O PAPEL DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E DA RESILIÊNCIA NA FISCALIZAÇÃO AGROPECUÁRIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11534166


Silvio Regis Silva Rodrigues1; Avenilson Gomes da Trindade2; Cristiano da Silva Vieira3; Uéverton Fraga de Paula4; Marcio Alex Petró5; Rafael Luís da Silva6


Resumo

A fiscalização agropecuária exige das profissionais habilidades específicas para lidar com os desafios do ambiente de trabalho. O presente artigo tem como objetivo discutir a importância da inteligência emocional e da resiliência no contexto da fiscalização agropecuária, destacando como essas habilidades podem contribuir para o bem-estar dos profissionais e para a eficácia da fiscalização. A metodologia pautou-se numa pesquisa bibliográfica, onde envolveu um extenso levantamento de literatura, e ainda se utilizou o método qualitativo com o escopo de obter uma compreensão mais aperfeiçoada e rica da temática, e por fim, foi adotada uma abordagem exploratória e descritiva, onde permitiu descrever as características particulares mais aprofundada.  Neste contexto, a inteligência emocional e a resiliência se configuram como ferramentas valiosas para o sucesso dos fiscais agropecuários. A inteligência emocional permite que os profissionais reconheçam, compreendam e gerenciem suas próprias emoções, além de lidar com as emoções dos outros de forma eficaz. Já a resiliência os torna mais aptos a lidar com o estresse, superar desafios e se adaptar às mudanças constantes do ambiente de trabalho.

Palavras-chave: inteligência emocional, equilíbrio, fiscalização agropecuária, bem-estar no trabalho.

Abstract

Agricultural supervision requires professional skills specific to deal with the challenges of the work environment. This article aims to discuss the importance of emotional intelligence and resilience in the context of agricultural supervision, highlighting how these skills can contribute to the well-being of professionals and the effectiveness of supervision. The methodology was based on a bibliographic research, where it involved an extensive literature survey, and the qualitative method was used with the scope of obtaining a more improved and rich understanding of the theme, and finally, an exploratory and descriptive approach was adopted, and was adopted, where it allowed to describe the most in -depth particular characteristics. In this context, emotional intelligence and resilience are configured as valuable tools for the success of agricultural inspectors. Emotional intelligence allows professionals to recognize, understand, and manage their own emotions and deal with the emotions of others effectively. Resilience makes them more able to deal with stress, overcome challenges and adapt to the constant changes of the work environment.

Keywords: Emotional intelligence, balance, agricultural supervision, well-being at work.

1. Introdução

A fiscalização agropecuária desempenha um papel fundamental na garantia da segurança alimentar, na proteção da saúde animal e vegetal, e na promoção da sustentabilidade no setor agropecuário.

Além do mais se configurando como um campo profissional complexo e desafiador, exigindo dos seus agentes, além de conhecimento técnico aprofundado, habilidades interpessoais excepcionais e a capacidade de lidar com situações adversas. Assim exigindo dos profissionais habilidades específicas, como inteligência emocional e resiliência para lidar com as complexidades e demandas do ambiente de trabalho.

Neste cenário, a inteligência emocional e a resiliência assumem papéis cruciais para o sucesso dos profissionais atuantes na defesa agropecuária, garantindo seu bem-estar, a qualidade do trabalho e a efetividade das operações.

O termo “inteligência emocional” é apresentado como uma subclasse da Inteligência Social, cujas habilidades estariam relacionadas ao “monitoramento dos sentimentos e emoções em si mesmo e nos outros, na discriminação entre ambos e na utilização desta informação para guiar o pensamento e as ações” (Salovey e Mayer, 1990).

Já a resiliência, que se refere à capacidade de enfrentar adversidades, superar obstáculos e se adaptar às mudanças, é um atributo valioso para lidar com os desafios diários e as pressões do trabalho.

Desta forma o presente artigo explora a importância da inteligência emocional e da resiliência no contexto da fiscalização agropecuária, destacando como essas habilidades podem contribuir para o bem-estar dos profissionais e para a eficácia da fiscalização.

2. Metodologia

O referido artigo deriva de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, com revisão de literatura sobre estes dois campos teóricos, com o propósito de estabelecer um diálogo entre as duas bases conceituais e analisar seus desdobramentos aos profissionais operantes da fiscalização agropecuária.

A pesquisa bibliográfica foi o ponto de partida deste estudo (Almeida, 2022). Esta etapa envolveu um vasto levantamento de literatura, incluindo livros, artigos em periódicos e relatórios técnicos da agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia-IDARON, foram utilizados uma gama de dados e/ou informação utilizando critérios pré́-determinados para a realização das buscas e seleção dos estudos.

A base metodológica não se restringiu apenas no levantamento de um inventario de informação sobre o assunto, mas também identificar e explorar novas abordagens e perspectivas, contribuindo assim para uma compreensão mais profunda e rica da temática rica (Yin e Bueno, 2016).

Por fim foi empregada uma abordagem exploratória e descritiva, que conforme Gil (2022), permiti descrever as características particulares mais aprofundadas, ainda, proporcionando a geração de hipóteses sobre as tendências.

3. Resultados e Discussão

No Brasil, a fiscalização agropecuária é um conjunto de ações essenciais para garantir a qualidade e a segurança dos produtos de origem animal e vegetal, tanto para o consumo interno quanto para a exportação. Essa atividade crucial é realizada por diversos operadores, cada um com funções e responsabilidades específicas.

A fiscalização agropecuária no Brasil é uma responsabilidade compartilhada entre diferentes órgãos e entidades, cada um com sua área de atuação específica. O MAPA é o órgão federal responsável por formular as políticas públicas e normatizar a fiscalização agropecuária em todo o país. Em nível estadual, entram em cena os Serviços de Defesa Agropecuária (SDAs). Cada estado brasileiro possui seu próprio SDA, que garanti a efetividade da fiscalização agropecuária em seu território. Fechando a rede, encontramos as Secretarias Municipais de Agricultura, que, em alguns municípios, também podem ter atribuições relacionadas à fiscalização agropecuária.

O presente trabalho destaca que a inteligência emocional, e a resiliência são elementos-chave para o bem-estar dos trabalhadores que operam na fiscalização agropecuária, para a eficácia da fiscalização e para a construção de um futuro mais sustentável para o agronegócio brasileiro.

A inteligência emocional-IE, definida como a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções e as emoções dos outros, torna-se essencial para o sucesso em qualquer área de atuação de um profissional.

A Inteligência Emocional começa quando uma informação carregada de afeto entra no sistema perceptual, envolvendo: a) avaliação e expressão das emoções; b) regulação da emoção; e c) adaptação. Esses processos são para processar informações verbais e não-verbais (Salovey e Mayer, 1990)

Em 1997, Mayer e Salovey revisaram o modelo de 1990 que enfatizava a percepção e controle das emoções, mas não incluía o pensamento sobre sentimentos. A definição dos autores é:

A Inteligência Emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. (Mayer e Salovey, 1997).

A Inteligência Emocional se configura como uma ferramenta essencial para o sucesso dos fiscais agropecuários. Ao desenvolver suas habilidades socioemocionais, os profissionais se tornam mais aptos a lidar com os desafios do seu dia a dia, construir relacionamentos interpessoais mais positivos e contribuir para um ambiente de trabalho mais produtivo e colaborativo. Investir no desenvolvimento da IE dos fiscais é, portanto, um investimento crucial para o aprimoramento da fiscalização agropecuária como um todo.

De forma paralela tem-se a resiliência. Infelizmente, a definição de resiliência em psicologia não é tão clara e precisa como na física, pois múltiplos fatores devem ser considerados no estudo dos fenômenos humanos (Barreira e Nakamura, 2006; Yunes e Szymanski, 2001).

De acordo com Garcia (2001), há três tipos de resiliência: emocional, acadêmica e social. A resiliência emocional relaciona experiências positivas que levam a sentimentos de autoestima, auto eficácia e autonomia, que capacitam a pessoa a lidar com mudanças e adaptações, obtendo um repertorio de abordagens para resolver problemas. A resiliência escolar é quando os professores ajudam os alunos a resolver problemas na escola. A resiliência social envolve sentimentos de pertencimento, supervisão de pais e amigos, relacionamentos íntimos e modelos sociais para resolver problemas.

Ao investir na promoção da resiliência entre os trabalhadores da defesa agropecuária, estamos investindo na construção de um futuro mais forte, seguro e próspero para o setor agroalimentar como um todo. Através do desenvolvimento de indivíduos resilientes e adaptados às constantes mudanças, garantimos a continuidade da produção de alimentos com qualidade e excelência, mesmo diante dos desafios que se apresentam.

Desta maneira a inteligência emocional e a resiliência são ferramentas valiosas para os fiscais agropecuários. No dia a dia, lidar com situações complexas, decisões difíceis e o contato com diversas pessoas exigem autocontrole, resiliência, empatia e comunicação eficaz.

Cultivar essas habilidades contribui para o bem-estar individual e coletivo, reduzindo o estresse e promovendo um ambiente de trabalho mais positivo. Isso se traduz em maior produtividade, qualidade no trabalho e na tomada de decisões, e na diminuição de conflitos e rotatividade de profissionais.

4. Conclusão

No cenário da fiscalização agropecuária brasileira, garantir a qualidade e segurança dos alimentos, tanto para o consumo interno quanto para a exportação, se configura como uma missão de extrema importância. Essa atividade complexa exige dos fiscais um conjunto de habilidades excepcionais, que vão além da expertise técnica, abrangendo também a esfera interpessoal. É nesse contexto que a inteligência emocional e a resiliência se revelam como ferramentas valiosas para o sucesso desses profissionais.

Ao aliar as habilidades técnicas à inteligência emocional e à resiliência, os fiscais agropecuários se tornam profissionais mais completos e preparados para os desafios do seu dia a dia. Essa combinação de competências garante um trabalho de excelência, contribuindo para a segurança alimentar do país e para a imagem do Brasil no mercado internacional.

5. Referências

ALMEIDA, R. M. V. R. Elementos da escrita científica para o pesquisador. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência. 2022.

BARREIRA, D. D.; NAKAMURA, A. P. Resiliência e a auto-eficácia percebida: Articulação entre conceitos. Aletheia, 23, 75-80. 2006.

GARCIA, I. Vulnerabilidade e resiliência. Adolescencia Latinoamericana, 2, 128-130. 2001.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 7ª ed. São Paulo: Atlas. 2022.

MAYER, J. D.; SALOVEY, P. (1997). What is emotional intelligence? In P. Salovey & D. J. Sluyter (Eds.), Emotional development and emotional intelligence:Implications for Educators (pp. 3-31). New York: Basic Books.

SALOVEY, P.; MAYER, J. D. Emotional intelligence. Imagination, Cognition and Personality, 9, 185-211. 1990.

YIN, R. K.; BUENO, D. S. D. Pesquisa qualitativa do início ao fim. 1ª ed. Porto Alegre: Pensar. 2016.

YUNES, M. A. M.; SZYMANSKI, H. Resiliência: Noção, conceitos afins e considerações críticas. In J. Tavares (Org.), Resiliência e educação (pp. 13-42). São Paulo: Cortez. 2001.


1Servidor Público no Governo do Estado de Rondônia. E-mail: silvioregisrodrigues@gmail.com

2Servidor Público no Governo do Estado de Rondônia. E-mail: avenilson@hotmail.com

3Professor Ms., na Universidade Tiradentes, UNIT. E-mail: cristianodasilvavieira@gmail.com

4Acadêmico de Mestrado em Administração Pública em Rede Nacional – PROFIAP da Universidade Federal de Rondônia – UNIR. E-mail: fragosopvhro@gmail.com

5Servidor Público no Governo do Estado de Rondônia. E-mail: dasilvarafaelluis961@gmail.com

6Servidor Público no Governo do Estado de Rondônia. E-mail: dasilvarafaelluis961@gmail.com