O ESTADO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS PARA A PROMOÇÃO DA CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS – AMAZÔNIA CENTRAL, BRASIL

THE STATUS OF TRADICIONAL COMMUNITIES TO PROMETE THE CONSERVATION OF NATURAL RESOURCES – CENTRAL AMAZON, BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8361674


Sinandra Carvalho dos Santos1
Rosana Barbosa de Castro Lopes2
Julio Cesar Rodríguez Tello3


Resumo

Este artigo apresenta o conhecimento acerca da situação socioeconômica e a percepção ambiental de moradores de três comunidades tradicionais ao leste do município de Manaus, no estado do Amazonas, norte do Brasil. Este fato submete a região a uma forte pressão antrópica, onde coexistem comunidades tradicionais que dependem da qualidade ambiental para a atividade que praticam permaneça viável. Objetivando gerar informações que poderão servir como subsídios ao processo de implantação de medidas efetivas de gestão ambiental sustentável, educação ambiental, esta pesquisa teve como objetivo principal apresentar um diagnóstico socioeconômico com uso do método de Likert, a partir do diagnóstico foi possível determinar um perfil das exigências e problemas de ordem social, econômica e ambiental, necessário para elaborar ações sustentáveis para a comunidade sem alterar a sua cultura. 

Palavras-chaves: Educação ambiental. Percepção ambiental. Ribeirinhos.

Abstract

This article presentes the knowledge of the socioeconomic situation and the environmental perception of residentes of three traditional communities to the east of the municipality of Manaus, in the state of Amazonas, northern Brazil. This fact submits the region to Strong anthropic pressure, where traditional communities that dependo n environmental quality coexist for the activity they practice remains viable. Aiming to generate information that serves a subsidies to the processo of implementing effective measures of sustainable environmental management, environmental education, this research had as main objective to presente a socioeconomic diagnosis using the Likert method, from the diagnosis to determine a profile of the requiremnts and problems of social, economic and envirenmental order, necessary to develop sustainable actions for the community without changing its culture.

Keywords: Environmental education. Environmental perception. Ribeirinhos.

1 Introdução

Autores como Arruda (1999) e Vianna (2008) retratam sobre o nome dado aos povos “grupos” com relação acentuada, isto é, inseridos na natureza, por populações tradicionais, assim caracterizadas por ocuparem regiões e fazerem uso dos recursos naturais para subsistência, proprietários de conhecimentos tradicionalistas passados de geração em geração. Na década de 90 se determinou diversos nomes para esses povos: pescadores, comunidades tradicionais, caboclos, camponeses, extrativistas, pantaneiros, ribeirinhos, caiçaras, carambolas (VIANNA, 2008).

Essa terminação “comunidade tradicional” como citado acima é uma referência ampla, no entanto se trata de uma diversidade e das dinâmicas de uma determinada população observadas e registradas pelo corpo científico de pesquisadores. Segundo Shiraishi (2007) este grupo populacional chamado de tradicional, em aspectos jurídicos e normativos, torna-se existentes para todos os efeitos legais.

Aos falarmos das populações tradicionais, levando em consideração a sua ocupação de territórios na Amazônia e uso dos recursos naturais ali inseridos, segundo Tozi (2012) a cultura popular se formou durante os anos, numa linha de passagem de geração só conceitos e tradições, no entanto observa-se que toda essa cultura é atemporal, ou seja, atualmente está a ser influenciada por diversos fatores econômicos, sociais e políticos.

Desta forma a comunidade tradicional, assim como o caboclo, o ribeirinho são personagens amazônicos habitando a floresta em sua plenitude e diversos territórios desde a terra firme as áreas e várzeas ao longo dos anos, formando uma relação com a floresta, a fauna e os rios (CRUZ, 2008).

Segundo Castro (2009), as comunidades tradicionais desenvolvem uma convivência diária com o ecossistema, contudo é possível verificar as mudanças ocorridas ao longo do ano através da sazonalidade da floresta e dos rios, uma relação continua para a sobrevivência desses povos nestes ambientes que determinadas épocas do ano se encontram debaixo de água e em outras situações na seca.  O desenvolvimento de jardins agroflorestais, cultivo de hortaliças, caça, pesca, criação de pequenos grupos de animais, contribuem para a formação de um manejo para esses períodos de mudanças da floresta, elaborando instalações suspensas “flutuantes”. 

 Uma alternativa encontrada pelas comunidades tradicionais segundo os autores Hartmann (1990) e Pereira (2002) é desenvolvida em algumas comunidades o manejo participativo, que consiste num local comum para o desenvolvimento de atividades para gerar recursos para a comunidade, como uma horta comunitária, iniciativa que objetiva o desenvolvimento da comunidade unida e a conservação da natureza.  

O desenvolvimento de políticas públicas, elaboração de programas de gestão da conservação na natureza, educação ambiental e capacitação desses povos com técnicas de desenvolvimento para o verdadeiro manejo dos recursos naturais constituem um desafio para a sociedade em sua relação homem e natureza com um ganho social, cultural e econômico imensurável tanto para as comunidades tradicionais quanto para a biodiversidade (ABIRACHED et al.,2010).

Para compreender os aspectos sociais, econômicos e ambientais é necessário que seja relacionado à realidade na qual a comunidade está inserida, deve-se determinar instrumentos e elaborar um planejamento para a execução de tais levantamentos. O estudo do perfil socioeconômico de uma determinada comunidade é o mecanismo para o conhecimento pela qual a família desta sociedade está inserida, desde sua composição, origem, filiação, tipo de moradia, renda familiar, nível de instrução, geração e renda e perspectivas das mesmas. 

Para Tello (2013) a perspectiva de discutir a realidade ambiental dos diversos sujeitos é fundamental para a construção subjetiva e objetiva da realidade concreta do meio ambiente em seu contexto geral, natural e sociocultural. Questionar esse conhecimento socioambiental implica em analisar as estratégias políticas, saberes e práticas da população para apreender como estes se relacionam e se apropriam da natureza. Os saberes locais das comunidades incluem conhecimentos e técnicas, mitos e rituais comportamentos e práticas direcionadas a uma função adaptativa do ser humano ao seu hábitat natural, regulamentando a reprodução cultural.

A relação do homem com a floresta é bastante importante, dela provem os alimentos de origem animal, vegetal, madeira, palha, frutas, óleos, remédios, estimulantes, substâncias aromáticas, gomas, fibras entre outras. Nesta perspectiva, os comunitários devem se propor a uma reflexão sobre as múltiplas estratégias de conservação. A percepção dos indivíduos sobre a importância dada para as diversas faces do meio ambiente é algo individual e particular, relacionada a com suas experiências e interesses (DE FIORI, 2002).

Segundo Cano (2012) na área das ciências sociais deve-se fazer uso de diversos instrumentos e técnicas para mensurar a realidade sobre as comunidades. Buscando com isso trabalhar com instrumentos adequados. A escala Likert apresenta vantagens que superam as desvantagens para o método, quando empregada cinco pontos de grau de importância, ocorrendo o ponto neutro, nível de confiabilidade adequada, mais rápida em relação ao tempo empregado por outros métodos (NOGUEIRA, 2002; CANO, 2012).

O desenvolvimento de atitudes positivas quanto aos aspectos comuns a todos os comunitários e a influência exercida por fatores externos motivaram a busca de técnicas de mensuração e intervenção para o diagnóstico e planejamento das questões para a percepção ambiental, com a finalidade de alcançar as competências estabelecidas.

As comunidades tradicionais, ao longo da história faziam uso da terra e dos recursos naturais, que eram abundantes e possibilitava sua sobrevivência e a reprodução desse modelo. Nesse contexto a presente pesquisa teve como objetivo apresentar o perfil socioeconômico e analisar a percepção ambiental dos moradores das comunidades São Francisco do Mainá, Jatuarana e União e Progresso, em relação ao uso e conservação dos recursos naturais.

2 Material e Métodos

2.1 Área de estudo

A área de estudo encontra-se localizada na região sul e no entorno do Campo de Instrução General Sampaio Maia – CIGSM, lado leste da cidade de Manaus, no estado do Amazonas-Brasil, as margens do Rio Amazonas. Essa área foi cedida legalmente ao Exército Brasileiro pelo Governo do Estado do Amazonas, ainda na década de 60 (Decreto nº 53649 de 02/03/1964). Trata-se de uma floresta primária totalmente preservada que compõe parte do complexo de Bases de Instrução – o CIGSM. Abrange cerca de 1.151.760.000,00 m² de extensão territorial, entre os municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara.

Em seu entorno encontram-se 20 comunidades tradicionais (IBGE, 2010), das quais três são mencionadas neste estudo por se encontrem assentadas dentro do CIGSM. Assim como, a região do Puraquequara faz parte de uma área de proteção ambiental em processo de estabelecimento, que foi criada pelo plano diretor urbano e ambiental na cidade de Manaus, da qual abrange toda bacia do Rio Puraquequara, incluindo-se as áreas de transição (OLIVEIRA et al., 2010).

Figura 1 – Localização da área de estudo, Campo de Instrução general Sampaio Maia e as três comunidades utilizadas neste estudo, Amazonas-Brasil. Fonte: G.V. 2018.

2.2 Comunidades do estudo

No Campo de Instrução General Sampaio – CIGSM abriga em seu entorno vinte comunidades tradicionais, no entanto, esse estudo menciona somente as três comunidades que receberam a Concessão de Direito Real de Uso – CDRU do Exército Brasileiro em 2013, que são elas:

São Francisco do Mainá (S 3º2’41.58” e W 59º49’24.19”), comunidade tradicional ribeirinha localizada na região do lago do Puraquequara segundo Vargas e Fraxe (2013) encontra-se no entorno do rio Puraquequara que apresenta mosaicos florestais e mananciais de grande importância para o município de Manaus. Conforme o Plano Diretor Urbano Ambiental da Cidade de Manaus do ano de 2012 o Puraquequara encontra-se em processo de tornar-se uma APA – Área de Proteção Ambiental, abrangendo toda a bacia do rio Puraquequara (Lei nº 671/2002 – Título III, Cap. I, Art. 42, Inciso I).

Comunidade do Jatuarana (S 3º3’9.00” e W 59º40’43.68”): comunidade tradicional ribeirinha localizada na região do lago do Puraquequara, lado esquerdo do rio Amazonas. A comunidade do Jatuarana é uma comunidade rural alocada próxima do rio e afluentes, apresenta uma população que desenvolve uma relação direta com o meio natural e social (VARGAS; FRAXE, 2013), necessidade desenvolve de atividades econômicas como agricultura, caça, pesca, extrativismo vegetal e o turismo (VARGAS; FRAXE, 2013). Mais precisamente, tomando-se como enfoque a questão da relação homem e meio ambiente, Souza (2009) ressalta que a natureza promove recursos para a sociedade tradicional que deve produzir uma relação harmônica.

Comunidade União e Progresso (S 3º3’51.01” e W 3º 3’51.01”): comunidade tradicional ribeirinha localizada na região do lago do Puraquequara, lado esquerdo do rio Amazonas. Segundo Andrade (2002) e Vargas; Fraxe (2013) as comunidades tradicionais que se encontram as margens do rio Amazonas, possuem uma relação estreita com a natureza, identificando-se com a terra, floresta e as águas, isto é, diversas faces do ambiente.

2.3 Coleta de dados

Com relação a obtenção das informações do perfil socioeconômico e da percepção ambiental, foram aplicados questionários semiestruturados a um membro maior de 18 anos das famílias de três comunidades, no período de novembro e dezembro de 2017, com visitas aos finais de semana com o intuito de encontrar o máximo de moradores presentes. As famílias entrevistadas em São Francisco do Mainá (n=30), Jatuarana (n=48) e União e Progresso (n=26) foram todas as que estavam com algum membro presente na casa durante a pesquisa, as entrevistas foram realizadas de acordo com o interesse do membro da família em participar, representando 75%, 90,5% e 76,4% no número total de famílias integrantes da comunidade informados pelos líderes comunitários de São Francisco do Mainá, Jatuarana e União e Progresso, respectivamente. As questões abordadas permitiram elaborar um perfil socioeconômico dos comunitários da região estudada: número de pessoas na família, renda, escolaridade, idade, produção e uso do solo.

De acordo com Minayo (1994), Lakatos (1996), Boni e Quaresma (2005), o início de uma investigação científica deve ser baseada em aquisição de informações sob determinados aspectos da realidade pressupõem de três fases importantes: fase exploratória da pesquisa, trabalho de campo para coleta de dados e o tratamento do material. A técnica de entrevistas tem sito utilizadas em diversos estudos acerca de caracterizar comunidades tradicionais ribeirinhas, através de ela compreender a relação do homem e o meio ambiente (FREITAS et. Al. 2020; BRAGA; RABELO, 2014,2015; BRITO, 2015)

Quanto à percepção ambiental foram empregados 14 tópicos ambientais, para cada uma houve uma escala de cinco pontos correspondente a “essencial”, “importante”, “tanto faz”, “pouco importante” ou “não importante”, representando através de escala de Likert o grau de importância para cada tópico (NOGUEIRA, 2002).

Segundo Calegare et. al. (2013), as primeiras visitas servem para identificar e apresentar o projeto aos líderes comunitários, com intuito de informá-los dos objetivos e metodologia aplicada na comunidade, ação essencial para obter acesso aos demais participantes da pesquisa. Essa fase visou avaliar o nível de participação da população que reside na área pesquisada, além de avaliar o comprometimento comunitário na conservação desta área.

Após esta etapa inicial, foi realizada a investigação focalizada na coleta sistemática de informações, através de entrevista com a aplicação de questionários com perguntas semiestruturadas com opções de múltiplas escolhas e discursivas, aos comunitários maiores de 18 anos, objetivando identificar o perfil socioeconômico dos entrevistados (idade, estado civil, escolaridade, atuação, renda familiar, tempo de residência, atividades culturais, atividades agrícolas) quanto à percepção ambiental foi utilizado à técnica da escala de Likert (DALMORO e VIEIRA, 2014) que qualifica a importância dada pelos comunitários por meio de um quadro de relevância dos recursos ambientais (relação com a floresta, pesca, caça, rios, solo, lixo, queimadas, desmatamento e recursos naturais).

Após a coleta de informações, os dados foram organizados e tabulados no programa Microsoft Office Excel 2013 e determinados frequências absolutas e relativas (%) das respostas. Para análise dos dados, dos valores na escala de Likert. Likert (1932) recomenda a utilização de um número efetivo de cinco categorias de escolha (pontos) do “essencial” até “não importante”.

3 Resultados e Discussão

3.1 Perfil socioeconômico

Com o intuito de elaborar ações para a gestão ambiental e o desenvolvimento de práticas sustentáveis para o uso dos recursos naturais na Amazônia, torna-se necessário o conhecimento socioeconômico das comunidades tradicionais. Atividade a fim de apresentar informações sobre educação, moradia, economia, captação de renda, práticas desenvolvidas com o uso dos recursos naturais para subsistência e comercialização. Segundo Caldas et al. (2012) esse diagnóstico socioeconômico deve ser relacionado à percepção ambiental dos entrevistados para melhor compreensão da dinâmica destas populações. 

No perfil socioeconômico dos entrevistados das comunidades São Francisco do Mainá, Jatuarana e União e Progresso os resultados demonstraram que 53,85% dos questionados são do sexo feminino, seguido de 46,2 do sexo masculino, característica esperada em comunidades tradicionais onde homens são chefes de família, mas nem sempre são os provedores da renda familiar (Marri; Wajnman, 2007). Quanto ao estado civil, a maioria das entrevistadas é casada, 58,65% (incluindo união estável), 28,84 % solteiros, 7,69 % viúvos e 4,80% divorciados. Para a formação destas famílias em geral possuem em seu núcleo residencial com uma média de 3,83 indivíduos.

3.2 Educação

Em relação à educação, 45,2% dos entrevistados das três comunidades possui ensino fundamental incompleto, demostrando terem pouca ou nenhuma instrução básica de educação, o que pode ser observado na Figura 1. Pinheiro; Darnet (2014) também constataram pouco estudo nos integrantes de uma comunidade tradicional no Pará, onde os professores do pré-escolar e do ensino fundamental são os próprios comunitários, fato que acontece nas comunidades estudadas. Seguido de Rabelo et al. (2017) em seu estudo do perfil socioeconômico dos integrantes das comunidades as margens dos lagos Juá e Maicá em Santarém – Pará, apresentou 53% para ensino fundamental incompleto.

Quanto aos índices de analfabetismo foi relatado por 14,4% dos entrevistados, em sua maioria acima de 40 anos, indicando que mesmo vivendo em sociedade as pessoas que moram em uma comunidade tradicional da Amazônia com a presença de escola ainda se encontram na escala social vivida há décadas, sendo que as escolas normalmente não oferecem ensino aos moradores que passaram da idade escolar regular.

Figura 2 – Níveis de escolaridade dos entrevistados nas comunidades tradicionais no entorno do CIGSM. Legenda: A: analfabeto, EFI: ensino fundamental incompleto, EFC: ensino fundamental completo, EMI: ensino médio incompleto, EMC: ensino médio completo, ESI: ensino superior incompleto, ESC: ensino superior completo. Fonte: Santos, S. C. G. 2020.

3.3 Renda familiar mensal

Mediante aos dados obtidos nas três comunidades, pode-se observar que os indivíduos amostrados das três comunidades juntas possuem 75% de rendimento salarial baixo, com prevalência de renda inferior a um salário-mínimo vigente (cerca de U$ 285,67), para a comunidade União e Progresso foi encontrado a maior concentração de pessoas 92% com esse índice de salário baixo.  Parte dos entrevistados relatou que muitas das vezes sobrevivem por subsídios fornecidos por programas do governo do federal, como a “bolsa família”.  Para Rabelo et al. (2017) a renda mensal menor ou igual a 1 salário-mínimo se repete em outras comunidades tradicionais, em seu estudo aproximou-se dos 72% corroborando com as informações desta pesquisa. 

De um a três salários-mínimos mensais foi citado pela minoria de todos os entrevistados (21,2%), destacando a comunidade São Francisco do Mainá com 30% dos comunitários que responderam receber renda acima de um salário, os entrevistados que tem renda superior a 1 (um) salário foram comerciantes (8), pessoas que têm emprego fixo na comunidade como funcionários públicos (4) e aposentado-pensionistas (5). Entretanto, a comunidade citada acima foi a única que apresentou 10% dos entrevistados sem nenhuma renda (Figura 3).

Segundo Rabelo et al (2017), em sua pesquisa com pescadores artesanais de dois lagos periurbanos do município de Santarém no Pará- Brasil, relataram não conseguir sustentar sua família com uma única atividade, esse fato também foi observado nesta pesquisa, onde a grande maioria dos integrantes das três comunidades tradicionais sobrevivem com renda inferior a um salário-mínimo buscando com isso atividades alternativas para complementar a renda.

Estudos com comunidades ribeirinhas do Pará analisaram os aspectos sociais e econômicos, constatando que o desenvolvimento da pesca a produção de sistemas agroflorestais para a subsistência e quando realizado o comercio dos mesmos a geração de renda proveniente é baixa, comprometendo a qualidade de vida das famílias, no que se as condições de moradia, saúde e educação (FIGUEIREDO et al., 2003; MENEZES, 2004; PINHEIRO e DARNET, 2014).

Figura 3 – Renda familiar mensal das três comunidades do estudo, Amazonas-Brasil. Fonte: Santos, S.C.G. 2020.

3.4 Ocupação profissional

A ocupação profissional dos entrevistados variou muito, sendo que as duas ocupações: Sistema Agroflorestal (SAF) (36,8%) e pesca (31%) foram as que mais se destacaram, entretanto muitas das mulheres entrevistadas nas três comunidades se se denominavam donas de casa (67%) e desenvolviam atividades paralelas para auxiliar na renda familiar, diferente das outras profissões marcadas na Figura 4.

Nas comunidades tradicionais da Amazônia são comuns os sistemas agroflorestais, segundo Noda et al. (2000) e Viera et al. (2007) esses são divididos em roça, capoeira, quintal, extrativismo vegetal/animal e a criação animal. As comunidades Jatuarana e União e Progresso obtiveram 45,2% e 35,3% respectivamente como sua maior ocupação profissional com algum tipo de sistema agroflorestal, seguido da pesca 28,6% e 31,8%. Pesquisa realizada com outras comunidades tradicionais localizadas na várzea dos Rios Solimões/Amazonas, Castro et al. (2009) constatou que as comunidades São Francisco e Nossa Senhora da Conceição realização a produção de hortaliças no sistema de roças num ciclo curto durante a época de vazante para venda e subsistência corroborando com o estudo.

A comunidade São Francisco do Mainá apresentou o inverso das outras duas, tendo 29% para a pesca seguido de 25,8% para os sistemas agroflorestais, sua localização privilegiada entre a bacia do Puraquequara e o Rio Amazonas pode ter contribuído para o esse dado, para Lima et al. (2012) os pescadores da porção média da bacia do rio Madeira, no estado de Rondônia exercem outras atividades complementares de renda, sendo a principal delas a agricultura.

As atividades de plantio nos sistemas agroflorestais e pesca por comunidades tradicionais a Amazônia advém de seus conhecimentos repassados através de gerações, acerca do uso e manejo dos recursos naturais dos ecossistemas de terra firme e várzea (CASTRO et al., 2009; LIMA et al., 2012). 

Figura 4 – Ocupação profissional das três comunidades do estudo, Amazonas-Brasil. Fonte: Santos, S.C.G. 2020.

3.5 Tempo de moradia

Os questionados quando perguntados sobre o tempo que residem na comunidade, houve uma variação considerável, observa-se na Figura 5 que a maioria dos moradores reside nas comunidades a mais de 40 anos, esses moradores são os mais antigos, que chegaram ao local quando ainda era formado por apenas algumas dezenas de pessoas, quando a área era praticamente intacta pela ação do homem (PIMENTEL, 2016). No entanto o tempo de cinco até 20 anos é o segundo mais destacado, mostrando que ocorre uma pequena renovação nas moradias e de moradores nas comunidades.

Figura 5 – Tempo de moradia dos residentes das três comunidades do estudo, Amazonas-Brasil. Fonte: Santos, S.C.G. 2020.

Segundo Pereira; Diegues (2010) e Eloy et. al. (2014) quando aborda sobre características de populações de comunidades tradicionais, refere-se a aquelas que moram e ocupam os territórios por várias gerações, mesmo que alguns indivíduos possam deslocar-se para os centros urbanos e voltando para a terra de seus antepassados. Pode-se inferir que as comunidades tradicionais na Amazônia, exercem uma relação de harmonia com a natureza desenvolvendo práticas socioeconômicas sustentáveis a partir do conhecimento dos seus recursos naturais passados de geração em geração (ELOY, et. al., 2014)

3.6 Associações e eventos festivos das comunidades

No geral, os entrevistados das comunidades São Francisco do Mainá e União e Progresso afirmam pertencer à associação da comunidade (83,3% e 80,8% respectivamente), entretanto a comunidade Jatuarana apresentou índices diferentes, sendo 72,9% não filiados, na qual foi relatada a presença de duas associações na comunidade, entretanto eles se mostraram participantes de associações de pescadores e do sindipesca. Quando perguntados se pertenciam a alguma cooperativa, 66,2% afirmaram que não. Mais da metade dos entrevistados (73,1%) disseram não possuir carteira de pescador.

Uma comunidade tradicional localizada as margens de um rio, caracteriza-se por possuir moradores distantes uns dos outros, um mecanismo de integração entre os moradores nas comunidades é a realização de atividades festivas (Figura 6), 70,2% dos entrevistados participam dos eventos, destacou-se os eventos religiosos como: nossa senhora, aniversário das igrejas presentes nas comunidades (católica e evangélica) e festa de Natal. As outras festas são consideradas como eventos esportivos e festas a partir de datas comemorativas abordadas pela escola da comunidade (futebol, páscoa, arraial, aniversário da comunidade).

Georgin e Scherer (2015) relatam em sua pesquisa que as festas nas comunidades revelam a parceria entre os membros evidenciando a organização da mesma. Os eventos festivos nas comunidades são momentos sociais, de trocas simbólicas, onde os homens reafirmam laços de solidariedade, apresentam-se a importância dos lugares associados às tradições e a história do local, construindo suas identidades (FERREIRA 2006; MAZOCO 2007).

Figura 6 – Participação de atividades festivas pelos integrantes das comunidades, Amazonas-Brasil. Fonte: Santos, S.C.G. 2020.

3.7 Produção e uso do solo

A Amazônia apresenta solos normalmente considerados ricos e férteis onde à produção agrícola é realizada para a subsistência dos integrantes das comunidades tradicionais. Observa-se na Tabela 1 que as comunidades se mantem principalmente da pesca e da produção agrícola na forma de um Sistema Agroflorestal – SAF (roça, quintal, sítio), apresentando 37,8% seguido de 36,9% respectivamente para os entrevistados nas três comunidades amostradas. Para Lima et.al. (2012) e Paes et. al. (2013) as comunidades tradicionais ribeirinhas da Amazônia dividem o seu tempo entre essas duas grandes áreas de atividade: pesca artesanal e a agricultura, corroborando com essa pesquisa. Quando questionados se realizam algum cultivo para a produção na roça os participantes deste estudo responderam em sua maioria que sim (78,85%), produção essa caracterizada principalmente por macaxeira (Manihot esculenta), milho (Zea mays), manga (Mangifera indica) e cupuaçu (Theobroma grandiflorum). 

As comunidades tradicionais da Amazônia possuem um vasto conhecimento acerca do manejo dos SAFs (PAES et. al., 2013; CASTRO et al., 2009), passados entre gerações, esses sistemas contribuem para a manutenção dos recursos naturais. Segundo (BRUNO, 2014; BAGGIO, 1992) a recuperação de fragmentos florestais, matas ciliares, áreas degradadas, paisagens partem da manutenção do solo e na ciclagem de nutrientes.

   Tabela 1 – Produção e uso do solo pelas comunidades do estudo. Amazonas – Brasil.
Produção e Uso do SoloSão Francisco do MaináJatuaranaUnião e Progresso
 Nº de Entrevistados (%)
Faz algum cultivo para a produção na roçaSim81,392,363,3
Não18,87,736,7
Pratica alguma atividade extrativistaSim62,569,226,7
Não37,530,873,3
Pratica alguma atividade de pescaSim85,488,566,7
Não14,611,533,3
Fonte: Santos, S. C. S. 2020.

A segunda atividade mais praticada pelos participantes desta pesquisa foi à pesca, com entorno de 80,2% dos comunitários envolvidos. Segundo Paes et al. (2013) e Ferreira et al. (2007) é a prática para subsistência mais desenvolvida pelas comunidades tradicionais da Amazônia, quando a produção excede ela é comercializada, dado apresentado na Tabela 2.

Corroborando com a pesquisa Lima et al. (2012) constatou em duas comunidades tradicionais, São Carlos do Jamari e Calama, instaladas as margens do Rio Madeira, Amazonas-Brasil, que a pesca é realizada para subsistência e venda.

Tabela 2 – Finalidade da produção e uso do solo pelas comunidades do estudo. Amazonas – Brasil. Legenda: V: venda, S: subsistência, VS: venda e subsistência.
Produção e Uso do Solo São Francisco do MaináJatuaranaUnião e Progresso
Nº de Entrevistados (Sim %)
Faz algum cultivo para a produção na roçaV07,720,8
S78,930,837,5
VS21,161,541,7
Prática alguma atividade extrativistaV06,716,7
S7536,755,6
VS2556,727,8
Prática alguma atividade de pescaV04,94,3
S503952,2
VS5056,143,5
Fonte: Santos, S. C. S. 2020.

3.8 Percepção ambiental

Durante a pesquisa não foram observados indícios de degradação ambiental, atribuindo-se essa constatação ao fato das formas de manejo e utilização dos recursos naturais pelas comunidades tradicionais ribeirinhas.  Entretanto, as maiorias dos entrevistados apontaram que havia problemas ambientais apontados na Figura 8, no entanto foram relatados problemas em outras esferas para Jatuarana questionou a situação de possuir dois líderes comunitários, a situação dos piratas que assaltam as casas, União e Progresso relatou sobre a falta de CEP na comunidade gerando a não entrega das correspondências e São Francisco do Mainá não relatou tais problemas. 

Figura 7 – Participação de atividades festivas pelos integrantes das comunidades, Amazonas-Brasil. Fonte: Santos, S.C.G. 2020.

Os problemas ambientais estão relacionados às particularidades das comunidades, São Francisco do Mainá a poluição das águas (50%), o lixo (22%) e a pesca predatória (17%) são os principais problemas citados, fato observado pela comunidade se encontrar localizada mais próximo do município de Puraquequara, recebendo direta a visita destes moradores m suas áreas. Para a comunidade de Jatuarana os problemas recebem outra conotação como a pesca predatória tendo o maior índice (32%), seguido do desmatamento (28%) e pôr fim a poluição das águas (15%) essa comunidade apresenta a área física maior entre as estudadas, com braços do rio formando pequenos lagos, estes apresentam berçários para diversas espécies de peixes atraindo pessoas de fora da comunidade com interesse não ecológico sobre esses animais. Na comunidade União e Progresso o problema ambiental mais abordado foi o desmatamento com 25%, seguido da pesca predatória e queimadas com 19%, entre as problemáticas relatadas pelos comunitários se dá o fato desta comunidade estar inserida dentro de assentamentos do INCRA, sofre ainda ações de invasões na área.   

O estudo da percepção ambiental relata a relação do homem com o meio ambiente, as comunidades tradicionais apresentam um grau de envolvimento com o uso dos recursos naturais fazendo uso para a sua subsistência e geração e renda. No entanto, os comunitários têm sido antagonistas em seus relatos e ações.  De acordo com Dias e Mota (2015) o estudo da percepção ambiental contribui no planejamento de ações, na educação ambiental, na elaboração de políticas sustentáveis e na administração de conflitos.  Em relação a percepção ambiental Macedo et al. (2007) afirma que é a consciência do meio ambiente pelo homem, onde o mesmo se vê inserido construindo um pensamento de uso e proteção ambiental. 

O grau de importância considera do mais importante “essencial” ao menos importante “Não importante”, dentro desta escala de importância aos temas ambientais apresentados a todos os entrevistados (n=104) foi possível apresentar os dados abaixo na Figura 9.  

Figura 8 – Distribuição do grau de importância em porcentagem sobre a percepção ambiental através da escala Likert para as três comunidades amostradas, Amazonas-Brasil. Fonte: Santos, S.C.G. 2020.

3.9 Recursos hídricos: lago, rio e igarapé

A formação dos povos da Amazônia se deu ao longo dos seus rios, na qual as comunidades tradicionais ocupam as regiões ribeirinhas (LIMA et al., 2012), vivem dos rios e de suas florestas. Por outro lado, essa ocupação traz resultados negativos aos rios que geralmente sofrem com poluição, assoreamentos, erosão e perda de mata ciliar. Os recursos hídricos são o meio de deslocamento entre as comunidades na Amazônia, como apresentado neste estudo os rios tem papel fundamental como provedor do principal alimento gerador de fonte de proteína animal (PINHEIRO e DARNET, 2014) utilizado para subsistência e geração de renda (LIMA et al., 2012).

As respostas obtidas quando perguntados sobre os recursos hídricos, os participantes das entrevistas responderam que é “essencial” no grau de importância na escala de Likert, totalizando 71% para as três comunidades. As comunidades São Francisco do Mainá e Jatuarana relataram que os recursos hídricos são essenciais para eles, ocupando a primeira posição na escala respectivamente (Tabela 3), corroborando com os resultados encontrados por Dias e Mota (2015) que em seu estudo a proteção dos cursos de água recebeu 66,67% no valor de importância para os entrevistados.

Os recursos hídricos com qualidade são indispensáveis para a sobrevivência dos seres vivos e principalmente para as comunidades tradicionais da Amazônia, tornando-se um bem indispensável. Além disso, as ações antrópicas cada vez mais têm gerado preocupação no homem, com isso surge o desejo de conservação (DIAS e MOTA, 2015).

Tabela 3 – Distribuição do grau de importância por comunidade sobre a percepção ambiental dos entrevistados a partir da escala Likert, do mais importante ao menos importante, Amazonas – Brasil.

 Grau de Importância
São Francisco do MaináJatuaranaUnião e Progresso
1Recursos hídricos 1Recursos hídricos1Conservação dos recursos naturais
2Fauna silvestre e seus recursos2Conservação dos recursos naturais2Uso adequado da terra
3Redução da pesca predatória3Floresta e seus recursos3Recursos hídricos
4Uso adequado da terra4Uso adequado da terra4Floresta e seus recursos
5Conservação dos recursos naturais5Coleta de lixo5Redução das queimadas
6Recuperação da vegetação ciliar6Redução da pesca predatória6Projetos ambientais
7Ações de educação ambiental7Fauna silvestre e seus recursos7Ações de educação ambiental
8Coleta de lixo8Ações de educação ambiental8Redução da pesca predatória
9Redução das queimadas9Erosão do solo9Preservação dos recursos naturais
10Projetos ambientais10Projetos ambientais10Fauna silvestre e seus recursos
11Fauna silvestre e seus recursos11Preservação dos recursos naturais11Coleta de lixo
12Preservação dos recursos naturais12Recuperação da vegetação ciliar12Recuperação da vegetação ciliar
13Atividades turísticas13Redução das queimadas13Erosão do solo
14Erosão do solo14Atividades turísticas14Atividade turística
Fonte: Santos, S. C. G. 2020.

3.10 Floresta e seus recursos

A floresta foi o segundo tópico ambiental que mais recebeu o grau de importância elevado considerado como “essencial” entre entrevistados. Para Ribeiro (2014) uma das principais características dos povos tradicionais é a relação do homem com a natureza, fazendo uso de seus recursos para a subsistência. A floresta torna-se o local de uso comum entre essa comunidade, considerada um bem de todos. Administrando e dividindo o potencial dos recursos que a floresta tem a oferecer estando disponível a todos ali presentes. Entretanto, é responsabilidade da comunidade tradicional o seu uso e conservação, através do extrativismo consciente e não degradante nos recursos ofertados.

O extrativismo vegetal (uso madeireiro ou não madeireiro) é uma atividade que acompanha o homem amazônico desde os primórdios de sua existência, utilizando das riquezas provenientes da floresta (FRAXE, 2004). O ribeirinho, caboclo, indígena e o tradicional extraem da floresta desde os primórdios com a seringa, castanha, hortaliças e as mais variadas substâncias ali presentes. 

Castro et al. 2009 relata em sua pesquisa que a utilização de grande diversidade de plantas implica em atender as necessidades vitais da comunidade, através de suprir a alimentação, a saúde, o vestuário, a construção de casas, de abrigos, de embarcações fazendo o cultivo e a extração destas plantas.

3.11 Conservação dos recursos naturais: água, floresta e animais.

A conservação dos recursos naturais (água, floresta e animais) está intrinsicamente ligada à utilização destes recursos de forma sustentável. Ao longo das décadas o homem está fazendo uso dos recursos naturais, acelerando o processo de degradação e esgotamento das fontes naturais. No que diz respeito ao uso e aos cuidados dos recursos naturais, verificou-se eu ao passar dos anos o ser humano desenvolveu a cobiça, exercendo atividades ilegais de extração acelerada, biopirataria e uso desordenados dos recursos naturais (TRISTÃO 2005). Essa relação histórica entre as riquezas naturais amazônicas e o homem vem passando por diversas fases.

Ponto apresentado como o terceiro mais importante no estudo entre as comunidades significa que ocorre o interesse de usar a natureza como fonte de recursos para a subsistência e ao mesmo tempo desenvolver práticas de conservação. Para a comunidade União e Progresso ficou em primeiro lugar, sendo considerado “essencial”, reportando a ideia de que a comunidade vê o papel importante do uso e da conservação dos recursos naturais como um todo. Relação intrínseca de comunidades tradicionais amazônicas. Segundo na classificação da comunidade Jatuarana, que também apresentou essa visão de uso dos recursos e sua conservação.

3.12 Uso adequado da terra: plantar e roçar

A agricultura é uma das principais atividades da região como já referenciado na pesquisa acima, mas também se torna às vezes gerador de alguns conflitos. Ocupando a quarta posição nesta entrevista para a percepção ambiental dos entrevistados pertencentes a três comunidades na região sul e sudeste do CIGSM, as margens do Rio Amazonas. Apresenta-se com um grau elevado de importância entre as comunidades, em quarta posição para as comunidades São Francisco do Mainá e Jatuarana e em segundo lugar de maior importância para a comunidade União e Progresso corroborando com os resultados anteriores acerca da produção e uso do solo (Tabela 3).

Os sistemas agroflorestais implantados nas comunidades tradicionais, oriundos das culturas antigas são conhecimentos passados de geração em geração gerando a alimento através do plantio e da extração (CASTRO et al., 2009; TRISTÃO, 2005). atividade que se fez presente em todas as comunidades. Em relação à agricultura os métodos de plantio e extração utilizados são os tradicionais. Ao decorrer dos anos que as comunidades tradicionais vão coletando os bens da floresta, deixam o seu registro na Amazônia.

Durante as entrevistas foi possível observar os quintais florestais e as roças, onde são cultivadas uma grande variedade de plantas, nas proximidades das casas com a função de garantir a base alimentar e a manutenção da família.

3.13 Redução da pesca predatória

Ocupando a quinta posição na escala de importância para as três comunidades, a redução da pesca predatória está diretamente relacionada a uma atividade de grande importância para as comunidades tradicionais na Amazônia, a pesca é ação exercida por toda família tradicional ribeirinha, ela está entre as atividades mais importantes para a subsistência e geração de renda (CASTRO et al., 2009 e RIBEIRO et al., 2014).

Durante a pesquisa os entrevistados relataram um de seus problemas ambientais, destacavam-se pela importância dada pelos próprios moradores da comunidade, era a presença da pesca predatória realizada por embarcações de pequeno e médio de pessoas que não são da comunidade, a redução do estoque de peixes devido a pesca dentro do período de reprodução, aumento da poluição devido aos visitantes e a utilização de material proibido nas atividades pesqueiras (redes de arrastão) foram citadas durante a pesquisa. 

Uma técnica de manejo praticada pelas comunidades tradicionais ribeirinhas está na adaptação da pesca conforme a sazonalidade dos rios (vazante, cheia, seca e enchente) passadas através de sua cultura doa mais antigos para os jovens (CASTRO et al., 2009) atividade vital para a sustentabilidade das famílias amazônicas.

3.14 Ações de educação ambiental

Atividades no que se refere à educação ambiental são escassas nas comunidades tradicionais. Ocupou a sexta posição na escala de importância pelos entrevistados. De acordo com Naves (2001) a educação ambiental implica na busca de novas formas de pensar e agir, a nível individual e coletivo. A educação ambiental deve ser desenvolvida com atividades práticas, na qual as professores e escolas devem ser preparados para tal dinâmica (TRISTÃO, 2005).

Em seus estudos Dias e Mota (2015) indicaram para suas comunidades que um programa de educação ambiental deve ser elaborado e implementado com o objetivo de preservação da vegetação nativa e sua importância para a formação dos ecossistemas.

3.15 Coleta de lixo

O desenvolvimento tecnológico fornece facilidades para as pessoas, entretanto traz consigo um dos maiores vilões da atualidade que são os resíduos sólidos. Para Andrade (2002) os resíduos, quando não recebem disposição final adequada, acabam por gerar uma série de implicações tanto ao meio ambiente, através da poluição da água, do solo, do subsolo e na qualidade de vida da população. Considerado pelas comunidades da pesquisa um dos problemas ambientais, na qual não possuem apoio do município regente para a realização da coleta de lixo. Todos os moradores se veem na situação de realizar a queima do lixo, processo que todos eles alegaram saber ser prejudiciais ao meio ambiente. No grau de importância encontrou-se no centro da escala Likert ocupando a 7ª posição, tendendo para o lado dos tópicos com importância.

Para Pinheiro e Darnet (2014) a Vila Mota apresenta o mesmo comportamento em relação ao lixo, na maioria das vezes é enterrado ou queimado, comportamento que se repete nas comunidades tradicionais pesquisadas. Para a busca por soluções para a problematização do “Lixo” desse ser uma ação conjunta, realizada pelos comunitários e o poder público (ANDRADE, 2002).     

3.16 Preservação dos recursos naturais: não mexer na floresta e nos animais

Ocupando a oitava posição no nível de importância, já tendendo para o pouco importante em relação aos outros tópicos. A preservação dos recursos naturais, isto é, não fazer uso dos recursos da floresta observou-se que os comunitários têm o comportamento esperado para uma comunidade tradicional, onde a existência de atividades extrativistas e de manejo dos recursos é determinada pelo respeito aos ciclos naturais, nunca explorando os recursos ao leu limite de capacidade de recuperação. Uma comunidade tradicional faz uso dos recursos naturais de forma a respeitar o tempo da natureza e com isso ter sempre subsídios disponíveis para a população.

3.17 Erosão do solo

Na referida importância dada aos temas ambientais, erosão do solo foi uma que as comunidades elegeram como “pouco importante” estudos de Dias e Mota (2015) apresentou os menores índices de importância para o mesmo tema, na qual entre as três comunidades estudadas por eles apenas Serrinha I considerou 4% de importância.

Segundo Dias e Mota (2015) a floresta nas regiões ribeirinhas está ligada as águas superficiais e subterrâneas, a proteção e permeabilidade do solo atua como meio abrasivo aos processos erosivos, tanto aos intemperismos ambientais quanto as ações do homem. Portanto a cobertura do solo se faz importante para a diminuição destes agentes da chuva seja menos agressivo ao solo. O manejo adequado, a recuperação das áreas degradadas, a criação de animais, a combinação de espécies e o rodízio nas culturas possibilitam melhorias físico-químicas no solo degradado (CASTRO et al., 2009).

3.18 Fauna silvestre e seus recursos

A fauna silvestre e seus recursos se apresentaram na décima posição no grau de importância para as três comunidades. Estudos relatam que entre os diversos temas ambientais a fauna silvestre sempre está entre os últimos em grau de importância. Entretanto nos resultados de Dias e Mota (2015) a comunidade de Serrinha I respondeu 52% de importância para fauna juntamente com os recursos hídricos, demostrando a preocupação com a sobrevivência dos animais nativos. Os resultados em que as outras comunidades que mencionaram muito pouco sobre os benefícios para proteção fauna corroboram com os resultados desta pesquisa. 

Os comunitários responderam que entre os animais mais caçados são: paca (Cuniculus paca), tatu (Priodontes maximus), capivara (Hydrochoerus hydrochoeris), veado (Mazama americana) e tartaruga da Amazônia (Podcnemus expansa).  Porém o peixe é o principal produto e o mais consumidos, são: jaraqui (Semaprochilodus insignis), pacu (Piaractus mesopotamicus), bodó (Hypostomus plecostomus), matrinxã (Brycon sp.), pirarucu (Arapaima gigas) e tambaqui (Colossoma macropomum). Para as comunidades tradicionais o respeito pelos ciclos de reprodução da fauna se faz presente, por que uma natureza farta significa oportunidades para sua comunidade e para as gerações futuras (RIBEIRO, 2014).

Foi possível observar durante a pesquisa a criação e manejo de animais domésticos (aves e suínos) como segunda e terceira fonte de proteína animal, nos pátios das casas dos comunitários também para a subsistência.

3.19 Projetos ambientais: uso adequado dos recursos e educação

Esse tópico ambiental para as três comunidades se apresentou com pouca importância, encontrando-se na 11º posição no grau de importância. Em contrapartida durante as entrevistas os comunitários expressavam os seus desejos por projetos ambientais, capacitações e mais educação para os integrantes das comunidades. De acordo com Lira; Chaves (2016) “as comunidades tradicionais constituem num espaço de construção de identidades sociais, de projetos comuns, mas também, da manifestação da diversidade”.

Fato que as comunidades tradicionais necessitam de projetos ambientais sustentáveis para o desenvolvimento e geração de renda, com ênfase na conservação dos recursos renováveis. Os conceitos de sustentabilidade retratam o uso dos recursos naturais e a conservação dos mesmos para gerações futuras.  Ação expressa na concepção de comunidades tradicionais onde as mesmas possuem uma boa relação com o meio ambiente.

São Francisco do Mainá atualmente está participando de projeto desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) na produção de Guaraná (Paullinia cupana Kunth) e Açaí (Euterpe oleracea Mart), a comunidade que deu mais importância para Projetos Ambientais é a comunidade União e Progresso encontrando-se na 6ª posição no grau de importância, queixando-se de o governo não elaborar programas e projetos envolvendo as comunidades tradicionais daquela localidade. Pinheiro e Darnet (2014) relatam em seu estudo a necessidade da realização de projetos, mas para tal ação é imprescindível valorizar o conhecimento local e promover o envolvimento da comunidade para o sucesso dos projetos.

3.20 Recuperação da mata ciliar

A mata ciliar é um componente de grande importância para a manutenção das florestas, devido as suas diversas funções para a estabilidade de ecossistemas ribeirinhos. Determinadas ações ambientais ou antrópicas contribuem para a degradação, o assoreamento, desmatamento, erosão e poluição que ocorrem em algumas comunidades tradicionais ribeirinhas (FERREIRA, 2018; TRISTÃO 2005).

Com a construção de estradas, ocupação de pessoas, agricultura irrigada, ocupação de pastagem e extração de madeira as áreas de mata ciliares têm sido supridas ao longo dos anos (FERREIRA, 2018). Entretanto, dentro da classificação de Likert onde os cinco valores podem ser divididos em uma escala de “importantes” aos “não importantes” a mata ciliar se classifica com pouca importância pelos entrevistados ocupando a 12ª posição.

3.21 Redução das queimadas

Em relação à redução das queimadas observou-se que as três comunidades não consideram importante este tópico ambiental, prática observada in loco durante as entrevistas, exercida pelos pequenos produtores com a finalidade de produzir alimento de forma a garantir a sua subsistência através dos manejos dos SAFs e até mesmo na queima do lixo. 

Com base nas observações necessidade de atividades de educação ambiental e capacitação técnica para o desenvolvimento de outros manejos com os SAFs sem o uso das queimadas, para Dias e Mota (2015) a educação ambiental é um processo na formação de valores, atitudes e habilidades que permitam a atuação para a preservação e/ou conservação dos recursos naturais e a solução de problemas ambientais.  

3.22 Atividades turísticas

As atividades ligadas ao turismo apresentaram os menores índices de importância “não é importante” ocupando a última posição de importância na percepção dos entrevistados nas comunidades estudadas. Por outro lado, as atividades como pesca esportiva e passeios de barco constitui uma importante alternativa para dinamizar direta e indiretamente a economia local gerando novas fontes de renda, podendo inserir os jovens e as mulheres nesta atividade (BUSCIOLI, 2021; PINHEIRO e DARNET, 2014). 

4. Promoção da Conservação dos Recursos Naturais

Ao término das análises do perfil socioeconômico e da percepção ambiental em três comunidades tradicionais, permitiu compreender e entender as relações da comunidade com o meio ambiente, isso é primordial para a elaboração de propostas de planejamento e educação ambiental. Segundo Dias e Mota (2015) os comunitários percebem o meio de acordo com as suas necessidades e com a utilização que se faz dele, os benefícios da conservação sustentável devem ser trabalhados de acordo com a realidade e necessidade de cada comunidade. 

O grau de importância ambiental e as problemáticas sociais e econômicas levantadas foi possível elaborar propostas de ações para serem apresentadas a comunidade e a possíveis parceiros (institutos de pesquisa, universidades, órgãos federais, governo, igrejas) que possam se comprometer e a colaborar para a integração destas ações promovendo melhorias nas comunidades.

  1. Levantamento florístico e fitossociológico para classificar o potencial de uso da Floresta;
  2. Parceria com instituições para capacitação da comunidade em técnicas de manejo florestal, usar a floresta sem derrubar;
  3. Elaboração de oficinais para inserir novas técnicas de plantio no roçado;
  4. Programa de educação ambiental para trabalhar temas relacionados ao Lixo;
  5. Elaboração de uma carta aos órgãos governamentais reivindicando melhorias para a comunidade;
  6. Campanhas de saneamento e saúde para o conhecimento de determinadas doenças: transmissão, sintomas e tratamentos;
  7. Parcerias com instituições que possam colaborar com projetos para geração de renda utilizando matéria prima da própria natureza de forma sustentável (sugestão: produção de mel)
  8. Solicitar nãos órgãos fiscalizadores melhores atuações contra a pesca predatória com ações mais diretas;
  9. Junto com os órgãos de educação promover a alfabetização e o término do estudo dos adultos da comunidade através de programas de Educação de Jovens Adultos.

Compreende-se que a educação deve ser um meio indispensável para transformação sustentável e duradoura desta realidade, o projeto em conjunto com parceiros da rede informal de trabalho deve desenvolver propostas de educação ambiental para crianças e jovens da comunidade, promovendo assim, uma percepção do ambiente físico e sua problemática socioambiental que permita atitudes transformadoras por parte dos futuros cidadãos assim como sua sabida interferência em suas casas e na própria comunidade tornando-se multiplicadores.

As ações direcionadas às crianças consistem no estabelecimento de dinâmicas interativas e práticas. O conteúdo é reestruturado em uma linguagem simples e de fácil compreensão possibilitando uma melhor aprendizagem tanto para a criança quanto par ao adulto.

  1. As oficinas são constituídas de fases teóricas (para serem inseridas nos temas sugeridos) seguido de atividades práticas (essas para melhor compreensão) para a construção dos saberes durante as ações práticas sugere-se envolver a comunidade, ação chave para a mudança.
  2. Durante o trabalho é desenvolvida a conscientização com relação aos temas propostos: reaproveitamento dos resíduos “lixo”, pesca predatória, importância da não pesca durante período de reprodução, o que é mata ciliar e sua importância, extrativismo sustentável da floresta, produção de mel, importância de combater as queimadas, cuidados com a água,

Assim é construído um senso de responsabilidade para com a sociedade e o meio ambiente, mostrando que podem sim ser agentes de transformação. O passo seguinte consistiu na promoção de geração de renda através dos mecanismos apresentados nas ações inseridas na comunidade, importante ao observar os dados e anseios da comunidade com a situação de pouca renda e pouco ensino.

Todo esse processo de promoção da conservação dos recursos naturais resultado dos dados coletados da realidade das comunidades fase importantes para o sucesso de qualquer atividade que possa ser desenvolvida com a população. Para tanto se sugere estabelecerem estratégias para a resolução de cada tópico levantado, com objetivos claros, simples, práticos e com tempo de duração o sucesso na conservação dos recursos naturais.

5. Considerações Finais

Ao longo desta pesquisa sobre três comunidades tradicionais da Amazônia Central, foi se atentando par ao modo de como elas se definem se organizam o que produzem e suas necessidades. As comunidades se definem como tradicionais ribeirinhas, primeiro pelo tipo de relação com o meio ambiente e segundo por viverem as margens e sintonia com o rio que lhe fornecem-se os recursos necessários para a sua subsistência. A natureza e a comunidade fazendo parte de uma única estrutura social.

Tais comunidades tem um modo de vida próprio e vista muitas vezes como atrasada e primitiva. Essa visão preconceituosa deve ser banida do imaginário social que por vezes é criado pela mídia e buscar dados da realidade desta comunidade e compreender que se deve respeito pelos costumes de gerações.

As comunidades tradicionais, no ambiente amazônico são capazes de sobreviverem através do extrativismo do açaí, buriti, do manejo da macaxeira, do pescado, comprovando-se a sua existência ainda nestas regiões no decorrer de décadas. Entretanto por isso a questão ambiental deve ser pensada para essa localidade e para as demais, pois a Amazônia está acontecendo um grande índice de desmatamento para pastos, para a agricultura, para a extração demasiada da madeira, causando danos ambientais como a perda das matas ciliares, o assoreamento dos rios, perdas de árvores importantes para tais populações, diminuição das populações de peixes, aumento das queimadas e o aumento na produção dos resíduos sólidos.

O rio e a floresta são os bens mais valorizados pelas comunidades tradicionais pois é dali que se obtém tudo que a natureza fornece para a sua subsistência durante décadas de ocupação na Amazônia, seus valores são reconhecidos por todos os comunitários e a preocupação com esses recursos se faz presente, participar desta pesquisa já nos remete ao desejo deles de mudança.  Assim, percebe-se que as comunidades tradicionais ao sul do Campo de Instrução General Sampaio Maia, as margens do Rio Amazonas, está ocorrendo uma grande valorização da identidade ribeirinha, o sentimento e o desejo por mudanças e melhorias estão se inserindo na comunidade. Também observar-se que as comunidades estão procurando certo grau de desenvolvimento, econômico, para isso estão buscando institutos de pesquisa, universidades, órgãos Federais e religiosos que são capazes de auxiliá-los em seus projetos, principalmente relacionados ao desenvolvimento sustentável e agricultura familiar.

O conhecimento do estado social, econômico e ambiental das comunidades tradicionais mostra-se importante para a promoção da educação ambiental, das ações, dos projetos, e de políticas para a conservação dos recursos naturais. Pensar em ações de gestão ambiental sustentável para atender tais populações se mostra como um desafio para o poder público e principalmente para os próprios integrantes das comunidades na qual a mudança deve iniciar por eles respeitando as particularidades e peculiaridades de cada comunidade.

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1 MSc. do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais pela Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Conservação da Natureza. sinandra.bio@gmail.com

2 Professora Doutora da Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Gestão Florestal. rbarbosa@ufam.edu.br

3 Professor Doutor da Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Conservação da Natureza.  jucerote@hotmail.com (in memoria)