O PAPEL DA TECNOLOGIA VERDE NA BUSCA POR SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS E VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS ORGANIZAÇÕES

THE ROLE OF GREEN TECHNOLOGY IN THE PURSUIT OF SUSTAINABLE SOLUTIONS AND COMPETITIVE ADVANTAGE FOR ORGANIZATIONS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11558330


Adriano Scopel Largura1,
Orientador Prof. Msc. Luciano Pimenta Valadares2


RESUMO

Este artigo aborda a importância da Tecnologia Verde como uma estratégia para a sustentabilidade e vantagem competitiva nas organizações. Diante do surgimento do consumidor verde e da urgência em reformular práticas operacionais, a Tecnologia Verde é apresentada como uma aliada na redução do impacto ambiental. O estudo explora algumas categorias de Tecnologia Verde, incluindo energias renováveis, eficiência energética, gestão de resíduos e práticas de produção sustentáveis. A literatura revisada destaca a relação entre Tecnologia Verde e vantagem competitiva, influenciando a cadeia de valor e proporcionando benefícios únicos. A metodologia adotada é predominantemente qualitativa, baseada em revisão bibliográfica, buscando compreender como as organizações implementam a Tecnologia Verde. Os resultados e discussões enfatizam casos práticos, como a implementação bem-sucedida de práticas sustentáveis em hotéis e a influência positiva das tecnologias verdes na competitividade do setor moveleiro. A conclusão destaca que a adoção estratégica de Tecnologia Verde não apenas contribui para a preservação ambiental, mas também fortalece a eficiência operacional, reduz custos e promove inovação. No entanto, são reconhecidos desafios, como custos iniciais e resistência cultural. O artigo conclui que a incorporação de Tecnologia Verde é essencial para enfrentar os desafios ambientais, contribuindo para a competitividade e construindo um futuro sustentável.

Palavras-chave: Tecnologia verde; Soluções sustentáveis; Inovação tecnológica; Organizações; Vantagem competitiva.

ABSTRACT

This article addresses the importance of Green Technology as a strategy for sustainability and competitive advantage in organizations. In light of the emergence of the green consumer and the urgency to reformulate operational practices, Green Technology is presented as an ally in reducing environmental impact. The study explores several categories of Green Technology, including renewable energy, energy efficiency, waste management, and sustainable production practices. The reviewed literature highlights the relationship between Green Technology and competitive advantage, influencing the value chain and providing unique benefits. The adopted methodology is predominantly qualitative, based on a literature review, aiming to understand how organizations implement Green Technology. The results and discussions emphasize practical cases, such as the successful implementation of sustainable practices in hotels and the positive influence of green technologies on the competitiveness of the furniture sector. The conclusion highlights that the strategic adoption of Green Technology not only contributes to environmental preservation but also strengthens operational efficiency, reduces costs, and promotes innovation. However, challenges such as initial costs and cultural resistance are acknowledged. The article concludes that the incorporation of Green Technology is essential to face environmental challenges, contributing to competitiveness and building a sustainable future.

Keywords: Green Technology; Sustainable Solutions; Technological Innovation; Organizations; Competitive Advantage.

1. Introdução

Este artigo aborda a importância da Tecnologia Verde como uma estratégia para a sustentabilidade e vantagem competitiva nas organizações. É também referida como tecnologia ambiental ou eco tecnologia, englobando inovações cuidadosamente projetadas para reduzir o impacto ambiental das atividades humanas. Segundo Barney (1991), o desenvolvimento de tecnologias ambientalmente sustentáveis possui um notável potencial estratégico, pois afeta diretamente a cadeia de valor das organizações e proporciona vantagens competitivas únicas e difíceis de serem copiadas. 

Essas tecnologias abrangem desde energias renováveis até práticas de produção ecologicamente corretas e sistemas de gestão de recursos naturais. O que a torna particularmente relevante é sua capacidade de se converter em um ativo estratégico para as empresas, influenciando diretamente o processo de tomada de decisões.

A busca por soluções sustentáveis têm se tornado essenciais para as empresas na era atual, onde a conscientização ambiental está em crescimento constante. Conforme princípio estabelecido na declaração elaborada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972:

Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social, devem ser utilizadas a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, visando às soluções dos problemas ambientais e ao bem comum do homem (ONU, 1972).

Nesse cenário de preocupação ambiental, surge um novo perfil de consumidor – o consumidor verde, cujos objetivos vão além de satisfazer às necessidades e desejos individuais. Sendo caracterizados como indivíduos ecologicamente conscientes, que buscam adquirir produtos que tenham um impacto mínimo, ou nenhum, sobre o meio ambiente (Roberts, 1995). Nesse contexto, Makower (1997) e Portilho (2005) definem o consumidor verde como alguém que, além de considerar a relação qualidade/preço, incorpora a variável ambiental em seu processo de escolha, preferindo produtos que não agridam ou sejam percebidos como não prejudiciais ao meio ambiente. Eles se preocupam com os prejuízos ambientais provocados tanto pela produção quanto pelo consumo desenfreado, além de influenciar outros consumidores a escolher empresas que compartilhem do mesmo ideal.

A fim de alcançar uma sustentabilidade, a qual busca equilibrar o crescimento econômico, o progresso social e a preservação ambiental, e atender a este grupo específico de consumidores, as organizações se veem compelidas a desenvolver estratégias inovadoras, tanto em termos de produção quanto de comercialização, como meio de obter vantagem competitiva (Veiga Neto. et. al, 2014, p.25).

No entanto, apesar do reconhecimento dos benefícios proporcionados pelas Tecnologias Verdes, muitas organizações ainda enfrentam desafios significativos na adoção e implementação eficaz dessas tecnologias. Diante dessa situação, neste artigo, questiona-se sobre os tipos de tecnologias verdes existentes e como estas podem ser aplicadas de maneira estratégica nas empresas para a construção de vantagem competitiva. Assim, propõe-se como objetivo geral investigar esses tipos e analisar exemplos de aplicação, com o intuito de promover a sustentabilidade organizacional e fortalecer a competitividade empresarial.

A relevância desse problema reside na crescente urgência de práticas empresariais que não só minimizem os impactos ambientais, mas também maximizem a eficiência econômica, atendendo às demandas dos consumidores verdes e contribuindo para a sustentabilidade global.

Segundo Porter et.al (1995), padrões ambientais bem projetados podem desencadear inovações que reduzem o custo total de um produto ou melhoram seu valor. Tais inovações permitem que as empresas utilizem de maneira mais eficiente diversos recursos, desde matérias-primas, até energia e mão de obra, compensando os custos associados à melhoria do impacto ambiental e resolvendo o impasse. Em última análise, essa otimização dos recursos aprimora a produtividade e torna as empresas mais competitivas, não menos.

Desse modo, a busca por soluções sustentáveis nas organizações é de extrema importância no contexto atual, marcado por preocupações ambientais crescentes e pela necessidade de práticas empresariais responsáveis. A Tecnologia Verde tem o potencial de desempenhar um papel fundamental nesse processo, contribuindo para a redução do impacto ambiental das operações empresariais e para a criação de vantagens competitivas. No entanto, ainda há lacunas na compreensão de como as organizações podem adotar efetivamente essas tecnologias e enfrentar os desafios associados a elas. Diante disso, este artigo visa fornecer informações e exemplos de aplicação da tecnologia verde para empresas que desejam adotá-la de maneira estratégica. 

2 Revisão da Literatura

O presente artigo fundamenta-se em uma revisão da literatura relacionada à definição de Tecnologia Verde e suas categorias, bem como ao conceito de vantagem competitiva nas organizações. Para tanto, a revisão é estruturada em dois tópicos, abordando cada conceito de forma detalhada.

2.1 Definição de Tecnologia Verde

A Tecnologia Verde, também conhecida como tecnologia ambiental ou eco tecnologia, refere-se a um conjunto de inovações e práticas projetadas para reduzir o impacto ambiental das atividades humanas (Gupta, 2019). Essas inovações abrangem uma variedade de áreas, incluindo energias renováveis, gestão de resíduos, práticas de produção eco-amigáveis, eficiência energética e sistemas de gestão eficiente de recursos naturais (Porter; Van der Linde, 1995). A seguir, são apresentadas as definições das áreas mencionadas:

Energias Renováveis: Oferecem benefícios significativos para o meio ambiente, caracterizando-se frequentemente por custos reduzidos e pela ausência de processos artificiais prejudiciais. Dentre as diversas formas, as mais reconhecidas incluem a energia eólica, solar e hidráulica. Essas fontes de energia podem ser consideradas praticamente inesgotáveis em termos da escala humana, em contraste com os combustíveis fósseis. Além disso, seu impacto ambiental é consideravelmente inferior ao provocado pelas fontes de energia derivadas de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás (Miranda, et al., 2019, p.19).

Gestão de Resíduos: De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos — Lei nº 12.305/2010 —, esse processo inclui a coleta seletiva, recuperação e reciclagem, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos. Também abrange a gestão de resíduos da construção civil, de serviços de transporte, de saúde, agrossilvopastoris e outros tipos de resíduos (Brasil, 2010). No contexto das organizações, desempenha um papel fundamental na promoção da sustentabilidade, envolvendo a coordenação de práticas desde a redução na fonte até a disposição final ambientalmente segura. Além de mitigar impactos ambientais adversos, como poluição e degradação do solo, uma gestão eficaz de resíduos contribui para a conservação de recursos naturais, atende a regulamentações ambientais, e reflete o compromisso social e ambiental das organizações. Entre os diferentes exemplos têm-se as tecnologias de separação e classificação de resíduos, que utilizam sensores óticos para diferenciar os tipos de materiais e acelerar a separação dos materiais recicláveis, bem como o plasma térmico, que consiste em uma tecnologia utilizada para o processamento de resíduos perigosos, que são lançados em um reator de plasma, alterando a composição química original para compostos mais simples.

Práticas de Produção Eco-Amigáveis: A incorporação de práticas ecologicamente amigáveis na gestão da produção envolve o uso de tecnologias sustentáveis e limpas (Jabbour, 2010). Desse modo, a implementação de práticas de produção eco-amigáveis representa uma abordagem estratégica para reduzir o impacto ambiental das operações industriais. Essas práticas incluem a escolha de materiais sustentáveis, a otimização de processos de fabricação para minimizar as emissões de poluentes, e a busca por métodos de produção que priorizem a eficiência no uso de recursos naturais — Produção enxuta – Lean Manufacturing —. Ao adotar essas práticas, as organizações não apenas demonstram responsabilidade ambiental, mas também podem alcançar benefícios econômicos significativos. Além disso, ao reduzir o desperdício de recursos e adotar processos mais eficientes, as empresas podem melhorar sua competitividade no mercado, alcançando uma posição distintiva e atraindo consumidores que valorizam práticas empresariais socialmente responsáveis.

Eficiência Energética: Conforme destacado no Livro Verde para a Eficiência Energética (LVEE), publicado pela Comissão Europeia (2005), a eficiência energética está principalmente ligada ao controle e redução do consumo de energia para criar a mesma quantidade de riqueza, resultando em maior economia. Além disso, a eficiência energética requer a implementação de ações específicas na produção, transformação e distribuição de energia. Isso implica a utilização mais eficiente da energia em processos industriais, edifícios e transporte, resultando na redução do consumo total de energia e dos custos associados. 

Transporte Sustentável: O conceito de transporte sustentável abrange estratégias e práticas que visam minimizar o impacto ambiental das atividades de transporte. Segundo Gilbert et al. (2003), o transporte sustentável atende às necessidades básicas de indivíduos e sociedades de forma segura e ecologicamente compatível, é acessível e eficiente, apoia o crescimento econômico, e limita emissões e resíduos a níveis absorvíveis pelo meio ambiente, além de minimizar o uso de recursos não renováveis e promover a reciclagem e a reutilização de componentes. Entre os mais conhecidos estão os diversos tipos de veículos elétricos, para transporte de cargas e pessoas. Sendo assim, ao priorizar o uso de veículos com menor pegada de carbono, as organizações não apenas reduzem suas emissões de poluentes, mas também contribuem para a melhoria da qualidade do ar e mitigam as mudanças climáticas. A sustentabilidade no transporte não só atende às crescentes preocupações ambientais, mas também pode resultar em eficiências operacionais, economia de custos e, em última análise, em uma posição competitiva mais sólida no mercado.

Em meio à crescente conscientização ambiental e à necessidade de práticas empresariais mais responsáveis, as empresas estão cada vez mais voltando sua atenção para a adoção de tecnologias que minimizem o impacto ambiental de suas operações. O que torna a Tecnologia Verde particularmente relevante é sua capacidade de influenciar a tomada de decisões estratégicas nas organizações, afetando diretamente a cadeia de valor e proporcionando vantagens competitivas únicas (Barney, 1991).

2.2 Vantagem competitiva nas organizações

Muitas das definições de competitividade estão centradas nas capacidades e ofertas de uma organização em comparação com seus concorrentes, sendo que a maioria dos autores utiliza o termo para descrever a vantagem que uma empresa ou indústria possui em relação aos seus pares. Segundo Porter (1990), essa vantagem competitiva se manifesta na forma e nas estratégias adotadas pela empresa, as quais podem estabelecer e manter seu triunfo no mercado, fundamentado no valor que uma organização consegue gerar para seus clientes e que excede os gastos de produção da empresa (Porter, 1990).

Ainda de acordo com Porter (1990), existem cinco forças que influenciam a capacidade competitiva: a ameaça de novas empresas, a ameaça de novos produtos ou serviços, o poder de barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos compradores e a rivalidade entre os competidores existentes. A combinação dessas forças competitivas irá estabelecer o potencial de ganho e o desempenho final da organização.

Entretanto, conforme Mcgrath (2013), o aumento da velocidade das mudanças no mercado torna os consumidores mais exigentes, reduzindo as margens para erros nas estratégias de mercado das empresas. Portanto, é imperativo adotar uma estratégia ágil e adaptável, capaz de responder rapidamente às transformações do mercado. A autora enfatiza que o manual de estratégias deve passar a basear-se na noção de vantagem temporária/transitória, em contraposição à vantagem competitiva sustentável, perspectiva defendida por Porter. Ela também destaca a importância de as organizações optarem por lançar constantemente novas iniciativas estratégicas para explorar vantagens competitivas de natureza transitória, a fim de manter sua rentabilidade e crescimento.

Deste modo, a vantagem competitiva se materializa quando uma empresa apresenta um produto ou serviço que seus clientes-alvo reconhecem como superior aos oferecidos por seus rivais. Essa vantagem é adquirida pela organização ao proporcionar um valor superior ao consumidor, seja através de preços mais acessíveis, ou ao disponibilizar benefícios e serviços adicionais que justifiquem preços mais elevados, bem como por apresentar outros diferenciais que as destaquem dos concorrentes e que sejam valorizados por parcela desses clientes, como o exemplo de boas práticas através da implementação de soluções sustentáveis.

Diante desse cenário, destaca-se a expressão marketing verde, que reflete a preocupação do mercado em produzir e comercializar produtos ou mesmo atender as necessidades e desejos dos consumidores de forma a causar um impacto mínimo ao meio ambiente. Dias (2011) esclarece que os produtos que trazem consigo essa concepção, possibilitam agregar valor à imagem da empresa bem como ao produto comercializado.

Sendo assim, a busca por tecnologias verdes também está intimamente relacionada à vantagem competitiva das organizações. A vantagem competitiva é determinante para o sucesso empresarial, porque ajuda na construção da imagem e maximiza parte dos lucros, e as empresas que gerenciam medidas como a satisfação dos clientes, o desenvolvimento de funcionários, sistemas de custo e de qualidade, manufatura enxuta e melhoria contínua podem obter vantagem competitiva (Camfield, 2019). Para aumentar a competitividade no mercado global, as empresas trabalham em conjunto com os parceiros da cadeia de suprimentos para cumprir as normas ambientais, reduzir os impactos ambientais e atingir os objetivos ambientais coletivamente (Porter, et al, 1995). 

3 METODOLOGIA

De acordo com Creswell (2007, p. 187), a essência da pesquisa qualitativa é a sua natureza interpretativa, onde o pesquisador analisa os dados com uma perspectiva holística dos fenômenos sociais. “Isso explica por que estudos de pesquisa qualitativa aparecem como visões amplas em vez de microanálises. Quanto mais complexa, interativa e abrangente a narrativa, melhor o estudo qualitativo”. Desse modo, este artigo adota uma abordagem predominantemente qualitativa, centrada em uma revisão bibliográfica desenvolvida em quatro etapas:

1 Pesquisa Bibliográfica: A primeira etapa consiste na seleção de fontes relevantes sobre Tecnologia Verde e vantagem competitiva nas organizações. As fontes incluem publicações acadêmicas, estudos de caso e literatura especializada. Segundo Gil (2002, p.44), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, o que torna essencial a escolha criteriosa das fontes para garantir a relevância e a qualidade das informações coletadas.

2 Análise dos materiais selecionados: Após a coleta das fontes, os materiais são analisados para compreender os conceitos estudados. Bardin (1995, p.19) destaca que a análise de conteúdo é uma técnica valiosa para a “descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação”, permitindo uma interpretação aprofundada dos dados coletados. Além disso, a análise qualitativa exige um processo de leitura minuciosa e interpretativa dos materiais, buscando a compreensão profunda dos fenômenos.Identificação de exemplos: Nesta etapa, busca-se identificar na bibliografia selecionada práticas e lições aprendidas na implementação de Tecnologias Verdes, destacando exemplos concretos de aplicação. Segundo Yin (2005, p.32), o estudo de caso é uma investigação empírica que permite examinar um fenômeno contemporâneo em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos, o que é essencial para a identificação de práticas bem-sucedidas e as lições aprendidas. Portanto, este artigo utiliza-se de exemplos colhidos em estudos já realizados, para exemplificação das variadas possibilidades de alcance da sustentabilidade e vantagem competitiva.

3 Síntese das Informações: Com base nas informações coletadas e analisadas, realiza-se uma síntese, buscando entender como as organizações têm adotado as Tecnologias Verdes de forma estratégica para obter vantagens competitivas. Denzin e Lincoln (2000) assemelham o processo de análise qualitativa à criação de uma bricolagem ou à montagem de uma colcha de retalhos. Sendo assim, a síntese das informações deve integrar os dados de forma coerente, buscando estabelecer relações e padrões que possam explicar os fenômenos estudados. Em outras palavras, a análise crítica e reflexiva contribui para a construção de conhecimentos sólidos e aplicáveis.

A partir dessas etapas metodológicas, este estudo busca fornecer uma base estruturada que contribua para o entendimento das empresas sobre a adoção estratégica de Tecnologias Verdes.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o intuito de abordar e discutir a importância da Tecnologia Verde como uma estratégia para a sustentabilidade e vantagem competitiva nas organizações, este item é organizado em dois tópicos. O primeiro apresenta exemplos de diferentes setores, como o hoteleiro, moveleiro, gráfico, fabricação de produtos de limpeza, fabricação de bombas de irrigação e comércio — incluindo um exemplo específico do uso de embalagens no setor de venda de molhos para salada —.

Essa variedade de setores é explorada para ilustrar as diferentes aplicações da Tecnologia Verde e os benefícios associados à adoção de práticas sustentáveis. O segundo tópico ressalta a importância da colaboração entre indústrias e universidades como um impulso para a inovação tecnológica dentro do contexto da sustentabilidade. Nesse sentido, programas de patentes verdes emergem como instrumentos cruciais para promover a inovação nesse campo.

4.1 Exemplos da aplicação da tecnologia verde em diferentes setores 

A adoção da Tecnologia Verde não apenas contribui para a preservação ambiental, mas também tem o potencial de aprimorar a eficácia operacional, reduzir despesas e fortalecer a imagem da marca. Dados publicados pela pesquisa conduzida pelo MIT Sloan Management Review, em parceria com o Boston Consulting Group (2013), reforçam essa afirmação ao revelar que 37% das indústrias que implementaram práticas sustentáveis experimentaram um aumento significativo em seus lucros. Além dos benefícios financeiros, essas empresas expandiram sua presença no mercado, melhoraram sua eficiência energética e obtiveram vantagens competitivas notáveis.

Exemplos de aplicações da Tecnologia Verde em diferentes setores ilustram a diversidade e a efetividade dessas práticas. No setor hoteleiro, a adoção da Tecnologia Verde tem se mostrado altamente eficaz para promover a sustentabilidade e obter vantagens competitivas. Medidas simples, como a instalação de painéis fotovoltaicos para o uso de energia solar, oferecem benefícios significativos, incluindo a não poluição ambiental, baixo custo de manutenção e viabilidade econômica em áreas com alta exposição solar (Dias, 2003).

A rede Bourbon de hotéis e resorts exemplifica o impacto positivo dessas práticas. Uma campanha para promover o uso racional dos recursos naturais entre colaboradores e hóspedes resultou em uma significativa redução do consumo de energia e água, variando entre 45% a 50%. A economia obtida foi reinvestida em novas tecnologias, melhorando ainda mais a sustentabilidade das operações (Mancebo, 2014).

Esse exemplo do setor hoteleiro destaca várias áreas de foco principais, tais como: o uso eficiente dos recursos naturais, gestão de resíduos sólidos e efluentes líquidos, utilização de energias renováveis, construções sustentáveis, aquisição de alimentos orgânicos e reciclagem de materiais. Essas práticas não só reduzem impactos ambientais, como também aumentam a eficiência operacional e atraem clientes preocupados com a sustentabilidade, fortalecendo a competitividade do hotel no mercado (Mancebo, 2014).

No setor moveleiro, Camfield (2019) elaborou um estudo que testou a relação das práticas de inovação verde na competitividade do setor moveleiro do Rio Grande do Sul, identificando três práticas com impacto positivo e significativo: ecodesign, processos verdes e a tecnologia verde.

A primeira prática, o ecodesign, conforme Zhu et al. (2004), engloba um conjunto de práticas de projeto voltadas para o desenvolvimento de produtos e processos ecoeficientes. O objetivo é minimizar o impacto ambiental ao longo de todo o ciclo de vida do produto, desde a aquisição de matérias-primas até as fases de produção, distribuição, uso e descarte final.

A segunda, relacionada a  gestão verde nos processos, busca a fabricação de produtos ecologicamente corretos, utilizando o mínimo de recursos, como materiais, energia e água, além de reduzir o desperdício. Segundo Azevedo et al. (2011), essa abordagem integra considerações como consumo de energia, água, substâncias perigosas, redução de resíduos e emissões. A inovação em processos verdes foca na minimização de desperdícios e na utilização de práticas enxutas para eliminar resíduos em toda a cadeia de suprimentos, resultando em melhorias de eficiência e redução de desperdício nos negócios.

A terceira prática, a tecnologia verde, é essencial para reduzir ou eliminar poluentes, efluentes e resíduos nas fases de produção, embalagem, distribuição e consumo (Cosimato et al., 2015). Além de esverdear as estruturas logísticas, otimizando rotas de transporte e fomentando mercados verdes (Azevedo et al., 2011), essas tecnologias mitigam impactos ambientais e reduzem os custos operacionais, conferindo uma vantagem competitiva às empresas. Associadas à implementação de processos de produção mais limpos, eficiência no uso de recursos e redução de emissões e consumo de matéria-prima (Zhu et al., 2012), essas inovações promovem práticas sustentáveis.

Camfield (2019) conclui seu estudo afirmando que as práticas de inovação verde na gestão da cadeia de suprimentos são fundamentais para a competitividade das empresas do setor moveleiro. Ele observa que, ao integrar práticas de inovação verde, as empresas não só melhoram sua imagem no mercado, satisfação dos clientes, qualidade dos produtos, produtividade e rentabilidade, mas também economizam energia e reduzem desperdícios, poluição e emissões. Assim, as práticas de ecodesign, processos verdes e tecnologias verdes reduzem o impacto ecológico das atividades industriais sem comprometer a qualidade, custo, confiabilidade, desempenho ou eficiência energética, levando a uma maior competitividade.

Para fornecer um exemplo em um setor diferente dos anteriores, destaca-se o estudo de Santos (2013), que analisa o caso da gráfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Este estudo aborda a cooperação entre empresas e parceiros da cadeia de suprimentos, visando atender às normas ambientais e reduzir impactos ambientais de forma coletiva. O estudo elaborado por Santos (2013), demonstra duas mudanças importantes nas tecnologias e insumos utilizados.

A primeira ação ecológica significativa destacada, é a utilização de papel sulfite produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Este tipo de papel é biodegradável e 100% reciclável, o que contribui enormemente para a redução de resíduos despejados na natureza. Além disso, o processo de branqueamento do papel é realizado sem a utilização de cloro elementar, substituído pelo dióxido de cloro, minimizando assim a formação de dioxinas. Este produto é conhecido como ECF (elementar chlorine free), uma característica que reforça seu perfil ambientalmente amigável (Santos, 2013).

Outra importante iniciativa sustentável é a incorporação da tinta SunChemical nas impressões offset. Esta tinta é baseada em uma inovadora combinação de resinas e óleos vegetais, contendo entre 78% e 82% de materiais renováveis, conforme comprovado por uma investigação científica independente. Esta inovação representa uma contribuição significativa para a sustentabilidade industrial e reflete o compromisso da Gráfica da UFRGS com a qualidade do trabalho, com o consumidor e o meio ambiente (Santos, 2013).

Santos (2013) conclui que, apesar de estar em estágio inicial, a gráfica da UFRGS apresenta um exemplo notável de como a incorporação de equipamentos específicos e a adoção de práticas sustentáveis podem reduzir o consumo de insumos e a geração de resíduos. A adoção dessas tecnologias verdes demonstra o potencial de inovação e compromisso ambiental, contribuindo para a sustentabilidade e eficiência operacional no setor gráfico.

No setor de fabricação de produtos de limpeza, algumas práticas se destacam, conforme exemplificado na Revista da Indústria Brasileira, elaborada pela CNI – Confederação Nacional da Indústria (2023). Um exemplo é a empresa Yvy Química Natural, sediada em Jundiaí, São Paulo, que demonstra que a fabricação de produtos de limpeza utilizando insumos naturais pode ser eficiente e ambientalmente responsável. Desde sua fundação, a Yvy adotou práticas de química verde, utilizando ingredientes naturais e renováveis, o que a diferencia no mercado de produtos de limpeza. A empresa conseguiu reduzir drasticamente o uso de petroquímicos e minimizar o impacto ambiental de suas embalagens ao introduzir cápsulas hiperconcentradas e borrifadores reutilizáveis, diminuindo assim o consumo de plástico doméstico.

A revista também destaca um exemplo no setor de fabricação de bombas de irrigação. A empresa Green Next desenvolveu uma tecnologia inovadora chamada Hydra Active, um sistema de acionamento remoto para bombas de irrigação. Baseado em inteligência artificial e automação, esse sistema coleta informações constantemente para determinar os melhores horários para operar as bombas, otimizando assim o uso de água e energia elétrica. Essa abordagem proporciona aos produtores dados precisos para reduzir custos e aumentar a eficiência, demonstrando como soluções industriais como essa podem promover tanto a sustentabilidade quanto a competitividade.

Outro exemplo destacado é o da Energy, uma empresa brasileira pioneira no reuso, reciclagem e reparo de baterias de lítio. Ao utilizar células de lítio descartadas, a Energy desenvolve baterias para mercados emergentes, promovendo a sustentabilidade e a economia circular. Esse caso ilustra a importância das inovações ambientais na criação de um novo paradigma de produção, onde a reciclagem e o reuso se tornam componentes centrais.

A pesquisa do MIT (2023) apresenta o exemplo da empresa Kraft, que experimentou uma abordagem inovadora com seus molhos para saladas, embalados no YES Pack. Ao implementar inovações na cadeia de suprimentos, a empresa conseguiu reduzir significativamente os custos de embalagem. O novo recipiente de plástico consome 50% menos energia na produção e utiliza 28% menos material de embalagem primário em comparação com os modelos anteriores. No entanto, o que realmente atrai os clientes comerciais é o design da embalagem. Os novos recipientes são maiores, mais fáceis de usar e mais baratos de produzir, o que os torna extremamente populares entre os restaurantes. Essa estratégia oferece à Kraft uma vantagem competitiva devido aos custos reduzidos. 

Esses exemplos destacam como a adoção de tecnologias verdes não só diminui o impacto ambiental, mas também fortalece a competitividade das empresas em vários setores. Com base nessas ilustrações, foi realizada uma síntese das informações, apresentada no quadro a seguir:

Quadro 1 – Práticas de Tecnologia Verde por Setor e seus respectivos benefícios

SetorPráticas de tecnologia verdeBenefícios
HoteleiroInstalação de painéis fotovoltaicos para uso de energia solar Campanha de uso racional dos recursos naturais– Redução do consumo de energia e água (45-50%) – Economia reinvestida em novas tecnologias
Moveleiro– Utilização mínima de recursos como materiais, energia e água  – Redução do desperdício em todas as etapas produtivas – Redução de poluentes, efluentes e resíduos nas fases de produção  – Adoção de estruturas logísticas verdesRedução de impacto ambiental ao longo do ciclo de vida do produto Fabricação ecoeficiente  
Gráfico Uso de papel sulfite produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar Uso de tinta SunChemicalRedução de resíduos – Redução do uso de cloro na produção do papel Uso de materiais renováveis  
Fabricação de produtos de limpezaUtilização de insumos naturais e renováveis Introdução de cápsulas hiper concentradas e borrifadores reutilizáveisRedução do uso de petroquímicos Minimização do impacto ambiental das embalagens
Fabricação de bombas de irrigação– Desenvolvimento do sistema Hydra Active para acionamento remoto de bombas– Otimização do uso de água e energia elétrica – Redução de custos e aumento de eficiência
Fabricação de baterias– Reuso, reciclagem e reparo de baterias descartadasPromoção da sustentabilidade e economia circular Desenvolvimento de baterias para mercados emergentes
Comércio Inovação na cadeia de suprimentos Implementação do YES Pack (consome menos energia na produção e utiliza menos material de embalagem)Redução dos custos de embalagem Design de embalagem mais eficiente e atraente para clientes
Fonte: Elaborado pelo autor (2024). 

Sendo assim, a adoção de práticas de Tecnologia Verde oferece diversos benefícios para as organizações. Primeiramente, conforme observado, há uma redução do impacto ambiental, pois práticas como o uso de energias renováveis, ecodesign e reciclagem reduzem consideravelmente a pegada ecológica. Além disso, a eficiência operacional é otimizada através da adoção de tecnologias verdes, que não apenas melhoram os processos, mas também reduzem os custos operacionais. Outro benefício é o aumento da competitividade, já que práticas sustentáveis atraem clientes conscientes e fortalecem a imagem da marca no mercado. Por fim, o desenvolvimento de novos produtos e processos ecoeficientes impulsiona tanto a inovação quanto a sustentabilidade, criando um ciclo virtuoso que beneficia tanto as empresas quanto o meio ambiente.

4.2 Colaboração entre indústrias e universidades

Ao fomentar o desenvolvimento de projetos inovadores e eficientes, a parceria entre indústrias e universidades, não apenas aprimora a reputação das empresas, mas também impulsiona vantagens competitivas, promovendo um ciclo de progresso sustentável.

Dentro desse escopo, uma das estratégias é a obtenção de patentes verdes, que permite que as empresas se destaquem no mercado. Programas como o Programa de Patentes Verdes do INPI e o Programa Piloto de Tecnologia Verde dos Estados Unidos (USPTO) foram estabelecidos para acelerar o desenvolvimento e a implementação de tecnologias sustentáveis, incentivando a inovação e o licenciamento dessas tecnologias. 

Ao garantir patentes para essas inovações, as empresas não apenas protegem suas criações de competidores, mas também exploram novas oportunidades de mercado. Desse modo, a colaboração entre academia, empresas, governos e organizações não governamentais (ONGs) pode acelerar ainda mais a disseminação de técnicas e tecnologias sustentáveis, fortalecendo o ecossistema de inovação do Brasil e ampliando as possibilidades de geração de valor e prosperidade econômica. 

O quadro a seguir destaca os principais benefícios da patente verde, junto com exemplos ilustrativos de sua aplicação. Essa síntese ressalta a importância dessa estratégia para impulsionar a inovação e a sustentabilidade nas organizações, demonstrando os impactos positivos que as tecnologias verdes podem gerar em diferentes setores.

Quadro 2 – Benefícios da patente verde e exemplos de aplicação

Principais benefícios da Patente VerdeExemplos de aplicação
Proteção de Inovações SustentáveisTecnologias de Energias Alternativas: Desenvolvimento de sistemas de energia solar, eólica e outras fontes renováveis.  Desenvolvimento de Modelos de Transporte Sustentáveis: Patenteamento de veículos elétricos, sistemas de transporte público eficientes e compartilhamento de bicicletas.  
Estímulo à Inovação e Desenvolvimento Sustentável       Desenvolvimento de métodos de eliminação, tratamento e reciclagem de resíduos: Patente de processos inovadores de reciclagem de materiais plásticos.  Produção de materiais e produtos a partir de resíduos reciclados: Patente para a fabricação de tijolos ecológicos a partir de resíduos de construção.  
Exploração de Novas Oportunidades de Mercado            Mercado de energias alternativas em crescimento: Patente de tecnologia de armazenamento de energia para uso em sistemas solares residenciais.  Demandas por soluções de transporte sustentáveis: Patente de sistema de compartilhamento de carros elétricos.  
Diferenciação Competitiva          Empresas que detêm patentes verdes destacam-se como líderes em inovação e compromisso com a sustentabilidade: Patente de embalagem biodegradável para produtos alimentícios.  Podem oferecer produtos e serviços únicos e mais atrativos para os consumidores conscientes: Patente de processo de fabricação de roupas feitas com materiais reciclados.  
Geração de Receita e Licenciamento      – Possibilidade de licenciar tecnologias verdes para outras empresas, gerando receita adicional: Licenciamento de tecnologia de tratamento de água sustentável para empresas de saneamento.  – Acesso a subsídios e incentivos governamentais para o desenvolvimento e implantação de tecnologias sustentáveis: Recebimento de subsídios governamentais para a implementação de projeto de reciclagem de resíduos.
Fonte: Elaborado pelo autor (2024). 

A partir dessas informações, fica evidente como as patentes verdes impulsionam a criação, adoção e difusão de práticas sustentáveis, não apenas garantindo vantagens competitivas para as empresas, mas também contribuindo para o desenvolvimento econômico e ambientalmente responsável.

Para enfatizar os benefícios e a relevância da estratégia das patentes verdes, destaca-se uma análise do comércio internacional. Conforme revela o estudo elaborado pela CNI (2023b), as exportações com alto conteúdo de patentes verdes ultrapassaram 50% do total de bens comercializados globalmente em 2018, e essa tendência continua a crescer. Esse aumento reflete um movimento global em direção a práticas mais sustentáveis, nas quais as inovações ambientais desempenham um papel fundamental.

O estudo também revela que, no contexto brasileiro, houve um aumento inicial no percentual de produtos manufaturados considerados mais verdes nas exportações do país, passando de 28% em 1990 para 35% em 2000. No entanto, essa tendência foi seguida por uma redução significativa, com esse segmento perdendo participação na pauta de exportações, caindo para 22% em 2018. Este declínio indica uma mudança na trajetória do Brasil em relação ao esverdeamento das exportações, inicialmente alinhado com a tendência global, mas posteriormente retrocedendo nessa característica (CNI, 2023b, p. 32).

No que tange ao grau de patenteamento de tecnologias verdes nas indústrias, observa-se um cenário distinto em diferentes países. Na China e nos Estados Unidos, a maioria dos setores competitivos apresenta um alto ou médio-alto grau de esverdeamento, com aumentos progressivos ao longo das últimas décadas na China e oscilações nos Estados Unidos. No Brasil, também são observadas oscilações, com uma redução entre 2004 e 2009, seguida por uma relativa estabilidade desde então (CNI, 2023b, p. 33).

Diante desse cenário nacional, Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, destaca que o mundo está passando por uma corrida verde tecnológica, na qual o Brasil tem potencial para ser um protagonista. Ela ressalta a capacidade instalada do país, suas fontes de energia renovável e sua rica biodiversidade, enfatizando a necessidade de uma estratégia nacional clara e uma política integrada de pesquisa e inovação (CNI, 2023a, p.11-12).

Portanto, a análise dos resultados e discussões deste artigo destaca a importância da adoção de tecnologias verdes para a sustentabilidade e a competitividade empresarial. As evidências apresentadas ilustram que práticas sustentáveis não só contribuem para a preservação ambiental, mas também trazem benefícios econômicos e operacionais. A colaboração entre indústrias e universidades emerge como um fator crítico para impulsionar inovações tecnológicas que enfrentem os desafios da sustentabilidade. Como estratégia, destacam-se os programas de patentes verdes, enfatizando sua importância para proteger inovações e explorar novas oportunidades de mercado.

5. CONCLUSÃO

A adoção estratégica da Tecnologia Verde pode ter um impacto profundo nas organizações. Ela não apenas contribui para a preservação do meio ambiente, mas também pode melhorar a eficiência operacional, reduzir custos e fortalecer a reputação da marca (Porter, et al, 1995). Além disso, a conformidade com regulamentações ambientais e a satisfação do consumidor verde são fatores críticos para o sucesso das empresas na era da sustentabilidade (Veiga Neto, et al, 2014).

No entanto, a adoção de Tecnologia Verde não está isenta de desafios. As organizações podem enfrentar obstáculos como altos custos iniciais de implementação, falta de expertise interna e resistência cultural (Gupta, 2019). Portanto, é essencial que as empresas avaliem cuidadosamente as oportunidades e os desafios associados à adoção de Tecnologia Verde e desenvolvam estratégias sólidas para sua implementação.

É necessário implementar um plano abrangente e de longo prazo que apoie a pesquisa e a inovação, alinhado a uma política industrial moderna, com metas realistas e previsibilidade de recursos. Essa abordagem não apenas aumentará a competitividade das empresas brasileiras no cenário global, mas também garantirá que o desenvolvimento econômico esteja em harmonia com a sustentabilidade ambiental.

Sendo assim, a adoção de tecnologias verdes não só é essencial para promover a sustentabilidade global, mas também oferece às empresas uma série de vantagens competitivas. Ao reduzir os custos operacionais — podendo proporcionar liderança em custo —, atender às demandas dos consumidores por produtos sustentáveis — possibilitando o foco em um segmento —, promover inovação tecnológica, proteger a propriedade intelectual e fomentar uma colaboração eficaz na cadeia de suprimentos, a incorporação de tecnologias verdes torna-se uma estratégia fundamental para as empresas que buscam se destacar em um mercado cada vez mais orientado para a sustentabilidade, através da melhora da imagem da empresa perante os consumidores — proporcionando a diferenciação —. 

Em resumo, as tecnologias verdes desempenham um papel crucial na busca por soluções sustentáveis em organizações, reduzindo o impacto ambiental das operações e contribuindo para a competitividade, a inovação e a construção de um futuro mais equilibrado e saudável, destacando a importância de sua aplicação em diversos setores e enfatizando a necessidade de parcerias e cooperação para impulsionar o desenvolvimento sustentável.

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1Acadêmico, Faculdade de Ensino Superior de Linhares – FACELI, Brasil  E-mail: adrianoslargura@gmail.com

2E-mail: luciano.valadares@faceli.edu.br