REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7946504
SILVA, Gabriela Nolasco Teixeira1
SANTOS, Verbena Dourado Pereira Correia2
SANTOS, Philipe do Prado3
RESUMO
A ascensão da tecnologia é algo notório na sociedade, isso acontece pelo fato desta estar presente em todos os ambientes, setores e profissões, o que inclui a Arquitetura. Diversos são os avanços tecnológicos envolvendo a Arquitetura, e nos últimos anos a realidade virtual e o Metaverso passaram a ser motivo de grande especulação e discussão. Com isto, o presente trabalho tem como objetivo geral compreender o Metaverso e sua relação com a Arquitetura, analisando as possibilidades que esse mundo virtual traz para o arquiteto, além de discorrer sobre o uso da realidade virtual e seus benefícios para o ramo arquitetônico. Além de discutir a relação da Arquitetura Virtual com a Tradicional e o que se pode esperar do futuro em relação a esta profissão e seu profissional. Para alcançar esse objetivo a metodologia utilizada foi levantamento bibliográfico, por meio da coleta de informações em revistas eletrônicas e artigos relevantes sobre o tema em questão. Por fim, pode-se observar com o desenvolvimento deste trabalho, a quão ampla é a Arquitetura Virtual e o quanto ela pode ser explorada, principalmente com a potência do Metaverso e suas possibilidades econômicas; também ficou expressa a importância do profissional de arquitetura se especializar e se preparar para o futuro de sua profissão, pois grandes serão os benefícios àqueles que estiverem prontos para as novidades.
Palavras-chave: Realidade virtual; Tecnologias; Era digital.
1 INTRODUÇÃO
A era digital afetou praticamente todos os setores conhecidos, desde a arte até a saúde. Entretanto, no ramo da arquitetura essas alterações ocorreram de forma mais lenta, mesmo com toda evolução para o digital, como o avanço dos softwares, a arquitetura ainda se mantem presa em um aspecto físico e real. Portanto, o mundo atual exige da Arquitetura um aperfeiçoamento e uma expansão dessa ciência, principalmente com o advento da realidade virtual e do Metaverso, tecnologias até então recentes, mas que vieram para ficar e preencher todos os campos do mercado (MARTÍN, 2016). A primeira vez que o termo “metaverso” apareceu foi no livro Snow Crash, de Neal Stephenson, no ano de 1992, e foi mencionado da seguinte forma:
Então Hiro na verdade não está ali. Ele está em um universo gerado computador que seu computador está desenhando em seus óculos e bombeando para dentro de seus fones de ouvido. Na gíria, esse lugar imaginário é conhecido como Metaverso. Hiro passa um bocado de tempo no Metaverso (STEPHENSON, 2008. p.28).
O Metaverso é uma tecnologia com capacidade de impactar de forma significante o cotidiano da sociedade, e a realidade virtual, é uma ferramenta que possibilita ao ser humano a capacidade de viver mundos não existentes fisicamente com a impressão de estar no ambiente gerado pelo computador (FREITAS; COELI RUSCHEL, 2010).
A Realidade Virtual (RV) é o uso de alta tecnologia para convencer o usuário de que ele se encontra em outra realidade, provocando o seu envolvimento por completo (PIMENTEL, 1995). Segundo Teichrieb (1999), um ambiente virtual pode simular um ambiente real ou construir ambientes imaginários, permitindo a um ou mais usuários interagirem através da visualização e manipulação de representações extremamente complexas.
No contexto da construção de um novo ambiente, mesmo que virtual, empresas e profissionais da arquitetura estão completamente inseridos nesse propósito. Em breve o físico e digital, estarão fundidos, através de equipamentos, de uma nova economia, de novos modos de comércio, relações, possibilidades, e lugares a serem edificados. Estarão empregados nessa construção: arquitetos, designers, artistas e programadores (ZOMPERO, 2022).
A internet bidimensional, passa para um mundo tridimensional, inclusivo, reativo e participativo. E sua arquitetura e design devem proporcionar essas atividades. A arquitetura estática do mundo real, passa para algo cinestésico, móvel, complexo, experiencial, vivo e mutável. Em vista disso, arquitetos e designers deverão rever seus conceitos e passarão a atuar nesse novo universo, onde não há limites para a imaginação (ZOMPERO, 2022).
Fica notória a importância de se compreender a relação do arquiteto e urbanista com o Metaverso e a realidade virtual, pois são tecnologias que estão cada vez mais sendo inseridas no imaginário e no cotidiano da sociedade. Além disso, o fato de existir pouco material de estudo e pesquisa acerca do tema em análise, urge a necessidade de um trabalho que discorra sobre a relação do Mundo virtual com a Arquitetura, principalmente apontando as mudanças que isso gera na profissão em questão. Desta forma, o trabalho tem como objetivo geral compreender o Metaverso e sua relação com a Arquitetura, analisando as possibilidades que esse mundo virtual traz para o arquiteto e os impactos diretos e indiretos que essa evolução pode trazer para a área, além de discorrer sobre o uso da realidade virtual e seus benefícios para o ramo arquitetônico.
Como mencionado, apesar do Metaverso ser um tema que já vem sendo muito discutido por conta de todas as certezas e incertezas que o moldam, a importância da temática abordada neste trabalho se dá pelo fato de existir um restrito e pequeno material de estudo e pesquisa dessa temática sob a ótica da Arquitetura e do Urbanismo. Com a constante evolução da tecnologia, novos conceitos e novas formas de trabalhar estão sendo empregados no mundo, e o profissional da Arquitetura precisa estar atento a isso. Apesar dessa nova realidade ainda estar em fase de construção a realidade virtual e o Metaverso já traz consigo um amplo leque de possibilidades, seja na vida pessoal ou profissional.
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa tem como finalidade desenvolver uma familiaridade com a temática, a pesquisa foi abordada de forma exploratória que tem como objetivo principal, explorar possibilidades e cenários que ainda não foram descobertos. No caso do estudo em questão, entender como as coisas funcionam dentro da relação existente entre a Arquitetura e o Metaverso.
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já existente, constituído, principalmente, de livros e artigos científicos e é considerada de extrema importância para o levantamento de informações sobre uma temática estudada (VERGARA, 2000). Para tanto, foi feito um levantamento bibliográfico em diversas fontes, como revistas eletrônicas e artigos, em busca de um contato mais direto com o que já foi publicado sobre o tema.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão tratados os principais referenciais desta temática, onde serão discutidos os conceitos, os objetivos e os possíveis impactos que o Metaverso pode causar na área da Arquitetura.
3.1 TECNOLOGIAS EM ASCENSÃO
Com o passar dos anos, diversas tecnologias foram surgindo e dentre estas, várias vão crescendo e se lapidando, isso é resultado do mundo globalizado e tecnológico que já é realidade; imerso nessa ótica, a realidade virtual, o metaverso e os NFTs (Tokens não-fungíveis) podem ser citados como tecnologias em ascensão.
A quantidade de definições para realidade virtual é grande, mas em síntese se trata da simulação do mundo real ou não, gerada por um computador, baseando-se em uma imersão por meio de imagens gráficas. Segundo Freitas e Ruschel, em artigo publicado do ano de 2010, realidade virtual:
Trata-se de uma tecnologia que possibilita ao ser humano a capacidade de vivenciar mundos não existentes fisicamente por meio de equipamentos que o fazem ter a impressão de estar no ambiente gerado em computador. (FREITAS; RUSCHEL, 2010, p. 3)
Com o conceito de realidade virtual definido é possível avançar para algo que abrange e está além dela, que é o Metaverso, tecnologia considerada nova, e em constante evolução. Segundo Seabra e Santos (2022), metaverso é uma plataforma 3D de realidade aumentada, virtual e imersiva que permite a interação entre tecnologia, política, cultura, negócios, sociedade e religião, tudo em um mesmo espaço de comunicação digital.
A definição do metaverso pode se dar como um ambiente digital simulado que tem como foco replicar a realidade humana, e para isso faz uso conjunto de conceitos como realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e blockchain (rede de criptomoedas), juntamente com a mídia social, para criar espaços para interação do usuário imitando o mundo real (RODRIGUES, 2022).
O nome Metaverso surgiu a partir da união das palavras “meta”, que vem do grego “metá” e tem como significado: “além”, e a palavra “verso”, que faz referência ao universo, sendo assim: “além do universo”. Foi visto pela primeira vez em um romance de ficção científica chamado Snow Crash, em 1992. Na obra, o Metaverso é considerado um “espaço” em realidade aumentada, onde os personagens criam avatares e podem trafegar executando suas necessidades como no mundo real. (ZOMPERO, 2022)
Diante das definições supracitadas, pode-se simplificar tais conceitos enxergando a realidade virtual como um conjunto de imagens disponibilizadas virtualmente, que imergem os usuários em uma realidade alternativa. Já o Metaverso insere vida e sentido para essa realidade virtual, o metaverso faz com que a realidade virtual seja habitada e que usuários possam interagir com o ambiente criado pela RV e entre eles.
Não tem como falar de realidade virtual e metaverso sem citar o Second Life, que é um ambiente virtual e tridimensional que simula a vida real e social do ser humano através da interação entre avatares, assemelhando-se dessa forma com o metaverso, ele foi lançado em 2003, mas não vingou. O que pode ser um fator de questionamento para o sucesso do metaverso, mas que é combatido com as diferenças existentes entre eles: o Second Life é gerido por uma única empresa, existe uma elite social envolvida e foi marcado também por falta de privacidade e transações fraudulentas; já o Metaverso possui código aberto, tem a perspectiva de ser acessível a todos e utiliza Blockchain4, que permite uma maior segurança na troca de dados por meio de autenticação.
Outro assunto que se interliga de forma fiel ao metaverso são os NFTs, que significam tokens não fungíveis, ou seja, os NFTs são algo único, que mesmo sendo reproduzidos em escala como carros, são inéditos, pois cada um possui seu registro (BATISTA, 2021).
Os NFTs asseguram a originalidade do item digital atrelando-os a uma pessoa ou entidade, fazendo com que contenham valor e possam ser negociados. Os itens que fazem parte do Metaverso, como os avatares, acessórios, terrenos, entre outros, tem seu domínio atrelado a um NFT. Como também existem Metaversos inteiros construídos como NFTs (ABREU, 2022).
A importância e associação dos NFTs com o Metaverso, se dá pelo fato de que os itens disponíveis para compra e venda nesse mundo serão NFTs. Os tokens não fungíveis serão a engrenagem mais importante para o metaverso, a ponte para a economia dele rodar.
Para Barretto (2022), os NFTs são, certamente, uma tecnologia há muito tempo almejada por criadores de obras digitais, que acabam sendo facilmente replicáveis na internet. Isto porque permite estabelecer um sistema de registro que confere à obra o caráter de única e imutável. Essa tecnologia possibilita a transformação da experiência imersiva proporcionada pelos Metaversos e a internet em um negócio promissor para diversas áreas, é possível que pessoas reais sejam mais representadas nestes mundos, com a possível criação de “itens únicos”.
Com isso, cada vez mais os ativos digitais estão ganhando espaço, protegidos pelas tecnologias do blockchain e NFT. Ativos esses que vêm movimentando bilhões de dólares pelo mundo. A criptografia é o que garante a integridade e o valor dos ativos digitais, ou seja, é um conjunto de técnicas pensadas para proteger uma informação de modo que apenas o emissor e receptor possam conhecê-la. Assim, a criação dos itens digitais é registrada como única e torna real a experiência segura de compras e vendas no ambiente virtual (DRUMMOND, 2023).
3.2 A ARQUITETURA E O METAVERSO
O Metaverso e arquitetura se relacionam de diversas maneiras. Primeiro pelo fato de que para construção de um mundo virtual é necessário alguem que pense os lugares desse mundo, que os projete. Com isso, a função da arquitetura no Metaverso, não é tornar possível a construção de um projeto por meio de um software, mas sim tornar o ambiente virtual agradável e acessível para seus usuários. Diversas são as formas de como o arquiteto poderá se comunicar com o mundo virtual, por exemplo: criação de projetos para colecionadores NFTs; criação de ativos digitais como casas, edifícios, cidades, que podem ser vendidos também para jogos; criação de fórmulas de arquitetura que permitem aos usuários customizar seus próprios projetos arquitetônicos (SUN, 2021).
A Arquitetura construída para o metaverso parece se dividir em duas abordagens diferentes: aproveitar ao máximo a falta de restrições, como a física, para criar um objeto escultural que pode ser explorado ou reiterar formas de arquitetura familiares. De acordo com o arquiteto Luis Fernandez, sua abordagem não se baseia na forma do objeto final, mas nas funções que a arquitetura pode servir no metaverso. A partir dessa questão, os espaços projetados para serem vivenciados virtualmente estão livres de algumas restrições encontradas no mundo físico, como controle de umidade ou exposição a elementos naturais, mas ainda são espaços destinados a serem vivenciados pelas pessoas de maneira imersiva (FLORIAN, 2022).
Os arquitetos poderão trabalhar também na construção de digitais twins, que são réplicas de construções físicas originais. Com isso, podem atuar como uma espécie de ponte entre o mundo físico e o virtual na criação desses espaços e até mesmo de cidades inteiras, podendo executar simulações para criar cenários do mundo real no ambiente digital. O Metaverso também possibilitará aos arquitetos projetarem edificações compatíveis com determinadas épocas do ano, alterarem para outras epócas, podendo também realizar modificações de acordo com o feedback de usuários. Portanto, uma enorme gama de possibilidades é aberta com o advento do mundo virtual (ARCHTRENDS, 2022).
Um exemplo que podemos citar desse universo na prática é um projeto apresentado pelo escritório Zaha Hadid Architects, o projeto “NFTism” consiste numa galeria de arte virtual na Art Basel Miami que explora a arquitetura e a interação social no metaverso, onde “a galeria apresenta espaços que exploram a experiência do usuário, interação social e composições ‘dramatúrgicas’, combinados com serviços tecnológicos de interação” (STOUHI, 2021).
O mesmo escritório, da renomada arquiteta Zaha Hadid, também criou uma pequena cidade virtual chamada “The Liberland Metaverse”. Esta cidade, assim que concluída, possibilitará que os usuários comprem lotes e possam os acessar com seus avatares, como pode ser observado na Figura 1.
Figura 1- Projeto cidade virtual Zaha Hadid
O metaverso traz muitas possibilidades para o arquiteto, uma vez que as leis da física existentes no Universo não se aplicam a ele, isso faz com que projetos impossíveis de serem realizados tornem-se possíveis e mais do que isso, rentáveis. Para os arquitetos, o Metaverso é um território virgem cheio de possibilidade e uma utopia sem as restrições do mundo físico (SUN, 2021).
3.3 ARQUITETURA DO FUTURO
No futuro, as pessoas não experimentarão um único metaverso, em vez disso, eles navegarão por vários metaversos interoperáveis, todos com a capacidade de se conectar uns aos outros em uma tapeçaria de espaço digital, e todos alimentados pelo blockchain e moedas na plataforma que alimentam suas metaeconomias (MATOSO, 2022). O trabalho dos arquitetos e designers será muito necessário e valorizado no Metaverso, pois as construções devem ser esteticamente atrativas e adequadas ao tipo de uso desejado pelas pessoas e seus avatares. Importante ressaltar, que não existem leis da física no ambiente virtual. Além disso, as formas de interação entre as pessoas e as construções devem mudar, pois alterar um cômodo inteiro de lugar, por exemplo, poderá ser feito de forma simples e rápida. Por isso, a tendência é que haja cada vez mais casas, condomínios, shoppings, escritórios virtuais e locais de entretenimento projetados por arquitetos para o metaverso (TASSELO, 2022).
Arquitetos e designers entram com um conjunto de habilidades bem desenvolvidas e críticas, e um imenso conhecimento do 3D. Profissionais esses, que são habilitados nas tipologias de construção e nos princípios de placemaking 6 que tanto contribuíram para nossa evolução cultural e social. Em vista disso, analisando as teorias, métodos e processos de desenho arquitetônico que dão vida e transformam o espaço em lugares significativos, conclui- se que o Arquiteto tem base suficiente e necessária para desenvolver projetos atraentes para o Metaverso. Esses projetos não devem apenas facilitar a comunicação e a interação social, mas deve aprimorar ainda mais a noção de habitação do Metaverso, logo, incorporando valores culturais a nossa sociedade. (MARX, 2023)
No que se diz aos possíveis impactos, o futuro da relação entre Arquitetura e Metaverso está mais próximo do que aparenta, pois diversas empresas estão garantindo seu território no metaverso e alguns terrenos já estão sendo comercializados dentro do espaço virtual, alcançando valores milionários. Devido a pandemia causada pelo vírus da COVID-19 as vendas de diversos produtos foram impulsionadas nas mídias digitais. Com às medidas de restrição desse período, grandes empresas como Amazon, Adidas, Samsung, entre outras, tiveram que se adaptar a um novo cenário e investir no comércio digital e com isso o Metaverso ganhou notoriedade, é um novo cenário de vendas ainda em construção, mas com grandes possibilidades de crescimento. No ramo imobiliário online, a Metaverse Group, comprou por US$ 2,43 milhões um terreno dentro da Decentraland, um ambiente dentro do Metaverso. (PEZOA, 2022)
Além de todas as facetas assumidas pela relação entre arquitetura e metaverso já mencionadas, está sendo explorado também o papel dessa união na preservação histórica da arquitetura e da cultura de determinados locais, gerando materiais disponíveis para diferentes gerações; fato que causará grande impacto no futuro. No que concerne a isso, pode ser impossível recriar estruturas históricas no mundo real, mas é possível se aventurar por elas no espaço digital; e isso é outra grande aposta do metaverso em termos de preservação arquitetônica e cultural (GHISLENI, 2022).
Segundo o fundador e diretor artístico da Form4 Architecture, Marx (2023), teremos no ciberespaço a oportunidade de superar o campo 2D que domina a internet e reunir o rico mundo da produção de lugares 3D com os benefícios da tecnologia digital, mas para isso é necessário algumas habilidades de planejamento para que assim seja possível criar um ambiente verdadeiramente imersivo que seja mais do que apenas entretenimento, como nos jogos. Esta é a única maneira do Metaverso ter participação significativa na contribuição para a sociedade em geral.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em primeira análise, pode-se notar que a Arquitetura Virtual e o Metaverso traz consigo diversos conceitos que podem causar estranheza em um primeiro momento, problema que é resolvido após a leitura, compreensão e projeção em casos reais, como foi feito durante este trabalho.
É impressionante o número de possibilidades que a tecnologia traz para a arquitetura, isso engloba tanto situações que já estão sendo colocadas em prática como utilização de softwares para produção de projetos, e visualização destes, quanto situações que estão sendo elaboradas e estudadas, como é o caso do Metaverso. Tecnologia que especula reunir diversas profissões e construir um novo conceito de ambiente, mesmo que virtual (ZOMPERO, 2022).
Em relação a Arquitetura Virtual, é imensurável onde ela pode chegar e o que pode fazer, são diversas as dúvidas acerca deste assunto, mas o tempo trará todas as respostas e se o avanço tecnológico mantiver o ritmo atual, isso ocorrerá de forma breve.
O que não se pode questionar é que este tema já é uma realidade, e suas possibilidades encantam quem se interessa pelo assunto, por exemplo, imagine que você contrate um arquiteto para realizar o projeto de uma casa, e antes que esse projeto comece a ser construído, o arquiteto te forneça a possibilidade de entrar na sua casa virtualmente e ver se está tudo como o planejado ou não, se atende suas necessidades e o que precisa ser modificado. É perceptível o quão a frente ficará o profissional que acompanha essas evoluções.
Imerso nessa ótica, outra coisa que chama a atenção é a construção do Metaverso, algo mais complexo que o citado imediatamente acima, algo mais distante, mas que vem ganhando mais espaço diariamente. Entretanto, este é o caso que gera mais dúvidas quanto à viabilidade, pois exige grandes recursos tecnológicos e uma interação de vários profissionais, como: designers, programadores, arquitetos, engenheiros da computação, entre outras especialidades; existem dúvidas também quanto ao custo e acessibilidade, que persistirão por algum tempo.
Outra possibilidade que surge com a Arquitetura Virtual é a preservação e recuperação de locais históricos, pois o virtual não está sujeito à fenômenos da natureza e pode ser reconstruído quantas vezes for necessário (GHISLENI, 2022). Ademais, seguindo por essa visão histórica e cultural, existe mais uma alternativa que chama a atenção, imagine uma pessoa no Brasil, poder visitar a reprodução de algum ambiente arquitetonicamente relevante como a Torre de Pisa, localizada na Itália, por meio de uma realidade virtual; é certo que a sensação não será a mesma de quem pode visitá-la pessoalmente, mas isso trará acessibilidade.
O avanço da tecnologia e a crescente popularidade do metaverso e da realidade virtual tem o potencial de transformar a forma como projetamos e experimentamos a arquitetura, alterando a maneira como os profissionais da área projetam e apresentam suas ideias. Na arquitetura virtual, o metaverso pode permitir que os arquitetos criem ambientes virtuais interativos e imersivos para apresentar projetos a clientes e colaboradores. Na arquitetura tradicional, o metaverso pode influenciar a forma como os arquitetos pensam sobre o planejamento urbano e a concepção de edifícios para que atendam às necessidades de um mundo cada vez mais conectado digitalmente. Além disso, o metaverso pode permitir que os arquitetos criem experiências de realidade aumentada e mista para seus clientes e usuários finais. O resultado é um processo de design mais efetivo e uma experiência mais envolvente para os clientes usuários.
A tecnologia está avançando e a indústria da arquitetura, designers, engenharia e construção tiveram grandes avanços nas últimas décadas. É necessário ressaltar a importância desses profissionais se aprofundarem neste assunto e se preparar para o futuro, uma vez que a tecnologia é realidade, e está em rápida evolução, para notar isso basta olhar para cinco, dez ou vinte anos atrás e observar a quantidade de mudanças que ocorreram neste sentido, e fazer uma projeção para este mesmo tempo, porém a frente desta vez. Para que possamos arquitetar um grande metaverso, é imprescindível determinar e concretizar o valor da arquitetura. A adaptação se faz necessária (SUN, 2021).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na exploração teórica feita em artigos, notícias e bibliografias a respeito da temática deste artigo, conclui-se de modo geral que com o advento do Metaverso e de toda a gama de possibilidades que ele traz consigo, é importante que o arquiteto esteja preparado para um futuro ainda mais tecnológico que o do presente momento e que este profissional entenda também sua relevância e se adeque a essas mudanças. O Metaverso e a Arquitetura se relacionam de diversas formas e o impacto dessa tecnologia na área da profissional da Arquitetura acontece de forma direta e indireta, com isso, o profissional da área atua como uma ponte entre o mundo físico e o virtual. Nesse contexto, é imprescindível que o arquiteto compreenda os conceitos do mundo virtual e qual será o seu papel nesse ambiente, pois ele em conjunto com designers e programadores, tornará possível a experiência virtual. Pensando além do Metaverso, e visualizando pela ótica das inúmeras possibilidades, esses profissionais também projetarão os ambientes reais que comportarão máquinas, computadores e aparelhos para funcionamento do mundo virtual. Essa inserção no mundo da Realidade virtual trará grandes inovações para a indústria imobiliária e arquitetônica.
Ainda que a tecnologia que suporta esses tipos de experiências esteja avançando rapidamente, existem dúvidas em relação a viabilidade desse avanço, devido a necessidade de altos investimentos e de recursos tecnológicos, portanto ainda há muito trabalho a ser feito para entender plenamente o potencial do Metaverso. Contudo, a Realidade virtual, o Metaverso e Arquitetura Virtual estão aí para serem explorados e estudados, com a interação entre profissionais e investimento, a gama de possibilidades e benefícios são imensuráveis. Posto isto, é necessária uma exploração mais ampla a respeito dessa temática que está em constante evolução e a cada dia surgem novas perspectivas e informações.
REFERÊNCIAS
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ZOMPERO, Eric. Explicando o metaverso, simples e direto. Notas de Aula. / Eric Zompero. – São Paulo, 2022.
1 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. E-mail: gabi.nolasco.teixeira@gmail.com.
2 Docente do curso de Arquiteta e Urbanismo da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. Graduada em Arquitetura e Urbanismo na Ufba, especialista em metodologia do Ensino Supeior na Fainor, especialista em Construções Sustentáveis na Unicid e Mestra em Bioenergia na FTC. E-mail: verbena@fainor.com.br
3 Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. Mestrando no Programa de Pós-graduação em Nível de Mestrado Acadêmico em Ensino na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – PPGEn/UESB. Pós-graduado em Gestão de Obras na Construção Civil. Graduado em Engenharia Civil, Administração, Arquitetura e Urbanismo. E-mail: philipe.prado@hotmail.com.
4 A tecnologia Blockchain nada mais é do que um livro de razão pública (ou livro contábil) que faz o registro de uma transação de moeda virtual (a mais popular delas é o Bitcoin), de forma que esse registro seja confiável e imutável.
5 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/979018/zaha-hadid-architects-projeta-cidade-ciber-urbana-no- metaverso. Acesso em: 21 Dez. 2022.
6 Placemaking pode ser entendido como a produção de lugares, tem como objetivo a transformação de espaços públicos na busca por criar oportunidades para estreitar as conexões entre as pessoas e estes locais.