientes. Desse modo, sugere- se o desenvolvimento de novas investigações que possam contribuir para a criação de protocolos institucionais que auxiliem na organização dos cuidados ao paciente em hemodiálise, bem como na prática da educação permanente dos profissionais que atuam na assistência (Santos et al., 2020).

A equipe de Enfermagem deve ser empoderada quanto ao conhecimento do processo fisiopatológico e o curso clínico da DRC, pois, ao detectar sinais clínicos de complicações de saúde dos usuários pode prevenir agravos, orientando precocemente pacientes e familiares, auxiliando-os a tornarem-se protagonistas do cuidado (Marques et al., 2019). Em contrapartida Barreto & Couto (2021), evidenciam as fragilidades dos(as) enfermeiros(as) no reco¬nhecimento dos fatores de riscos, desconhecimento dos critérios de diagnósticos preconi¬zados pelo Ministério da Saúde, fragilidade na rede de apoio da atenção especializada, elevados números de casos subdiagnosticados, e como consequência, diagnóstico da insuficiência renal já em fases mais avançadas.

Mendonça e Oliveira (2023), defendem a ideia que a assistência de enfermagem deve ser realizada conforme o decorrer do tratamento do paciente, desde o Pré, trans e pós, tendo ações voltadas para a promoção, prevenção e recuperação, tratando o mesmo de forma holística, observando e avaliando sempre o procedimento.

A necessidade de realização de demais atividades a serem sugeridas ao Enfermeiro para a melhoria da assistência, como a realização e participação em ações de educação continuada e educação permanente em saúde, de forma a ser um compromisso de investimento na formação por parte da instituição, assim como em caráter individual (Barreto & Couto, 2021).

O enfermeiro tem como umas de suas atribuições o acompanhando de aspectos físicos e emocionais, realizando educação continuada com o indivíduo e seus familiares. Assim, a assistência do enfermeiro traz os seguintes benefícios: melhor qualidade de vida ao paciente; preservação do acesso vascular; fornecimento de apoio emocional; minimização de intercorrências antes, durante e pós procedimento. A assistência do enfermeiro deve ser realizada de forma contínua e integral, de modo que ele possa acompanhar o paciente em todas as fases desde a prevenção ao tratamento, podendo intervir quando necessário para melhora do mesmo (Mendonça & Oliveira, 2023).

O enfermeiro deve sempre estar se atualizando sobre o procedimento, a enfermidade, e as condutas de enfermagem. Espera-se, ainda, que caso necessário, o enfermeiro coloque em prática seus conhecimentos, bem como saiba transmiti-los à sua equipe, pacientes e familiares. A equipe de enfermagem deve saber identificar, descrever, analisar e compreender as necessidades de qualidade de vida dos pacientes portadores de insuficiência renal, tornando seu papel crucial na promoção, prevenção e tratamento (Mendonça & Oliveira, 2023). Dentro dessa perspectiva Melo et al. (2019), afirmam que as avaliações devem subsidiar a reflexão das práticas assistenciais e gerenciais de enfermeiros na busca de melhor qualidade e segurança para o cuidado do paciente com DRC. 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A enfermagem é crucial na promoção do bem-estar e na garantia da segurança e eficácia do tratamento para os pacientes. Ao longo da sessão de hemodiálise, o enfermeiro desempenha várias funções essenciais, desde a preparação do paciente e equipamentos até a monitorização contínua durante o procedimento. O enfermeiro é responsável por avaliar o estado do paciente antes, durante e após a hemodiálise, identificando qualquer sinal de complicações ou reações adversas. Além disso, ele administra os medicamentos prescritos, realiza intervenções de enfermagem conforme necessário e oferece suporte emocional aos pacientes, que muitas vezes enfrentam desafios físicos e emocionais significativos durante o tratamento.

As atribuições consistem em uma variedade de responsabilidades que visam garantir a segurança, o conforto e a eficácia do tratamento. Em conclusão, o enfermeiro desempenha um papel fundamental em todas as etapas do processo de hemodiálise. Desde a avaliação inicial do paciente até o acompanhamento contínuo durante o procedimento e o suporte emocional e educacional, sua atuação é essencial para promover a saúde e o bem-estar dos pacientes. Além disso, o enfermeiro é responsável por assegurar a adesão às práticas de controle de infecção, realizar intervenções de enfermagem quando necessário, administrar medicamentos conforme prescrição médica e garantir a comunicação eficaz entre a equipe multidisciplinar e o paciente.

REFERÊNCIAS

Alvez, L.O., Guedes, C.C.P. & Costa, B.G. (2016). As ações do enfermeiro ao paciente renal crônico: reflexão da assistência no foco da integralidade. Revista de pesquisa cuidado é fundamental. 8(1), 3907-392.

Barrêto, Angélica Maria dos Santos; Couto, Tatiana Almeida. Atuação do (a) enfermeiro (a) aos usuários renais crônicos na atenção básica: uma revisão narrativa. 2021. Acesso em 13 mar. 2024.

Brasil. Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. 2021. Disponivel em: http://bvsms.saude.gov.br/. Brasil. Governo do Brasil. Doença renal crônica atinge 10% da população mundial, 2021. Acesso em: 09 de fev. 2024.

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Corgozinho, Juliana Costa et al. Intervenção educativa dos pacientes com doença renal crônica terminal: fatores de risco e complicações associadas. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 12, 2022.

Crews, D. C., Bello, A. K., & Saadi, G. (2019). Editorial do Dia Mundial do Rim 2019 -impacto, acesso e disparidades na doença renal. Jornal Brasileiro de Nefrologia, 41(1), 1-9. doi: 10.1590/2175-8239-jbn-2018-0224.

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1Graduando em Enfermagem, Universidade Paulista (UNIP), Polo Marabá, Unidade VP- OITO, Folha 32, Qd. 09, SN, Nova Marabá, Marabá- PA, CEP: 68508-090. E-mail: Santosale9123@gmail.com

2Graduando em Enfermagem, Universidade Paulista (UNIP), Polo Marabá, Unidade VP- OITO, Folha 32, Qd. 09, SN, Nova Marabá, Marabá- PA, CEP: 68508-090. E-mail: Anapaula.moreira0119@gmail.com

3Graduando em Enfermagem, Universidade Paulista (UNIP), Polo Marabá, Unidade VP- OITO, Folha 32, Qd. 09, SN, Nova Marabá, Marabá- PA, CEP: 68508-090. E-mail: Silvanonato508@gmail.com

4Graduando em Enfermagem, Universidade Paulista (UNIP), Polo Marabá, Unidade VP- OITO, Folha 32, Qd. 09, SN, Nova Marabá, Marabá- PA, CEP: 68508-090. E-mail: Gleyciane.gomes93@gmail.com

5Graduando em Enfermagem, Universidade Paulista (UNIP), Polo Marabá, Unidade VP- OITO, Folha 32, Qd. 09, SN, Nova Marabá, Marabá- PA, CEP: 68508-090. E-mail: Iraneidepassos2010@hotmail.com

6Graduada em Enfermagem, Universidade Ceuma- Campus Imperatriz. Rua Barão do Rio Branco, Qd. 12, 100, Maranhão Novo, Imperatriz- MA, CEP: 65903-093. E-mail: Keylabezerra93@gmail.com