REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410021051
Flávia da Silva Pereira1; Francisca Jacilene Souza Tutaya2; Ivanilda de Assis Kellner3; Jorcelei Inês Tezori4; Nathieli Gonçalves Lima5; Neuza Maria de Vargas6; Nirlene Sousa de Oliveira7; Raquel Costa Dos Reis Moura8; Rosângela Rodrigues dos Santos9; Veridiane Cristina Tezori10
Resumo:
Este artigo discute a importância da utilização de jogos e brincadeiras como instrumentos de aprendizagem na Educação Infantil, explorando a potencialidade das metodologias ativas, especialmente a sala de aula invertida, para promover o desenvolvimento integral da criança. A pesquisa se baseia em autores renomados da área da educação, que defendem a ludicidade como ferramenta fundamental para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. A problemática central do estudo reside na investigação da importância das metodologias ativas em conjunto com jogos e brincadeiras, especialmente no contexto da Educação Infantil. O artigo apresenta um projeto prático que visa demonstrar a aplicabilidade da sala de aula invertida em atividades lúdicas, utilizando sequências didáticas e recursos pedagógicos diversos. A avaliação do projeto será contínua e processual, com foco na participação, interação e desenvolvimento dos alunos. Conclui-se que a integração do lúdico e das metodologias ativas na Educação Infantil representa uma abordagem inovadora e eficaz para o ensino-aprendizagem, proporcionando experiências significativas e enriquecedoras para as crianças.
Palavras-chave: Educação Infantil, Jogos, Brincadeiras, Metodologias Ativas, Sala de Aula Invertida, Aprendizagem Lúdica.
1. Introdução
A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como foco o desenvolvimento integral da criança, abrangendo aspectos físicos, cognitivos, socioemocionais e culturais. Nesse contexto, o papel dos jogos e brincadeiras como instrumentos de aprendizagem ganha destaque, pois proporcionam às crianças um ambiente propício à exploração, criatividade, interação social e construção do conhecimento de forma prazerosa e significativa.
Tradicionalmente, o lúdico tem sido visto como mera forma de entretenimento, relegado a um segundo plano nas práticas pedagógicas. No entanto, a crescente valorização das metodologias ativas, que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem, tem ressignificado o papel do jogo e da brincadeira na educação.
Este artigo se propõe a analisar a importância da utilização de jogos e brincadeiras como instrumentos de aprendizagem na Educação Infantil, com foco na aplicação de metodologias ativas, especialmente a sala de aula invertida. A pesquisa se baseia em autores renomados da área da educação, que defendem a ludicidade como ferramenta fundamental para o desenvolvimento integral da criança.
O objetivo geral deste estudo é demonstrar a importância de trabalhar o lúdico a partir de metodologias ativas junto às turmas da Educação Infantil. Os objetivos específicos são, garantir às crianças o direito de brincar; explorar a prática pedagógica desenvolvida a partir dos jogos pedagógicos e das brincadeiras, identificar a possibilidade de desenvolver atividades lúdicas a partir de metodologias ativas.
A problemática central deste estudo reside na investigação da importância das metodologias ativas em conjunto com jogos e brincadeiras, especialmente no contexto da Educação Infantil. A pergunta norteadora da pesquisa é: Qual é a importância da utilização das metodologias ativas junto aos jogos e brincadeiras, especialmente no contexto das turmas de Educação Infantil?
O Lúdico e as Metodologias Ativas na Educação Infantil
Este estudo se baseia em autores renomados da área da educação, que defendem que o lúdico e as metodologias ativas se entrelaçam na educação, criando um ambiente propício à aprendizagem significativa e ao desenvolvimento integral da criança. O brincar, reconhecido como um espaço privilegiado de experimentação, simbolização e construção de significados, permite que a criança desenvolva habilidades cognitivas e sociais. Através do brincar, a criança explora o mundo, testa hipóteses, desenvolve a linguagem e a comunicação, e aprende a interagir com os outros. A educação como processo de libertação, que visa a autonomia e a crítica, encontra respaldo na ludicidade, que proporciona às crianças a oportunidade de desenvolverem a criatividade, a autonomia e o senso crítico, elementos essenciais para a formação de cidadãos conscientes e participativos. O lúdico, nesse sentido, não se limita a um simples momento de diversão, mas se torna um instrumento de transformação social, auxiliando a criança a desenvolver a capacidade de pensar criticamente, questionar o mundo e construir sua própria visão de mundo.
Autores como Piaget (VOLPATO, 2017) e Vygotsky (1984) destacam o papel fundamental do brincar no desenvolvimento cognitivo e social da criança, reconhecendo a brincadeira como um espaço de experimentação, simbolização e construção de significados.
A perspectiva de Freire (2001) sobre a educação como processo de libertação, que visa a autonomia e a crítica, encontra respaldo na ludicidade, que proporciona às crianças a oportunidade de desenvolverem a criatividade, a autonomia e o senso crítico.
O uso de jogos e brincadeiras como ferramentas de aprendizagem é fundamental para estimular a curiosidade, a criatividade, a resolução de problemas, o trabalho em equipe e a comunicação. Os jogos, ao propor desafios e estimular a busca por soluções, contribuem para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da estratégia e da capacidade de trabalhar em conjunto. As brincadeiras, por sua vez, estimulam a imaginação, a criatividade e a expressão de sentimentos, auxiliando no desenvolvimento da linguagem, da coordenação motora e da socialização.
A utilização de jogos e brincadeiras como ferramentas de aprendizagem também é defendida por autores como Kishimoto (2006), Macedo, Petty e Passos (2000), e Maluf (2008). Esses autores destacam a capacidade dos jogos e brincadeiras de estimular a curiosidade, a criatividade, a resolução de problemas, o trabalho em equipe e a comunicação.
As metodologias ativas complementam o lúdico ao colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, promovendo a participação ativa, a colaboração e a autonomia. As metodologias ativas buscam superar o modelo tradicional de ensino, onde o professor é o detentor do conhecimento e o aluno é um receptor passivo. Nesse modelo, o aluno é incentivado a participar ativamente do processo de aprendizagem, a construir seu próprio conhecimento, a trabalhar em colaboração com seus colegas e a desenvolver sua autonomia.
Quando se oportuniza as crianças uma experiência voltada par o sentir, o pensar e o fazer se tem no lúdico um elo que estas desenvolvem com o próprio aprendizado (SILBER, 2019). A ludicidade, portanto, é uma poderosa ferramenta para o autodesenvolvimento, diferentemente de uma compreensão errônea de brincadeira enquanto momentos de bagunça nas salas de aula.
As metodologias ativas, por sua vez, se apresentam como um importante complemento ao uso de jogos e brincadeiras na Educação Infantil. Autores como Moran (2015, 2018), Bacich e Moran (2018), e Souza e Salvador (2019) defendem a importância de colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, utilizando estratégias que possibilitem a participação ativa, a colaboração e a autonomia.
Deve, entretanto os docentes terem plena convicção de as atividades tidas por desestruturadas serem dissociadas da percepção de que as mesmas sejam períodos da falta do controle dos mesmos perante os educandos, porque com esta os educadores acabam por privar seus educandos de contarem com estes espaços mais livres. Importa destacar que:
As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente importantes, mais do que apenas divertimento, são um auxílio indispensável para o processo de ensino aprendizagem, que propicia a obtenção de informações em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é uma tática insubstituível para ser empregada como estímulo no aprimoramento do conhecimento e no progresso das diferentes aprendizagens. (MALUF, 2008, p.42).
Para Piaget as brincadeiras são ferramentas voltadas à facilitação da elaboração de conflitos psíquicos (VOLPATO, 2017). E diante de todo estuda aqui realizado é possível afirmar que através da simbolização a criança tem a possibilidade para se liberar dos seus conflitos, se abrirem ao aprendizado e se apropriar dos conhecimentos (SANTOS e BARROS, 2017).
Assim, as escolas devem ter a percepção de que as crianças, os brinquedos, as brincadeiras e os jogos se complementam. Devendo esta estar presente em toda a proposta pedagógica voltada a Educação Infantil. Assim:
Nota-se […] a importância do lúdico no desenvolvimento da criança da educação infantil, uma vez que, além do surgimento da identidade, autoestima e das aprendizagens relativas as interações com o meio, é também durante este período que se dá um maior desenvolvimento cognitivo da criança, resultando em um maior crescimento e desenvolvimento do cérebro humano. (ABREU, 2013, p. 30).
As crianças que brincam vivem uma infância bem mais feliz, e tornam-se adultos mais equilibrados tanto física quanto emocionalmente, conseguindo, portanto, superar mais facilmente, muitos dos problemas que surgirão no seu cotidiano. Já que a ludicidade dos jogos e das brincadeiras relacionadas com as situações a serem enfrentadas em todo o dia a dia na escola ajudarão as mesmas a amadurecerem emocionalmente e ainda a aprender formas de convivência bem mais ricas.
A sala de aula invertida, uma das metodologias ativas mais difundidas, se destaca por sua capacidade de promover o aprendizado autônomo e a interação entre alunos e professores. Essa metodologia, que consiste em inverter o processo tradicional de ensino, com o aluno estudando em casa e o professor atuando como mediador em sala de aula, se mostra particularmente interessante para a Educação Infantil, pois permite a personalização do aprendizado e a exploração de diferentes recursos, como vídeos, jogos online e atividades interativas.
A sala de aula invertida, segundo Moran (2018), permite que a criança explore o conteúdo em seu próprio ritmo, utilizando recursos digitais e interativos que a envolvam e a motivem. O professor, por sua vez, atua como mediador e orientador, auxiliando a criança a compreender os conceitos e a construir seu próprio conhecimento.
A perspectiva de Freire (2001) sobre a educação como processo de libertação, que visa a autonomia e a crítica, também se aplica ao uso do lúdico na alfabetização. O brincar, ao estimular a curiosidade, a criatividade e o senso crítico, contribui para a construção de uma aprendizagem significativa e autônoma.
Autores como Kishimoto (2006), Macedo, Petty e Passos (2000), e Maluf (2008) defendem a utilização de jogos e brincadeiras como ferramentas de aprendizagem, especialmente na alfabetização. Esses autores destacam a capacidade dos jogos e brincadeiras de estimular a curiosidade, a criatividade, a resolução de problemas, o trabalho em equipe e a comunicação, elementos importantes para a construção da linguagem escrita.
2. Considerações Finais
A pesquisa apresentada demonstra que a união do lúdico e das metodologias ativas na Educação Infantil é um caminho promissor para a construção de um aprendizado significativo e prazeroso. A criança, em sua natureza curiosa e exploradora, encontra no brincar um espaço privilegiado para desenvolver habilidades cognitivas e sociais. Através do lúdico, a criança experimenta, simboliza, constrói significados e desenvolve a linguagem e a comunicação, transformando o aprendizado em um processo natural e envolvente.
A educação como processo de libertação, que visa a autonomia e a crítica, encontra respaldo na ludicidade. Ao brincar, a criança desenvolve a criatividade, a autonomia e o senso crítico, elementos essenciais para a formação de cidadãos conscientes e participativos. O lúdico, nesse sentido, transcende o simples momento de diversão, transformando-se em um instrumento de transformação social, auxiliando a criança a desenvolver a capacidade de pensar criticamente, questionar o mundo e construir sua própria visão de mundo.
O uso de jogos e brincadeiras como ferramentas de aprendizagem é fundamental para estimular a curiosidade, a criatividade, a resolução de problemas, o trabalho em equipe e a comunicação. Os jogos, ao propor desafios e estimular a busca por soluções, contribuem para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da estratégia e da capacidade de trabalhar em conjunto. As brincadeiras, por sua vez, estimulam a imaginação, a criatividade e a expressão de sentimentos, auxiliando no desenvolvimento da linguagem, da coordenação motora e da socialização.
Essa abordagem não apenas impacta o processo de ensino-aprendizagem, mas também contribui para a formação de educadores mais atentos às necessidades e potencialidades de cada criança, preparando-os para construir um futuro educacional mais justo e equitativo. A integração do lúdico e das metodologias ativas na Educação Infantil representa um passo significativo na busca por uma educação mais humanizada, criativa e significativa para as crianças, preparando-as para um futuro brilhante e cheio de possibilidades.
Vale destacar que propostas baseadas em atividades potencialmente lúdicas que sejam pautadas pelas metodologias ativas exigem preparo bem como estudo prévio seja dos professores ou dos educandos. Moran (2015, p.19) destaca ainda o fato de:
O ambiente físico das salas de aula e da escola como um todo também precisa ser redesenhado dentro dessa concepção mais ativa, mais centrada no aluno. As salas de aula podem ser mais multifuncionais, que combinem facilmente atividades de grupo, de plenário e individuais. Os ambientes precisam estar conectados em redes sem fio, para o uso de tecnologias móveis, o que implica ter uma banda larga que suporte conexões simultâneas necessárias.
Ainda acerca dos ambientes escolares, destacam Bacich e Moran (2018) a essencialidade em se disponibilizar ambientes acolhedores, que possam estimular a criatividade e a participação tanto de alunos quanto de professores.
A ambientação deste espaço pedagógico combina com uma questão enfática no que diz respeito à prática das metodologias ativas que trata do ensino colaborativo por meio do protagonismo do aluno, possibilitando uma motivação maior por parte dos alunos em participar das aulas, assim como na busca de soluções dos problemas que venham a surgir no decorrer das aulas. (SOUZA, SALVADOR, 2019, p. 13).
Visto que, ainda segundo Bacich e Moran (2018) as aprendizagens ativas mais relevantes são relacionadas à vida cotidiana, aos nossos pessoais e as expectativas. Se os estudantes percebem que aquilo que aprendem os ajudam a melhor viver melhor, direta ou indiretamente, eles se envolvem mais. Ao analisar concepções inerentes ao lúdico e às metodologias ativas, observa-se um entrelace dos conceitos que, poderiam em princípio viabilizar a prática das atividades pedagógicas por meio de um viés que é potencialmente lúdico em todo o contexto das salas de aula.
Referências bibliográficas
ABREU, P. L. de. O lúdico na Educação Infantil como facilitador de aprendizagem. TCC (Licenciatura em Pedagogia) – Universidade de Brasília. Brasília, 213. 60 fls. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/196877309.pdf. Acesso em: 13 ago. 2022.
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MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para Educação Infantil: conceitos, orientações e práticas. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
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MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, p. 02-24, 2018.
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SILBER, C. H. O Lúdico como Facilitador do Processo de Aprendizagem na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar. Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 07, Vol. 01, pp. 85-96. Julho de 2019.
SOUZA, J. M. P. de; SALVADOR, M. A. S. S. O lúdico e as metodologias ativas: possibilidades e limites nas ações pedagógicas. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Imperial, 2019. 42 p.
VOLPATO, G. Jogo, brincadeira e brinquedo: usos e significados no contexto escolar e familiar. UNESC. 2ª edição. São Paulo: Annablume, 2017.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
1 Pós Graduação em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Educação Infantil- pela faculdade Venda nova do Imigrante – FAVENI. E-mail: flasilva46@gmail.com.
2 Pós graduada em Educação Especial e Inclusiva pela Fael em 2018. E- mail: lenyped.educ@gmail.com.
3 Pós graduada em Psicopedagogia Institucional pela Educon em 2009. E-mail: ivanildakellner@hotmail.com.
4 Pós graduada em Ensino de História pela Imp 2006. E- mail: jorceleinestezori@gmail.com
5 Pós graduada em Atendimento Educacional Especializado e salas de recursos multidisciplinares pela Faculdade Iguaçu em 2024. E- mail:natthy_pva@hotmail.com.
6 Pós graduada em docência na educação infantil UFMT/UFR 2016. E- mail: neuzaselonk@gmail.com.
7 Especialização em Psicopedagogia pela FIVE- Faculdades integradas de Várzea Grande 2012. E-Mail:vnirlene_oliveira@hotmail.com.
8 Pós graduação em psicopedagogia pela Faveni em 2022 E-mail: quellreispva22@hotmail.com.
9 Pós graduada em Psicopedagogia pela Faculdade Afirmativo em 2018. E-mail rosangelassocial122@gmail.com.
10 Ensino médio 2017- E- mail: veridianectezori@hotmail.com