O IMPACTO DO EXERCÍCIO FÍSICO NA PRESSÃO ARTERIAL: UMA ANÁLISE DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202507021914


Wilson Foré1
Prof. Dr. Julio Cesar Souza Silva2


RESUMO 

A hipertensão arterial sistêmica é uma condição crônica altamente prevalente e de  grande impacto na saúde pública, sendo um dos principais fatores de risco para  doenças cardiovasculares, renais e cerebrovasculares. Nesse contexto, o exercício  físico vem sendo amplamente investigado como estratégia não farmacológica de  prevenção e controle da pressão arterial. Este estudo teve como objetivo analisar os  efeitos do exercício físico na redução da pressão arterial, por meio de uma revisão da  literatura científica recente. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de  caráter descritivo, realizada por meio de levantamento bibliográfico nas bases Scielo,  Google Scholar, BVS e revistas especializadas, com recorte temporal de 2020 a 2025.  Foram selecionadas 25 referências que abordavam os efeitos agudos e crônicos do  exercício físico, os mecanismos fisiológicos envolvidos, a comparação entre diferentes  modalidades e as implicações para políticas públicas. Os resultados apontaram que o  exercício físico promove reduções significativas nos níveis pressóricos, atua na  modulação autonômica, vasodilatação e expressão de microRNAs, além de  apresentar eficácia variável conforme o tipo, intensidade e frequência. A regularidade  e a supervisão das sessões foram associadas a maior adesão e segurança. Conclui-se que a inserção sistemática do exercício físico nos protocolos da atenção primária  à saúde representa uma estratégia eficaz e sustentável para o enfrentamento da  hipertensão arterial no Brasil. 

Palavras-chave: Hipertensão; Exercício físico; Atenção primária à saúde; Promoção  da saúde; Política de saúde 

ABSTRACT 

Systemic arterial hypertension is a highly prevalent chronic condition with significant  public health impact, representing one of the main risk factors for cardiovascular, renal,  and cerebrovascular diseases. In this context, physical exercise has been extensively  studied as a non-pharmacological strategy for preventing and controlling blood  pressure. This study aimed to analyze the effects of physical exercise on blood  pressure reduction through a review of recent scientific literature. It is a qualitative,  descriptive research conducted through bibliographic survey in Scielo, Google Scholar,  BVS, and specialized journals, with a time frame from 2020 to 2025. A total of 25  references were selected, addressing acute and chronic effects of exercise,  physiological mechanisms involved, comparison between modalities, and implications  for public policies. The results showed that physical exercise promotes significant reductions in blood pressure, acting on autonomic modulation, vasodilation, and  microRNA expression, with variable effectiveness depending on type, intensity, and  frequency. Regularity and professional supervision of exercise sessions were  associated with greater adherence and safety. It is concluded that the systematic  inclusion of physical exercise in primary health care protocols represents an effective  and sustainable strategy for tackling hypertension in Brazil. 

Keywords: Hypertension; Physical exercise; Primary health care; Health promotion;  Health policy 

1. INTRODUÇÃO 

1.1 Hipertensão arterial: conceito, prevalência e fatores de risco 

A hipertensão arterial é uma condição clínica definida pela elevação sustentada  dos níveis de pressão arterial, sendo uma das principais causas de morbidade e  mortalidade no mundo. Essa patologia é reconhecida como fator de risco primário para  o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, renais e cerebrovasculares, além de  contribuir significativamente para a diminuição da qualidade de vida dos indivíduos  acometidos (Costa et al., 2021). No Brasil, dados epidemiológicos apontam para uma  elevada prevalência de hipertensão arterial, estimando-se que cerca de 25% da  população adulta seja hipertensa, com tendência de crescimento em função do  envelhecimento populacional e do aumento dos fatores de risco associados (Godinho  et al., 2021). 

Os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial são  múltiplos e inter-relacionados. Entre eles, destacam-se a herança genética, o  sedentarismo, a alimentação inadequada (especialmente o consumo excessivo de  sal), a obesidade, o consumo abusivo de álcool, o tabagismo e o estresse crônico  (Mendonça et al., 2022). A obesidade, particularmente na adolescência, tem sido  apontada como um dos principais preditores para o surgimento precoce da  hipertensão arterial, estando intimamente relacionada à resistência à insulina e a  alterações metabólicas que contribuem para a elevação da pressão arterial (Neves,  2022). 

Além dos fatores individuais, aspectos socioeconômicos e culturais também  influenciam na incidência da hipertensão. Populações de baixa renda, por exemplo,  tendem a apresentar maior prevalência da doença devido à dificuldade de acesso a  alimentos saudáveis e práticas de atividade física, além do menor acesso a serviços de saúde preventiva (Da Silva et al., 2022). A importância da atividade física como  fator protetor contra a hipertensão arterial tem sido amplamente documentada. O  sedentarismo é considerado um dos principais fatores de risco modificáveis, sendo a  prática regular de exercícios físicos uma estratégia eficaz para prevenir e controlar a  elevação da pressão arterial (Siqueira et al., 2020). 

A compreensão dos fatores de risco associados à hipertensão arterial é  fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas de prevenção e promoção  da saúde. Estratégias que incentivem hábitos de vida saudáveis, como alimentação  balanceada, prática regular de exercícios físicos e controle do peso corporal, são  essenciais para a redução da prevalência da hipertensão arterial e,  consequentemente, das doenças cardiovasculares associadas (Cavalari; Casonatto,  2023).  

1.2 Consequências da hipertensão arterial não controlada 

A hipertensão arterial, quando não controlada, configura-se como um dos  principais fatores de risco para o desenvolvimento de complicações cardiovasculares,  cerebrais e renais, sendo responsável por elevada carga de morbimortalidade no  mundo (Improta-Caria, 2022). A manutenção de níveis pressóricos elevados promove  alterações estruturais e funcionais nas artérias, resultando em rigidez vascular,  disfunção endotelial e aumento da resistência vascular periférica (Secchi et al., 2024).  Estas alterações são diretamente responsáveis pela progressão de condições como  infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e  doença renal crônica. 

As complicações decorrentes da hipertensão arterial não controlada têm  impacto profundo na qualidade de vida dos indivíduos, além de gerar altos custos para  os sistemas de saúde pública e privada. Do ponto de vista microvascular, destacam-se alterações como a retinopatia hipertensiva, que pode evoluir para perda da visão,  e a nefropatia hipertensiva, que frequentemente leva à insuficiência renal crônica (Da  Costa et al., 2025). Diante desse cenário, a identificação e o tratamento precoce da  hipertensão arterial são fundamentais para prevenir a progressão dessas  complicações. 

O exercício físico surge como uma estratégia importante no combate às  complicações da hipertensão. Estudos indicam que a prática regular de exercícios aeróbicos e resistidos não apenas reduz a pressão arterial de repouso, mas também  promove adaptações vasculares que favorecem a saúde endotelial e reduzem o risco  cardiovascular (Cavalari; Casonatto, 2023). A literatura também destaca o fenômeno  da hipotensão pós-exercício, caracterizado pela redução dos níveis de pressão arterial  após sessões de atividade física, o que reforça a importância do exercício como  ferramenta terapêutica adjuvante no controle da hipertensão (Mendonça et al., 2022). 

Além da intervenção farmacológica, o incentivo à prática de atividades físicas,  aliado à mudança de estilo de vida, é considerado essencial para a redução da  morbimortalidade associada à hipertensão arterial (Siqueira et al., 2020). Programas  de exercício supervisionado demonstraram eficácia na melhora da função  cardiovascular e no controle dos níveis pressóricos, sendo recomendados pelas  principais diretrizes nacionais e internacionais de hipertensão (Godinho et al., 2021).  Dessa forma, o controle efetivo da pressão arterial passa necessariamente pela  combinação de medidas farmacológicas e não farmacológicas, em que o exercício  físico desempenha papel central. 

1.3 Exercício físico como estratégia de promoção da saúde 

O exercício físico figura entre as intervenções não farmacológicas de maior  relevância para a promoção da saúde cardiovascular, sendo indicado pelas principais  diretrizes nacionais e internacionais para a prevenção primária e secundária da  hipertensão arterial (Godinho et al., 2021). A Organização Mundial da Saúde  recomenda pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade  moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa, podendo ser combinados com  sessões de fortalecimento muscular duas vezes por semana (Secchi et al., 2024). A  literatura brasileira tem ressaltado que essa meta pode ser alcançada mediante  programas comunitários de caminhada, ciclismo recreativo e aulas coletivas  supervisionadas, o que viabiliza a adesão de diferentes faixas etárias (Da Silva et al.,  2022). 

Para além da prevenção da hipertensão, a prática regular de exercício físico  promove controle do peso corporal, melhora do perfil lipídico e incremento da  sensibilidade à insulina, fatores que atuam sinergicamente na redução do risco  cardiovascular global (Neves, 2022). Estudos populacionais indicam queda de até 10  mmHg na pressão arterial sistólica após doze semanas de treinamento aeróbico, efeito comparável ao de monoterapia anti-hipertensiva de primeira linha (Costa et al.,  2021). Nos indivíduos já hipertensos, o exercício integra os protocolos terapêuticos  como coadjuvante essencial, pois potencializa a ação dos fármacos e reduz a  necessidade de altas doses (Siqueira et al., 2020). 

Outro ponto relevante é a versatilidade das modalidades. Exercícios  intervalados de alta intensidade (HIIT) têm ganhado destaque por oferecerem  reduções pressóricas agudas maiores que as obtidas com sessões contínuas de  mesma duração, tornando-se alternativa atraente para quem dispõe de menos tempo  livre (Mendonça et al., 2022).  

Já as sessões de treinamento de força, antes vistas apenas como  complemento, demonstram benefícios específicos sobre a pressão arterial diastólica,  possivelmente por promoverem remodelação vascular favorável (Cavalari ; Casonatto,  2023). Assim, a multiplicidade de opções amplia as chances de aderência e,  consequentemente, de manutenção de efeitos benéficos em longo prazo (Da Costa  et al., 2025). 

1.4 Mecanismos fisiológicos do exercício na redução da pressão arterial  

Os mecanismos pelos quais o exercício físico reduz a pressão arterial envolvem  complexa interação hemodinâmica, neuro-hormonal e molecular. Em nível agudo, a  contração muscular promove aumento transitório do fluxo sanguíneo, desencadeando  liberação de óxido nítrico endotelial, potente vasodilatador responsável pela queda  imediata da resistência vascular periférica (Secchi et al., 2024). A repetição crônica  desse estímulo leva à melhora duradoura da função endotelial, redução da rigidez  arterial e incremento da complacência aórtica (Cavalari ; Casonatto, 2023). 

Do ponto de vista autonômico, o treinamento regular modula o sistema nervoso,  diminuindo a atividade simpática e elevando o tônus parassimpático de repouso. Essa  adaptação resulta em frequência cardíaca mais baixa e menor liberação de  catecolaminas, o que atenua respostas pressóricas adversas frente ao estresse físico  ou emocional (Godinho et al., 2021). Paralelamente, há supressão do eixo renina angiotensina-aldosterona, reduzindo a vasoconstrição e a retenção hidrossalina,  contribuindo para o controle da volemia (Costa et al., 2021). 

Em âmbito molecular, nova fronteira de pesquisa aponta para a participação de  micro-RNAs circulantes na regulação da pressão arterial induzida pelo exercício. 

Improta-Caria (2022) descreve que sessões de endurance elevam a expressão de  miR-126 e miR-155, associados à angiogênese e ao relaxamento vascular, enquanto  suprimem miR-21, relacionado a inflamação vascular e hipertrofia cardíaca. Esses  achados sugerem que o exercício atua como modulador epigenético, favorecendo  perfis de micro-RNAs cardioprotetores (Improta-Caria, 2022).  

A hipotensão pós-exercício, demonstrada inclusive em indivíduos com histórico  familiar de hipertensão, reforça o papel de respostas vasodilatadoras prolongadas que  perduram por até 24 horas (Mendonça et al., 2022). Em conjunto, tais evidências  demonstram que o exercício interfere em múltiplas etapas da regulação pressórica,  justificando sua eficácia clínica. 

1.5 Evidências científicas sobre o impacto do exercício físico na hipertensão  

A literatura brasileira recente corrobora a efetividade do exercício físico na  prevenção e no tratamento da hipertensão arterial. Em revisão narrativa, Costa et al.  (2021) analisaram dados de 37 ensaios clínicos e observaram reduções médias de 7  mmHg na pressão sistólica e 5 mmHg na diastólica após intervenções aeróbicas de 8  a 16 semanas. Godinho et al. (2021) reforçaram esses achados em estudo transversal  com 412 hipertensos acompanhados em atenção primária: praticantes regulares de  atividade física apresentaram controle pressórico em 74% dos casos versus 48% nos  sedentários. 

Focando a resposta aguda, Mendonça et al. (2022) demonstraram que 40  minutos de ciclismo a 60% do VO₂máx reduziram a pressão sistólica em até 12 mmHg  por quatro horas, independentemente de histórico familiar de hipertensão. Secchi et  al. (2024) compararam HIIT a treinamento contínuo e verificaram queda sistólica 30%  maior no protocolo intervalado, sugerindo superioridade dessa modalidade para  indução de hipotensão pós-exercício. Já Da Costa et al. (2025), em revisão integrativa,  destacaram benefícios consistentes de programas combinados (aeróbico + força)  sobre rigidez arterial e variabilidade da pressão. 

Em populações especiais, Siqueira et al. (2020) relataram que idosos  hipertensos participantes de circuito funcional reduziram a pressão diastólica em  média 6 mmHg após 10 semanas, sem eventos adversos. Similarmente, Neves (2022)  salientou a importância da intervenção precoce, mostrando correlação inversa entre  nível de atividade física e pressão arterial em adolescentes com sobrepeso. 

Finalmente, Cavalari ; Casonatto (2023) sintetizaram ensaios controlados  randomizados e concluíram que exercícios resistidos, quando prescritos duas a três  vezes por semana, reduzem em até 4 mmHg a pressão diastólica, efeito  complementar ao aeróbico. Esses dados robustecem o consenso de que diferentes  modalidades promovem benefícios pressóricos relevantes e clinicamente  significativos. 

1.6 Importância da prática regular e supervisionada de exercício físico 

A eficácia do exercício físico no controle da pressão arterial está diretamente  condicionada à regularidade e à supervisão adequada. Observa-se nos estudos que  programas supervisionados alcançam taxas de adesão 20–30% superiores às  atividades autodirigidas, refletindo-se em resultados pressóricos mais expressivos  (Godinho et al., 2021). A supervisão garante prescrição individualizada de intensidade,  duração e frequência, respeitando as particularidades clínicas de cada paciente e  minimizando riscos de eventos adversos, como hipotensão excessiva ou lesão  musculoesquelética (Siqueira et al., 2020). 

Outro fator-chave é o monitoramento contínuo das variáveis hemodinâmicas  durante as sessões, permitindo ajustes imediatos que otimizem a carga de  treinamento sem comprometer a segurança. Essa prática se mostra essencial em  populações de maior risco, como idosos e portadores de comorbidades metabólicas  (Cavalari ; Casonatto, 2023). Além disso, a orientação profissional facilita a  incorporação de estratégias motivacionais, como metas progressivas e feedback  positivo, aumentando a autoconfiança e a persistência na atividade física (Da Silva et  al., 2022). 

Programas comunitários supervisionados também reforçam o apoio social,  componente reconhecido por elevar a adesão a longo prazo. Costa et al. (2021)  relataram manutenção de 76% dos participantes em programa de caminhada de 12  meses, resultado atribuído ao acompanhamento multiprofissional e à interação em  grupo.  

Da Costa et al. (2025) acrescentam que, mesmo após o término formal das  intervenções, indivíduos treinados permanecem fisicamente ativos em maior  proporção, prolongando os efeitos pressóricos benéficos. Portanto, a prática regular e supervisionada de exercício físico deve ser considerada pilar central nas políticas  públicas de enfrentamento da hipertensão arterial. 

O presente artigo tem como objetivo geral analisar o impacto do exercício físico  na redução da pressão arterial, com base em uma revisão da literatura científica  recente. Especificamente, busca-se compreender os mecanismos fisiológicos  envolvidos na resposta pressórica ao exercício, identificar as modalidades de  atividade física mais eficazes para o controle da hipertensão arterial e discutir a  importância da prática regular e supervisionada como estratégia complementar ao  tratamento farmacológico. Além disso, pretende-se reunir evidências que justifiquem  a promoção de programas de atividade física como parte integrante das políticas  públicas de saúde no enfrentamento da hipertensão. 

2. METODOLOGIA  

A presente pesquisa caracterizou-se como uma revisão bibliográfica de  abordagem qualitativa, com delineamento descritivo. Essa escolha metodológica foi  adotada com o intuito de reunir, analisar e interpretar criticamente produções  científicas já publicadas, a fim de compreender os efeitos do exercício físico na  pressão arterial em indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. A abordagem qualitativa  permitiu a interpretação aprofundada dos conteúdos textuais, valorizando as nuances,  interpretações e contextos apresentados nos estudos analisados. 

O processo de busca pelas fontes foi realizado entre os meses de março e abril  de 2025, utilizando bases de dados científicas reconhecidas, tais como Scielo,  PubMed, Google Scholar, LILACS, e os portais da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde)  e CAPES Periódicos. Para garantir a relevância e a atualidade das informações, foram  incluídas publicações compreendidas no intervalo de 2020 a 2025. A escolha desse  recorte temporal visou contemplar a literatura mais recente, alinhada às atualizações  das diretrizes nacionais e internacionais relacionadas à atividade física e ao  tratamento da hipertensão arterial. 

Foram utilizados como descritores de busca os termos “exercício físico”,  “pressão arterial”, “hipertensão” e “atividade física”, combinados por meio dos  operadores booleanos “AND” e “OR” para ampliar a sensibilidade da busca. As  combinações foram aplicadas tanto em português quanto em inglês, considerando a  relevância de estudos nacionais e internacionais sobre o tema. Os critérios de inclusão abrangeram artigos originais, revisões integrativas e narrativas, dissertações,  capítulos de livros e trabalhos acadêmicos que abordassem de forma direta os efeitos  do exercício físico sobre a pressão arterial. Foram considerados os estudos que  apresentaram metodologias claras, fundamentação teórica consistente e dados  interpretáveis. 

Foram excluídas publicações duplicadas, resumos simples de eventos, estudos  sem acesso ao texto completo, pesquisas com foco exclusivo em outras intervenções  não farmacológicas (como dieta ou controle do estresse), e artigos cuja temática  principal não estivesse centrada na relação entre exercício físico e pressão arterial.  Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 25 referências foram  selecionadas para compor o corpo documental da revisão. 

A leitura e análise dos materiais selecionados foram realizadas de forma  minuciosa, respeitando a estrutura de identificação dos objetivos, métodos, principais  resultados e conclusões de cada trabalho. A interpretação dos dados seguiu a lógica  da análise temática, destacando as convergências, divergências e contribuições  relevantes dos autores para o tema em questão. As informações foram organizadas e  discutidas à luz dos objetivos da pesquisa, permitindo uma compreensão ampla e  crítica do impacto do exercício físico sobre a pressão arterial. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

3.1 Efeitos do exercício físico sobre a redução da pressão arterial 

A prática regular de exercício físico tem sido amplamente reconhecida como  uma estratégia eficaz no controle da pressão arterial (PA), tanto em indivíduos  hipertensos quanto em pré-hipertensos. Diversos estudos destacam a capacidade do  exercício físico de promover reduções significativas na pressão arterial sistólica (PAS)  e diastólica (PAD), sendo esses efeitos observados tanto em respostas agudas quanto  após períodos prolongados de treinamento (Costa et al., 2021; Godinho et al., 2021).  Essas reduções podem ser comparáveis, em alguns casos, às obtidas por meio de  medicamentos anti-hipertensivos de primeira linha, tornando o exercício uma  ferramenta de baixo custo e alto impacto na promoção da saúde cardiovascular. 

As reduções agudas da pressão arterial, conhecidas como hipotensão pós exercício, referem-se à queda observada nos valores pressóricos logo após a prática de uma única sessão de exercício. Esse fenômeno pode perdurar por até 24 horas e  ocorre devido a mecanismos como a vasodilatação periférica e a modulação  autonômica (Mendonça et al., 2022). Em um estudo que avaliou a resposta pressórica  de indivíduos com histórico familiar de hipertensão, observou-se uma média de queda  de 10 mmHg na PAS e 5 mmHg na PAD nas primeiras horas após uma sessão de  exercício aeróbico contínuo (Freitas et al., 2020). Esses resultados evidenciam o  potencial imediato do exercício físico como intervenção coadjuvante no controle  pressórico. 

Por outro lado, os efeitos crônicos da prática regular de exercício físico  demonstram reduções mais duradouras e clinicamente relevantes nos níveis de PA.  Após oito a doze semanas de treinamento, é comum observar diminuições médias de  7 a 10 mmHg na PAS e de 5 a 8 mmHg na PAD, especialmente quando se trata de  protocolos aeróbicos contínuos de intensidade moderada (Secchi et al., 2024; Aragão  et al., 2021). Essas adaptações estão associadas a melhorias na função endotelial,  redução da rigidez arterial e menor ativação do sistema nervoso simpático. Além  disso, tais efeitos tendem a ser mais pronunciados em indivíduos com PA basal  elevado, o que reforça o papel do exercício como terapia personalizada e de alta  efetividade (Amorim et al., 2024). 

A Tabela 1 a seguir resume os principais achados de estudos brasileiros sobre  a magnitude da redução da pressão arterial após programas regulares de exercício  físico em diferentes populações:

Tabela 1 – Reduções médias de pressão arterial após programas de exercício físico  em estudos selecionados

Fonte: Costa et al. (2021)

Conforme demonstrado na Tabela 1, os estudos analisados indicam uma  tendência de redução significativa da PA, mesmo em programas de curta duração e  com intensidades variadas. É importante destacar que os protocolos que envolvem  supervisão e acompanhamento profissional tendem a apresentar melhores  resultados, possivelmente devido à aderência mais consistente às sessões de  treinamento (Medeiros et al., 2025; Lopes et al., 2024). 

Além da redução dos valores médios de pressão, o exercício físico contribui  para a estabilização da variabilidade pressórica, fator intimamente relacionado à  ocorrência de eventos cardiovasculares. Em estudo com idosos hipertensos,  observou-se que a prática de caminhada regular contribuiu para reduzir as flutuações  diárias de PA, favorecendo um perfil hemodinâmico mais estável e menos propenso  a picos hipertensivos (Araújo et al., 2020). Essa estabilização está associada a uma  menor reatividade vascular e a um maior tônus vagal, ambos modulados pela prática  contínua de atividade física. 

Além disso, os efeitos do exercício físico variam de acordo com a intensidade,  frequência e tipo de modalidade. Enquanto o exercício aeróbico moderado é  amplamente indicado por apresentar alta tolerância e baixo risco, o treinamento  intervalado de alta intensidade (HIIT) tem mostrado resultados superiores na redução  da PAS, sobretudo em adultos jovens e fisicamente aptos (Secchi et al., 2024). Essa  modalidade, no entanto, exige avaliação médica prévia e monitoramento rigoroso, o  que pode limitar sua aplicabilidade em ambientes de atenção primária à saúde  (Campos; Júnior, 2021). 

Outro ponto relevante é a interação entre o perfil clínico do paciente e a  resposta ao exercício. Em indivíduos com múltiplos fatores de risco, como diabetes  mellitus tipo 2, obesidade e dislipidemias, os ganhos hemodinâmicos do exercício  tendem a ser potencializados quando combinados com estratégias nutricionais e  controle medicamentoso (Amorim et al., 2024). Esses achados sugerem que o  exercício físico deve ser integrado a um plano terapêutico mais amplo e multidisciplinar, considerando as particularidades clínicas de cada paciente (Mendes  et al., 2024). 

No conjunto das evidências analisadas, observa-se que a prática de exercício  físico representa uma intervenção eficaz, segura e acessível para a redução da  pressão arterial. Os dados disponíveis reforçam que tanto a resposta aguda,  observada após sessões isoladas, quanto os efeitos crônicos, resultantes da prática  contínua, exercem papel relevante no manejo da hipertensão arterial (Costa et al.,  2021; Godinho et al., 2021; Mendonça et al., 2022). Essa intervenção deve ser  incentivada por profissionais da saúde em todos os níveis de atenção, sendo adaptada  à capacidade funcional, condição clínica e preferências individuais do paciente. 

Por fim, é essencial destacar que a adoção da atividade física regular não  depende exclusivamente da prescrição técnica, mas também de ações educativas e  motivacionais que promovam a adesão de longo prazo. Programas de saúde pública  que integrem profissionais da educação física, fisioterapia e enfermagem têm  demonstrado sucesso na manutenção do hábito de se exercitar e, consequentemente,  na melhora contínua do controle pressórico (Lopes et al., 2024; Campos; Júnior,  2021). Diante disso, o exercício físico deve ser considerado componente essencial de  qualquer estratégia abrangente voltada ao enfrentamento da hipertensão arterial. 

3.2 Mecanismos fisiológicos responsáveis pela redução da pressão arterial 

A prática regular de exercício físico promove uma série de adaptações  fisiológicas no organismo, especialmente no sistema cardiovascular, que resultam na  redução da pressão arterial (PA). Esses efeitos são mediados por mecanismos como  a vasodilatação periférica, a modulação autonômica, a regulação do sistema renina angiotensina-aldosterona (SRAA) e, mais recentemente, a expressão diferencial de  microRNAs circulantes. A compreensão desses mecanismos fornece base científica  para o uso do exercício como estratégia terapêutica não farmacológica no tratamento  da hipertensão arterial sistêmica (HAS) (Cavalari; Casonatto, 2023). 

Um dos mecanismos mais estudados e reconhecidos é a vasodilatação  endotelial induzida pelo exercício físico. Durante a prática de atividade física, há um  aumento do fluxo sanguíneo nos vasos, o que gera estímulo de cisalhamento sobre  as paredes arteriais. Esse estímulo ativa a enzima óxido nítrico sintase endotelial  (eNOS), responsável pela produção de óxido nítrico (NO), um potente vasodilatador. 

A liberação de NO promove relaxamento da musculatura lisa vascular, resultando em  diminuição da resistência periférica total e, consequentemente, da pressão arterial  (Siqueira et al., 2020). Além disso, o exercício contínuo favorece a manutenção dessa  via, contribuindo para um perfil vascular mais responsivo e menos propenso a  episódios hipertensivos (Monteiro, 2025). 

Outro fator importante é a modulação autonômica promovida pelo exercício.  Estudos demonstram que indivíduos ativos apresentam menor atividade do sistema  nervoso simpático e maior ativação do sistema parassimpático, resultando em  frequências cardíacas basais mais baixas e respostas pressóricas mais controladas  frente ao estresse físico e emocional (Mendonça et al., 2022). Essa modulação é  particularmente importante em hipertensos, pois o aumento do tônus simpático é uma  característica comum da doença. A prática regular de exercícios melhora a  variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e atenua a reatividade pressórica,  mecanismos que estão diretamente associados à redução sustentada dos níveis de  PA (Ziero; Navarro, 2020). 

Além disso, o exercício físico tem efeito regulador sobre o sistema renina angiotensina-aldosterona, um dos principais responsáveis pela manutenção da  pressão arterial em níveis elevados em indivíduos hipertensos. A atividade física reduz  a secreção de renina pelos rins, o que leva à menor conversão de angiotensinogênio  em angiotensina I e, subsequentemente, à menor produção de angiotensina II, um  potente vasoconstritor. Com isso, ocorre diminuição da liberação de aldosterona,  reduzindo a retenção de sódio e água nos túbulos renais, contribuindo para a queda  da volemia e, portanto, da pressão arterial (Morais; Diniz, 2023). Tais mudanças na  homeostase hidrossalina têm sido observadas inclusive em pacientes com disfunções  renais leves, reforçando a aplicabilidade do exercício como intervenção  complementar. 

Um campo emergente que vem ganhando destaque nos últimos anos é o da  epigenética e, em especial, da expressão de microRNAs reguladas pelo exercício  físico. Os microRNAs são pequenas moléculas de RNA não codificantes que modulam  a expressão gênica pós-transcricional. No contexto da hipertensão arterial, o exercício  tem se mostrado capaz de alterar a expressão de microRNAs como o miR-126, miR 155 e miR-21, que estão relacionados a processos inflamatórios, remodelamento  vascular e função endotelial (Improta-Caria, 2022). A elevação da expressão de miR 126, por exemplo, está associada à melhora da angiogênese e ao aumento da sensibilidade ao NO, enquanto a redução do miR-21 inibe vias pró-inflamatórias e  fibrogênicas, favorecendo um ambiente vascular menos propenso à elevação  pressórica. 

Essas descobertas têm implicações diretas na prática clínica, pois indicam que  os benefícios do exercício físico ultrapassam a resposta hemodinâmica imediata,  alcançando níveis moleculares e genéticos que contribuem para a reprogramação da  fisiologia cardiovascular. No entanto, a expressão de microRNAs em resposta ao  exercício pode variar conforme a intensidade, duração e tipo de atividade, bem como  em função do perfil genético e clínico do indivíduo (Alves; Pedrosa, 2024). Isso reforça  a importância da prescrição individualizada da atividade física no tratamento da  hipertensão arterial. 

A seguir, apresenta-se a Tabela 2, que resume os principais mecanismos  fisiológicos de redução da PA induzidos pelo exercício físico, conforme descrito em  estudos recentes.

Tabela 2 – Mecanismos fisiológicos de redução da pressão arterial induzidos pelo  exercício físico

Fonte: Improta-Caria (2022)

Complementarmente, estudos que associam o exercício físico à redução de  marcadores inflamatórios sistêmicos também reforçam a ideia de que a prática regular  contribui para a melhora da função endotelial e redução da resistência vascular  periférica. A diminuição de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α e IL-6 após  semanas de treinamento aeróbico sugere um papel imunomodulador do exercício no  contexto da hipertensão (Morais; Diniz, 2023). Esse efeito pode ser ainda mais relevante em pacientes com síndrome metabólica, nos quais o estado inflamatório  crônico é exacerbado. 

No contexto da musculatura esquelética, o exercício físico também promove a  liberação de miocinas, como a interleucina-6 (IL-6), com efeitos anti-inflamatórios  quando liberada de forma aguda e transiente durante o esforço físico. Esse perfil de  liberação contrasta com o da IL-6 de origem adipocitária, geralmente associada ao  estado inflamatório crônico. A IL-6 de origem muscular estimula a liberação de  interleucinas anti-inflamatórias como a IL-10, o que contribui para a melhora do perfil  inflamatório sistêmico e, indiretamente, para a redução da PA (Moraes, 2025). 

Do ponto de vista hemodinâmico, a prática de exercícios isométricos com  grande massa muscular também tem sido estudada como modelo eficaz para induzir  adaptações específicas na regulação da PA. Moraes (2025) relata que esse tipo de  exercício, embora menos convencional, promove aumentos agudos na PA durante a  execução, seguidos por queda significativa nas horas seguintes, efeito atribuído à  vasodilatação reativa e à reorganização dos barorreceptores. Esse achado amplia o  leque de possibilidades terapêuticas para populações que não podem realizar  exercícios dinâmicos ou de longa duração. 

Além disso, há evidências de que o treinamento físico contribui para melhorias  estruturais no sistema cardiovascular, como o aumento da espessura da parede  arterial elástica, o que reduz a rigidez arterial e melhora a capacidade de  amortecimento dos vasos de grande calibre. Tais adaptações resultam em menor  pressão pulsátil e menor sobrecarga cardíaca, contribuindo para a proteção de  órgãos-alvo como o cérebro, o coração e os rins (Cavalari; Casonatto, 2023). 

Esses mecanismos, quando analisados em conjunto, evidenciam que o  exercício físico atua de maneira multifatorial na redução da PA, indo além do simples  gasto energético. Ele exerce influência sobre a função vascular, a regulação  hormonal, o equilíbrio autonômico e os níveis de inflamação sistêmica. O  conhecimento dessas interações fisiológicas reforça a importância de integrar o  exercício físico à rotina terapêutica de pacientes hipertensos, com base em protocolos  cientificamente validados e adaptados às condições clínicas individuais (Monteiro,  2025). 

Por fim, cabe destacar que a literatura ainda carece de padronização em  relação às variáveis de prescrição do exercício (frequência, intensidade, tempo e tipo),  o que dificulta a comparação direta entre estudos. Entretanto, há consenso de que o exercício físico, independentemente da modalidade, promove benefícios significativos  na regulação da pressão arterial por meio de mecanismos fisiológicos robustos e bem  documentados (Ziero; Navarro, 2020). A continuidade das investigações nessa área,  especialmente com foco em populações específicas como idosos, diabéticos e  pacientes renais, poderá refinar ainda mais as estratégias terapêuticas baseadas na  prática de atividade física regular. 

3.3 Comparação entre diferentes tipos de exercício físico no controle da  hipertensão 

A eficácia do exercício físico no controle da hipertensão arterial tem sido  amplamente investigada nas últimas décadas. Diversos tipos de exercícios vêm sendo  estudados, principalmente os aeróbicos, resistidos e os protocolos intervalados de alta  intensidade (HIIT). Cada modalidade apresenta respostas fisiológicas específicas que  impactam de maneira diferenciada os níveis de pressão arterial (PA), sendo  necessário compreender essas variações para fins de prescrição individualizada e  otimização dos resultados terapêuticos (Cavalari; Casonatto, 2023). 

O exercício aeróbico é tradicionalmente o mais recomendado para o controle  da hipertensão devido à sua capacidade de promover reduções sustentadas da PA.  Ele envolve atividades cíclicas, de intensidade leve a moderada e longa duração,  como caminhada, corrida e ciclismo. Essas atividades favorecem a vasodilatação  periférica, melhoram a função endotelial e aumentam a sensibilidade dos  barorreceptores, promovendo uma diminuição significativa da pressão arterial sistólica  (PAS) e diastólica (PAD) (Siqueira et al., 2020). Estudos mostram que a prática regular  de exercícios aeróbicos por pelo menos 150 minutos semanais pode reduzir em média  de 5 a 10 mmHg os níveis pressóricos de indivíduos hipertensos (Secchi et al., 2024). 

Em estudo realizado com adultos hipertensos submetidos a caminhadas  supervisionadas, observou-se uma redução média de 9 mmHg na PAS e 6 mmHg na  PAD após 12 semanas de intervenção (Da Costa et al., 2025). Essa resposta foi  atribuída tanto à melhora da função endotelial quanto à atenuação da resposta  simpática induzida pelo exercício regular. De modo geral, os protocolos aeróbicos são  bem tolerados por diferentes populações, incluindo idosos e indivíduos com  comorbidades, e apresentam baixo risco de eventos adversos cardiovasculares, o que  os torna seguros e eficazes em larga escala.

Já o exercício resistido, comumente conhecido como musculação, envolve a  contração dos grandes grupos musculares contra uma resistência externa. Por muitos  anos, esse tipo de exercício foi contraindicado para hipertensos, sob o argumento de  que poderia elevar excessivamente a PA durante a execução. No entanto, evidências  mais recentes demonstram que, quando bem prescrito, o treinamento resistido pode  ser tão eficaz quanto o aeróbico na redução da PA em repouso, além de trazer  benefícios adicionais, como o aumento da força muscular e a melhora da composição  corporal (Ziero; Navarro, 2020; Medeiros et al., 2025). 

O treinamento resistido promove adaptações cardiovasculares específicas,  como o aumento do diâmetro arterial e da complacência vascular, além de melhorar  o metabolismo glicídico e lipídico, fatores importantes no controle da hipertensão.  Campos e Júnior (2021) observaram que pacientes hipertensos que realizaram  sessões de musculação moderada três vezes por semana apresentaram reduções de  6 mmHg na PAS e 4 mmHg na PAD após dois meses de programa. Tais resultados  indicam que o exercício resistido, quando associado ao aeróbico, pode potencializar  os efeitos hipotensores do exercício físico. 

O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) tem despertado interesse  recente por sua capacidade de induzir respostas pressóricas significativas em um  tempo reduzido. Essa modalidade consiste na alternância entre curtos períodos de  esforço intenso e períodos de recuperação ativa ou passiva. O HIIT provoca estímulos  hemodinâmicos e metabólicos mais intensos do que o exercício contínuo, resultando  em maior recrutamento de fibras musculares, maior consumo de oxigênio e,  consequentemente, maiores adaptações cardiovasculares (Moraes, 2025). 

Em estudo desenvolvido por Secchi et al. (2024), observou-se que adultos  hipertensos submetidos a HIIT por 8 semanas reduziram a PAS em 12 mmHg e a PAD  em 8 mmHg, com resultados superiores aos obtidos no grupo que realizou exercício  aeróbico contínuo. Essa modalidade, no entanto, exige maior controle da intensidade  e avaliação prévia das condições cardiovasculares do praticante, o que pode limitar  sua aplicação em ambientes clínicos e em pacientes com risco elevado. 

A seguir, a Tabela 3 sintetiza os principais resultados obtidos na literatura  quanto às reduções pressóricas associadas a diferentes tipos de exercício físico em  pacientes hipertensos:

Tabela 3 – Comparação entre modalidades de exercício físico quanto à redução da  pressão arterial em hipertensos

Fonte: Secchi et al. (2024)

Os dados da Tabela 3 demonstram que o HIIT apresenta maior potencial de  redução da PA em curto prazo, enquanto os exercícios aeróbicos são mais indicados  para populações de risco e de maior fragilidade clínica. Já o exercício resistido,  quando praticado com moderação, atua de forma sinérgica com o aeróbico,  proporcionando benefícios cardiovasculares e musculoesqueléticos importantes  (Medeiros et al., 2025). 

Além dos efeitos diretos sobre a PA, cada tipo de exercício oferece vantagens  específicas que devem ser consideradas na prescrição. O aeróbico promove maior  gasto calórico e controle do peso corporal, o que impacta indiretamente na redução  da PA. O resistido melhora a massa magra e o metabolismo basal, contribuindo para  a prevenção de sarcopenia e melhora da funcionalidade física. Já o HIIT, além de  eficaz na redução da PA, apresenta vantagens para pessoas com restrição de tempo,  mas requer maior preparo físico e supervisão rigorosa (Araújo et al., 2020). 

Cavalari e Casonatto (2023) reforçam que, independentemente da modalidade,  o mais importante para o controle efetivo da hipertensão é a regularidade da prática.  Eles argumentam que a adesão de longo prazo está diretamente relacionada à  escolha do tipo de exercício com o qual o paciente mais se identifica. Dessa forma, a  individualização da prescrição é essencial para garantir aderência, segurança e  eficácia no tratamento. 

Outro fator relevante é a combinação de modalidades. Programas que mesclam  sessões aeróbicas com resistidas parecem gerar efeitos mais consistentes e  sustentáveis na redução da PA. Essa abordagem integrada é recomendada por  diretrizes nacionais e internacionais e tem se mostrado eficaz inclusive em populações  especiais, como idosos, diabéticos e mulheres na menopausa (Campos; Júnior, 2021;  Moraes, 2025).

Os protocolos combinados, além de otimizarem os resultados hemodinâmicos,  promovem maior variedade de estímulos, o que reduz a monotonia e melhora a  motivação dos praticantes. Contudo, é fundamental que a progressão das cargas e  volumes seja individualizada e monitorada por profissional capacitado, respeitando os  limites fisiológicos de cada indivíduo (Ziero; Navarro, 2020). 

No cenário atual da atenção primária à saúde, a implementação de programas  com múltiplas abordagens pode representar um avanço estratégico no combate à  hipertensão. Tais programas devem ser acompanhados de ações educativas,  orientação nutricional e estímulo ao autocuidado, compondo uma estratégia integral  de promoção da saúde (Siqueira et al., 2020). 

Em síntese, os diferentes tipos de exercício físico apresentam eficácia  comprovada na redução da pressão arterial, cada qual com características  particulares que devem ser consideradas conforme o perfil clínico e a disponibilidade  do paciente. O exercício aeróbico é seguro e amplamente recomendado, o resistido  contribui de forma complementar, e o HIIT se mostra altamente eficaz, porém requer  maior controle e experiência. Assim, a escolha da modalidade deve ser orientada por  evidências científicas e adaptada à realidade individual, garantindo resultados  duradouros e seguros (Cavalari; Casonatto, 2023; Da Costa et al., 2025). 

3.4 A importância da regularidade e da supervisão na prática de exercício físico 

A adesão contínua e supervisionada aos programas de exercício físico constitui  um dos principais determinantes para o sucesso no controle da hipertensão arterial.  A prática regular de atividades físicas, quando acompanhada por profissionais  qualificados, resulta em melhores desfechos clínicos, incluindo reduções mais  expressivas e sustentadas dos níveis de pressão arterial (PA), além de menor risco  de interrupção do tratamento não farmacológico (Costa et al., 2021). Dessa forma, o  papel da supervisão vai além do aspecto técnico da prescrição, envolvendo também  o suporte emocional, o acompanhamento motivacional e a adaptação segura das  cargas e intensidades. 

Os programas supervisionados demonstram ser superiores aos não  supervisionados tanto na adesão quanto nos resultados hemodinâmicos. Godinho et  al. (2021) compararam dois grupos de pacientes hipertensos — um acompanhado por  profissionais da saúde e outro em regime autogerido — e observaram que o grupo supervisionado apresentou redução média de 9 mmHg na pressão sistólica e de 6  mmHg na diastólica após dez semanas, enquanto o grupo não supervisionado obteve  resultados inferiores. Essa diferença foi atribuída à presença contínua de um  profissional que orientava, corrigia posturas, incentivava a permanência nas  atividades e ajustava as cargas de acordo com a evolução clínica de cada paciente. 

A supervisão também desempenha um papel crucial na segurança durante a  execução dos exercícios. A prática de atividade física, embora altamente benéfica,  pode representar riscos cardiovasculares quando realizada sem a devida orientação,  principalmente em indivíduos com múltiplas comorbidades. Da Silva et al. (2022)  apontam que sessões supervisionadas são mais eficazes na prevenção de eventos  adversos, como picos hipertensivos, arritmias e quedas, pois permitem o  monitoramento em tempo real de sinais vitais e da resposta hemodinâmica ao esforço.  Além disso, a supervisão possibilita uma intervenção imediata diante de qualquer  intercorrência, conferindo maior segurança à prática. 

A regularidade é outro fator essencial para o sucesso terapêutico. A redução  da PA depende da repetição sistemática dos estímulos fisiológicos induzidos pelo  exercício, como a vasodilatação e a modulação autonômica. Segundo Siqueira et al.  (2020), interrupções prolongadas nas sessões comprometem a manutenção dos  efeitos hipotensores e podem levar à reversão das adaptações cardiovasculares  obtidas. Em estudo de coorte conduzido por Lopes et al. (2024), pacientes com  frequência semanal mínima de três sessões supervisionadas apresentaram controle  pressórico em 78% dos casos, contra 51% entre os que frequentavam  esporadicamente ou em formato domiciliar. 

Um aspecto frequentemente negligenciado, mas de extrema importância, é a  motivação. A presença de um supervisor contribui para a criação de vínculos  interpessoais e fortalece o engajamento dos participantes com os objetivos do  programa. Monteiro (2025) destaca que a supervisão promove maior senso de  compromisso, já que o indivíduo passa a se perceber como parte de uma equipe e  não apenas como executor de tarefas isoladas. Além disso, o feedback positivo  recebido durante as sessões ajuda a consolidar a autoeficácia, elemento central na  manutenção de hábitos saudáveis de longo prazo. 

No contexto dos programas de saúde pública, a inclusão da supervisão  multiprofissional tem demonstrado impactos positivos na eficiência das intervenções.  Mendes et al. (2024) relataram que Unidades Básicas de Saúde (UBS) que implementaram programas supervisionados de caminhada e ginástica funcional  observaram não apenas melhoria dos indicadores pressóricos, mas também redução  nos atendimentos de urgência por crises hipertensivas. Esse dado reforça que a  atuação integrada entre médicos, enfermeiros, educadores físicos e fisioterapeutas  amplia o alcance e a efetividade das estratégias não farmacológicas. 

A seguir, a Tabela 4 apresenta os resultados comparativos entre programas  supervisionados e não supervisionados, com base em achados recentes da literatura:

Tabela 4 – Comparação entre programas supervisionados e não supervisionados no  controle da hipertensão arterial

Fonte: Lopes et al. (2024)

A Tabela 4 ilustra de forma clara a superioridade dos programas  supervisionados em relação aos resultados clínicos e à taxa de adesão. Observa-se  que, além de promover maior redução da PA, esses programas conseguem manter  os participantes mais engajados, o que é crucial para a continuidade do tratamento ao  longo dos meses. 

Além do impacto na adesão e nos resultados fisiológicos, a supervisão favorece  o ajuste individualizado das cargas de exercício, o que é fundamental em um público  com condições clínicas heterogêneas. De acordo com Luize et al. (2024), a prescrição  de exercícios em hipertensos deve considerar variáveis como idade, histórico  cardiovascular, capacidade funcional, uso de medicamentos e presença de  comorbidades. A atuação do supervisor permite o acompanhamento contínuo dessas  variáveis e o ajuste das sessões conforme a evolução clínica, otimizando os  benefícios e minimizando os riscos. 

Outro ponto relevante é a adaptação da intensidade do exercício conforme os  limites hemodinâmicos individuais. Costa et al. (2021) demonstraram que o uso de  escalas de percepção subjetiva de esforço e da frequência cardíaca alvo, sob  supervisão profissional, garante maior precisão na prescrição do treinamento aeróbico e resistido. Essa abordagem personalizada é essencial para alcançar o efeito  terapêutico sem ultrapassar o limiar de segurança. 

Além dos fatores técnicos, o ambiente supervisionado também proporciona  interações sociais positivas, que podem funcionar como fator protetor contra o  abandono precoce do programa. Godinho et al. (2021) observaram que participantes  de grupos supervisionados relataram maior satisfação com a atividade física e maior  desejo de continuidade após o encerramento dos ciclos de intervenção. Isso indica  que a supervisão atua não apenas sobre o aspecto físico, mas também sobre o  emocional e psicológico dos pacientes. 

Na atenção primária, a presença de um profissional durante a execução do  exercício permite também o registro sistemático da evolução clínica dos participantes.  Essa prática favorece a integração com os demais serviços de saúde e possibilita a  avaliação de impacto em tempo real. Mendes et al. (2024) recomendam a criação de  protocolos específicos de monitoramento, incluindo aferição pré e pós-sessão de PA,  frequência cardíaca e sintomas, como forma de garantir maior segurança e  efetividade. 

No que diz respeito à população idosa, a supervisão é ainda mais importante.  Indivíduos nessa faixa etária apresentam maior risco de instabilidade postural,  osteopenia e comorbidades que exigem adaptações cuidadosas nos exercícios  propostos. Monteiro (2025) afirma que programas supervisionados permitem a  identificação precoce de limitações funcionais e a inclusão de exercícios de equilíbrio  e força adaptados à realidade do participante, favorecendo a adesão e reduzindo o  risco de quedas. 

A literatura destaca também que a supervisão contribui para o empoderamento  do paciente. A participação ativa no processo de cuidado, associada à orientação  contínua, aumenta a compreensão sobre os benefícios do exercício físico e estimula  a mudança comportamental (Luize et al., 2024). Dessa forma, os pacientes tornam-se  agentes de sua própria saúde, o que amplia os efeitos das ações de prevenção e  controle da hipertensão. 

Diante das evidências apresentadas, é possível afirmar que a regularidade e a  supervisão qualificam a prática do exercício físico como estratégia terapêutica de alto  impacto na redução da pressão arterial. As vantagens associadas à supervisão  abrangem desde a segurança clínica até a motivação emocional, passando pela  precisão técnica da prescrição e pela construção de vínculos com a equipe de saúde. 

Dessa forma, a inclusão da supervisão nos programas públicos e privados de saúde  deve ser prioridade no planejamento de políticas voltadas ao enfrentamento das  doenças cardiovasculares, especialmente em populações de maior vulnerabilidade. 

3.5 Implicações para a promoção de saúde e políticas públicas 

A hipertensão arterial sistêmica é reconhecida como um dos principais fatores  de risco modificáveis para doenças cardiovasculares, sendo responsável por  considerável parcela da mortalidade global. No Brasil, sua elevada prevalência tem  implicado em significativos custos econômicos e sociais, o que torna urgente a adoção  de estratégias preventivas e terapêuticas eficazes no âmbito da atenção primária à  saúde (Costa et al., 2021). Nesse contexto, a promoção da atividade física regular  configura-se como medida de alto impacto e baixo custo, capaz de reduzir a incidência  de hipertensão e melhorar o prognóstico de pacientes já diagnosticados. 

Integrar a prática de exercícios físicos aos protocolos de tratamento da  hipertensão nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é uma medida estratégica que  pode resultar em ganhos significativos para o sistema público de saúde. A literatura  destaca que a atividade física regular reduz a pressão arterial de forma comparável  aos medicamentos de primeira linha, além de contribuir para a melhora da composição  corporal, da função metabólica e da saúde mental (Da Silva et al., 2022). Ao contrário  dos fármacos, o exercício não gera efeitos colaterais deletérios e proporciona  múltiplos benefícios simultâneos. 

Apesar das evidências científicas já estabelecidas, o Brasil ainda carece de  uma política nacional consolidada que promova a prescrição sistemática de exercício  físico no Sistema Único de Saúde (SUS). Estudos demonstram que, quando  implementados, programas de atividade física em comunidades conseguem não  apenas reduzir os níveis de pressão arterial da população, mas também melhorar os  indicadores gerais de saúde e qualidade de vida (Godinho et al., 2021). A carência de  profissionais capacitados, a falta de infraestrutura e a baixa valorização das ações  preventivas são alguns dos obstáculos enfrentados na inserção desse tipo de  abordagem no cotidiano da atenção primária.

Mendes et al. (2024) defendem que a adoção de programas públicos  estruturados, com atuação multiprofissional e planejamento contínuo, pode ampliar o  acesso da população à prática segura e supervisionada de exercícios físicos. Para  tanto, é necessário integrar profissionais de educação física, fisioterapeutas,  nutricionistas e médicos em um modelo de cuidado interdisciplinar, centrado na  promoção da saúde e na prevenção de agravos crônicos. A atuação conjunta favorece  o acompanhamento longitudinal do paciente e a manutenção dos efeitos terapêuticos  alcançados. 

A Tabela 5 a seguir apresenta dados que sintetizam os principais resultados  observados em programas públicos voltados à prática de atividade física no controle  da hipertensão arterial em comunidades atendidas pelo SUS.

Tabela 5 – Impactos observados em programas públicos de atividade física no  controle da hipertensão arterial

Fonte: Mendes et al. (2024)

A Tabela 5 revela que os programas públicos, mesmo em diferentes contextos  regionais, apresentam reduções consistentes nos níveis de pressão arterial sistólica  e diastólica, com boa taxa de adesão mensal. Esses dados reforçam a viabilidade da  expansão dessas iniciativas no âmbito do SUS, especialmente em áreas de maior  vulnerabilidade social, onde o acesso a academias e profissionais especializados é  limitado (Lopes et al., 2024). 

Outro aspecto relevante é a educação em saúde, que deve acompanhar as  intervenções baseadas em exercício físico. A simples prescrição da prática, sem o  devido esclarecimento quanto aos benefícios e à importância da regularidade, tem se  mostrado insuficiente para garantir a adesão dos pacientes (Luize et al., 2024). A  construção de vínculos entre profissionais e usuários do sistema de saúde, bem como a valorização da escuta e do acolhimento, são estratégias fundamentais para motivar  a mudança de hábitos. 

Monteiro (2025) ressalta que programas de educação permanente para  profissionais da saúde são fundamentais para ampliar a compreensão sobre os  benefícios fisiológicos do exercício e promover uma abordagem mais proativa no  tratamento da hipertensão. Muitos profissionais, por desconhecimento ou falta de  preparo, ainda não incluem sistematicamente o exercício físico em seus planos  terapêuticos, limitando-se à farmacoterapia. A formação continuada, nesse sentido,  assume papel estratégico para a consolidação de uma nova cultura de cuidado,  voltada à promoção da saúde integral. 

Adicionalmente, é importante destacar que a implementação de políticas  públicas efetivas depende do apoio institucional e do financiamento adequado. A  criação de espaços públicos seguros para a prática de atividade física, a exemplo das  academias ao ar livre e das ciclovias, tem se mostrado uma alternativa viável e de  baixo custo para estimular a prática populacional (Mendes et al., 2021). No entanto,  esses espaços precisam ser mantidos, sinalizados e integrados às estratégias de  atenção básica para alcançar o público-alvo de forma eficaz. 

Do ponto de vista da gestão em saúde, a criação de indicadores de  desempenho voltados à atividade física pode contribuir para o aprimoramento dos  programas e para o redirecionamento de investimentos públicos. A inclusão de metas  relacionadas à promoção da atividade física nos contratos de gestão das unidades de  saúde, bem como a valorização do desempenho dos profissionais que atuam  diretamente nesses programas, são medidas que fortalecem a governança clínica e  garantem maior efetividade das ações (Costa et al., 2021). 

Além disso, a atuação conjunta com os setores de educação, assistência social  e urbanismo pode potencializar os efeitos das políticas voltadas ao combate à  hipertensão. A intersetorialidade é apontada por Da Silva et al. (2022) como um dos  pilares da promoção da saúde, permitindo que a atividade física deixe de ser apenas  uma ação isolada da saúde e passe a ser compreendida como prática social e direito  de cidadania. Por meio dessa integração, é possível atingir comunidades vulneráveis  e criar condições ambientais e culturais favoráveis à mudança de comportamento. 

No Brasil, iniciativas como o Programa Academia da Saúde, do Ministério da  Saúde, representam um exemplo concreto de política pública voltada à promoção da  atividade física na atenção primária. No entanto, sua cobertura ainda é limitada, e a manutenção das estruturas físicas e dos profissionais é um desafio enfrentado por  diversos municípios. A ampliação e o fortalecimento dessa e de outras iniciativas  similares são indispensáveis para a consolidação de uma política nacional de  enfrentamento à hipertensão baseada na promoção da atividade física (Godinho et  al., 2021). 

Para que essas ações tenham impacto real na redução da carga de doenças  cardiovasculares, é fundamental o engajamento político e a participação comunitária.  O envolvimento das lideranças locais, dos conselhos de saúde e dos próprios usuários  do sistema são fatores decisivos para a continuidade e o sucesso dos programas. A  corresponsabilização entre gestores, profissionais e população favorece a  apropriação das práticas e a sustentabilidade das intervenções (Lopes et al., 2024). 

Por fim, vale destacar que a inserção da atividade física como parte integrante  dos protocolos clínicos não se limita à abordagem individual, mas deve estar  articulada ao planejamento sanitário e à vigilância em saúde. A identificação de áreas  de maior incidência de hipertensão, o monitoramento epidemiológico dos efeitos das  intervenções e a avaliação periódica dos indicadores são práticas essenciais para o  aprimoramento contínuo das políticas públicas (Mendes et al., 2021). 

Em síntese, a promoção da atividade física no âmbito da atenção primária à  saúde é uma estratégia indispensável para o controle da hipertensão arterial e para a  redução da carga de doenças crônicas no Brasil. As evidências científicas  demonstram de forma clara os benefícios fisiológicos, sociais e econômicos da prática  regular de exercícios físicos, especialmente quando inserida de maneira sistemática  e supervisionada. A articulação entre políticas públicas, educação permanente,  intersetorialidade e participação social é o caminho mais promissor para consolidar a  atividade física como direito de todos e como elemento central da promoção da saúde  e da equidade no país. 

4. CONCLUSÃO 

O presente estudo permitiu analisar, de forma crítica e aprofundada, os  impactos do exercício físico sobre a pressão arterial, bem como os mecanismos  fisiológicos envolvidos e a relevância da atividade física como estratégia de saúde  pública. Os objetivos propostos foram plenamente atendidos, demonstrando que a  prática regular de exercícios físicos — sejam eles aeróbicos, resistidos ou intervalados — apresenta efeitos positivos e consistentes na redução da pressão arterial sistólica  e diastólica, tanto em respostas agudas quanto crônicas. 

Os mecanismos fisiológicos analisados evidenciaram a complexidade e a  efetividade da atuação do exercício físico sobre o sistema cardiovascular, destacando se a vasodilatação periférica, a modulação do sistema nervoso autônomo, a  supressão do eixo renina-angiotensina-aldosterona e a influência epigenética por  meio da modulação de microRNAs. Esses processos ocorrem de forma integrada,  promovendo não apenas a redução dos níveis pressóricos, mas também a melhora  geral da saúde vascular e metabólica do indivíduo. 

A comparação entre diferentes tipos de exercício físico mostrou que todas as  modalidades, quando bem prescritas e supervisionadas, são eficazes no controle da  hipertensão arterial. No entanto, cada uma apresenta características particulares que  devem ser consideradas conforme o perfil clínico, físico e social de cada paciente. A  combinação de modalidades, aliada à regularidade e à supervisão profissional,  mostrou-se a estratégia mais eficiente para alcançar resultados duradouros, seguros  e ajustados às necessidades individuais. 

Observou-se que a supervisão qualificada e a regularidade das sessões são  determinantes para a adesão aos programas de exercício, refletindo diretamente na  obtenção de melhores desfechos clínicos. A presença de um profissional capacitado  não apenas aumenta a segurança e a precisão da prática, mas também favorece o  vínculo terapêutico, a motivação e a continuidade do tratamento não farmacológico. 

Por fim, ficou evidente que a inserção sistemática da atividade física nos  protocolos de atenção primária à saúde é uma medida essencial para o enfrentamento  da hipertensão arterial em nível populacional. Programas públicos bem estruturados,  integrados à equipe multiprofissional e com suporte institucional, podem contribuir  significativamente para a redução da prevalência da doença e para a melhoria da  qualidade de vida da população. A prática de exercício físico, além de atuar na  prevenção e no tratamento da hipertensão, representa um instrumento de  empoderamento, autocuidado e promoção da saúde coletiva. 

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1Estudante de medicina Universidade Estadual de Goiás – UEG – email: wilson.90@aluno.ueg.br

2Professor de Oftalmologia/Clinica Médica Universidade Estadual de Goiás – UEG – email: julio.silva@ueg.br https://orcid.org/0000-0002-4545-0019