O ENSINO DE FÍSICA DESTINADO A DIVERSOS DISCENTES POR MEIO DA PLATAFORMA DE VÍDEOS DO YOUTUBE

PHYSICS TEACHING DESIGNED FOR VARIOUS STUDENTS THROUGH THE YOUTUBE VIDEO PLATFORM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202410081905


Francisco de Assis Medeiros1


RESUMO

A humanidade vem apresentando significativas e estruturais modificações de forma proporcional às inovações tecnológicas a que é acometida. Diante do desafio que a escola possui em se adaptar às modificações e demandas sociais de fora para dentro dela, este artigo trás o objetivo de propor uma metodologia alicerçada na seleção e produção de vídeos do YouTube para o ensino de física. Neste contexto há apresentação de imagens e esquemas do próprio autor, com a finalidade de se construir uma sequência didática efetiva nos moldes de Zabala (1998). Esta obra fornece dados estatísticos e coleta de dados anônimos de 50 educadores por intermédio do google formulário e analisa se a plataforma de vídeos do Youtube permanece sendo procurada por estudantes após a pandemia da COVID-10, assim como a real capacidade em atender estudantes com diferentes especificidades e demandas diversas. O resultado da pesquisa mostrou que o Youtube é procurado por diversas necessidades e ainda evidencia o crescimento dos estudos remotos para o futuro.

Palavras-chave: Educação; ensino remoto; YouTube.

ABSTRACT

Humanity has been presenting significant and structural changes in proportion to the technological innovations to which it is affected. Faced with the challenge that schools have in adapting to changes and social demands from the outside, this article aims to propose a methodology based on the selection and production of YouTube videos for teaching physics. In this context, there is a presentation of images and diagrams by the author himself, with the purpose of building an effective didactic sequence along the lines of Zabala (1998). This work provides statistical data and collects anonymous data from 50 educators through Google Form and analyzes whether the YouTube video platform continues to be sought after by students after the COVID-10 pandemic, as well as the real capacity to serve students with different specificities and diverse demands. The research result showed that YouTube is sought after for various needs and also highlights the growth of remote studies for the future.

Keywords: Education; remote teaching; technology.

1. INTRODUÇÃO

O ser humano alcançou caminhos longínquos e vivenciou profundas modificações toda vez que a tecnologia deu os seus passos e passou a ser incorporada ao cotidiano. Da descoberta da roda à utilização de materiais mecanizados, o processo de industrialização foi uma consequência natural.

O sistema de educação não ficou de fora dessa longa caminhada e alcançou lugares distantes, sobretudo com a chegada do computador a partir de 1943. Aos poucos, as universidades e as escolas começaram a absorver esses recursos tecnológicos, que se intensificaram com a chegada da internet, no final do século XX.

Essa chegada favoreceu a globalização e tomou a ideia da comunicação a distância. O ensino, que era apenas presencial, começa a se movimentar para se tornar cada vez mais remoto com a ajuda da plataforma de vídeos do YouTube, uma aliada aos recursos tecnológicos de aprendizagem. Nessa trajetória, o Brasil apresentou destaque na criação de cursos em Educação a Distância (EaD). O papel do professor e do aluno nesse novo processo assume alguns desafios, havendo a necessidade de se discutir, avaliar e se preparar para futuras adaptações.

Dessa forma, este trabalho busca verificar a eficácia da plataforma YouTube na aprendizagem de estudantes, propõe uma sequência didática para a capacitação de professores, e fornece um questionário online, no google formulário, direcionado a 50 professores anônimos que pudessem colaborar com a discussão dos impactos tecnológicos na sociedade, de modo que fossem mantidas as suas privacidades, em coerência com a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, a chamada Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. As perguntas se centraram em novas tecnologias digitais na educação quanto à adaptação de professores e estudantes aos recursos audiovisuais, em um mundo onde a comunicação é cada vez mais virtual, verbal e global e por aqui se procura oferecer aos educadores um material didático para colaborar com a dinâmica educacional.

1.1 Problema de pesquisa

No ano de 2016 eram poucos alunos de escolas, mas já havia muitos estudantes de cursos preparatórios que começaram a me pedir que eu gravasse vídeos dos temas recorrentes nas aulas para publicá-los na plataforma de vídeos do YouTube.

De forma experimental, eu gravei a resolução de uma questão do ENEM, postei no YouTube e aguardei a reação dos estudantes.

Eles se mostraram muito entusiasmados e me pediram que gravassem mais vídeos no canal do YouTube chamado “Exatas com Francisco Medeiros” (2023).

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

  • Refletir sobre a utilização dos recursos digitais do YouTube para entender a viabilidade da seleção e produção de vídeos para o ensino de física. 

1.2.2 Objetivos Específicos

  • Identificar as necessidades de aprendizagens dos estudantes.
  • Analisar as características do YouTube, suas aplicabilidades e ferramentas para o contexto escolar.
  • Observar a influência de vídeos do YouTube na aprendizagem e verificar os resultados obtidos.

1.3 Justificativa

Diante da importância de ouvir o aluno, perceber as suas dificuldades e procurar fornecer soluções, a criação de um único vídeo no YouTube foi um pequeno passo para uma longa caminhada de conhecimento e de busca por novas tecnologias digitais na educação.

O mundo digital faz cada vez mais parte dos estudantes, de geração em geração, e a escola precisa acompanhar a modernização na comunicação mundial.

A internet, através de mecanismos como a plataforma de vídeos do YouTube, tem revolucionado pessoas que buscam aprender sem precisar sair de casa, ou que morem em regiões de difícil acesso, entre outras circunstâncias.

Tendo em vista que a internet oferece aos estudantes um universo de livros e informações através de tela de computador, de um tablet ou até mesmo de um celular, a biblioteca tem deixado de ser o lugar de visitas constantes e permanentes para a pesquisa, pois “a internet assumiu esse lugar” (Carvalho, 2005, p. 15).

1.4 Metodologia e instrumentos de pesquisa

Na construção metodológica nasce a intenção de uma pesquisa exploratória e bibliográfica com a elaboração de um questionário dirigidos a professores anônimos com experiência em vídeos do YouTube, sendo eles, portanto, os participantes da pesquisa e a eles será destinada uma sequência didática. 

As entrevistas foram através do preenchimento do google formulário, em que os entrevistados solicitaram acesso e o preencheram de forma individualizada.

Em relação à coleta de dados, o processo se estabeleceu de forma automática, através do google formulário, do qual foram possíveis as criações dos modelos de pizzas dos 50 entrevistados.  

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Adiante, seguem as bases teóricas que contribuem para a devida fundamentação desta pesquisa através de seus ordenamentos.

São diretas e objetivas as discussões das teorias abordadas em consonância com o problema de pesquisa, de modo que as bases teóricas sejam fomentadoras e vinculadas à aplicabilidade do tema.

2.1 A evolução tecnológica e o surgimento do YouTube

Desde o período da pré-história, há aproximadamente 2,5 milhões de anos, é possível identificar o ser humano estabelecendo diversas inovações tecnológicas a ponto de afiar pedras e outros recursos, que tornaram a vida humana mais prática e eficiente. Segundo Mitchell (2008), a pedra teria sido utilizada inclusive para fabricar ferramentas, armas e instrumentos de percussão.

Com o passar dos séculos, são inúmeras as descobertas. Uma rede de internet se oficializou em 29 de outubro de 1969, entre o Instituto de Pesquisa de Stanford e a Universidade da Califórnia. A partir disso, fica evidente que a transmissão de conhecimento e informação antes levados a lugares distantes por telefone, rádio e televisão, agora poderão protagonizar resultados incalculáveis, sobretudo no campo da educação através da rede mundial de computadores.

A autonomia dos estudantes assume um protagonismo maior e a ideia da sala de aula invertida ganha espaço de maneira simultânea. A prática de estudos em casa recebe notoriedade com a utilização consciente da internet na educação (Pacheco, 2014).

2.2 As etapas da pesquisa e a evolução do YouTube

De acordo com a possibilidade de se investigar a relevância e a demanda dos vídeos da plataforma YouTube na educação, para a construção da pesquisa científica, cabe citar os três eixos dependentes e interligados, que são a ruptura, a construção e a constatação.

Figura 1 – Fluxograma de método científico

Fonte: Quivy e Campenhoudt (1998).

O primeiro eixo tem conexão com a necessidade de se romper com pensamentos iniciais e ideias que se tenham do tema YouTube antes de iniciar a pesquisa. O segundo eixo dá reconhecimento à definição dos passos teóricos a serem percorridos ao longo da caminhada e o último eixo é a experimentação trazendo a realidade concreta.

Conforme a figura do fluxograma, é possível identificar que a ruptura participa das etapas 1 e 2, a construção está inserida nas etapas 3 e 4 e a constatação está imbuída nas etapas 5, 6 e 7.

Diante da necessidade de leitura exploratória nas etapas 1 e 2, os quadros 1, 2 e 3 foram criados a partir do Google Acadêmico e teve como palavras-chave “YouTube”, “ensino remoto”, “educação”, “artigo científico”, “objetivo”, “método”, “resultado” e “conclusão”.

No filtro dessa mesma busca, do ano 2018 até 2023 foram achados 696 artigos. Entre os primeiros 45 artigos que tiveram o resumo lido e apresentavam critérios efetivos de objetivo, método, resultados e conclusões, foram selecionados 9 deles, os quais configuram os quadros 1, 2 e 3. O quadro 1 apresenta 3 artigos vinculando a Física ao YouTube. Observe.

Quadro 1 – Artigos de Física abordando aulas remotas

ArtigoObjetivoMétodoPrincipais resultadosConclusõesObservações (link)
Desafios, adversidades e lições para o ensino de Física para alunos surdos em tempos de pandemia de Covid-19Analisar as demandas e características do ensino para surdos durante o período de pandemia.Houve a elaboração de uma pesquisa social por parte do professor autor do artigo.Foi possível coletar dados, informações e comentários por parte das pessoas envolvidas na aprendizagem durante o período pandêmico.Houve superação e adaptação ao ensino remoto para surdos, que pode ser promissor.https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/66206
Elaboração e avaliação da disciplina remota de Física 1 na UFRJ durante a pandemia de Covid-19O objetivo é detalhar como a disciplina foi reestruturada para a forma remota.Aplicou-se dados estatísticos de forma remota.A primeira semana de aula foi presencial e o restante remoto para quase 2 mil estudantes através do YouTube.Por meio do YouTube houve sucesso no ensino e na coleta de dados dos estudantes.https://www.scielo.br/j/rbef/a/WFxS9wKqJZNKQNdvcK7JXny/abstract/?lang=pt
O ensino de física avaliado por Richard Feynman em 1952 e os dias atuaisAbordar a Física contemporânea no olhar Feynmaniano.Houve entrevista com educadores e aulas não presenciais.Os experimentos e os recursos audiovisuais produzem bons resultados na aprendizagem.Os professores expandiram o conhecimento e tiveram uma nova ferramenta.https://sistemascmc.ifam.edu.br/educitec/index.php/educitec/article/view/2059

Fonte: Autoral (2024).

A etapa 1 tem a finalidade de elaborar a questão inicial, de forma clara e realista objetivando alcançar validação, neste caso estudado na presente pesquisa, a eficácia do YouTube.

Então, o quadro 1 fornece afirmações de validação dos vídeos do YouTube e convida docentes a buscarem mais informações a respeito.

O primeiro artigo científico refere-se à possibilidade do ensino de Física para surdos no período da Covid-19. O objetivo era o de abordar a educação especial e o método foi uma pesquisa social. Como resultado, foi possível obter relatos favoráveis ao ensino à distância e a conclusão foi a de que é possível a adaptação para os alunos quando se tenta aplicar o ensino remoto.

De maneira complementar, o quadro 2 que será apresentado a seguir, apresenta, no primeiro artigo, resultados do YouTube no estudo das Artes e mostra o quanto os jovens possuem aceitação ao uso do YouTube para aprender.

Quadro 2 – Artigos incluindo o YouTube à Arte e à Física

ArtigoObjetivoMétodoPrincipais resultadosConclusõesObservações (link)
Estado da arte sobre o Youtube na educaçãoMostrar fatores entre YouTube e a Arte.Pesquisa social e buscas bibliográficas na educação.Estudantes lideraram as gravações dos vídeos e zelam pela linguagem adequada.Docentes e discentes apoiaram o YouTube e o acham pouco utilizado.https://periodicos.ufersa.edu.br/ric/article/view/8564
Uma comparação das visualizações e inscrições em canais brasileiros de divulgação científica e de pseudociência no YouTubeInvestigar a relação entre ciência e pseudociência, assim como impactos na física quântica.A pesquisa científica mostrou mais de 6 mil gravações com ciência formal e informal.Os canais de ciência aumentaram em 3 vezes e os de pseudociência dispararam em 5 vezes.A divulgação da ciência ainda é rara tanto na ciência quanto na pseudociência.https://jcomal.sissa.it/article/pubid/JCOMAL_0401_2021_A01/
O ensino de física por meio de trechos de desenhos animados, filmes e sériesExaminar a possibilidade do ensino da Física através de recursos audiovisuais.A busca é qualitativa na observação desses recursos aos olhos dos estudantes.Alunos do ensino médio de uma escola no Tocantins apoiaram a iniciativa.A criatividade atraiu o interesse dos alunos em aprender através desses recursos.http://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/4615

Fonte: Autoral (2024).

Além disso, a etapa 2 apresentada na Figura 1 denota o intuito de explorar informações a respeito do tema, por intermédio de entrevistas, observações e análises de documentos e com coleta de dados, dentre outros.

Assim, o quadro 2, no segundo artigo, apresenta uma discussão entre a ciência e a pseudociência, uma vez que a Física tem fundamentos científicos explicados, mas há aqueles que constroem versões questionáveis nos seus fundamentos, sobretudo na Física Moderna.

Por fim, no caso do terceiro artigo, há uma construção de desenhos animados, filmes e séries na capacidade audiovisual em ajudar no ensino da Física, realizando uma pesquisa qualitativa através dos dados fornecidos em filmes e desenhos.

A etapa 3 elaborar um levantamento das possíveis problemáticas do tema, observando problemas tanto conceituais quanto metodológicos, envolvidos em pesquisas anteriores a respeito dos recursos audiovisuais do YouTube. O quadro 3 mostra a importância do YouTube em outras disciplinas além da Física. Observe.

Quadro 3 – Artigos vinculando o YouTube ao Curso de Letras e de História

ArtigoObjetivoMétodoPrincipais resultadosConclusõesObservações (link)
O uso do YouTube no desenvolvimento das habilidades de conversação de estudantes universitários da JordâniaObservar a eficiência de vídeos do YouTube na fala e na escrita.Um grupo teve aula presencial e o outro remota.O grupo remoto teve uma melhora de aprendizagem maior que o presencial.Surge a proposta de unir vídeos às aulas presenciais.https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2405844021016467
Vozes dos alunos de EFL: o papel do YouTube no desenvolvimento de competências em inglêsInvestigar o quanto a aprendizagem do Inglês pode ser bem-sucedida através de vídeos.Alunos de uma faculdade em Yogyakarta anunciaram quais os vídeos mais acessados.Os vídeos mais acessados eram de artes, cultura e sociologia.A legenda contribuiu para a aprendizagem na fala e escuta, independentemente do tema selecionado.https://journal.umy.ac.id/index.php/FTL/article/view/6362
O Youtube e o estudo da História com recursos audiovisuaisExaminar o YouTube como ferramenta de formação para professores.O tutorial ensina a escolher vídeos para as aulas.Os educadores viram no YouTube a facilidade de manuseio e de replicabilidade.As aulas de História podem ser proveitosas e dinâmicas com o uso de vídeos.https://repositorio.ufsm.br/handle/1/23590

Fonte: Autoral (2024).

O quadro 3 questiona, no primeiro artigo estudado, se os vídeos do YouTube podem melhorar as habilidades dos alunos, assim como o aprimoramento na fala, na escuta e na evolução do vocabulário.

2.3 O YouTube na educação

Conforme o aluno busca novidades nos meios tecnológicos, o YouTube surge, tanto como uma rede social de entretenimento, quanto uma plataforma capaz de fornecer informações e conteúdo, a ponto de alcançar pessoas com preferências diversas e objetivos diferentes (Burgess; Green, 2009).

A diversidade de necessidades abriu espaços para vídeos com distintas durações e os usuários se mostraram cada vez mais participativos nos comentários e nas pontuações, assim como nas vertentes educacionais com debates e conteúdos científicos (Almeida, 2016).

Tanto o professor quanto o aluno precisam ter alguns cuidados na hora de postar vídeos, pois o acompanhamento do educador é fundamental. Para Cortez (2010) o apoio pedagógico é essencial e requer preparação.

Assim, o mestre deve assistir aos vídeos com antecedência e ter objetividade para que os vídeos não tomem tempo inadequado da aula e a aprendizagem não seja prejudicada. Um levante para a objetividade estrutural foi a criação do EduTube, em 21/11/2013 que será abordado adiante.

2.4 A importância de uma sequência didática

Em se tratando de sequência didática, muito se questiona sobre as suas características e a sua finalidade. De fato, o que ela vem a ser?

No ponto de vista de Zabala (1998), ela pode ser conhecida como uma reunião de tarefas educacionais ordenadas que se regulam por princípios e regras a serem claramente conhecidas e exemplificadas tanto pelo discente quanto pelos seus pares docentes. Logo, ela reúne o saber coletivo com regras e organização.

Diante da necessidade da participação do professor no processo da aprendizagem entre o aluno e o saber, surge a formação continuada, haja vista a possibilidade de se obter o aprimoramento de conteúdos ensinados aos estudantes, tanto dentro quanto fora da sala de aula.

3. PERCURSO METODOLÓGICO

Em relação a essa pesquisa, ela pode ser identificada por quantitativa a partir do momento em que ela respeita a quantificação de opiniões e enfatiza o raciocínio lógico, assim como os dados que se possam mensurar sobre as experiências dos colaboradores.

Além disso, ela pode ser chamada de qualitativa descritiva exploratória porque busca explorar e descobrir sobre os efeitos do YouTube na aprendizagem e questiona os seus efeitos sociais na atualidade e no futuro, de modo que possa efetivamente relatar o desenvolvimento interpretativo no que se refere aos dados obtidos.

3.1 Os integrantes da pesquisa

Uma vez que a utilização da plataforma de vídeos do YouTube não se restringe a uma cidade, mas se expande pelo Brasil e até por vários países do mundo, os entrevistados são professores que atuam em centros de ensinos pelo Brasil e que já tiveram experiência com o uso de vídeos para o ensino com acesso até fora do país.

No aplicativo WhatsApp, dentre os grupos que o autor dessa pesquisa participa, há um que reúne centenas de professores de Física que trocam informações e experiências.

O questionário e o termo foram enviados aos e-mails pessoais dos entrevistados e a resposta foi direcionada automaticamente ao drive do google na conta pessoal do autor deste artigo.

3.2 Instrumentos de coleta e observação

Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de observar a aplicabilidade do YouTube na educação e fez uso de artigos científicos de autores e livros de especialistas, com a finalidade de se obter uma fundamentação teórica consistente com a percepção real e cotidiana na sociedade.

Foi elaborado um questionário como coleta de dados, para observar a percepção atual e futura de professores quanto aos vídeos da plataforma do YouTube, enquanto um recurso que auxilie e colabore com o processo de ensino e aprendizagem de uma juventude que utiliza aparelhos eletrônicos de forma cada vez mais frequente.

Além disso, foi apresentada e sugerida uma sequência didática destinada a professores, com o objetivo de favorecer a aplicabilidade e abrangência educacional dentro e fora de sala de aula, com a ajuda dos vídeos do YouTube.

3.2.1 Questionário

O questionário foi voltado para docentes e buscou trazer perguntas que questionassem a aplicabilidade da plataforma de vídeos YouTube. Além disso, ele procurou apresentar perguntas fechadas que fossem capazes de não durar muito tempo no momento de “tabular as respostas dos entrevistados (Bardin, 2011).

Cabe lembrar que jamais teria sido excluída a hipótese de diversos modelos de pesquisas que pudessem ajudar na compreensão da temática.

A pesquisa experimental, por exemplo, conforme Gil (2007), seleciona as variáveis que seriam capazes de influenciar o objeto.

4. RESULTADOS E ANÁLISES

Nas próximas linhas a seguir, haverá uma breve e objetiva análise da pesquisa realizada junto aos entrevistados.

Através das inquietações iniciais que nasceram nos alunos do autor desta pesquisa, que se estendeu a ele e diante da observação das necessidades de se buscar novas tecnologias na educação, os passos foram dados.

4.1 O perfil dos entrevistados

Com base na pesquisa realizada, busquei conhecer o perfil funcional dos professores participantes. Analisando os quatorze (14) formulários devolvidos, pude inferir que há diversa distribuição de carga horária dos professores, pois as respostas variaram com docentes regendo de uma (01) a vinte (20) turmas.

Como mostra o Gráfico 01, correspondente ao número de turmas em que atuam os pesquisados. A pesquisa tinha a perspectiva inicial de ocorrer de forma presencial, com todos os 50 entrevistados na mesma hora e no mesmo local.

Gráfico 1 – Sobre a idade dos entrevistados

Fonte: Autoral (2024).

No início dessa pesquisa havia uma previsibilidade esperada. Os entrevistados foram perguntados se eles acham que pessoas abaixo dos 40 anos irão acessar o YouTube de forma cada vez mais frequente com o intuito de estudar e obter conhecimentos.

Ou será que eles preferem os métodos mais antigos com livros, borracha, lápis e caneta, e sem os dispositivos eletrônicos?

Segundo o gráfico 2, a pesquisa mostra que 58% dos entrevistados acreditam que é importante e eficaz que o docente grave vídeos para o discente, como se pode observar abaixo.

Porém, a plataforma de vídeos do YouTube, assim como outros sites, aplicativos, redes sociais e outros portais, constantemente apresenta atualizações e inovações.

Dessa forma, fica a dúvida se o educador está ambientado com os novos recursos do YouTube, pois a escola nem sempre apresenta elementos favoráveis e incentivos suficientes para treinar o educador.

Gráfico 2 – Sobre o professor gravar vídeos para os seus alunos

Fonte: Autoral (2024).

Segundo 52% dos colegas que responderam à pesquisa, o professor não está ambientado com os recursos oferecidos pelo YouTube, apesar de acreditar nos benefícios a favor dos estudantes.

A margem de 52% contra 48% é pequena, mas merece uma reflexão do quanto a tecnologia precisa ser mais disponível ao educador, o qual precisa de cursos e qualificações constantes para acompanhar as modificações tecnológicas.

4.2 Opinião de educadores sobre sequência didática

Tendo em vista que o docente é constantemente desafiado a aperfeiçoar o processo de ensino e de aprendizagem, a sequência didática surge como uma grande possibilidade de colaborar no planejamento da aula.

Em se tratando do pensamento de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), é de suma importância a elaboração de uma sequência didática, pois ela ajuda o docente tanto na hora de planejar quanto na hora de construir medidas educativas no ambiente escolar.

Assim, os autores citados anteriormente construíram uma proposta extremamente relevante por meio de um modelo, com uma sequência de etapas com um caminho que se estende da esquerda para a direita, a fim de esclarecer possíveis etapas de uma sequência didática.

A Figura 1 adiante vai mostrar os percursos da apresentação da situação até se chegar na etapa final, conforme é possível observar na Figura a seguir.

Figura 1 – Uma proposta de sequência

Fonte: Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).

O modelo acima inicia as etapas com a apresentação da situação e, após isso, a construção de uma produção inicial. A seguir, surgem os módulos 1, 2, …, n, e por fim, a produção final da sequência didática.

Quando os entrevistados são questionados sobre a importância de se fazer cursos para uma boa formação, o gráfico abaixo enumera que 64% dos educadores acham que é realmente importante cursar, sendo, portanto, a maioria deles. Observe o gráfico 3 abaixo:

Gráfico 3 – Sobre a importância de realizar cursos

Fonte: Autoral (2024).

A maioria, ou seja, mais da metade dos entrevistados, reconhecem a importância de se cursar. No entanto, a pergunta seguinte é se eles participam de formações e de cursos. O gráfico 7 mostra que 62% dos entrevistados alegam participar de formações e de cursos, de forma rara.

Entretanto, observando os gráficos anteriores, é possível identificar que embora a grande maioria seja a favor de cursos em geral, nem todos eles de fato conseguem estudar e buscar novas metodologias de ensino.

4.3 Características de vídeos selecionados e comentários

Com o objetivo de se buscar vídeos satisfatórios e eficientes para utilizá-los em sala de aula, ou até mesmo fora dela, é de suma importância que se tome alguns cuidados essenciais nos critérios de seleção.

É importante escrever as palavras corretas, observar o autor do vídeo e, acima de tudo, escrever termos específicos do tema para contribuir para que os resultados da pesquisa sejam mais objetivos (Carvalho, 2003).

Com o objetivo de obter algum vídeo no YouTube, na parte superior há propostas de filtros como todos os vídeos, ou shorts (que são vídeos de menos de 1 minuto), já assistidos anteriormente ou não, vídeos gravados ao vivo, ou com tempos menores de 4 minutos, ou entre 4 minutos a 20 minutos, ou acima de 20 minutos.

O tempo de visualização é um critério de suma importância, sobretudo se o vídeo for assistido dentro de sala de aula em acúmulo com a aula presencial.

Com o intuito de propor algum tema de Física a ser exibido em sala de aula, a Imagem 4 abaixo utilizou alguns critérios a serem favoráveis a cada professor ou a cada aluno, de acordo com as necessidades específicas, pois a demanda depende da idade e da série que o estudante se enquadra.

Imagem 4 – Utilizando um critério de pesquisa no YouTube

Fonte: captura de tela do site YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/results?search_query=f%C3%ADsica+ordem+de+grandeza+francisco. Acesso em: 02 fev. 2024.

O primeiro termo a “Física”, por ser a disciplina escolhida, o segundo termo é “ordem de grandeza”, pois é um dos temas mais frequentes no ENEM e em diversos concursos validando a aplicabilidade da aula, e o terceiro termo é “Francisco”, pois é o nome do autor desta pesquisa.

Em relação às expectativas dos estudantes em relação à aprendizagem, pode ser que a aula por trás da tela tenha algumas vantagens. Dentro da sala de aula o estudante por lá deve permanecer até o fim do dia ou quem sabe por 200 dias letivos, enquanto na internet ele possui a liberdade de sair daquela aula quando quiser e partir para outra.

Observe a imagem a seguir:

Imagem 5 – Comentário de usuário sobre vídeos do YouTube

Fonte: captura de tela do site YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ijy8pvPzebI. Acesso em: 02 fev. 2024

A Imagem 5 mostra ainda a possibilidade da opinião do estudante ser emitida, assim como a oportunidade de participação, apesar de diversas especificidades como a da Imagem 6, a seguir.

Imagem 6 – Relatos sobre a importância das legendas no vídeo

Fonte: captura de tela do site YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ijy8pvPzebI. Acesso em: 02 fev. 2024.

Essa mesma Imagem 6 também é capaz de mostrar a importância de se utilizar legendas com o intuito de aprimorar a comunicação de diversas especificidades. O comentário se refere a um usuário do Youtube que apresenta o quadro de surdez.  

Portanto, sabe-se que nem todo modelo de ensino pedagógico dá ao aluno a possibilidade de se expor e de relatar o quanto a sua aprendizagem está sendo bem-sucedida, ainda que o mestre tenha inúmeras formas de detectar.

Em contrapartida, as aulas remotas através da plataforma de vídeos do YouTube dão margem à transparência de diversos usuários que, ao afirmar o quanto aprenderam através de críticas, sugestões e elogios, são capazes de convidar o educador a aperfeiçoar as suas técnicas de ensino.

5. CONCLUSÃO

Em um mundo em que a tecnologia afeta cada vez mais os ambientes sociais e seus integrantes, as instituições de ensino não poderiam ficar de fora desses impactos.

Achados do campo sugerem que nos últimos anos ficou clara a efetividade das redes sociais presentes nas vidas das pessoas. O termo usuário parece natural a ponto de brotar a expressão nativo digital para os jovens envolvidos no mundo conectado atual.

Apesar disso, enquanto algumas vozes discutem o quanto a plataforma de vídeo do YouTube é capaz de colaborar, com seus recursos tecnológicos, na vida de estudantes dentro e fora de sala de aula, há outros sons que anunciam o fim dessa rede.

Entretanto, os fatos são profundamente contundentes e esclarecedores. As aulas virtuais foram essenciais no período da COVID-19, assim como na vida de pessoas que não possuem a oportunidade de frequentar um ambiente de ensino por diversos fatores.

Para aqueles que trabalham ou possuem atividades diversas e inúmeras ocupações, o ensino remoto se tornou uma grande oportunidade. A plataforma que era apenas de entretenimento também atuava como um local de ensino.

O levantamento desta pesquisa deixou claro que os estudantes estão dialogando de forma cada vez mais remota e esse mecanismo tem chegado à metodologia de ensino, e para Rebelo e Carvalho (2017) o uso do YouTube auxilia profundamente nesse processo de construção de conhecimentos, através de recursos tecnológicos.

Assim, a partir da realidade de que as novas gerações acessam cada vez mais recursos tecnológicos, o professor é estimulado e desafiado a buscar novos meios de ensinar, ao mesmo tempo em que, segundo Candau (2014), os estudantes também vão desenvolvendo infinitas inovações nas suas formas de assimilar conhecimento.

Cabe ressaltar que as redes sociais, constantemente, elaboram novidades tecnológicas que atraem novos usuários e resgatam antigos para si. Por exemplo, os vídeos curtos do TikTok é um exemplo de inovação que o YouTube não se mostrou ausente, pois nele nascem os shorts, que são vídeos com menos de 1 minuto de duração e tem mostrado sinais positivos de motivação na educação.

Os dados coletados confirmam a importância de observar o estilo de comunicação entre alunos e a influência dos vídeos do YouTube dentro e fora de sala a fim de criar uma linguagem acessível à faixa etária desejada.

Portanto, esse trabalho reconhece a eficácia do YouTube para a educação no ensino de Física e de outras disciplinas e enumera resultados positivos para discentes e docentes quanto ao crescimento dos acessos às aulas remotas, assim como o desafio do seu aperfeiçoamento.

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1Mestre em Tecnologias digitais na Educação pela Universidade Carioca/RJ.(2023/2024)
Professor de Física e de Eletricidade na Escola Técnica do RJ FAETEC, Professor de Matemática na rede estadual do RJ e Professor de Ciências do Professor de Ciências no Colégio Santo Agostinho/RJ.
Bacharel em Direito e em Engenharia (UNIG).
Licenciado em Biologia, Física e Matemática (FAVENI).
Pós-Graduado em Docência Superior (CEFET), em Direito Processual Civil (FAVENI), em Direito Penal e em QSMS do Petróleo(CEFET).
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/468316013767321
https://orcid.org/0009-0006-0615-56620