THE FUNDAMENTAL PHARMACEUTICAL SUPPORT IN THE RATIONAL USE OF MEDICINES FOR DEAF PATIENTS IN NEIGHBORHOOD PHARMACIES
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11210168
Rodrigo Machado Gaspar¹,
Esaú Felipe Rodrigues Assunção²,
Orientador: Omero Martins Rodrigues Junior³
RESUMO
INTRODUÇÃO: Melhorar a comunicação para lidar com pacientes surdos poderá resultar em melhor comunicação com todos os pacientes. Além de gerar possíveis complicações na relação profissional de saúde e paciente, como menor confiança no profissional e menor aderência ao tratamento, a falta de compreensão mútua entre surdo e o profissional da saúde, torna as pessoas com surdez passivas no seu processo saúde-doença, pois não são totalmente informadas sobre sua condição de saúde relativa às queixas, tratamento e prognóstico, resultando em um maior número de necessidades não atendidas e maior dificuldade em solucionar problemas de saúde. OBJETIVO: Investigar a importância do acompanhamento farmacêutico no uso racional de medicamentos para pacientes surdos atendidos em farmácias de bairro, visando promover uma melhor compreensão das terapias prescritas, aumentar a adesão aos tratamentos e melhorar a qualidade de vida dessa população. MÉTODOS: Trata-se de um estudo qualitativo de revisão de literatura de caráter exploratório. Esta pesquisa bibliográfica ocorreu no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Scientific Electronic Library online (SciELO). RESULTADOS E DISCUSSÃO: A interação regular com um farmacêutico capacitado para fornecer informações acessíveis e de fácil compreensão é esperada para aumentar a adesão dos pacientes surdos aos medicamentos prescritos. A comunicação frequente com um farmacêutico treinado para fornecer informações claras e acessíveis pode incentivar os pacientes surdos a seguir corretamente os medicamentos prescritos. CONCLUSÃO: Deve-se estar ciente das políticas de saúde destinadas a promover a saúde e segurança dos pacientes com deficiência auditiva, bem como da prática clínica dos farmacêuticos em farmácias locais.
PALAVRAS-CHAVES: Farmacêuticos Clínicos; Perda Auditiva; Comunicação.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Improving communication when dealing with deaf patients may result in better communication with all patients. In addition to generating possible complications in the health professional and patient relationship, such as less trust in the professional and less adherence to treatment, the lack of mutual understanding between the deaf person and the health professional makes people with deafness passive in their health-disease process, as they are not fully informed about their health condition regarding complaints, treatment and prognosis, resulting in a greater number of unmet needs and greater difficulty in resolving health problems. OBJECTIVE:To investigate the importance of pharmaceutical monitoring in the rational use of medications for deaf patients treated in neighborhood pharmacies, aiming to promote a better understanding of prescribed therapies, increase adherence to treatments and improve the quality of life of this population. METHODS:This is a qualitative literature review study of an exploratory nature. This bibliographic research took place on the portal of the Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library online (SciELO). RESULTS AND DISCUSSION: Regular interaction with a pharmacist trained to provide accessible and easy-to-understand information is expected to increase deaf patients’ adherence to prescribed medications. Frequent communication with a pharmacist trained to provide clear and accessible information can encourage deaf patients to correctly follow prescribed medications. CONCLUSION: One should be aware of healthcare policies designed to promote the health and safety of hearing-impaired patients as well as well as the clinical practice of pharmacists in local pharmacies.
KEYWORDS: Clinical Pharmacists; Hearing Loss; Communication
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, uma das áreas que o farmacêutico pode exercer sua profissão é chamada de Farmácia Clínica, na qual o paciente é o principal foco e o medicamento apenas uma das estratégias para a recuperação da saúde. Farmácia Clínica pode ser definida como: área da Farmácia, voltada à ciência e à prática do uso racional de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar, e prevenir doenças. Desta forma, o Conselho Federal de Farmácia em seu arcabouço conceitual considera que o cuidado farmacêutico é o modelo de prática que orienta a provisão de diferentes serviços farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à família e à comunidade (CFF, 2016). Desta forma, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos cenários para a prática da Farmácia Clínica, sistema esse que tem em vista o atendimento de toda a população brasileira sem distinções ou preconceitos, em razão de ser direito de todos constitucionalmente o acesso à saúde. (Marques et al; 2021).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define automedicação como sendo o uso de medicamento sem a prescrição, orientação e/ ou acompanhamento do médico ou dentista, e automedicação responsável é a prática pela qual os indivíduos tratam doenças, sinais e sintomas utilizando medicamentos aprovados para venda sem prescrição médica, sendo estes de eficácia e segurança comprovadas quando utilizados racionalmente. (Soterio et al; 2016).
A automedicação é uma forma comum de auto atenção à saúde, consistindo no consumo de um produto com o objetivo de tratar ou aliviar sintomas ou doenças percebidos, ou mesmo de promover a saúde, independentemente da prescrição profissional. Para tal, podem ser utilizados medicamentos industrializados ou remédios caseiros. Várias são as maneiras de a automedicação ser praticada: adquirir o medicamento sem receita, compartilhar remédios com outros membros da família ou do círculo social e utilizar sobras de prescrições, reutilizar antigas receitas e descumprir a prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a dosagem e o período de tempo indicados na receita. (Loyola et al; 2002).
Melhorar a comunicação para lidar com pacientes surdos poderá resultar em melhor comunicação com todos os pacientes. Além de gerar possíveis complicações na relação profissional de saúde e paciente, como menor confiança no profissional e menor aderência ao tratamento, a falta de compreensão mútua entre surdo e o profissional da saúde, torna as pessoas com surdez passivas no seu processo saúde-doença, pois não são totalmente informadas sobre sua condição de saúde relativa às queixas, tratamento e prognóstico, resultando em um maior número de necessidades não atendidas e maior dificuldade em solucionar problemas de saúde. (Mendes et al; 2023).
Em adição, no Brasil, encontramos muitos estudos que aborda as dificuldades enfrentadas pela população surda no acesso aos serviços de saúde e, de profissionais de saúde que não estão preparados para um atendimento inclusivo, por não haver conhecimento sobre os aspectos socioculturais da surdez e a língua de sinais (Libras). Essa falta de acessibilidade e qualidade na interação entre profissional de saúde e usuário do serviço de saúde, resulta numa forma de exclusão nos cuidados da saúde, comprometendo o desenvolvimento de uma relação terapêutica efetiva e segura, a exemplo do uso racional de medicamentos. (Galvão et al; 2024).
2 OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Investigar a importância do acompanhamento farmacêutico no uso racional de medicamentos para pacientes surdos atendidos em farmácias de bairro, visando promover uma melhor compreensão das terapias prescritas, aumentar a adesão aos tratamentos e melhorar a qualidade de vida dessa população.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Avaliar o nível de compreensão dos pacientes surdos em relação às instruções de dosagem, efeitos colaterais e indicações dos medicamentos prescritos, antes e após o acompanhamento farmacêutico.
2. Investigar os principais desafios enfrentados pelos pacientes surdos na interação com profissionais de saúde em farmácias de bairro, identificando possíveis barreiras de comunicação.
3. Desenvolver estratégias de adaptação do acompanhamento farmacêutico para atender às necessidades específicas dos pacientes surdos, considerando a linguagem visual, tátil e escrita.
3 MÉTODOS
Trata-se de um estudo qualitativo de revisão de literatura de caráter exploratório, realizada em diferentes bases de dados eletrônicos utilizando descritores Descritor em Ciências da Saúde(DeCS) e utilizando os operadores booleanos “AND” e “OR”, além da utilização das aspas a fim de facilitar a busca aos manuscritos.
Esta pesquisa bibliográfica ocorreu no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Scientific Electronic Library online (SciELO). As buscas foram feitas utilizando as palavras chaves: Farmacêuticos Clínicos; Perda Auditiva; Comunicação, e suas respectivas traduções em inglês: Clinical Pharmacists; Hearing Loss; Communication, utilizando e o operador booleano “AND” e “OR” e aspas a fim de facilitar as buscas aos manuscritos.
Critério de Inclusão: estudos disponíveis gratuitamente, artigos originais, disponíveis em texto completo, em idioma português, publicados no período de 2002 a 2024. Critério de Exclusão: artigos publicados no período anterior a 2002, e artigos não disponíveis em texto completo. Os artigos selecionados foram submetidos à leitura minuciosa do texto completo e fichados para identificar os assuntos relacionados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A profissão farmacêutica vem acompanhando o desenvolvimento do sistema de saúde e sofrendo mudanças e evoluções assim como todas as outras profissões. Transformações estas que foram desencadeadas pela otimização e expansão industrial e tecnológica de medicamentos e insumos farmacêuticos. Essa ampliação na escala industrial levou a quase extinção das farmácias magistrais, e direcionou o farmacêutico à posição de mero entregador de medicamentos nas drogarias. Vivenciando um novo desafio de reintegrar seu papel e sua importância como profissional de saúde, em 1960, estudantes e professores de uma universidade americana iniciaram o movimento denominado Farmácia Clínica. Esse movimento possuía o propósito de reaproximar o farmacêutico do paciente e de toda a equipe de saúde alcançando, assim, o aprimoramento e aplicação de habilidades direcionadas à farmacoterapia.(Marques et al;2021).
Reconhece-se, que os profissionais de saúde usam uma abordagem centrada no paciente e orientada para os resultados. Assim, sendo, uma abordagem que atenda às necessidades únicas de cada paciente, proporciona uma melhoria na qualidade de vida do paciente. No entanto, para alguns pacientes, especialmente aqueles com perda/deficiência auditiva, a comunicação com profissionais de saúde pode ser uma experiência muito desafiadora. (Galvão et al; 2024).
Os riscos da automedicação de paracetamol em doses terapêuticas são menores e incomuns, mas podem ocorrer reações alérgicas cutâneas, e o uso contínuo por um grande período pode aumentar o risco de lesão renal. Doses tóxicas de paracetamol são duas a três vezes a dose terapêutica máxima, que é de 4 g por dia. Em um primeiro momento provoca náuseas e vômitos e em até 48 horas depois pode ocorrer lesão hepática fatal. Isso porque as enzimas normais de conjugação ficam saturadas, fazendo com que o paracetamol seja convertido em Nacetil-p-benzoquinina-imina que, não inativada por glutationa reage com as proteínas celulares e mata as células, ocasionando a lesão hepática fatal. A toxicidade de paracetamol é aumentada com o uso crônico e excessivo de álcool. (Soterio et al; 2016)
Outrossim, é importante destacar os motivos para as escolhas e preferênciadosdiversos medicamentos (referência, genérico e similar) por parte dos clientes. Aos que optavam pelos medicamentos de referência, era devido ainda existir um estereótipo que apenas o medicamento de “marca” é eficaz ou pela confiança no medicamento, justificativa comumente utilizada por idosos. Os consumidores que optavam pelos medicamentos genéricos ou similares era em decorrência de adquirirem produtos com preços mais acessíveis e que iriam surtir o mesmo efeito que o medicamento de referência. (Bento, 2023).
Há muitas barreiras no atendimento ao paciente surdo, destacando-se as dificuldades linguísticas, falta de confiança no mundo dos que ouvem, atribuir aos surdos baixa inteligência comparando-os com deficientes mentais e falta de acesso dos surdos às informações preventivas. As pessoas surdas têm também pouco conhecimento da assistência em saúde, incluindo menor compreensão dos programas preventivos como HIV/AIDS e visitam com menor frequência os médicos, comparados com as pessoas que ouvem. (Chaveiro et al; 2008).
Ao longo da história percebe-se que a sociedade e o estado têm proposto medidas em busca da igualdade para pessoas com deficiência, mas mesmo assim estes indivíduos encontram dificuldades, nos estabelecimentos de saúde por causa da comunicação com os profissionais durante a utilização dos serviços de saúde. Como pode ser observado quando os participantes relataram que o atendimento nestes serviços ocorrem por outros meios que não a utilização da LIBRAS. Percebe-se que países em desenvolvimento ainda estão abaixo da expectativas da inclusão das pessoas com deficiências no mercado de trabalho e na sociedade. (Souza et al; 2020).
5 CONCLUSÃO
Diante da complexidade e da importância do acompanhamento farmacêutico no uso racional de medicamentos, especialmente para pacientes surdos, é evidente que medidas devem ser tomadas para garantir que esses indivíduos recebam o cuidado adequado em farmácias de bairro. A inclusão desses pacientes no âmbito da saúde pública é crucial para promover a equidade no acesso aos serviços de saúde e para garantir que recebam informações claras e compreensíveis sobre seus tratamentos.
A partir desta análise, fica claro que o papel do farmacêutico vai muito além da simples dispensação de medicamentos. Ele desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e na prevenção de problemas relacionados ao uso inadequado de medicamentos. Para pacientes surdos, essa orientação é ainda mais crucial devido às barreiras de comunicação que enfrentam no sistema de saúde.
A implementação de medidas para facilitar a comunicação entre farmacêuticos e pacientes surdos é essencial. Isso pode incluir a contratação de intérpretes de língua de sinais, o uso de recursos visuais, como cartazes e folhetos informativos, e o desenvolvimento de treinamentos específicos para farmacêuticos sobre como lidar com pacientes surdos de forma sensível e eficaz.
Além disso, é fundamental que as políticas de saúde pública reconheçam a importância do acompanhamento farmacêutico para pacientes surdos e forneçam recursos adequados para garantir que esses serviços estejam disponíveis em farmácias de bairro em todo o país.
Em suma, garantir que os pacientes surdos recebam o acompanhamento farmacêutico necessário para o uso racional de medicamentos é essencial para promover a equidade no acesso aos serviços de saúde e para garantir a segurança e eficácia dos tratamentos. É imperativo que as farmácias de bairro estejam equipadas e preparadas para atender às necessidades específicas desses pacientes, proporcionando-lhes o apoio e a orientação de que precisam para gerenciar sua saúde de forma eficaz. Somente assim poderemos alcançar uma saúde verdadeiramente inclusiva e acessível para todos.
REFERÊNCIAS
Bento, J. G. S. (2023). Perfil da automedicação feita por usuários em uma farmácia comunitária no município de Natal/RN (Bachelor’s thesis, Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Conselho Federal de Farmácia (CFF). Serviços farmacêuticos diretamente destinados aopaciente, à família e à comunidade: contextualização e arcabouço conceitual. Brasília: 2016. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/Profar_Arcabouco_TELA_FINAL.pdf . Acesso em: 29 mar 2024.
CHAVEIRO, N.; BARBOSA, M. A.; PORTO, C. C.. Revisão de literatura sobre o atendimento ao paciente surdo pelos profissionais da saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 42, n. 3, p. 578–583, set. 2008.
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¹Discente de Bacharelado em Fármacia na Universidade Nilton Lins. rdrggaspar@gmail.com
²Enfermeiro. Esp. em Auditoria em Serviços de Saúde. esau.enf@gmail.com
³Farmaceutico.Esp. em Ciência Política. Docente na Universidade Nilton Lins. Omeromartins.farm@gmail.com