REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202403030801
Orientadora: Prof. Esp. Roseane Maria de Oliveira Paiva1; Ana Beatriz Trajano Aires; Daianne Silva Barbosa; Joana Darc do Nascimento Silva; José Jaciel Gonçalo de Lima; Leidyane Hermínio de Sousa; Késia de Lima Costa; Vanessa Silva de Araújo; Wégila Eugênia Borges da Silva
RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade apresentar algumas considerações acerca da importância das experiências realizadas no Estágio da Supervisionado em Docência na Educação Infantil l, na creche Maria Eugênia, Dona Inês/PB. O ensaio está assentado em algumas premissas, ou seja, o estágio é compreendido como componente curricular e eixo de formação, em sua relação com a formação da identidade profissional docente. A estrutura metodológica que o estágio se configurou, foi a partir de observações da sala que atuaria e da regência observada pela docente responsável. Com esse registro, mostraremos algumas reflexões a respeito do estágio na Educação a partir de um novo olhar, associando a teoria e a prática e contamos com as contribuições de PIMENTA e LIMA, 2006, respeito da concepção de estágio, o que diz a BNCC, 2017, como se deve proceder o ensino infantil e SOARES, 2020 com sua luz sobre a alfabetização e letramento. A partir desse processo é possível tecer algumas reflexões sobre a formação e atuação docente na Educação infantil, do mesmo modo, o percurso sinteticamente apresentado esboça os aspectos gerais que a aproximação com o campo de atuação docente possibilitou vislumbrar. Em especial merece destaque a compreensão que para fins de uma prática docente emancipadora os projetos de trabalho se configuram como eixo bastante relevante nesta direção na Educação Infantil.
Palavras chave: Estágio Supervisionado. Educação Infantil. Psicopedagogia clínica e institucional
“Aprender é uma das coisas mais bonitas, mais gostosas da vida. Acontece em qualquer tempo, em qualquer idade, em qualquer lugar. Ajudar as pessoas a descobrir esse prazer, a “degustar” o sabor dessa iguaria é ascender às mais altas esferas da atuação humana.” (ANTUNES, 2003, p.175)
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As discussões acerca da importância do papel docente cresceram nas últimas décadas e abrangeram diversas áreas, como as políticas educacionais, acadêmicas e associações. O campo da didática tem estudado o estágio como a prática das teorias estudadas na academia, porém, a academia se limita a possibilitar esse contato apenas no final do curso, diferente dos cursos da área da saúde, em que todos os discentes estão em contato do início ao fim do curso.
A partir dessa perspectiva entendemos que o estágio docente tem o propósito de relatar sobre a importância da realização dos estágios supervisionados para os acadêmicos dos cursos de licenciaturas, uma forma de compartilhar conhecimentos e experiências.
Abordaremos no primeiro momento o planejamento das atividades desenvolvidas no momento da regência, como constatamos o que o poderia ser desenvolvido em sala, por se tratar de uma turma de jardim II, com alunos de dois a quase três anos de idade, após isso trataremos nosso relato de experiência como docente a partir de uma nova perspectiva, pois nesse momento estamos em uma segunda licenciatura e a partir disso o que de fato foi trabalhado em sala na regência como também o que foi observado no período da observação com a docente responsável.
Segundo PIMENTA e LIMA (2010, p.35) o estágio “É o modo de aprender a profissão, conforme a perspectiva da imitação, reprodução e, às vezes, reelaboração dos modelos existentes na prática, consagrada como bons.” A observação é o ponto crucial para qualquer ação, como também no estágio, a troca de experiências reflete de forma eficiente na ação docente infantil ainda desconhecida.
Como também nos amparamos na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), para entender o que deve ser ensinado nos anos iniciais, a partir das áreas de conhecimento e os campos de experiência, temos o respaldo de SOARES (2017) acerca do letramento e a importância do brincar, como também os estímulos que devem ser feitos na infância.
REFLEXÕES ACERCA DO ESTÁGIO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O planejamento ou o ato de planejar contrapõe a ideia do improviso, o docente consciente do seu papel como agente social entende o aluno com o centro das discussões em sala, o que na educação infantil não é diferente. E requer uma atenção ainda maior, o docente neste momento acaba assumindo incumbências além da sua função, como mãe, psicóloga e cuidadora.
Conforme BRASIL, (2018, p.32), “Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento do processo educacional. “O primeiro contato com a Educação Infantil quebra o paradigma de que o ato de brincar serve apenas para entreter a criança, pois as interações e brincadeiras são os eixos da BNCC, o ato de brincar traz consigo diversas aprendizagens essenciais para o desenvolvimento integral da criança.
Segundo SOARES, (2020, p.21) o letramento é a “Capacidade de uso da escrita para inserirem-se nas práticas sociais e pessoais que envolvem a língua escrita, o que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para alcançar diferentes objetivos – para informar ou formar-se, para interagir com os outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para divertir-se.”
Com o advento da lingüística aplicada surgiu conceitos que antes dela não foram estudados e o letramento faz parte dessa ciência, que engloba e estuda não apenas a alfabetização isolada, mais põe a codificação e decodificação das palavras como parte do letramento e assim conseguimos compreender que para a criança desenvolver a capacidade da escrita, se faz necessário um longo e repetitivo trabalho da coordenação motora, seja com qual for o recurso utilizado.
Desde o início do curso de Pedagogia, o momento da regência sempre foi o que mais passou tensão. Pois, trabalhar com crianças não é algo fácil e nem simples como muitos imaginam e nem tão pouco certo reproduzir o que foi ensinada há décadas passada, o ensino evoluiu, documentos oficiais foram criados para seguir como norte para educadores nessa tarefa árdua.
Os períodos das aulas de observação serviram para constatar alguns pontos, como a hiperatividade de alguns e não adaptações da maioria. Então segui para planejar e dialogar com a docente responsável da sala. A regência teve funcionamento em três dias seguidos e foi utilizado diversos recursos, como música, dança, contação de histórias e massinhas de modelar.
O primeiro dia da regência que foi dia 22 de março, segui com a rotina dos alunos, acolhi em sala, entreguei as massinhas de modelar e após este momento agradecemos a Deus pelo dia e observamos como estava o tempo, neste dia estava nublado e choveu bastante.
Na hora do lanche conduzir os alunos de mãos dadas para o refeitório e depois brincamos no pátio até a hora de irmos para a sala de leitura a qual tentei mostrar a história do Gato Curioso, como já foi o esperado, alguns alunos se levantaram, brincaram, porém, boa parcela interagiu, fez perguntas e divertiu-se com a história, como na sala e leitura havia fantoches de gato, aproveitei e encenei junto com a professora responsável.
Após a apresentação da história observamos a imagem de um circo impresso, pois era a semana do circo e pintamos com giz de cera até a hora da janta, então cantamos e brincamos até as 17:00h.
No segundo dia segui a rotina acolhendo a turma, entregando massinhas de modelar, alguns até pediram, por já fazer parte da rotina deles, então fizemos uma oração de agradecimento e observamos a previsão do tempo, após a oração foi a hora do lanche e intervalo. Então seguimos para a sala de leitura, e apresentei a história.
A Galinha de ovos de ouro, a história prendeu mais a atenção que a do primeiro dia, pois alguns interagiram bem mais, riram e brincaram com a galinha da história. Então voltamos para sala e pintamos um pintinho com giz de cera, após este momento fomos jantar e então voltamos para a sala, cantamos e dançamos até as 17:00h.
No terceiro e último dia que foi 24 de Março iniciamos a aula acolhendo a turma, brincando com a massinha de modelar, fizemos uma oração de agradecimento e observamos como estava o tempo, neste dia choveu e teve bastantes trovões e alguns tiveram medo.
Então cantamos e dançamos para alegrar os que choravam até a hora do lanche, eles lancharam e brincaram pouco tempo no pátio devido a chuva, então voltamos para a sala e mostrei a eles a figura de um palhaço, alguns falaram que já até viram e fomos pintar com giz de cera e de lápis de pau. Após a pintura liguei o som e dançamos até a hora do jantar, então jantaram e voltaram para a sala e brincamos até a hora de irem embora.
O planejamento atendeu bem mais do que o esperado, pois se tratam de crianças bem pequenas conforme a definição da BNCC e as histórias contadas, como também as brincadeiras, danças e atividades lúdicas são fundamentais para o desenvolvimento da criança. Conseguimos trabalhar a imaginação e interação de forma positiva com os discentes, a ponto de socializarem e ficarem à vontade durante a apresentação das histórias.
A Educação Infantil é a base de toda aprendizagem que será desenvolvido ao longo da Educação Básica, a partir da criação da BNCC, a educação infantil passou a ser vista com um novo olhar, a criança teve seu acesso gratuito e obrigatório ainda mais cedo, foi criado os campos de experiências direcionados a Educação Infantil, como também se tornou imprescindível o ato de educar e cuidar.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
A Psicopedagogia é o campo que estuda a aprendizagem em suas diferentes relações e circunstâncias. Ela se ocupa do processo de aprendizagem e suas variações e da construção de estratégias para a superação do não aprender, tendo como um de seus focos principais a autoria do pensamento e da aprendizagem.
A partir da psicologia aplicada diretamente à prática da pedagogia é possível compreender com êxito as necessidades e todas as dificuldades abrangentes no aprendizado educacional das pessoas, sejam adolescentes, crianças ou até mesmo adultos. Ainda podemos constatar a partir dos estudos da pós que a psicopedagogia surgiu para solucionar problemas da psicologia educacional.
No meu momento de atuação do estágio supervisionado na educação infantil pude observar ainda que com um olhar de uma profissional em formação, alunos com evidentes estereotipias indicativas de alguns distúrbios, como autismo e imperatividade, porém, como relatada pela docente responsável pela sala, não se tinha uma abertura para conversar com os responsáveis pelos alunos.
Segundo Bossa (2000a), o papel do psicopedagogo da clínica, é criar um espaço de aprendizagem, oferecendo ao sujeito oportunidades de conhecer o que está a sua volta, o que lhe impede de aprender, para que juntos, possam modificar uma história de não aprendizagem.
Por isso, vi o quão é necessário o papel do psicopedagogo nas instituições educacionais e principalmente na educação infantil, pois nesse momento ele irá atuar como mediador se necessário de um possível diagnostico ou de rodas conversas com pais e responsáveis dos alunos para quando observado certos comportamentos, procurar ajuda e incentivar a quebra de preconceitos.
A psicopedagogia clínica e a institucional são áreas distintas, enquanto a clínica oferece oportunidades ao sujeito de conhecer-se e conhecer tudo que há em sua volta, com intervenção terapêutica, psicopedagogia institucional segundo, Wolffenbuttel (2001 apud ESCOTT, 2001, p.192) afirma que esta é a abordagem da Psicopedagogia que deposita seu olhar sobre as instituições de ensino-aprendizagem.
Essa abordagem assume uma dimensão preventiva e social na medida em que atende os diferentes grupos da instituição, tendo como principal objetivo resgatar o prazer de ensinar e aprender.
Dessa forma a psicopedagogia clínica faz o papel de intervenção terapêutica, pois existe um profissional especializado no caso, o psicopedagogo e um sujeito com dificuldades no processo de aprendizagem. E a psicopedagogia institucional, faz o papel preventivo e esta tem como seu centro de interesse a instituição.
Segundo ESCOTT, 2001, p.27
Entendendo o sujeito como ser social, o resgate das fraturas e do prazer de aprender, na psicopedagogia clínica, observa não só contribuir para a solução de problemas de aprendizagem, mas colaborar para a construção de um sujeito pleno, crítico e mais feliz.
Podemos concluir o quão importante o papel da psicopedagogia na prevenção, no cuidado como também em encaminhar para diagnósticos mais profundos com outros profissionais mais específicos e assim facilitando o desenvolvimento infantil.
Como recentemente foi instituído a presença de psicólogos nas escolas, o psicopedagogo é um profissional de extra importante que deve estar presente não apenas em CAP’S mas também nas escolas, em especial nas instituições de educação infantil.
Porém, segundo Silva (2010, p. 23), a psicopedagogia ainda não possui um conceito definitivo, de acordo com a autora os trabalhos são quase sempre voltados para relatos de experiências, estudos de casos, trabalhos descritivos nos quais a teoria surge como ponto de referência e não como fundamento. Ainda ligada à indefinição do conceito da psicopedagogia, é dito pela autora que nesses trabalhos, as definições que aparecem, referem- se à aprendizagem e não à psicopedagogia.
REFLEXÕES FINAIS
A realização do Estágio Supervisionado na Educação Infantil caracterizou-se de suma importância, visto que ao compreender o papel que o planejamento desempenha no processo de ensino e aprendizagem, podemos atribuí-lo a devida importância e enfatizar a necessidade de sua correta estruturação.
Com relação à realização das atividades desenvolvidas na escola campo de Estágio Supervisionado, sobretudo a observação e regência, podemos constatar o quão árduo é profissão do docente da Educação Infantil, no entanto, houve uma melhora sem comparação a partir dos documentos oficiais que tratam a Educação Infantil como porta de entrada e início de toda Educação Básica, pois ela é a base para o que será ensinado nos demais níveis de ensino.
Nessa direção, pude observar que o estágio na Educação Infantil foi de suma importância para minha experiência como futura docente na educação infantil. A quebra de paradigmas que outrora ainda resistia de que não se ensinava nada, apenas brincadeiras, sem entender que a brincadeira desenvolve a imaginação e percepção da realidade, como também é ponte para temas transversais nesta fase de descobrimento do mundo dos alunos.
Hora da contação de história com as crianças
Interagindo na hora da contação com os alunos.
Fotos autorizadas pelo docente responsável da instituição
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
BRASIL, Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brasília, 2018.
ESCOTT, Clarice Monteiro. ARGENTI, Patrícia Wolffenbüttel. A formação em Psicopedagogia nas abordagens clínica e institucional: uma construção teóricoprática. Novo Hamburgo: Feevale, 2001.
LIRA, JardellyLuís. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO. Guarabira, 2019
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria do Socorro. Estágio e Docência. 5 ed.- São Paulo: Cortez, 2010.
SILVA. Maria Cecília Almeida e. Psicopedagogia: a busca de uma fundamentação teórica. 2ª ed. São Paulo/SP: Paz e Terra, 2010.
SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020.
VAZ, Bárbara Beatriz. Algumas reflexões sobre o estágio na educação infantil: em pauta a formação e a prática docente. Goiás: 2019.
1Graduada em Letras Português e Pedagogia, especialista em Alfabetização, letramento e a psicopedagogia Institucional e especializando-se em Literatura e Ensino. Dona Inês, PB. roseannymaria@live.com