O JORNAL IMPRESSO E TELEVISIVO COMO INSTRUMENTOS DA  APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA NA ESCOLA MUNICIPAL JOÃO ALFREDO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7983072


Solange Dourado1
Júlia Marta de Aquino2


RESUMO

Este artigo é resultado  do trabalho de pesquisa conclusiva da  utilização do jornal  impresso e televisivo dentro de sala  de aula, os quais embasaram-se primeiramente na opinião de diversos autores que  abordam a temática e subsidiaram a compreensão de aspectos  educativos que fazem parte do processo de aprendizagem,  dentre os  quais  destacam-se: organização educacional, planejamento,  formação de professores e a inserção de novas tecnologias. A proposta  emergiu após perceber através da literatura que estes  instrumentos são capazes de propiciar  aos  educandos  o  acesso a  aprendizagens   significativas que  contribuem para o  desenvolvimento de habilidades essenciais para  a formação  holística  dos  mesmos como   a leitura, escrita, interpretação, conhecimentos interdisciplinares.Desta forma, utilizou-se como cenário a Escola Municipal João Alfredo em Manaus para por  em prática tanto  discussões acerca das notícias veiculadas na mídia quanto a elaboração  coletiva  do jornal impresso,  a  fim de abordar a realidade em que  a escola e seus sujeitos  estão inseridos. Com isso, percebeu-se que o uso do jornal televisivo  e impresso levou  em consideração  a realidade em  que os  mesmos  estão inseridos,  seus interesses e expectativas  no  que se refere  a educação como instrumento de inserção nas práticas societárias.

Palavras-chave: Educação; Novas Tecnologias; Jornal  impresso  e televisivo.

1 INTRODUÇÃO

A educação é uma das práticas societárias que  exige  contínuas transformações, mesmo  sabendo  da  existência  de modelos  educativos dogmáticos  e ultrapassados. Acredita-se que através da intervenção de profissionais da  educação  que pensam,  discutem e  se preocupam  com   a adequação da  mesma  as exigências  vigentes será possível  romper com práticas  pedagógicas incapazes  de atingir  e envolver  seus partícipes no  processo de aquisição  de novos  conhecimentos dentro  da  sala  de aula. É  justamente neste  cenário de preocupações   e mudanças  que emerge as novas tecnologias  aplicadas  a educação as  quais podem  ser utilizadas  como instrumentos de aprendizagem.

Diante de tais constatações emergiu a necessidade de utilizar duas tecnologias dentro do  espaço de  sala de aula para verificar  a receptividade   envolvimento dos  educandos  com a nova prática. Dentre as novas tecnologias utilizou-se o jornal televisivo e  impresso, os quais foram inseridos  dentre as práticas  cotidianas do espaço de  sala de aula a fim de propiciar aos mesmos acesso  a diferentes  saberes, aplicação  dos  conhecimentos interdisciplinares que  já possuíam, despertando a  autonomia,  organização, participação,  criatividade – elementos  fundamentais  no processo de construção da  cidadania.

2 EDUCAÇÃO, ESCOLA E SOCIEDADE

A educação é uma das múltiplas vertentes que fazem parte da  sociedade,  a qual  continuamente  deve buscar transformações que  visem  a melhoria dos mecanismos  e estratégias capazes de promover  aprendizagens que  possam  ser aplicadas a curto, médio  e longo prazo na  vida  de seus  sujeitos. 

Conforme afirma Libâneo (1994, p.16) a educação é um  fenômeno tanto  social  quanto universal, pois existe uma  dependência entre as partes, pois não  existe sociedade  sem  educação e  vice-versa. É através da prática educativa que  a sociedade  transforma-se, mediante  a participação de  seus  sujeitos, os quais buscam  a satisfação de suas necessidades nos  aspectos  econômicos,  sociais, políticos,  etc. Diante da mesma concepção de que  a educação esta diretamente  relacionada  com  a sociedade, Bock (2002) destaca a relevância das práticas  que  são  estabelecidas dentro da  escola e sua  contribuição para a formação do  cidadão, e acrescenta:

Na verdade, a escola,  como instituição  social,  estabelece um  vínculo  ambíguo  com  a sociedade. É parte dela e, por isso, trabalha  para  ela,  formando os indivíduos  necessários à sua manutenção. No entanto, é tarefa  da escola  zelar pelo  desenvolvimento da  sociedade  e, para isso, precisa criar  indivíduos capazes de produzir riquezas,  de criar, inventar, inovar, transformar. Diante desse desafio,  a escola não pode ficar presa  ao passado,  ao  antigo à tradição. Esta brecha abre  a possibilidade para o  surgimento de uma escola  crítica e inovadora (BOCK, 2002, p. 267)

Mesmo  sabendo  que  a educação ocorre  nos mais  diversificados cenários, família, igreja,  convém  destacar  que é  no ambiente escolar que a  educação ocorre  de forma  sistematizada e com intencionalidades,  através  de planejamentos  que levem  em  consideração a realidade dos  educandos. Neste aspecto Pacheco (2007) direciona o  tipo de postura  a ser  adotado pela escola , que  almeja  contribuir  para  a formação holística  do  educando, e sugere:

A escola deveria assumir o posto  de comando e  liderar um movimento global  de renovação,  aproveitando-se de toda  essa  riqueza  de informações. Na  sociedade  da informação, a  escola  deve  tomar a dianteira nesse universo  conhecimento. Deve  fornecer uma  formação integral, baseada numa  concepção crítica,  em  que o  contato  e  a vivência com   a informação possam fazer  florescer verdadeiros   cidadãos. (PACHECO, 2007, p. 104 -105).

Libâneo (1994, p. 222) ressalta que o ato de planejar a  educação perpassa pelos  vários  segmentos  societários como economia, política,  cultura, haja  vista  que estes  elementos fazem parte  da realidade do  educando.  Entretanto, o que  se tem notado dentro  do cenário  educativo é   a mecanização  do processo de planejar tão   somente para atender  a exigências institucionais,  descartando  totalmente o interesse  dos  educandos.

Desta forma, questiona-se se é possível promover uma  educação que envolva  seus  sujeitos, tornando-os participantes ativos  do processo  de construção de saberes? Ou o que mais importa para os profissionais da educação é o  alcance de metas ilusórias que se baseiam  tão  somente  em índices de aprovação  e  reprovação?

Embora alguns profissionais não  se preocupem  com o  desenvolvimento  holístico de seus  alunos,  ainda  existem um grande  quantitativo  de educadores engajados na transformação da  educação e suas práticas. Entregando a sociedade sujeitos autônomos,  criativos,  participativos, interventores  e transformadores.

É nessa perspectiva que Libâneo (1994, p. 110)  e Moran (2009, p. 01) destacam  a importância de incentivar a  aquisição de aprendizagens fundamentadas nas necessidades, interesses ,  desejos que  conduzam os  educandos   a auto realização, a fim de que  estes  se enquadrem as novas exigências sociais, rompendo com modelos ultrapassados que  não conduzem a aprendizagens, ideia que é ressaltada a seguir:

Numa sociedade cada vez mais complexa, a educação social – além da escolar – é decisiva para encontrar novos caminhos de aprendizagem e realização. A educação atual é previsível, repetidora, distante da vida. Com as mudanças tão profundas em todos os    campos, a educação precisa ser muito mais criativa, diferente, envolvente. (MORAN, 2009, p. 01)

2.1 Novas Tecnologias: transformação X comodismo

Neste cenário de contínuas transformações referentes às práticas adotadas no âmbito  educacional Mercado (2002, p. 12-13) destaca a valorização da informação na  sociedade atual,  a qual tem priorizado  sujeitos criativos,  críticos, capazes  de pensar,  de trabalhar em grupo. Assim, percebe-se que o modelo  educativo adotado outrora não  contempla os interesses vigentes de cidadão  autônomo,  criativo,questionador, capaz de propor soluções  aos  problemas e responder às mudanças  que  ocorrem  continuamente.

As mudanças societárias de acordo com Pacheco (2007, p. 98) tem  conduzido alguns  educadores  à reflexão acerca de suas profissões, os  quais  devem procurar adequar-se as novas  exigências e inserir  em suas práticas alternativas como  as novas  tecnologias,  as quais irão  subsidiar ações mais  dinâmicas que  atenda   a realidade dos educandos.

Mercado (2002, p. 18) ressalta que  a sociedade  do conhecimento tem  exigido dos  educadores o  enquadramento em um novo  perfil , o  qual  deve  ser: comprometido, competente, crítico, aberto a mudanças, interativo e exigente.

Desta forma,  destaca-se que os problemas que  emergem na  sociedade, na maioria das vezes procura culpados pela origem  do fato. Porém, não se pode atribuir a falta de interesse pela educação, tão  somente a professores.Precisa-se  sim de uma reversão cultural,  econômica,  social para  que  a educação ocupe o papel primordial  que  lhe  compete.

O que fazer diante desta realidade em que o professor  não é o único  responsável pela  degradação  da  educação,  escola,  aprendizagem? Ficar parado esperando a transformação societária, mediante a sensibilização populacional?

Acredita-se que não, os profissionais podem agir inserindo em suas práticas mecanismos como as novas tecnologias, a fim  de facilitar   e promover  aos educandos a  construção  de  saberes significativos e de aplicabilidade  no  seu  entorno. É exatamente assim que Moran (2009) percebe o  ambiente  de sala de aula, o  qual destaca:

Podemos transformar uma parte das aulas em processos contínuo de informação, comunicação e de pesquisa, onde vamos construindo o conhecimento equilibrando o individual e o grupal, entre o professor-coordenador-facilitador e os alunos-participantes ativos. Aulas-informação, onde o professor mostra alguns cenários, algumas sínteses, o estado da arte, as coordenadas de uma questão ou tema. Aulas-pesquisa, onde professores e alunos procuram novas informações, cercar um problema, desenvolver uma experiência, avançar em um campo que não conhecemos. (MORAN, 2009.)

Enfim, diante desta possibilidade de inserir novas práticas pedagógicas em sala de aula é que optou-se  em trabalhar duas tecnologias: o jornal  impresso e o jornal  televisivo, os  quais podem contribuir para a compreensão da  dinamicidade dos  fatos que  ocorrem na  sociedade. Mas, ao incorporar tais instrumentos pedagógicos Martin (2009, p. 03), enfatiza a importância da reflexão e do uso adequado destes na aquisição de aprendizagens e acrescenta:

Se é real o perigo de que os sistemas educacionais se tornem totalmente defasados em relação ao desenvolvimento tecnológico, não é menos certo que com a adoção precipitada de todos os novos meios que nos são apresentados e vendidos como panacéas, correríamos o grave risco de aceitar as novas tecnologias em nossas aulas por um imperativo comercial, por medo de perder posições na corrida do  progresso, sem nos perguntar sobre as implicações ideológicas ou sobre as repercussões no processo de ensino e aprendizagem. (MARTIN, 2009, p.03 – 04)

2.2 Jornal impresso e televisivo: instrumentos pedagógicos  aplicáveis em sala de aula

O jornal é um instrumento universalizador de  informações , e de acordo com Martin (2009, p. 01) pode ser utilizado  dentro do  espaço educativo proporcionando avanços no  segmento , haja vista  que  despertam o interesse dos  educandos e os capacita para o  exercício da  cidadania.

Assim, percebe-se  que é atribuição da educação,  seus profissionais e ambientes, proporcionar aos educandos a acesso a saberes que desenvolvam habilidades necessárias para sua formação integral. Porém, Paroli (2009, p. 03) ressalta que o fato de inserir novas tecnologias na educação  não garante a  aprendizagem, mas se esta estiver alicerçada num planejamento  adequado que priorize o desenvolvimento de saberes e práticas relacionadas ao prazer de aprender,  sem dúvida alcançará êxito em  sua proposta.

No que se refere a aprendizagem Blattman (2009, p. 03) destaca que este processo ocorre de  formas diversificadas onde a informação é o  fator  primordial que busca proporcionar compreensão dos sujeitos que dela  se apropriam. Jonassen (2009, p. 74) acrescenta que a utilização de novas tecnologias deve  acima  de tudo proporcionar aos  educandos aprendizagens  significativas que envolvam  questões  relacionadas a complexidade  dos problemas que  ocorrem na  sociedade,  contextualizando-os  de uma  forma que  conduza os mesmos  a  compreensão do  que  esta  sendo  exposto de  forma oral ou  escrita.

Sousa (2009, p. 07) destaca que as muitas informações  que  circulam na  sociedade atualmente, principalmente  através  da mídia são  superficiais  e fáceis  de  serem  esquecidas, e é  justamente nesta  fragmentação  decorrente do excesso de fontes que  a  educação e  seus profissionais podem intervir  de  forma  significativa, orientando  seus  alunos na perspectiva  de capacitá-los a construir  um  conhecimento aprofundado dos fatos  que ocorrem  em  seu  entorno.

Desta forma, o que  fora  veiculado  de  forma  efêmera pode  ser pesquisado,  questionado, reconstruído de forma  que  possa  ser utilizado na  elucidação  de uma problemática ou uma  dúvida que  permeia  a vida dos  educandos.

Assim, acredita-se  que o jornal refletido pelos  sujeitos do  cenário  educacional pode  ser  considerado um instrumento  didático pedagógico, pois  considera o universo  do  aluno,  suas  dificuldade,  dúvidas, interesses, transformando  a informação no  conhecimento   que  agrega  valor  ao  desenvolvimento da  cidadania  dos mesmos.

Megid (2009, p. 04-07) ressalta   a importância da reflexão acerca das informações  apresentadas nos  jornais, pois a notícia difere  significativamente  entre o jornal impresso  e o televisivo,  enquanto o primeiro pressupõe um leitor  reflexivo, o jornal  televisivo que atinge  todos os níveis  culturais e econômicos veicula notícias de  forma pronta e  acabada.

Daí um dos  motivos de utilizar ou implementar o jornal  dentro do  cenário  educativo, pois de acordo com Diniz (2009, p. 01)  o jornal  escrito teve  seu início na  área  educacional por  volta dos  anos 30,  quando o New York  Times direcionou  suas  edições para serem trabalhadas dentro  do  cenário  educacional, o  qual tem alcançado cada vez mais  adeptos da  utilização deste objeto como instrumento pedagógico de  extrema relevância na apropriação de  saberes.

No Brasil  e no  Amazonas  a mesma prática tem  sido  adotada na perspectiva  de proporcionar aos  educandos  o  acesso a informações atualizadas as quais podem  e devem  ser trabalhadas  em  sala  de  aula,  de maneira interdisciplinar,  dinâmica  e divertida. Mas, o fato de ter a disposição  exemplares de jornais  de grande circulação na  cidade, estado ou país  em  que  residem, não  significa  que estes não possam  construir o  referido instrumento  didático pedagógico  que retrate mais  precisamente   a realidade da  escola,  da  comunidade,  alunos, professores e demais problemas e anseio  que permeiam o imaginário e  a vivência de cada  cidadão educativo.

Ora, sabe-se que  todo programa desenvolvido na  sociedade apresenta uma intencionalidade a ser  atingida, conforme Diniz (2009, p. 01) geralmente estes programas  voltam-se mais  para aspectos  relacionados  a leitura, a fim  de criar cidadãos  leitores  e futuros  consumidores  do produto Jornal. É claro  que  além  disso, este instrumento pode ser utilizado dentro  do  espaço  educativo como um mecanismo  de apoio pedagógico  as  várias  disciplinas presentes no  currículo  educativo,  estimulando  a criticidade,  a reflexão  e o  questionamento  dos  fatos  que  ocorrem  aos  eu  redor.

Blattman (2009, p. 01) ressalta  que  a  televisão também já faz parte do  cenário  educativo a muito  tempo, e  que  ainda hoje  ela  pode  ser utilizada como um a tecnologia educativa capaz de despertar o interesse  ,  a participação dos  alunos nos  questionamentos  e temas  que  são propostos e  direcionados pelos  professores na  perspectiva  de compreender  a realidade  da  qual  fazem parte. Por  trabalhar  com imagens,   a televisão é atrativa,  desde  que  tenha metas bem  definidas e intencionalidades  a serem  alcançadas.

Diniz (2009, p. 02) acrescenta que o jornal  de  forma geral proporciona  ganhos   a seus leitores, elaboradores, pois aumenta  a cultura, estimula o desenvolvimento  do intelecto, e  dentro do  espaço  educativo permite relacionar as práticas enfatizadas no  currículo com a  realidade da  qual  fazem parte. Desta forma, destaca-se que ao elaborar ou até mesmo utilizar o jornal  no  cenário educativo  o  educando tem acesso a interdisciplinaridade curricular, o  qual pode intervir, propor, reconstruir, comparar com os  fatos  que  ocorrem  ao  seu redor e que  despertam seu interesse e curiosidade.

Para alunos da rede pública sobretudo, matérias sobre   a merenda  escolar, o vestibular, ou   a reforma  do  ensino serão certamente familiares. Trabalhando com  assuntos  e temas locais, regionais ou  globais, traz o pensamento nacional para a escola e provoca os  alunos para questões próximas  a eles, pois dizem  respeito  direta ou indiretamente às suas vidas,  demandando posicionamento crítico, o  que  colabora  para a formação  cidadã.(DINIZ, 2009, p. 03).

É nesta perspectiva de utilizar mecanismos capazes de comunicar e auxiliar na obtenção de  aprendizagens significativas que buscou-se selecionar duas tecnologias que  podem  ser aplicadas no cenário educacional, o jornal impresso e o televisivo, sendo que o primeiro centrou–se tão  somente  em debates e questionamentos acerca do que  é difundido  diariamente pela  televisão, até  que ponto o jornal televisivo  tem contribuído para  a formação de  cidadão críticos? Como o professor pode intervir para  a leitura  crítica do que tem sido disseminado na mídia? Enquanto que o segundo, o jornal impresso, foi elaborado pelo universo  educacional da escola Municipal João Alfredo,  os quais de forma colaborativa colocaram  em prática as diversas ciências aprendidas no  decorrer da  vida  acadêmica.

De acordo com Augusto (2009, p. 01) ao produzir um jornal,  deve-se estimular  a produção textual, o uso de  diferentes linguagens, estimular  a pesquisa, o trabalho  coletivo,  valorização dos múltiplos  saberes que cada sujeito possui, para que  este s se comprometam com o  desenvolvimento  do trabalho. Assim, ao envolvê-los na  execução do jornal estes poderão opinar acerca de temas,  seções, logotipo, público  a qual se destina, ,etc.

No que se refere à temática de utilização de novas tecnologias dentro da área educacional acreditava-se  ser possível melhorar o processo de aprendizagem dos  educandos. Com isso, inicialmente a proposta fora  aplicada em algumas  turmas do  ensino  fundamental, as quais ministrava   a disciplina  História, haja vista  que  apesar de utilizar diferentes mecanismos para  que os  alunos  se apropriassem do  conhecimento histórico em  suas várias interpretações,  ainda faltava  algo. O  que  de acordo com Megid é a  interdisciplinaridade  e acrescenta:

A leitura crítica da mídia deve permear as mais  diversas disciplinas sejam  elas  exatas, biológicas ou humanas. É essencial  saber  que o  que  é  dito  em cada veículo de comunicação poderia  sê-lo  de outra forma. O  que está  escrito  em um jornal não  se repete em outro. Além disso, quem lê uma notícia não produz uma mesma leitura que uma outra pessoa. São pequenas ou grandes  diferenças na construção  do texto (construído por  linguagem verbal  e não verbal) e dos leitores que determinam  a produção  dos sentidos. (MEGID, 2009, p. 09).

Diante de tais embasamentos teóricos chegou o dia em que fora levado notícias atuais que  eram veiculadas na  mídia, as quais inicialmente  foram hostilizadas pelos  educandos que rotulavam o veículo de informação como  algo monótono e  sem graça.Mesmo  assim, decidiu-se  adotar o jornal  televisivo  continuamente nas aulas, a fim de fazê-los  compreender as entrelinhas e fatores que  culminaram na  eclosão de determinado fato.

Paralelamente a prática utilizada na sala  de  aula decidiu-seconhecer  os motivos que fazem-nos  assistir ou não, o jornal  televisivo, mediante a elaboração de um questionário fechado que seria aplicado ao universo de  aproximadamente 120 alunos (os  quais ministro a disciplina História) com alguns  itens que  fizesse o pesquisador conhecer  a realidade dos  educandos, compreender  dificuldade,  anseios e perspectivas para então intervir  e contribuir para  a obtenção de aprendizagens com a utilização de novos mecanismos que podem ser incorporados em  suas práticas diárias.

Ora, após perceber os principais  motivos  que  culminaram na  falta de interesse pelo jornal televisivo teve-se argumentos para continuar o trabalho pedagógico com tal instrumento no  dia – a – dia  de sala de aula. Para isso utilizava-se os fatos da  realidade imediata, os  quais  eram questionados, analisados,  criticados para  enfim  serem  apropriados  como  aprendizagem.

  2.2.1 Jornal impresso e televisivo: instrumentos pedagógicos  aplicáveis em sala de aula

Dentre os fatos que foram  diagnosticados através  do  questionário estava a resistência em assistir ao jornal  televisivo, apesar de ser  de fácil  acesso aos educandos. A grande maioria do público pesquisado não  assiste o jornal, conforme mostra o gráfico.

Gráfico 1 :Opinião dos alunos sobre a audiência dos mesmos ao jornal televisivo

Sabendo  que o fato de  assistir ao jornal televisivo não é uma prática contínua  dos  educandos que fazem parte  do universo da pesquisa, buscou-se descobrir quais os  motivos  que os  impedem de obter informações acerca dos fatos  que  ocorrem na  sociedade. E para  surpresa a grande maioria informou que não  consegue  compreender as notícias que  são veiculadas, em  seguida um quantitativo  significativo informou que não  tem interesse em assistir ao jornal  e por  fim poucos não  assistem por  falta de tempo. Conforme será  apresentado no gráfico.

Gráfico 2 :Opinião dos alunos acerca  dos fatores que os impede  de assistir ao  jornal na TV

Com isso percebe-se que o jornal apesar  de ser de fácil  acesso este não procura elucidar  as dúvidas que  persistem com os  telespectadores, até por que a notícia  é pronta  e acabada  e não pode  ser amplamente  discutida na televisão  em  decorrência  do custo. Mas questiona-se qual tem  sido  a recepção das informações por parte  dos  alunos, estes acreditam em tudo  que é  veiculado? Ou questionam, pesquisam? Diante de tal dúvida levou-se até o público  alvo da pesquisa a  questão,  a qual será  elucidada no gráfico.

Gráfico 3: Opinião dos alunos sobre a veracidade das informações do jornal televisivo

É justamente na perspectiva de superar o vazio  existente entre  a notícia  veiculada e a  compreensão  do fato que nota-se  a superficialidade da informação, e acredita-se que o debate ,  a pesquisa  são  fundamentais  para superar a crença de que tudo  que  é transmitido é a verdade absoluta e inalterável, pois ao saber de uma notícia precisa  analisar os fatores que culminaram na  eclosão do fato. Conforme o gráfico  a seguir será possível perceber a postura dos  educandos frente as informações veiculadas pela mídia:

Gráfico 4: Opinião dos alunos sobre as causas que originam o acontecimento noticiado

A alternativa de conduzir os educandos   a compreensão  dos  fatos que  ocorrem na  sociedade atual,  e levar novas tecnologias ao  espaço da  sala de aula para que  estes percebam  a importância  do mecanismo utilizado pela mídia desde  que  este seja  utilizado de forma  adequada objetivando  a formação de cidadãos críticos e interventores. É  claro,  que  toda ideia precisa da  aprovação de  seus partícipes e de  acordo  com informações obtidas no  questionário (que  serão  representadas no Gráfico 5), os  alunos , o público  alvo acharam interessante buscar alternativas que os façam  compreender o que ocorre e acima de tudo  que  contribua para a formação holística  dos  mesmos.

Gráfico 5: Opinião dos alunos sobre a abordagem do noticias do jornal televisivo dentre as práticas pedagógicas utilizadas em  sala de aula

Ao levar o jornal televisivo para  sala de aula e discuti-lo, compará-lo e relacioná-lo  com coisas do passado e contribuições para o  futuro os  alunos se motivaram e reconheceram  que   abordagem de uma notícia pode ocorrer  nos  diversos  espaços  societários, inclusive na  sala  de aula, de forma  dinâmica e envolvente proporcionando a  seus sujeitos a  compreensão  do  que  ocorre ao  seu  redor, bem como pode  aprimorar conhecimentos relacionados  a leitura,  escrita, interpretação, participação, iniciativa, respeito, etc. De um universo de 120 alunos 80% aumentou o  rendimento  escolar em  todas  as disciplinas e 20% melhorou somente na disciplina História. De qualquer forma  foi um  avanço significativo  que norteou novas  abordagens pedagógicas.

Foi a partir deste primeiro momento em  que se utilizou  a tecnologia do jornal  televisivo que  emergiu  a  ideia de elaborar o jornal impresso com o mesmo público  que  fora trabalhado o jornal  televisivo, só  que  seria limitada a algumas  salas de aulas, acabou sendo  do conhecimento de toda  a Escola Municipal João  Alfredo, os  quais mesmo não fazendo parte  do universo da pesquisa estes tiveram  acesso as  etapas e ao produto final, o Jornal Impresso  que  fora disponibilizado aos  alunos e professores  dos  diversos  turnos  e séries,a  fim de motivá-los  a incorporar novas tecnologias capazes de promover aprendizagens.

2.3 A construção do jornal na Escola Municipal João Alfredo

Figura 1: Capa do jornal Escola em Ação (2007)

Fonte: Solange Dourado, 2007

O jornal impresso embora fosse instrumento de um  universo de 120  educandos ele não  tinha por objetivo somente a construção de um produto. Este ao  ser pensado  e elaborado centrava-se na possibilidade de proporcionar aos  educandos o  acesso a conhecimentos  diversificados, bem  como  estimular a liderança, organização, iniciativa , cooperação  e tantos outros  elementos que  devem fazer parte da formação  do cidadão da atualidade. Além  de  desenvolver nos  mesmos o  hábito de leitura e escrita como forma reflexiva e crítica  que possibilitam crescimento cognitivo, afetivo e  social.

Por perceber que no ambiente escolar existiam  inúmeras reclamações por parte  dos professores em relação a escrita e  a linguagem utilizadas nas atividades em sala de aula, as  quais eram percebidas através da leitura de texto, escrita em testes ou exercícios gerais, haja  vista  que os  alunos  adotavam no  espaço  educativo a mesma linguagem das lan houses, grupos de jovens,  demonstrando total desprezo  a linguagem  culta que deve ser  adotada em diversos  ambientes  societários. Nesta situação entendemos que a escola como veículo de transformação da realidade, pode e deve contribuir para formação crítica dos seus alunos, agregando as ferramentas que são de uso cotidiano dos alunos “novos” instrumentos de mediação pedagógica.

Na perspectiva de incorporar as práticas pedagógicas novos instrumentos de aprendizagens idealizou-se este projeto, por acreditar que a produção de um jornal estimula a leitura e escrita, por meio de ferramentas que já são do conhecimento dos alunos como o computador, internet e agrega neste processo a valorização da pesquisa tanto virtual como real ( livros, revistas, entrevistas, etc), a fim de fomentar a relação entre pares, a discussão reflexiva e crítica, domínio da expressão verbal em público, afetividade, aspectos relevantes para uma vida social, que prioriza o desenvolvimento individual e coletivo dos cidadãos.

Assim para por  em  prática  a ideia foi necessário a  divulgação  da proposta,  a qual  foi  embasada  em pesquisa bibliográfica, visita  in loco a redação de jornal, estudo da linguagem impressa, experimentação da produção textual jornalística. Claro  que para atingir tal nível  de organização  foi necessário a  realização de várias  reuniões que  estabelecessem  equipes para atuar em  segmentos  distintos,  a fim de agilizar a produção jornalística.

Desta forma,  alguns  alunos ficaram  responsáveis pela  visitação  em bibliotecas,  TV Escola, Internet, para coleta de materiais sobre histórico do Jornal, Funcionamento, Linguagem, Estrutura, outros pela síntese do material coletado. Posteriormente,  superada  a etapa inicial, o processo de pesquisa teve prosseguimento no  que  se refere a incorporação  do jornal na  escola,desenvolvimento dos cadernos do jornal, impressão, criação da apresentação do jornal, tabulação dos dados, organizarão matérias de caráter coletivo a serem desenvolvidos pelas salas de aula ( Ex: Caderno de Saúde responsabilidade da sala x) e pauta das matérias de caráter da equipe do jornal ( Ex: Entrevista com a Diretora da Escola).

E o mais interessante de tudo isso é que o processo ensino aprendizagem desenvolveu-se  de forma prazerosa e todos os  sujeitos  que  contribuíram para  a  construção do jornal  tiveram a oportunidade de  desenvolver conhecimentos adotados no  currículo  educativo  como   a leitura, a escrita, interpretação, saberes matemáticos,  artísticos,  históricos, geográficos, ou  seja,  foi um produto interdisciplinar que  agregou valor  a formação  dos  educandos, dos  quais 80% aumentou o  rendimento nas múltiplas  disciplinas inseridas no  currículo, tornando-se executores  de uma  história  de luta e conquista.

O jornal revelou talentos, motivou alunos que não  acreditavam em  suas capacidades, despertou o  espírito da  cidadania  e o  anseio de modificar práticas prejudiciais  a coletividade e permitiu trazer á tonas interesse dos próprios sujeitos que os  elaboraram.

Enfim, decorrido o período de  sensibilização, incorporação, aplicabilidade das novas tecnologias, jornal  escrito e televisivo dentro  do  universo  educativo, percebeu-se inúmeros avanços no  desenvolvimento   e formação  cidadã. O fato de por em prática os  conhecimentos teóricos desenvolveu nos educandos a  segurança de intervir, opinar, sugerir, modificar, o que  sem  dúvida vai ser utilizado no  cenário  educativo  em  todas  as disciplinas  acadêmicas, mas também vai  ser levado para  a vida.

Figura 2: Fotografia/Capa do jornal Escola em Ação (2007)

Fonte: Solange Dourado, 2007

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao propor a inserção de novas tecnologias como objeto de estudo  que pode  ser aplicado de forma contributiva  no  setor  educacional percebeu-se que  esta temática já vem sendo  amplamente discutida por profissionais de diversos segmentos,  a fim de incorporá-la como um instrumento facilitador da  aprendizagem  dentro da  sala  de aula.

Mas afinal é possível inserir novas tecnologias no  cenário  educacional e aperfeiçoar  aprendizagens no  ambiente de  sala  de aula ?

Através da experiência  vivenciada na  elaboração  e  execução  do projeto, o  qual  resultou neste  artigo percebe-se que é possível  inserir novas tecnologias na  educação, porém o  fato de lavar o instrumento ao ambiente proposto não é  suficiente para elucidar toda uma problemática que perpassa por  questões culturais,  sociais ,  econômicas,  etc.

Até porque é notório que a educação como  a sociedade é  composta por  sujeitos  de opiniões antagônicas, os  que  são favoráveis as mudanças e os opositores. O  que sem dúvida foi um  dos motivos  que  dificultou a  aplicação da ideia proposta Além  disso, percebeu-se que muitos  dos profissionais  que  atuam  no  segmento  educativo não  se veem preparados para romper  com práticas que  são  adotadas a anos, atribuindo tal limitação  a má  formação dispensada  aos mesmos,   e os próprios alunos mostram-se  desmotivados e  desinteressados  pelo fato de  aprender.

Mesmo  diante de todas  as dificuldades, o que norteou o desenvolvimento do projeto foi a necessidade  e anseio de proporcionar  aos educandos o acesso a novas  aprendizagens que os conduzissem ao aperfeiçoamento de habilidades  científicas, acadêmicas, sociais, etc.

Desta  forma, optou-se em abordar justamente tecnologias que já  são utilizadas em outros ambientes domésticos  e sociais, que os  alunos  conhecem utilizam, mas que na maioria das vezes não  conseguem explorá-los em  suas múltiplas contribuições.Assim, fora trabalhado no decorrer do ano letivo da Escola Municipal João  Alfredo, o jornal televisivo (primeiramente) e o jornal impresso.           

Por fim, a utilização de tecnologias  como o jornal televisivo  e impresso foi possível permitiu o  aperfeiçoamento de conhecimentos  de cunho  científico incorporados no  currículo como leitura, escrita, interpretação, saberes matemáticos,  artísticos,  históricos, bem  como  aprimorou  relações de amizade, de solidariedade além de despertar a credibilidade e confiança nas potencialidades  que  serão levadas a todos os  segmentos societários, mas que  acima de tudo modificou rendimento (de 80% dos partícipes da pesquisa), postura, perspectivas de futuro  dentro  do cenário  educativo. Vamos continuar envolvidos no trabalho de formação  cidadã com a utilização de mecanismos capazes de proporcionar aprendizagens relevantes e prazerosas.

REFERÊNCIAS

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